O Clube de
Engenharia, entidade que reúne os engenheiros brasileiros, divulgou um duro
manifesto, em que acusa Michel Temer, que chegou ao poder há um ano por meio de
um golpe parlamentar, de violar a soberania nacional; entre as medidas nocivas
ao interesse nacional, os engenheiros mencionam a entrega do pré-sal e de
reservas minerais a grupos estrangeiros, o desmonte do BNDES, o abandono da
integração das Forças Armadas com países sul-americanos, uma posição subalterna
em relação aos Estados Unidos, a exclusão, na prática, do Brasil do grupo dos
BRICs, a transferência à iniciativa privada do primeiro satélite
geoestacionário brasileiro e a introdução da presença militar norte-americana
na Amazônia; "O Brasil pertence a nós brasileiros. Nenhum governo tem
mandato para alienar a nossa soberania", diz o manifesto dos engenheiros.
O Clube de
Engenharia, entidade que reúne os engenheiros brasileiros, divulgou um duro
manifesto, em que acusa Michel Temer, que chegou ao poder há um ano por meio de
um golpe parlamentar, de violar a soberania nacional.
Entre as
medidas nocivas ao interesse nacional, os engenheiros mencionam a entrega do
pré-sal e de reservas minerais a grupos estrangeiros, o desmonte do BNDES, o
abandono da integração das Forças Armadas com países sul-americanos, uma
posição subalterna em relação aos Estados Unidos, a exclusão, na prática, do
Brasil do grupo dos BRICs, a transferência à iniciativa privada do primeiro
satélite geoestacionário brasileiro e a introdução da presença militar
norte-americana na Amazônia.
"O
Brasil pertence a nós brasileiros. Nenhum governo tem mandato para alienar a
nossa soberania", diz o manifesto dos engenheiros.
Leia,
abaixo, a íntegra:
O CLUBE DE
ENGENHARIA E A SOBERANIA NACIONAL
O Clube de
Engenharia manifesta sua apreensão em decorrência de sistemáticas propostas e
ações do Governo Federal, a seguir listadas, posto que são comprometedoras da
soberania nacional:
• as
modificações realizadas na Lei e nos procedimentos que regulam a exploração das
reservas de petróleo do Pré-Sal, e em especial, no protagonismo da Petrobrás,
agora não mais participante obrigatória de todas as atividades, como operadora
única, o que traz imensos prejuízos à cadeia produtiva de óleo e gás e à
engenharia nacional;
• a
descaracterização da Petrobras como petroleira integrada, através da venda de
ativos importantes e do abandono de investimentos em exploração, em refino de
petróleo e em petroquímica, de modo a torná-la mera e cadente produtora de
petróleo bruto, o que já tem reflexo devastador na nossa engenharia;
• a
realização, a toque de caixa, de novos leilões de blocos do Pré-Sal, projetando
ritmo elevado e desnecessário de exploração das suas reservas, tornando o
Brasil mais um exportador de petróleo bruto, sem agregar valor ao recurso
natural explorado e também, além de abandonar a política de incorporação crescente
de “conteúdo local”, vigente desde a criação da Petrobrás;
• o
retrocesso na atuação do BNDES, seja no volume dos recursos a ele alocado, seja
nas políticas operacionais, especialmente na definição da taxa de juros
aplicada aos contratos de financiamento, bem como na orientação atribuída ao
Banco de se conduzir prioritariamente como auxiliar dos bancos privados – e do
próprio mercado financeiro – em detrimento de seu histórico papel de propulsor
do nosso desenvolvimento, com conseqüente repercussão na engenharia nacional;
• transferência,
à iniciativa privada do monitoramento de atividades na Amazônia que, a mais de
três décadas vem sendo executado pelo INPE – Instituto Nacional de
Pesquisa Espacial;
• a
extinção da RENCA (Reserva Nacional do Cobre), área estratégica preservada nos
Estados do Pará e do Amapá, para entregá-la a grupos estrangeiros;
• transferência,
à iniciativa privada, dos canais digitais do primeiro satélite geoestacionário
do Brasil, recém lançado ao espaço;
• a
mudança radical na orientação da política externa, de modo a subordinar a
atuação geopolítica do Brasil aos interesses dos Estados Unidos da América - em
contraposição ao seu alinhamento crescente com outros polos de poder
mundial (BRICS), e com os países dos continentes sul americano (UNASUL) e
africano, especialmente com Angola, África do Sul e Moçambique, o que
tornará mais difícil a inserção da engenharia nacional nos mercados externos;
• o
abandono da política de integração com as Forças Armadas dos países sul-americanos,
institucionalizada pelo Conselho de Defesa da América do Sul e pela UNASUL,
reintroduzindo a presença militar dos EUA em assuntos que dizem respeito apenas
aos povos sul-americanos, consubstanciada no inédito convite feito ao Exército
dos EUA para participar, em nossa Amazônia, de exercício militar com o Exército
Brasileiro e os do Peru e da Colômbia.
O Brasil
pertence a nós brasileiros. Nenhum governo tem mandato para alienar a nossa
soberania, pelo que conclamamos as entidades da sociedade civil a se unirem a
nós para solicitar ao Congresso Nacional que impeça a consumação de atos tão
lesivos ao patrimônio nacional, amealhado com o sacrifício de muitas gerações
de brasileiros.
Rio de
Janeiro, 15 de maio de 2017
Pedro
Celestino
Presidente
Do 247
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