domingo, 30 de outubro de 2016

Procurador diz que acordo da Odebrecht está ameaçado por governo Temer

Carlos Lima

Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, afirmou que o acordo de delação premiada da Odebrecht pode levar ainda, pelo menos, alguns meses ou sequer ser finalizado. Um dos braços de Sérgio Moro nas investigações assumiu que interesses do governo de Michel Temer podem interferir.

Muito estranho que a “brava força tarefa do MPF” por meio de seu prepotente e “valente" procurador Carlos Lima, que sempre negou ter posição partidária, seletiva e lado, após golpearem um governo legítimo, sem desassombro, agora amarela, se acovarda, e em recente reportagem a Reuters alega um rosário de dificuldade para prosseguir com a lava jato, coisa que quando o alvo é Lula e o PT, não existem.

Tudo isso não passa mesmo de um grande engodo, pois quando as investigações começam a fugir de seus interesses se aproximando dos seus protegidos, fazem corpo mole apontando uma série de dificuldades, fazendo crer que o aparato montado pelo MPF, PF e o Judiciário (Moro), usurpando competência constitucional e cometendo gritantes ilegalidades. Imagine-se, agora precisa de apoio político do governo. Durma-se com um embuste desses. Veja abaixo o que disse o Procurador.

"Não tenho confiança absoluta em fechar um acordo, porque estamos num ambiente de instabilidade institucional no Brasil. (...) Não sei se há interesse do governo federal em que essas colaborações se efetivem. Boa parte do que é falado nessas colaborações, e não estou falando só da Odebrecht, se refere a personagens políticos que foram ou são do governo", admitiu o procurador.

 "Não há um acordo firmado com a Odebrecht, não há nenhum acordo. Existem muitos detalhes para resolver", disse o procurador à agência de notícias Reuters. Segundo a reportagem, o aguardado acordo de delação de Marcelo ou outros executivos da empreiteira com os investigadores, a nível da Justiça Federal do Paraná, pode não ser fechado "devido à resistência de políticos".

A negativa ocorre após notícias darem conta de que os depoimentos de executivos, como o de Pedro Novis, ex-presidente da Odebrecht, recaírem sobre o tucano José Serra, ministro de Relações Exteriores, além de outras delações envolvendo o próprio governo de Michel Temer e sua grande base aliada.

"Todas essas negociações são muitos complexas, demoram muito para terminar porque envolvem muitos fatos, muitos pessoas", negou Lima, nesta quinta-feira (27) em entrevista ao jornal em seu escritório em Curitiba, onde a Polícia Federal, procuradores e o juiz federal Sérgio Moro vêm conduzindo a Lava Jato.

 Em mais de uma vez, o procurador da República negou que haja avanços no acordo com a Odebrecht, seja com os funcionários e ex-executivos, seja de leniência a nível do Ministério Público Federal com a empresa. A reportagem consultou os advogados da Odebrecht, que afirmaram que não poderiam falar sobre negociações em andamento com os investigadores.

 Após inicialmente negar colaborar com a Lava Jato, desde a sua prisão em 2015, Marcelo Odebrecht resolveu informar o que sabe, com o intuito de abrandar a sua pena de 19 anos em prisão em Curitiba.
Lima, que vê possibilidades de conseguir boas informações na Lava Jato, admitiu que acordos desse tipo que interferem membros do governo Temer podem representar uma ameaça para o próprio andamento da investigação.

Citou como exemplo o projeto de Lei de Abuso de Autoridade, em tramitação no Congresso e defendida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "Estão, na verdade, desincentivando que as pessoas investiguem, é muito simples", disse Lima.

"Não tem realmente proteção em relação a sua investigação e não ser ameaçado pelo poder político, e isso vai impedir que novos casos apareçam. Por que eu vou arriscar e fazer isso se eu ganho o mesmo salário no final do mês se eu não fizer absolutamente nada?", completou.

Com informações do GGN/Reuters

sábado, 22 de outubro de 2016

A seletiva parcialidade despojada do juiz Moro na prisão tardia de Cunha

A quebra de protocolo da prisão de Cunha é gritante e merece explicação. Visto que o tratamento dado aos outros acusados no momento de suas prisões foi de uma humilhação sem tamanho, com cunha parecia coisa de amigos em troca de gentilezas.

