sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Os desdobramentos da Operação Lava Jatos passa por Sarney e FHC, veja

Paulo Roberto Costa - Delator

A Operação Lava Jatos, que investiga esquemas que atuavam na Petrobras, provavelmente terá um alcance e desdobramentos similares ao da CPI do Orçamento, no início dos anos 90.

Dela, nasceu um conjunto de medidas – das quais a mais ostensiva foi a Lei 8666, das licitações – que manietaram completamente a administração pública, sem reduzir a corrupção.

De lá para cá, criou-se uma enorme parafernália burocrática, que apenas especializou os esquemas existentes.

No seu depoimento, Paulo Roberto Costa envolve outros diretores e informa que o aparelhamento da Petrobras ocorreu ininterruptamente nos governos Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique Cardoso e Lula. E a conta recai sobre Dilma, a primeira a tentar romper essa prática.

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Da CPI do Orçamento para cá houve enorme sucessão de episódios, investigações, CPIs, todas varridas para baixo do tapete pela enorme influência política dos corruptores.

Foi assim com a CPI do Banestado, com a CPI dos Precatórios, com a CPI de Cachoeira – que, aliás, levantou esquemas entre grupos de mídia e organizações criminosas – e com diversas operações da Polícia Federal, como a Satiagraha – que envolvia o Banco Opportunity -, com a Castelo de Areia – que flagrou a Construtora Camargo Correia em sua atividade paulista.

As CPIs naufragaram devido a pactos entre os partidos, já que praticamente todos tinham rabo preso; as Operações da PF foram paralisadas devido à interpretação de determinados Ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre aspectos formais das investigações.
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Agora, Lava Jato traz com riqueza de detalhes algo que era nítido desde a CPI do Banestado, a enorme zona cinzenta da economia que passa pelo caixa dois operador por doleiros, com a cumplicidade de grandes bancos – como o Safra -, pelos operadores da máquina, pelos tesoureiros dos partidos políticos e pelos governantes loteando os cargos atrás da governabilidade.

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Trata-se de um jogo fundamentalmente hipócrita. No poder, todos os partidos praticam as mesmas jogadas; na oposição, as mesmas denúncias.

Do lado dos grupos de mídia, a hipocrisia não é menor. A Operação Lava Jato recebe ampla visibilidade porque, no momento, existe um objetivo político claro por trás da cobertura. Enquanto perdurar o interesse político, haverá cobertura. Depois, o mesmo desinteresse que levou ao engavetamento dos escândalos da Satiagraha e Castelos de Areia.

Do lado do MPF e da PF, quase tão escandaloso quanto o próprio episódio é o vazamento seletivo de depoimentos, um rodízio escancarado entre as diversas publicações, uma constante que parece não ter sido interrompido com a nomeação do Procurador Geral da República Rodrigo Janot.

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É importante entender que nesse jogo não há santo.

Apesar da evidente má vontade da mídia com o PT, é evidente que o partido permitiu a perpetuação desse modelo. Apesar da evidente boa vontade da mídia com o PSDB, é evidente que o partido também sempre recorreu a esses mesmos esquemas.

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A esperança é que desta vez o Judiciário seja suficientemente rigoroso – e imparcial – para que se reduza da vida política nacional essa excrescência, comum a todas as democracias mas que no Brasil alcançou níveis intoleráveis.

E essa ação remete a outro problema: a reforma política, como garantir a governabilidade sem entrar na lama até o pescoço.

Por Luis Nassif - JGGN

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