Ministros do STF em sessão que determinou primeiras prisões do mensalão
Alguns ministros,
embora reconheçam a prerrogativa do presidente da Corte, levantaram dúvidas
sobre a execução das penas. Dos 12 réus, apenas Pizzolato está foragido.
A expedição dos
respectivos mandados de prisão de 12 réus do mensalão durante o
feriado e final de semana gerou algumas críticas de ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) ao presidente da Corte e relator do caso, Joaquim
Barbosa. Dos 12 mandados expedidos, apenas um não foi cumprido, o do ex-diretor
do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que fugiu para a Itália. Outros 11
presos, entre eles o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José
Genoino, o publicitário Marcos Valério, se entregaram à Polícia Federal (PF) em
seus respectivos Estados e, em seguida, levados para Brasília.
A medida tomada por
Barbosa de expedir os mandados de prisão em pleno feriado foi vista com
ressalvas por alguns colegas da Corte. Eles afirmaram a pessoas próximas que
não ficou claro no julgamento de quarta-feira como ocorreria a prisão dos réus
do mensalão nem mesmo se houve a proclamação oficial do resultado do
julgamento.
No final da sessão de
quarta-feira, quando ficou decidido que as penas seriam executadas
imediatamente, o presidente do STF começou a proclamar o resultado, mas foi
interrompido por colegas durante a discussão relacionada à execução das
sentenças. No final da sessão, Barbosa apenas disse: “Eu trarei amanhã
(quinta-feira), eventuais aperfeiçoamentos à proclamação (de resultado)
sugerida pelo ministro Luiz Fux. Está encerrada a sessão”.
No dia seguinte,
Barbosa frustrou as expectativas e não citou o resultado do julgamento do dia
anterior, determinando apenas a aprovação da ata de julgamento. Em tese,
conforme alguns advogados, essa falha na proclamação do resultado pode gerar
questionamentos e embasar eventuais pedidos de relaxamento de prisão dos réus.
Em caráter reservado, nem mesmo os ministros entenderam se houve ou não a
proclamação do resultado. Ministros também admitiram que isso é passível de
questionamento futuro.
Alguns ministros também
levantaram dúvidas sobre a determinação de Barbosa para que os 12 condenados
fossem presos em Brasília antes de encaminhá-los aos seus respectivos
domicílios prisionais. Um trâmite considerado inédito em termos de execução
penal no País, já que, normalmente, presos condenados seguem direto para as
unidades prisionais onde vão cumprir pena. Além disso, há casos como o do
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que deverá inicialmente cumprir a pena
em regime semiaberto e que está abrigado temporariamente em regime fechado. A
defesa de Dirceu classificou isso como um “gravíssimo equívoco” e, assim como o
advogado do ex-presidente do PT José Genoino, entrou com recurso.
Para pessoas próximas,
o ministro Ricardo Lewandowski, por exemplo, classificou a prisão e a
transferência dos presos para Brasília como um “mero espetáculo”. Do outro
lado, o ministro Gilmar Mendes se disse “aliviado” por “finalmente chegarmos a
um desfecho desse caso”. Apesar de não concordarem com os métodos, ministros
contrários ao posicionamento de Barbosa admitem que é de responsabilidade dele
a execução das prisões, independentemente da opinião do plenário.
Todos os ministros são
favoráveis à execução de sentenças sobre as quais não cabe mais recurso, como
as dos réus sem direito aos embargos infringentes, como é o caso de Henrique
Pizzolato, e aquelas condenações que não foram alvo de embargos infringentes,
como as de corrupção ativa de Dirceu. Mas eles acreditam que o presidente do
STF poderia esperar mais uma semana para prestar melhores esclarecimentos de
como seriam as prisões. “Não entendi essa pressa toda”, admitiu um ministro em
caráter reservado ao iG.
Nos corredores do
Supremo, a execução de prisão dos réus do mensalão em pleno feriado de
Proclamação da República soa como mais um capítulo a ser utilizado pelo
presidente do STF em uma eventual carreira política no futuro. Barbosa nega
veementemente qualquer pretensão, mas admitiu pensar sobre o assunto
quando deixar o Supremo.
Do I G
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