Sem show e sem alarde na prisão de um parceiro do GOLPE

Das estranhezas da prisão de Eduardo Cunha, a mais gritante é a quebra de protocolo com relação às anteriores, supondo-se que haja um protocolo.

Primeiro, não há um apelido genial. Operação Malparido, digamos.

Não houve vazamento para a imprensa preparar o show. Não havia equipes de TV com câmeras.

Num despacho, Sérgio Moro determinou que “não deve ser utilizada algema, salvo se, na ocasião, evidenciado risco concreto e imediato à autoridade policial”.

Continua: “Consigne-se que, tanto quanto possível, não se deve permitir a filmagem ou a fotografia do preso durante a efetivação da prisão e deslocamento”.

Cunha não foi eternizado algemado com as mãos para trás, como aconteceu anteriormente. Segundo o criminalista Paulo Sérgio Leite Fernandes, a finalidade dessa prática é impedir o cidadão de cobrir o rosto, o sinal mais instintivo de vergonha.

Cunha estava no apartamento funcional da Câmara, que ainda está desocupando, apesar de ele ter perdido o mandato. Foi em torno das 13h — e não às costumeiras 6h da manhã.

Seu advogado estava com ele no momento. A malinha pronta. Ao chegar a Curitiba, os jornalistas foram autorizados a filmar a passagem do carro da PF e só.

A costumeira coletiva de imprensa em que procuradores brilham diante de perguntas feitas para levantar sua bola não ocorreu.

O Jornal Nacional dedicou em torno de 7 minutos para o caso, espremidos entre uma “reportagem” sobre a triunfal viagem de Michel Temer ao Japão e mais alguma irrelevância.

No dia seguinte, depois de passar pelo IML, Cunha reclamou que “é uma decisão absurda”.

A Lava Jato deve uma explicação para a diferença de tratamento. Que nunca será dada. Mas ficamos combinados que a imparcialidade está acima de qualquer suspeita.

Do Vi o Mundo 

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

A PEC 241 é um grave erro e juros são imorais, diz Flávio Dino em entrevista

 Flávio Dino

"O Brasil não precisa de menos estado, precisa de mais estado, porque as carências são enormes e a desigualdade vergonhosa, mesmo os liberais sabem que as instituições políticas são imprescindíveis para corrigir as assimetrias de mercado, a falsa concorrência", diz o governador do Maranhão, Flávio Dino; "Nós somos o único país do planeta que pratica hoje juros reais crescentes e isso é imoral, objetivamente, é imoral. É isso que ameaça o equilíbrio fiscal"

A Proposta de Emenda à Constituição nº 241, também conhecida como PEC da Maldade, que limita o teto de gastos públicos do governo federal para os próximos 20 anos, aprovada em primeiro turno no Plenário da Câmara dos Deputados, é um retrocesso aos direitos sociais estabelecidos na Constituição, é a avaliação do governador Flávio Dino (PCdoB).

Em entrevista "Na sala de visitas com Luis Nassif", a íntegra da entrevista realizada nesta quarta (12), ao GGN, Dino destaca que a proposta "é um grave erro porque parte de uma perspectiva errada", prosseguindo:
 
  Vídeo: Pedro Garbellini

Um cálculo realizado pelo professor do Instituto de Economia da Unicamp, Pedro Rossi, já comentado aqui no Sala de Visitas, aponta que a proposta federal de fixação do teto de gastos vai levar o Estado brasileiro a reduzir de 18% para 12,5% os investimentos sociais em 20 anos, lembrando que só os gastos com a previdência vão exigir 8% desse montante. Apesar dessa previsão, compartilhada por outros economistas, durante uma coletiva realizada recentemente Michel Temer negou que os gastos com saúde e educação serão reduzidos.

O governador Flávio Dino destaca que não há dúvidas de que é preciso ter responsabilidade fiscal, entretanto o estabelecimento de parâmetros absolutos não significa melhora da eficiência das despesas públicas.

