Se uma pessoa se
aposentar aos 53 anos, com um valor de R$ 2,4 mil, o fato de recebê-lo por
praticamente 12 anos a mais (ou 144 meses, totalizando R$ 345,6 mil) não seria
melhor do que esperar até os 65 anos para ter uma quantia maior?
Para termos uma melhor
comparação, vamos admitir que você aplique R$ 2,4 mil ao longo de 144 meses,
com taxa de 0,5% ao mês: o valor acumulado será de R$ 504.360,39. Mas, se
desejar continuar trabalhando, terá de arcar com o desconto da previdência.
Então deverá abater do valor mensal o desconto do INSS, que é pelo teto de R$
457,49. Resultado: o valor líquido será de R$ 1.942,10, o que, aplicado nas
mesmas condições, dará R$ 408.218,79.
Agora vamos comparar
com algo um pouco diferente, admitindo que você possa esperar mais alguns anos
para a aposentadoria efetiva, digamos aos 60 anos. Assim, o valor de R$ 1,9 mil
aplicado por 84 meses, com taxa de 0,5% ao mês, traria um saldo de R$ 202 mil.
Como o fator previdenciário deve ser próximo a 0,9 – sendo que o benefício será
algo como R$ 3,8 mil -, você teria à disposição R$ 1.857,90 mais por mês.
Considerando que a sua expectativa de vida seja por mais 20 anos, o valor
atualizado seria então de R$ 259 mil – portanto maior que o saldo da aplicação.
Caso considere que a
sua expectativa de vida seja maior, obviamente a diferença será superior.
Assim, do ponto de vista de cálculo matemático, seria melhor esperar mais
alguns anos para sua aposentadoria. Contudo, essa decisão envolve outros
aspectos da vida e esses fatores somente a própria pessoa pode considerar para
tomar a melhor decisão.
Sou portador de doença
grave e tenho isenção de Imposto de Renda. Possuo plano de previdência PGBL e
quero sacá-lo. Ao ler a coluna, fiquei com a impressão de que o saque do
patrimônio sofrerá incidência de imposto. Gostaria de saber se o meu
entendimento é correto.
Sim, o seu entendimento
está correto. A isenção do Imposto de Renda para portadores de doença grave
ocorre em relação a benefícios recebidos. Em outros termos, sobre o valor
recebido mensalmente a título de renda não há incidência de imposto. O manual
do Fisco sobre o Imposto de Renda 2013 informa que a pessoa portadora de doença
grave é isenta de tributo sobre a renda oriunda de complementação de
aposentadoria, reforma ou pensão recebida de Entidade de Previdência Privada,
Fundo de Aposentadoria Programada Individual (Fapi) ou Programa Gerador de
Benefício Livre (PGBL). Mas no caso de resgate de saldo não há isenção. Como já
havia mencionado, os resgates não são assemelhados ao benefício recebido da
Previdência Social. Portanto, haverá incidência de imposto.
Tenho 27 anos e
deixarei de atuar este ano como CLT e passarei a trabalhar como PJ. Estou com
uma dúvida no projeto da minha aposentadoria. Gostaria de saber se vale a pena
estipular um pró-labore de R$ 2 mil e pagar menos impostos sobre esse
rendimento, e a diferença (na ordem de R$ 800 mensais) aplicar em um plano de
previdência PGBL por 30 anos para obter renda vitalícia. Assim, teria uma renda
baixa de aposentadoria pelo INSS e um valor maior com a renda da previdência. É
vantajosa essa estratégia?
Pode ser uma boa
estratégia, mas depende de seus objetivos financeiros para a época da
aposentadoria e da sua dedicação em realizar as aplicações. Investir R$ 800 por
mês em um PGBL por 30 anos deve proporcionar um saldo acumulado, já descontados
Imposto de Renda e custos, da ordem de R$ 700 mil. Por outro lado, você terá um
benefício menor do INSS em relação ao que poderia receber caso contribuísse com
valor maior. Vamos admitir que a diferença entre o benefício que poderia ser
recebido e o efetivo seja de R$ 2 mil. Em um horizonte de 30 anos, o valor que
deixará de ser recebido é da ordem de R$ 330 mil.
Portanto, menor do que
o valor acumulado das aplicações. Frente a esses cálculos, vale a pena
contribuir com um valor menor e aplicar a diferença.
Obviamente que foram realizados cálculos apenas indicativos e a sua decisão depende de outros fatores – principalmente da execução rígida de seu planejamento financeiro. Infelizmente, conheço vários casos de pessoas que se propuseram a esse tipo de estratégia, mas acabaram não aplicando o dinheiro. O resultado é que a vida de aposentado ficou mais difícil, já que a pessoa não pôde contar com um benefício maior do INSS.
Do Estadão
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