Paulo Roberto Costa - Delator
A Operação Lava Jatos,
que investiga esquemas que atuavam na Petrobras, provavelmente terá um alcance
e desdobramentos similares ao da CPI do Orçamento, no início dos anos 90.
Dela, nasceu um
conjunto de medidas – das quais a mais ostensiva foi a Lei 8666, das licitações
– que manietaram completamente a administração pública, sem reduzir a
corrupção.
De lá para cá, criou-se
uma enorme parafernália burocrática, que apenas especializou os esquemas
existentes.
No seu depoimento,
Paulo Roberto Costa envolve outros diretores e informa que o aparelhamento da
Petrobras ocorreu ininterruptamente nos governos Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique Cardoso e Lula. E a conta
recai sobre Dilma, a primeira a tentar romper essa prática.
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Da CPI do Orçamento
para cá houve enorme sucessão de episódios, investigações, CPIs, todas varridas
para baixo do tapete pela enorme influência política dos corruptores.
Foi assim com a CPI do
Banestado, com a CPI dos Precatórios, com a CPI de Cachoeira – que, aliás,
levantou esquemas entre grupos de mídia e organizações criminosas – e com
diversas operações da Polícia Federal, como a Satiagraha – que envolvia o Banco
Opportunity -, com a Castelo de Areia – que flagrou a Construtora Camargo
Correia em sua atividade paulista.
As CPIs naufragaram
devido a pactos entre os partidos, já que praticamente todos tinham rabo preso;
as Operações da PF foram paralisadas devido à interpretação de determinados
Ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre aspectos formais das
investigações.
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Agora, Lava Jato traz
com riqueza de detalhes algo que era nítido desde a CPI do Banestado, a enorme
zona cinzenta da economia que passa pelo caixa dois operador por doleiros, com
a cumplicidade de grandes bancos – como o Safra -, pelos operadores da máquina,
pelos tesoureiros dos partidos políticos e pelos governantes loteando os cargos
atrás da governabilidade.
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Trata-se de um jogo
fundamentalmente hipócrita. No poder, todos os partidos praticam as mesmas
jogadas; na oposição, as mesmas denúncias.
Do lado dos grupos de
mídia, a hipocrisia não é menor. A Operação Lava Jato recebe ampla visibilidade
porque, no momento, existe um objetivo político claro por trás da cobertura.
Enquanto perdurar o interesse político, haverá cobertura. Depois, o mesmo
desinteresse que levou ao engavetamento dos escândalos da Satiagraha e Castelos
de Areia.
Do lado do MPF e da PF,
quase tão escandaloso quanto o próprio episódio é o vazamento seletivo de
depoimentos, um rodízio escancarado entre as diversas publicações, uma
constante que parece não ter sido interrompido com a nomeação do Procurador
Geral da República Rodrigo Janot.
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É importante entender
que nesse jogo não há santo.
Apesar da evidente má
vontade da mídia com o PT, é evidente que o partido permitiu a perpetuação
desse modelo. Apesar da evidente boa vontade da mídia com o PSDB, é evidente
que o partido também sempre recorreu a esses mesmos esquemas.
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A esperança é que desta
vez o Judiciário seja suficientemente rigoroso – e imparcial – para que se
reduza da vida política nacional essa excrescência, comum a todas as
democracias mas que no Brasil alcançou níveis intoleráveis.
E essa ação remete a
outro problema: a reforma política, como garantir a governabilidade sem entrar
na lama até o pescoço.
Por Luis Nassif - JGGN
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