"Eu acho muito interessante quando se fala do endividamento da relação dívida-PIB no Brasil e não se olha a média dos países da OCDE, acima do que nós temos. Não quero dizer com isso que é bom o endividamento crescer. Não, não é bom, mas, por outro lado você tem endividamentos mais altos que [esses países] conseguem [manter. Além disso], numa conjuntura dessas, em que muitos países praticam até juros negativos, juros contracíclicos, como é que nós vamos praticar juros crescentes que é o que nós praticamos hoje? Isso é uma anomalia que tem que ser enfrentada", questiona.

O ex-juiz federal acusa, também, que o discurso de combate à corrupção e da necessidade de um forte ajuste fiscal é montado para justificar a aplicação do aumento da taxas juros, refreando o crescimento do setor produtivo nacional.
Governador do Maranhão, Flávio Dino, critica PEC 241.

"Nós somos o único país do planeta que pratica hoje juros reais crescentes e isso é imoral, objetivamente, é imoral. É isso que ameaça o equilíbrio fiscal". O gasto do Brasil com juros da dívida pública é considerado hoje o 3ª maior do mundo, e quando o governo aumenta a taxa de juros, alegando a necessidade de controlar a inflação, aumenta diretamente os juros pagos da dívida pública que, em 2015, foi calculado em R$ 209 bilhões.

Com informações do  247 e GGN

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

O “rei de Curitiba” critica jornalão por ceder espaço para crítica a seu reinado

Sérgio e Rogério

Moro critica folha por abrir espaço a crítica contra sua conduta. O juiz da lava jato manda carta ao jornal em resposta ao artigo do professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite, que em sua coluna, escreveu que "Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista"; para o magistrado, o jornal deveria evitar "a publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiculam somente preconceito e rancor, sem qualquer base factual".
                                  
O juiz Sérgio Moro, que cuida dos processos em primeira instância da operação lava jato, mandou uma carta à Folha de S. Paulo em resposta ao artigo do professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite, que criticou duramente o magistrado em sua coluna nesta terça-feira 11.

Cerqueira Leite, que faz parte do conselho editorial do veículo, diz em seu texto que "Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista" (leia aqui).

O magistrado diz que, "embora críticas a qualquer autoridade pública sejam bem-vindas e ainda que seja importante manter um ambiente pluralista", o jornal deveria evitar "a publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiculam somente preconceito e rancor, sem qualquer base factual".
Íntegra da carta de Moro, publicada hoje:
”LAVA JATO
Lamentável que um respeitado jornal como a Folha conceda espaço para a publicação de artigo como o "Desvendando Moro", e mais ainda surpreendente que o autor do artigo seja membro do Conselho Editorial da publicação. Sem qualquer base empírica, o autor desfila estereótipos e rancor contra os trabalhos judiciais na assim denominada Operação Lava Jato, realizando equiparações inapropriadas com fanático religioso e chegando a sugerir atos de violência contra o ora magistrado. A essa altura, salvo por cegueira ideológica, parece claro que o objeto dos processos em curso consiste em crimes de corrupção e não de opinião. Embora críticas a qualquer autoridade pública sejam bem-vindas e ainda que seja importante manter um ambiente pluralista, a publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiculam somente preconceito e rancor, sem qualquer base factual, deveriam ser evitadas, ainda mais por jornais com a tradição e a história da Folha.

SERGIO FERNANDO MORO, juiz federal (Curitiba, PR)
NOTA DA REDAÇÃO - Os artigos publicados na página Tendências/Debates não traduzem a opinião do jornal, que é expressa nos editoriais sem assinatura da pág. A2.”

Com informações do 247

terça-feira, 11 de outubro de 2016

lava jato rejeita delação que não incrimina lula, justiça de desejos!

Alexandrino Alencar
Os investigadores da operação lava jato e a Procuradoria-Geral da República rejeitaram acordo de delação premiada com o ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar, um dos executivos da empreiteira mais próximos de Lula; a versão do executivo, que nega que a reforma no sítio de Atibaia (SP) tenha sido uma contrapartida ao ex-presidente por contratos da Odebrecht como o governo federal, não parece ter agradado à cúpula da investigação.
A versão oficial do grupo da lava jato, segundo a Folha de S. Paulo, é de que as informações de Alencar seriam incompletas e de que haveria indícios de que ele protegeria alguns dos personagens de seu depoimento, como o próprio Lula.

