A matéria do
Fantástico (16/07) sobre a sentença do juiz Sergio Moro confirma a sórdida
aliança entre a Rede Globo e a Operação Lava Jato para atacar o ex-presidente
Lula. Em 13 minutos de massacre midiático, a Globo tentou empurrar ao público
uma grande mentira: a de que a sentença teria sido baseada em provas, não
apenas em teses dos procuradores e convicções do juiz.
O esforço de
propaganda não muda a realidade: Lula foi condenado sem provas. A defesa
demonstrou que o tríplex do Guarujá sempre pertenceu à OAS e tem seus direitos
econômicos alienados a um fundo gerido pela Caixa. E a acusação não provou
qualquer relação entre Lula e os desvios da Petrobrás, algo ignorado
tanto pela sentença quanto pelo Fantástico.
Mas a Lei de
Moro baseia-se fundamentalmente em condenar por meio das manchetes, não do
Direito. A Globo sabe que a sentença é frágil e não deve prosperar em
instâncias mais sérias do Judiciário; a não ser que seja amparada por uma forte
campanha de mídia. Por isso armou seu próprio Tribunal, que absolve Moro de
seus muitos erros e condena Lula sem apelação.
O Tribunal
da Globo funciona como um espetáculo de ilusionismo. O mágico usa uma série de
truques para distrair a plateia (cortinas de fumaça, jogos de luz, dançarinas,
tambores) e, ao final, o que não era passa a existir no palco, pois as mãos do
mágico são mais rápidas que os olhos da plateia.
No
Fantástico, o truque do mágico é distrair o público lançando ao palco o
contrato regular com a cooperativa que iniciou o projeto (não com a OAS), um
papel rasurado (por quem?) e sem assinatura, um par de notas fiscais da loja de
móveis, as falas de 2 réus que contradizem 73 testemunhas; é ocultar a defesa
de Lula para encerrar o número com seu veredito ilusório.
A matéria não
mostra nada que prove, de fato, que o apartamento foi dado a Lula ou que ele
tenha recebido qualquer vantagem, em dinheiro ou de outra forma. Nada que o
relacione aos desvios da Petrobrás. Mas na falta de material substantivo,
o Tribunal da Globo emprega adjetivos para sentenciar que há provas
“documentais, periciais e testemunhais”.
O Fantástico
valeu-se, mais uma vez, dos recursos narrativos, visuais e dramáticos que
caracterizam o jornalismo de guerra da Globo. A palavra dos repórteres e
apresentadores (só aparentemente neutra) é reforçada pela reprodução de trechos
da sentença, de modo a aumentar artificialmente sua credibilidade.
A narrativa
contra Lula é sobreposta por imagens da fachada do prédio, fotos internas do
apartamento, cenas de prisão e de depoimentos, imagens fora de contexto do
próprio Lula e de dona Mariza. São cenas da vida real utilizadas para embalar o
enredo de ficção que se quer transmitir ao público.
Dois
“especialistas” são chamados a interpretar unilateralmente a sentença, poupando
repórteres e locutores do serviço mais sujo. Ganharam seu minutos de glória e
garantiram vaga na longa lista de comentaristas amestrados da imprensa. A
Globo, naturalmente, não mostrou “especialistas” que pensam diferente de Moro.
A fala do
advogado de Lula, encaixada ao final da matéria e sem direito a recursos
cênicos, torna-se mera formalidade após dez minutos de convencimento do público
por meio de “provas”, imagens e falas dos “especialistas”. Na Globo, o
jornalismo de guerra dá-se ao requinte de registrar o “outro lado”, mas só
depois que a vitória parece assegurada.
O Tribunal
da Globo condenou Lula pela segunda vez, ignorando as provas de sua inocência e
antecipando o que espera ser a decisão dos tribunais superiores. O truque do
Fantástico será repetido mil vezes, até que a mentira se pareça com uma
verdade, completando o ciclo midiático-judicial da Lei de Moro.
A intenção
da Globo é convencer o público de que Lula está fora do jogo eleitoral, sem
aguardar o pronunciamento das instâncias superiores. Esperam colher o resultado
nas próximas pesquisas. Mas mesmo que elas apontem perda de intenção de voto,
Lula permanece vivo e representa o mais forte sentimento das ruas: o desejo de
mudança, para que o país volte a crescer e gerar empregos.
Por isso, em
outra frente, editoriais e colunistas da Globo pressionam o Judiciário a
acelerar o processo e antecipar o desfecho da longa caçada ao ex-presidente
Lula. Afinal, quem pode prever como estarão o país e as pesquisas daqui a um
ano? Qual o nome, qual o projeto que os golpistas terão para apresentar até lá?
Não tenho dúvidas: o Tribunal da Globo continuará em sessão até conseguir tirar
Lula das eleições, ou até ser derrotado pelo voto popular.
GGN, por
Ricardo Amaral
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