Foto: José Cruz/ Agência Brasil
Em 18 de outubro de 2014, no Facebook, acima de diversas
fotos do candidato à presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, rodeado
de vistosas mulheres, o delegado de Polícia Federal, Igor Romário de Paulo,
chefe da Delegacia Regional do Combate ao Crime Organizado (DRCOR) no Paraná,
apontado pelo agente Dalmey Fernando Werlang como autor da ordem para instalar
um grampo ilegal na cela que receberia o doleiro Alberto Youssef, postou em um
grupo fechado:
“Este é o cara!”.
Dias depois, às vésperas do segundo turno que reelegeu Dilma
Rousseff, do PT, o delegado federal encarregado das investigações da
Operação Lava Jato, Márcio Anselmo Adriano, comentou a notícia na qual Luiz
Inácio Lula da Silva dizia que Aécio não era “homem sério e de respeito”.
Márcio Anselmo escreveu:
“O que é ser homem sério e de respeito? Depende da concepção
de cada um. Para Lula realmente Aécio não deve ser“
Não demorou muito e o delegado Mauricio Moscardi Grillo, que
em sindicância concluiu que o grampo na cela de Alberto Youssef era inoperante,
apesar de ele ter registrado 263 horas e 41 minutos de conversas – leia
em Armação
Federal II: “indisciplinas” do DPF Moscardi -, também deixou sua
digital na campanha de Aécio. Abaixo do comentário de Márcio Anselmo, postou
uma propaganda eleitoral do tucano segundo a qual Lula e Dilma sabiam de toda a
corrupção do esquema da Petrobras, acrescentando:
“Acorda!”.
As postagens vieram a público em 13 de novembro daquele ano, já com a eleição definida. Foram reveladas na reportagem de Júlia Duailibi, em O Estado de S. Paulo: Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT na rede.
As postagens vieram a público em 13 de novembro daquele ano, já com a eleição definida. Foram reveladas na reportagem de Júlia Duailibi, em O Estado de S. Paulo: Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT na rede.
Elas, mais do que possíveis transgressões disciplinares
previstas na Lei 4878-65 (regime jurídico dos funcionários policiais civis da
União e do Distrito Federal), demonstraram que os responsáveis pela Operação
Lava Jato tinham um lado político definido. Não apenas torciam por um
candidato. Faziam propaganda do mesmo.
Muito provavelmente, por conta desta falta de isenção a
Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba jamais descobriu os pedidos de dinheiro,
via caixa dois, feitos a empresários por Aécio Neves e/ou pela sua irmã, Andréa
Cunha Neves, atualmente presa.
Não foram apenas os delegados que se denunciaram a simpatia
pelo senador tucano. O próprio juiz do caso, Sérgio Moro, como registraram os
fotógrafos, não se furtou em demonstrar intimidades ao cochichar com Aécio, no
evento festivo em que a revista Isto É – que faz questão de se
intitular Independente -, premiou o presidente golpista como “Brasileiro
do Ano”, em dezembro de 2016, no Citibank Hall, na Zona Sul de São Paulo.
A foto, queiram ou não os retratados, não revela um simples
diálogo protocolar de um juiz com um senador no exercício de seu mandato.
Deixa transparecer algo parecido com uma conversa entre amigos. Ou prováveis
mexericos que outrora se dizia serem da “Candinha”.
Da mesma forma como não pareceu mero cumprimento protocolar
o aperto de mão com largo sorriso no rosto com que Moro cumprimentou o
presidente golpista Temer.
Foi em 19 de abril passado, na solenidade no Quartel General
do Exército, em Brasília, ao receber uma condecoração militar. Ao que parece, o
juiz, há muito apontado como símbolo da moralidade e honestidade no país, pouco
se importou com o fato de exatamente uma semana antes, em 11 de abril, Temer
ter aparecido em dois pedidos de inquérito encaminhados pela Procuradoria-Geral
da República ao Supremo Tribunal Federal (STF). Foram gerados a partir das
delações dos executivos da Odebrecht.
É certo que, na época, não houve pedido de investigação
contra o presidente por conta da imunidade que o cargo lhe reserva para
possíveis crimes cometidos antes do exercício do mandato. Mas, desde que as delações
dos executivos da Odebrecht começaram a circular, todos ficaram sabendo que o
presidente golpista aparecia em episódios cujas conversas giravam em torno de
Caixa 2 ou pedidos de propina, puro e simplesmente.
O presidente que Moro cumprimentou com largo sorriso no
rosto é ainda o mesmo que levou ao cargo de ministro – portanto, garantiu o
foro especial que o juiz condena -, oito políticos envolvidos em possíveis
casos de corrupção, como demonstram investigações e/ou processos em curso no
STF e também na Vara Federal de Curitiba presidida por Moro.
Apesar de todas estas evidências, a Força Tarefa da Lava
Jato, que durante os últimos três anos fez e desfez, não se importou com estes
casos. Esteve mais preocupada em criar teses mirabolantes, baseadas não em
provas, mas em convicções, através das quais acusam o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva de “estruturar, orientar e comandar esquema ilícito de pagamento
de propina em benefício de partidos políticos, políticos e funcionários
públicos com a nomeação, enquanto presidente da República, de diretores da
Petrobras orientados para a prática de crimes em benefício das empreiteiras
Odebrecht e OAS”.
Continue lendo a matéria aqui.
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Do GGN
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