"Reservadamente, Alencar tem relatado que um dos fatores que incomodaram os procuradores, por exemplo, foi insistir que Lula, de fato, fez as palestras pagas pela Odebrecht. Para os investigadores, parte delas não foi realizada e há indícios de casos de superfaturamento.
Outro empecilho é que Alencar tem versão contrária à hipótese dos investigadores sobre a empresa Exergia Brasil, do sobrinho da primeira mulher de Lula Taiguara Rodrigues, que foi alvo de denúncia do Ministério Público Federal nesta segunda (10). A Exergia foi subcontratada pela Odebrecht para atuar em obras em Angola. Os empreendimentos contaram com recursos do BNDES."

Do 247

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Na SAÚDE a PEC 241 condena à morte milhares de brasileiros, diz Temporão

José Gomes Temporão

Quem afirma é o ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão; “Estamos falando de fechamento de leitos hospitalares, de encerramento de serviços de saúde, de demissões de profissionais, de redução do acesso, de aumento da demora no atendimento”, afirma; segundo ele, o caminho seria rever a injusta estrutura tributária do País, cobrando mais impostos dos mais ricos.

O ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, avalia que a aprovação da PEC 241, que congela gastos públicos por 20 anos, condenará à morte milhares de brasileiros.

"Na verdade, não se trata de números. Estamos falando de mortes. Essa decisão do Congresso é uma condenação de morte para milhares de brasileiros que terão a saúde impactada por essa medida irresponsável. Estamos falando de fechamento de leitos hospitalares, de encerramento de serviços de saúde, de demissões de profissionais, de redução do acesso, de aumento da demora no atendimento", disse ele, em entrevista a Rodrigo Martins, na Carta Capital.

“Se existe um problema macroeconômico a ser enfrentado, do ponto de vista dos gastos públicos, há outros caminhos. Mas este governo não parece disposto a enfrentar a questão da reforma tributária”, afirma. “Temos uma estrutura tributária regressiva no Brasil, que penaliza os trabalhadores assalariados e a classe média, enquanto os ricos permanecem com os seus privilégios intocados”.

241/Carta

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

MA PC do B faz 46 prefeitos e SP o DÓRIA o Berlusconi brasileiro, F Dino

Flávio Dino

Para Flávio Dino, vivemos uma “berlusconização” da política: “Agora temos nosso próprio Berlusconi, o Doria”.

O governador do Maranhão fez uma profunda análise do momento político que vivemos a partir dos resultados das eleições de domingo. Falou sobre o sucesso obtido pelo PCdoB em seu estado, onde 46 prefeitos comunistas foram eleitos, e fez projeções para o futuro da esquerda. A partir dos resultados das eleições do último domingo (2), faz uma análise do atual momento político do país.

Para Dino, que em 2014 acabou, de forma histórica, com a era Sarney em seu estado ao vencer as eleições, a forma como a Lava Jato foi instrumentalizada, inspirada na Operação Mãos Limpas, da Itália, somada a outros fatores, provocaram uma “berlusconização” do país com seus primeiros frutos já dando as caras. A vitória do empresário João Doria (PSDB) em São Paulo seria um exemplo dessa situação.
Ìntegra da entrevista.

Como vai, governador?

Tudo bem, Renato. Sobrevivendo…

É exatamente essa a palavra para definir esse momento…

É verdade… É um desafio. Mas já era uma tendência clara. A gente veio em uma viragem à direita muito nítida. O eleitor de 2014 foi o último suspiro de uma etapa da luta da esquerda no Brasil, e agora acho que esse quadro eleitoral força uma revisão.

Qual a sua avaliação desse resultado em nível nacional, não só do ponto de vista do Maranhão, mas de tudo o que aconteceu e o quanto isso tem relação com a eleição de 2014, manifestações de 2013, o próprio impeachment?

