Em família, por Ricardo
Noblat (chamada original)
Roma falou. Ou melhor:
Brasília.
A crise da segurança
Pública no Maranhão agravou-se desde o mês passado. Finalmente, na última
sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff postou sete mensagens consecutivas em
seu twitter.
Roseana Sarney
Para dizer que
acompanha a crise, que despachou para São Luís seu ministro da Justiça e que
providências para controlá-la começaram a ser tomadas. Citou algumas. E voltou
a se calar.
Todo cuidado é pouco.
Dilma é candidata à reeleição. Há quatro anos, depois do Amazonas, foi o Maranhão,
feudo da família Sarney há meio século, o Estado a lhe conferir a maior
vantagem de votos sobre Serra (PSDB) – 79% dos válidos no segundo turno.
Primeiro cacique a se
incorporar em 2002 à campanha de Lula, José Sarney foi o único a acompanhá-lo
no avião que o devolveria a São Paulo oito anos depois.
Lula aprendeu a gostar
dele. No passado, em comício no Maranhão, chamou Sarney de “ladrão”. No
governo, encantado com seu apoio, batizou-o de “homem incomum” e fez-lhe quase
todas as vontades.
A crise da segurança
pública que provocou até aqui a decapitação de presos, atentados contra
delegacias e a morte de uma criança queimada por bandidos, veio em má hora para
os Sarney – e, por tabela, para Dilma.
Há um candidato
favorito ao governo do Maranhão e ele é adversário da família – Flávio Dino,
advogado, ex-deputado federal, filiado ao PC do B e atual presidente do
Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur).
No plano nacional, o PC
do B está com a candidatura Dilma e não abre. No Maranhão, Dino está com a
candidatura a presidente de Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco. E
também não abre.
Ali, na mais recente
eleição municipal, o PSB apoiou Edivaldo Holanda Junior (PTC) para prefeito de
São Luís, e indicou seu vice. Eduardo participou ativamente da campanha de
Edivaldo. Que agora é eleitor de Dino.
Em Pernambuco,
empurrada por Lula e Eduardo, Dilma teve três quartos dos votos. Agora não terá
mais.
Minas Gerais
presenteou-a no segundo turno com quase 60% dos votos válidos.
O candidato majoritário
de Minas Gerais à vaga de Dilma é o senador Aécio Neves (PSDB). Que espera
colher em São Paulo, com a ajuda do governador Geraldo Alckmin, candidato à
reeleição, uma vitória igual ou maior do que a de Serra em 2010.
A luz amarela está
acesa nos bastidores da campanha por ora informal de Dilma. Vê só por que ela
aparenta estar alheia ao que acontece no Maranhão?
Alguém viu por aí a
ministra dos Direitos Humanos? Ela não deveria ter viajado ao Maranhão? Roseana
vetou – e Dilma acatou o veto.
O procurador geral da
República deverá pedir intervenção federal no Maranhão. A ministra dos Direitos
Humanos empenhou-se para que seus conselheiros não pedissem. Foi bem-sucedida.
Roseana deixará o
governo em abril próximo para ser candidata ao Senado.
Somente na semana
passada ela quebrou o silêncio e falou sobre a crise.
Foi um desastre.
Agrediu o bom senso. Revelou-se despreparada para o exercício do cargo que
ocupa pela segunda vez. Traiu a arrogância de quem está acostumada a não dar
satisfações ao distinto público.
Cometeu a frase desde
já candidata à frase do ano: “Um dos problemas que está piorando a segurança é
que o Estado está mais rico”.
O Maranhão tem a pior
renda per capita entre os 27 Estados brasileiros. Está em 26º lugar em matéria
de Índice de Desenvolvimento Humano. Quase 40% de sua população são pobres.
Ali, manda a família
comum de um homem incomum.
Do Blog do Cutrim
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