Luis Nassif
Jornalista Luís Nassif
cobrou dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que se posicionem contra
o golpe que visa tirar a presidente Dilma Rousseff do cargo para o qual foi
eleita por mais de 54 milhões de brasileiros; por meio de uma carta aberta,
Nassif, ressalta que "permitir o golpe será entregar à selvageria décadas
de construção democrática, de avanços morais, de direitos das minorias, de
construção de uma pátria mais justa e solidária"; ele tabém pediu que os
ministros do STF "entendam a verdadeira voz das ruas, não a do ódio alimentado
diuturnamente por uma imprensa que virou o fio, mas os apelos para a concórdia,
para a paz, para o primado das leis. E, na base de tudo, a defesa da
democracia"
O jornalista Luís Nassif,
por meio de uma carta aberta, cobrou dos ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF) que se posicionem contra o golpe que visa tirar a presidente Dilma
Rousseff do cargo para o qual foi eleita por mais de 54 milhões de brasileiros.
Segundo Nassif, "permitir o golpe será entregar à selvageria décadas de
construção democrática, de avanços morais, de direitos das minorias, de
construção de uma pátria mais justa e solidária".
Mais à frente, o
jornalista pede que os ministros do STF "entendam a verdadeira voz das
ruas, não a do ódio alimentado diuturnamente por uma imprensa que virou o fio,
mas os apelos para a concórdia, para a paz, para o primado das leis. E, na base
de tudo, a defesa da democracia".
Confira aqui ou abaixo
íntegra do texto de Luís Nassif.
Como é que faz, Teori,
Carmen Lúcia, Rosa Weber, Celso de Mello, Luís Barroso, Luiz Fachin? Como é que
faz? Não mencionei Lewandowski e Marco Aurélio por desnecessidade; nem Gilmar,
Toffoli e Fux por descrença.
Antes, vocês estavam
sendo levados por uma onda única de ódio preconceituoso, virulento, uma
aparente unanimidade no obscurantismo, que os fez deixar de lado princípios,
valores e se escudar ou no endosso ou na procrastinação, iludindo-se - mais do
que aos outros - que definindo o rito do impeachment, poderiam lavar as mãos
para o golpe.
Seus nomes, reputações,
são ativos públicos. Deveriam ser utilizados em defesa do país e da democracia;
mas, em muitos casos, foram recolhidos a fim de não os expor à vilania.
Afinal, se tornaram
Ministros da mais alta corte para quê?
Os senhores estarão
desertando da linha de frente da grande luta civilizatória e deixando a nação
exposta a esse exército de zumbis, querendo puxar de novo o país para as
profundezas.
Não dá mais para
disfarçar que não existe essa luta. Permitir o golpe será entregar à selvageria
décadas de construção democrática, de avanços morais, de direitos das minorias,
de construção de uma pátria mais justa e solidária.
A imprensa mundial já
constatou que é golpe. A opinião interna está dividida entre os que sabem que é
golpe, e defendem o impeachment; e os que sabem que é golpe e reagem.
Desde os episódios
dantescos de domingo passado, acelerou-se uma mudança inédita na opinião
pública. Reparem nisso. Todo o trabalho sistemático de destruição da imagem de
Dilma Rousseff de repente começou a se dissolver no ar.
Uma presidente fechada,
falsamente fria, infensa a gestos de populismo ou de demagogia, distante até,
de repente passou a ser cercada por demonstrações emocionadas de carinho, como
se senhoras, jovens, populares, impotentes ante o avanço dos poderosos, a
quisessem proteger com mantos de afeto. Abraçaram Dilma como quem
simbolicamente abraça a democracia. E os senhores, que deveriam ser os
verdadeiros guardiões da democracia, escondem-se?
Antes que seja tarde,
entendam a verdadeira voz das ruas, não a do ódio alimentado diuturnamente por
uma imprensa que virou o fio, mas os apelos para a concórdia, para a paz, para
o primado das leis. E, na base de tudo, a defesa da democracia.
A
vez dos jovens
Aproveitei os feriados
para vir para minha Poços de Caldas. Minha caçula de 16 anos não veio. O
motivo: ir à Paulista hipotecar apoio à presidente. A manifestação surgiu
espontaneamente pelas redes sociais, a rapaziada conversando entre si, acertando
as pontas, sem a intermediação de partidos ou movimentos. Mas unida pelos
valores da generosidade, da solidariedade, pelas bandeiras das minorias e pelo
verdadeiro sentimento de Brasil.
São esses jovens que irão
levar pelas próximas décadas as lições deste momento e – tenham certeza - a
reputação de cada um dos senhores através dos tempos. Não terá o sentido
transitório das transmissões de TV, com seus motes bajulatórios e seu padrão
BBB. Na memória desses rapazes e moças está sendo registrada a história viva,
tal e qual será contada daqui a dez, vinte, trinta anos, pois deles nascerá a
nova elite política e intelectual do país, da mesma maneira que nasceu a
geração das diretas.
Devido à censura, foram
necessárias muitas décadas para que a mancha da infâmia se abatesse sobre os
que recuaram no AI5, os Ministros que tergiversaram, os acadêmicos que
delataram, os jornalistas que celebraram a ditadura. Hoje em dia, esse
julgamento se faz em tempo real.
Nas últimas semanas está
florescendo uma mobilização inédita, que não se via desde a campanha das
diretas.
De um lado, o país
moderno, institucional; do outro, o exército de zumbis que emergiu dos grotões.
De um lado, poetas, cantores, intelectuais e jovens, jovens, jovens, resgatando
a dignidade nacional e a proposta de pacificação. Do outro, o ódio rocambolesco
aliado ao golpismo.
Não permitam que o golpe
seja consumado. Não humilhem o país perante a opinião pública mundial.
Principalmente, deixem na memória dessa rapaziada exemplos de dignidade. Não
será por pedagogia, não: eles conhecem muito melhor o significado da palavra
dignidade. Mas para não criar mais dificuldades para a retomada da grande
caminhada civilizatória, quando a rapaziada receber o bastão de nossa geração.
Do 247