Nós tivemos uma trajetória ascendente do campo democrático, progressista e de esquerda de, praticamente, 1982 até 2014, de modo continuado. Se você observar a eleição de 1982, o Brizola ganhou no Rio, por exemplo, como um símbolo. Um mês depois veio a Constituinte, aí depois veio a campanha das Diretas, a derrota do Maluf. Na Constituinte, uma articulação progressista, que conseguiu contribuições importantes. Em 1989, o Lula vai para o segundo turno. Enfim, mesmo com derrotas, era uma trajetória que apontava para as vitórias adiante, porque Lula perdeu em 1989, mas em 1988 o PT havia elegido a Erundina, Olívio Dutra, em Porto Alegre.

O que acontece é que em 2013 houve uma disputa ideológica em torno do sentido daquelas manifestações e houve um movimento extraordinariamente que surgiu com uma agenda de esquerda. Era uma agenda de fortalecimento e ampliação de um serviço público de transporte, de mobilidade, uma agenda classicamente à esquerda, que acabou sendo fantasticamente apropriada ideologicamente em uma outra direção. Há uma mudança da palavra de ordem principal, que era a questão dos 20 centavos, da mobilidade. Virou a questão da corrupção. Acho que o marco zero está ali, nessa mudança do sentido das manifestações de 2013.

Em 2014, vem um ponto que desequilibra esse jogo, que é a estruturação do partido da Lava Jato, desse bloco de poder. Qual a resultante do fortalecimento desse bloco no terreno da política, já que gostam tanto de falar de Operação Mãos Limpas, sem entender direito as consequências? Nós temos uma situação similar, meio italiana nesse sentido também, que é “berlusconização” da política. Agora nós temos o próprio Berlusconi que é o João Doria.

Quais são as características? Um afastamento da população da política, resultados indo na direção da abstenção, voto nulo e branco. Ou seja, uma descrença, uma crise de representação muito aguda, uma fragmentação do sistema partidário, de forma que você consegue identificar derrotados, mas tem dificuldade de identificar vencedores, porque tirando essa vitória notável do Doria, em São Paulo, você vê que o próprio PSDB teve derrotas. O PMDB teve derrotas expressivas. Então, temos uma desestruturação de todo o sistema institucional e, em terceiro lugar, que é o elemento que nos diz respeito diretamente, que é uma profunda crise da esquerda. Como vimos, fomos reduzidos a praticamente 20% da sociedade. Quando você olha para São Paulo, Haddad mais Erundina, dá 20%. No Rio, Freixo mais Jandira, dá 20%. João Paulo em Recife, 20%. Alice, em Salvador, 17%. Saímos de um modelo em que nós representávamos um terço da sociedade e disputávamos o centro para uma perigosa tendência. A esquerda foi pulverizada e reduzida a 20% praticamente da expressão institucional da política. Isso, naturalmente, não pode ser afirmado de forma aritmética. O pensamento de esquerda, a meu ver, é maior que 20% da sociedade. No que se refere ao jogo institucional, nós fomos reduzidos a um quinto. Qual o problema? É que com um quinto você não polariza o centro político, porque não há força suficiente. Isso explica por que nós ficamos fora do segundo turno de Porto Alegre: foram dois candidatos mais à direita. Nós estamos diante desse desafio enorme, de crise de representação política, fragmentação da esquerda, que tem dificuldade de se colocar para a sociedade em outros termos. E aliado a isso você tem uma recessão e um desemprego brutal, que naturalmente leva à ‘direitização’ da política. O nazifascismo surgiu do ventre de uma grande crise econômica. Crises econômicas agudas levam a saídas autoritárias, normalmente. A crise de 1929 foi o combustível do nazifascismo dos anos 1930. Nós vivemos isso em termos internacionais. Não somente na política brasileira. Mas qual é o desafio? Falar de esperança e de propostas que sejam galvanizadoras no sentimento, no quadro objetivo de muitas derrotas, porque há a Lava Jato como território hostil. A sociedade indiferente à política, o desemprego e a recessão dizimando a luta social. Não é uma coisa simples. A vantagem é que a história não acaba, você não pode ser fatalista de achar que tudo acabou.

