O
psicanalista Flávio Koutzii: ‘Em 64 tivemos um Fleury. Hoje, temos um Fleury de
toga’.
Quase
nove meses depois da confirmação, pelo Senado, da deposição da presidenta Dilma
Rousseff, eleita em 2014 com mais de 54 milhões de votos, o Brasil convive com
dois fenômenos que andam de mãos dadas: a instabilidade política, social e
econômica do país se agravou e os setores que derrubaram Dilma tentam,
desesperadamente, aprovar a sua agenda de reformas que retiram direitos
resguardados pela Constituição de 1988 e pela CLT. A demora na aprovação dessas
reformas, provocada pela crescente resistência nas ruas a elas só vai aumentando
o clima de instabilidade.
O
golpe contra Dilma foi dado com o objetivo central de aprovar essa agenda. Os
setores que apoiaram a chegada de Michel Temer ao poder vinham tentando
naturalizar o golpe consumado em 31 de agosto de 2016, mas, a incerteza quanto
à aprovação de sua agenda no Congresso, acabou com a unidade entre eles. As
recentes revelações da delação de Joesley Batista, dono da JBS, só agravaram
esse quadro, aprofundando o grau de instabilidade política no país e de
incerteza acerca do futuro do golpe que derrubou o governo Dilma.
A
partir da experiência de quem viveu e enfrentou golpes no Brasil e na
Argentina, Flavio Koutzii chama a atenção para as tentativas de naturalizar o
que não deve ser naturalizado. Na Argentina, militou no Partido Revolucionário
dos Trabalhadores – Exército Revolucionário do Povo (PRT-ERP), que pegou em
armas contra a ditadura. Preso na Argentina, entre 1975 e 1979, voltou ao
Brasil graças a uma campanha internacional pela sua libertação e participou da
fundação da PT, partido pelo qual foi vereador, deputado estadual e chefe da
Casa Civil durante o governo Olívio Dutra.
Em entrevista concedida ao Sul21,
horas antes das notícias sobre a delação de Joesley virem a público, ele fala
sobre a atualidade do golpe, sobre o papel desempenhado pelo Judiciário neste
processo e sobre algumas lições que a luta contra as ditaduras no Brasil e na
Argentina podem trazer ao presente. O golpe segue em curso e seus agentes no
Parlamento, no Judiciário e na Mídia seguem mexendo as peças no tabuleiro para
consumar os objetivos de sua empreitada.
O
Sul21 reproduz em texto e vídeo um resumo dessa conversa.
“O
golpe segue em curso, cada dia mais e cada dia pior”
O
golpe segue em curso, cada dia mais e cada dia pior. Quando a Argentina enfrentou
a grande crise de 2001, a escritora Silvia Bleichmar cunhou a expressão “dolor
país”, que se confrontava com o termo “custo país”, que era o “custo Brasil” na
versão argentina. Acho oportuno lembrarmos isso, pois se transportarmos essa
expressão para a situação que vivemos, dá para falar na “dor país”, na “dor
povo”. O “custo Brasil” era a síntese do ideário neoliberal da década de
Fernando Henrique que procurava mostrar uma série de pontos críticos, alguns
que até existiam na infraestrutura brasileira, transformando essa noção de
custo Brasil em um cavalo de tróia para atacar os direitos dos trabalhadores no
patamar que eles existiam na época. Como não conseguiram isso na época, deram o
golpe agora. É brutalmente claro para que era o golpe. O povo brasileiro, com
letra maiúscula e da forma mais substantiva é o foco deste golpe, desta
destruição de direitos, na maior velocidade possível.
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Do Sul 21
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