Procuraram sobre a comunidade de Santa Cruz, município de Buriti de Inácia Vaz, Baixo Parnaiba maranhense, para o seu Loura, morador do povoado de São Raimundo, município de Brejo, e ele decantou algo singular para uma comunidade negra do Baixo Parnaíba : “Eles estão ricos”. Como quase tudo no Baixo Parnaíba maranhense, uma simples revelação colide com uma perspectiva de existência que se imortalizou entre trechos de piçarra e de areal sem que, contudo, ninguém ousasse romper com essa pretensa imortalidade a toda prova.
Pela conversa do seu Loura, os moradores de Santa Cruz nadavam em dinheiro como só tio Patinhas sabia fazer em sua caixa-forte. Para algumas comunidades do Baixo Parnaíba, a riqueza se traduz em cabeças de gado e cercas de arame farpado. Ele salteou um pouco o propósito do “eles estão ricos”: “Compraram gado e cercaram com arame a propriedade toda”.
Em seus relatórios, o Incra descrimina a comunidade com quase três mil hectares de terra entre os municípios de Buriti de Inácia Vaz e Brejo, a beira do rio Parnaiba. Fica a dúvida para um pobre mortal se a comunidade de Santa Cruz é um assentamento federal ou se é uma comunidade quilombola.
Em determinado momento da história, o Incra felicitou a comunidade com o epíteto assentamento como em muitos outros casos que condizem mais com o aspecto quilombola da questão agrária no Brasil. Aparentemente, dessa forma, evitava-se maiores problemas para comunidades que o judiciário despejaria sem pensar duas vezes, bastando que o proprietário requeresse a reintegração de posse.
A área entre Buriti e Brejo, uma parte bacia do rio Buriti e outra parte bacia do rio Parnaíba, enrouquece com várias comunidades tradicionais, nas quais, inúmeras refletem a questão quilombola na região.
Mayron Régis
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