Isso que eu ia te perguntar, Flávio. Esses processos costumam ser cíclicos e, de alguma forma, a sociedade tem outra velocidade, inclusive por conta das redes digitais e da globalização. Você não acha que esse ciclo pode durar menos do que se anuncia nesse momento?

Eu tenho convicção disso. Porque uma sociedade perversamente desigual e injusta tem impasses muito profundos que você não consegue resolver. A meu ver, com políticas que reforcem exatamente a desigualdade, injustiça e a negação de direitos, isso conduz a uma inviabilização da sociedade, por que significa, por exemplo, aprofundar a violência.

Acho que é um ciclo. Mas também acho que acertando o movimento nós conseguimos sair disso. Agora, o que não pode é acreditar no princípio da inércia. É aquela história do Marx lá no Manifesto: em última análise, “o capitalismo cairá de podre. O proletariado é o coveiro do capitalismo”. Bom, tem que ter o elemento subjetivo. Não adianta uma subjetividade conduzir a uma certa tendência histórica sem você, ativamente, construir os sujeitos para fazer com que essa objetividade se materialize nos fatos. Essa á principal questão, reorganizar nossos sujeitos históricos em um quadro profundamente adverso. Acho que houve uma desestruturação do nosso campo, você não pode acreditar num fatalismo às avessas, de no fim tudo vai dar certo. O que seria uma bobagem, não é o mais do mesmo que vai resolver. Acho que é uma revisão profunda em duas questões: primeiro, reconhecer que não se pode disputar eleição com agenda de denúncia, o que foi tentado em alguns estados. Pela agenda de denúncia do impeachment, do golpe, não é suficiente. É preciso, portanto, agregar um programa que seja prospectivo, porque não existe na sociedade voto de gratidão, por mais que as pessoas reconheçam os feitos do passado. Elas precisam acreditar que o que você apresenta vai ampliar benefícios para o futuro e, no mínimo, preservar conquistas ou ampliar benefícios. Essa é a primeira questão. Uma questão mais programática, eu diria, que demanda mais debate de atualização mesmo. Acho que aí a questão mais aguda é a agenda dos serviços públicos e da igualdade de oportunidades. Como você coloca isso muito claramente, é a questão que nos coloca em contradição, com esse modelo mais privatizado, centralizador. A gente tem que ir por aí, nesse sentido um pouco mais profundo de uma agenda de conciliação. Mas uma agenda de um viés distributivo mais agudo. E em segundo lugar, além dessa questão programática, a estrutura, porque em um quadro de defensiva, não se pode desperdiçar energia, não se pode desperdiçar forças. O povo do nosso campo fez isso intuitivamente. Ao fazer voto útil no Haddad ou fazer voto útil no Freixo, a sabedoria do povo…

Você tem que encontrar um jeito de repactuar as relações com o que se identifica mais claramente com a esquerda, mas também com outros rostos que podem e devem ser repolarizados, como o PDT, o PSD. Você tem que tentar um diálogo, apesar das dificuldades óbvias com cada um desses. Mas você tem personalidades. A própria luta social, movimento social, a mídia progressista. Você tem outros atores que não estão na burocracia partidária que você tem que traduzir em uma organicidade que seja expressão eleitoral desse pensamento, desse ideário. A grande lição é que hoje ninguém está em condição de fazer isso sozinho. Nem o PT, nem o PCdoB, nem o PSOL. Também vi algumas análises malucas dizendo que o PSOL é o novo PT. Isso é um delírio. Cá para nós. E nós do PCdoB não podemos apontar o dedo. Nós também estamos no mesmo barco. As derrotas que o PT colheu, nós também colhemos, com a exceção do Maranhão.

É isso que eu queria te perguntar. Você foi muito bem aí, percebe-se que tem um modelo que deu certo, queria que você falasse dele.

Acho que o nosso principal mérito para colher um resultado tão bom foi ter conseguido paradoxalmente manter vivo o sentimento da mudança. Em pouco tempo, um ano e meio, conseguimos mostrar para a população que é possível, ainda que de modo incipiente, claro, fazer mudanças assertivas na vida das pessoas, no modo de governar. Nisso nós conseguimos manter credibilidade, apesar do governo enfrentar dificuldades econômicas, fiscais, do desemprego na sociedade, a gente manteve um estoque e credibilidade para continuar falando de mudanças e a população acompanhar. O tempero principal foi a capacidade de em pouco tempo, com poucos meios, gerar alguns resultados simbólicos que mantiveram nossa capacidade de aglutinar o campo pela alta aprovação popular.

Quantos prefeitos vocês elegeram no Maranhão?

Somando PCdoB e aliados, são 217. Do PCdoB são 46. O principal partido. Os partidos que mais elegeram foram o PCdoB, em segundo o PDT e em terceiro, o PSDB, que aqui é o PSDB do B, aliado aqui também. Mas são os três principais partidos. Aí depois vem o PSB, que também é nosso aliado, aí vem o PT, que hoje também é nosso aliado. Então, temos um campo ampliado, que apoia o governo e elegeu 217, tendo como vértice esse apoio ao governo, que é liderado por um dirigente, um militante da esquerda. É aquela história: você só consegue um estoque de força capaz de polarizar outros setores e foi isso que a gente perdeu. O Lulismo só foi possível porque teve a força popular capaz de polarizar outros setores políticos. Na hora que a gente perdeu isso deu um conjunto de tragédias, que perdeu força própria e a capacidade de exercer uma força centrípeta, uma força de atração ou gravitacional, sobre outros setores. Aqui a gente manteve. Acho que por isso o resultado foi tão bom.

Parabéns, Flávio. Eu não consigo comemorar direito, porque a porrada no Brasil foi tão dura. Não bastasse a do Brasil tem a da Colômbia.

Pois é. É uma questão que alguns desses aspectos que a gente falou tem uma certa dimensão global, internacional. A crise da democracia é tão profunda que o principal líder político do planeta é um monarca, o Papa Francisco. Porque você tem a política muito deteriorada, isso é próprio das crises econômicas e da recessão. E dá nisso, um cara como o Flávio Bolsonaro, um farsante, faz 15% só no Rio de Janeiro. As pessoas estão comemorando a chegada do Freixo no segundo turno, detonando os paulistas, e eu falei: vamos fazer as contas. A votação da Jandira e do Freixo é exatamente igual a da Erundina e do Haddad. Só que lá para ir para o segundo turno teve um Bolsonaro que é pior que um Russomanno. Não dá para falar que o Rio é uma maravilha.

Russomanno, quando foi deputado comigo, tinha todos os problemas do mundo óbvios, mas pelo menos você consegue estabelecer minimamente um acordo semântico e uma gramática para, pelo menos, falar com ele. [Com Bolsonaro] É outra gramática, outro dicionário, outro mundo. É a barbárie, fora dos marcos da civilização, fora dos marcos da filosofia liberal, da civilização ocidental, como se fosse fora do pensamento grego, é outra coisa. Não dá para você realmente imaginar isso, fez 15% dos votos.

Forum - Renato Rovai

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Américo outro buritiense vencedor foi eleito prefeito em Coelho Neto, confira

Américo de Sousa

Américo de Sousa eleito prefeito de Coelho Neto apoiado pelo governador Flávio Dino. Sousa canditou-se a prefeito de Coelho Neto pelo PT e foi eleito com 35,15%, totalizando 8.815 dos votos validos.

Por outro o candidato apoiado pelo atual prefeito Soliney Silva, Jademil Gedeon ficou em segundo lugar com 32,43% e 8133 votos. Já José Serra do PSDB ficou em terceiro lugar com 32,42% dos votos, somando 8.132. 

Sousa acumula experiência de 25 anos de luta social e um projeto de governo com propostas viáveis que contemplam as principais necessidades da população: Saúde, segurança, agricultura, educação e as políticas sociais.

A disputa foi bastante acirrada, o petista Américo de Sousa foi eleito na raça neste domingo (02), é o novo Prefeito de Coelho Neto. O candidato a prefeito Jademil Gedeon (PMDB), ficou pelo caminho.

Tão logo saiu o resultado, Jademil reconheceu a derrota e desejou boa sorte ao prefeito eleito através das redes sociais. “Obrigado amigos e amigas pelos votos recebidos. Temos que respeitar a maioria. Parabéns ao amigo Américo”, dise ele.

O Prefeito Soliney Silva (PMDB), por meio de áudio nas redes sociais também reconheceu a derrota e desejou boa sorte ao novo prefeito.

Silva: “A democracia venceu. Saúdo o Prefeito eleito Américo de Sousa e comunico que ele terá da minha parte todas as informações necessárias para que ele possa fazer uma boa gestão e peço a Deus que ele possa administrar bem a nossa cidade”.

Mídias diversas

O Buritiense ex-deputado Federal Dutra é eleito prefeito de Paço do Lumiar

Dutra e Dino

Durante muitos anos, Paço foi governada por uma oligarquia, que foi derrubada nas urnas durante estas eleições.

Neste Domingo, dia 2 de Outubro, as urnas confirmaram o que as pesquisas mostraram durante o período de campanha. Domingos Dutra (PCdoB), foi eleito o novo prefeito de Paço do Lumiar com 15.440 votos. Com uma campanha marcada por simplicidade e pela promessa de trabalho conjunto com o governo Flávio Dino, Dutra percorreu vários bairros e comunidades de Paço, ouvindo as propostas dos moradores.

A parceria entre Governo do Estado e Prefeitura de Paço do Lumiar deve trazer como benefícios ao município milhares de recursos em obras, serviços básicos e necessários para a população. O governador já demonstrou compromisso com o município da Grande Ilha ao criar o serviço do Expresso Metropolitano, que atende moradores das cidades da região, em ônibus com ar condicionado. Em setembro, o Governo do Maranhão mostrou mais uma vez a atenção que tem pelos moradores da cidade ao conceder mais de 500 títulos de terra a moradores da cidade.

Dentre as ações propostas pelo novo prefeito, que serão desenvolvidas durante os próximos quatro anos, estão: A criação da Guarda Municipal; a recuperação dos corredores de transporte para melhorar a mobilidade urbana do município, a implantação da primeira maternidade de Paço do Lumiar; a criação da Escola Bilíngue
.
Nascido no Quilombo Saco das Almas, Buriti, filho de uma quebradeira de coco e um lavrador, Domingos Dutra é formado no curso superior de Direito e há 34 anos exerce a função, advogando para os humildes. Eleito deputado estadual por dois mandatos, seu vasto currículo político ainda conta com três mandatos de deputado federal e vice-prefeito de São Luís na gestão de Jackson Lago.

 A cidade de Paço do Lumiar fica localizada na região metropolitana de São Luís. O último senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),realizado este ano, estima que o município tenha 119.915 habitantes. Durante muitos anos, Paço foi governada por uma oligarquia, que foi derrubada nas urnas durante estas eleições.

Com informações da mpidia

domingo, 2 de outubro de 2016

Naldo Batista é o novo prefeito eleito de 2016 em Buriti de Inácia Vaz com 8.370 votos

Naldo Batista

NALDO BATISTA, 45 anos, é o novo prefeito eleito de Buriti, segundo dados oficiais do TSE, com 8.370 votos, contra 6.257 votos do segundo colocado, para administrar a cidade pelos próximos 4 anos. Batista foi apoiado ostensivamente e eleito pelo partido do governador Flávio Dino, numa coligação composta por 9 agremiações.

O prefeito eleito derrotou o grupo do NENÉM MOURÃO, que se mantinha no poder por longos 12 anos consecutivos de má administração. Mourão também chegara ao poder ao vencer JOSÉ VILAR, que vinha outros 12 anos de governo municipal ruim.

Hoje a cidade de Buriti se encontra abandonada, entregue a própria sorte, a contabilizar altos índices de violência por assaltos à mão armada, em plena luz do dia, o sistema de saúde precarizado de tal forma que as pessoas não têm a quem recorrer.

Com a eleição do novo gestor espera-se que as coisas melhorem em Buriti, já que a nova gestão conta com o apoio incondicional do governo Flávio Dino, muito embora, o mar não esteja para peixes, na esfera estadual, bem como na federal.

Confira também os novos vereadores eleitos, clique para abrir a imagem: