Esta
sexta-feira foi um dia de vingança para a presidente legítima Dilma Rousseff,
derrubada por um golpe parlamentar liderado por Aécio Neves (PSDB-MG),
recordista em inquéritos na Lava Jato, Eduardo Cunha, condenado a 15 anos e
quatro meses de prisão, e Michel Temer, o primeiro ocupante da presidência da
República denunciado por corrupção.
"Desde
[Karl] Marx sabemos: a história se repete, a primeira vez como tragédia e a
segunda como farsa. Golpe 2016: tragédia. 2017: farsa das elites",
escreveu Dilma, em alusão à conhecida construção do filósofo alemão Karl Marx
no livro 18 Brumário de Luís Bonaparte.
Na
sequência, Dilma lembrou a carta de Temer na qual reclamava do
desprestígio que dizia sofrer. Na abertura da carta, Temer citou o provérbio em
latim verba volant scripta manent, que quer dizer "as palavras voam,
os escritos ficam". "Em vez de carta, Twitter; verba volant
scripta manent!", postou Dilma, em referência aos movimentos de Rodrigo
Maia (DEM-RJ), que foi ao Twitter prometer ao mercado as reformas que Temer não
consegue mais entregar.
Abaixo, reportagem da Reuters sobre
a traição de Maia:
Sucessor
imediato ao comando do país em caso de afastamento do presidente Michel Temer,
o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu nesta sexta-feira em
mensagens no Twitter que é preciso ter "muita tranquilidade e
prudência" no momento, e defendeu que se deve avançar na agenda de
reformas no país.
"Precisamos
ter muita tranquilidade e prudência neste momento. Em vez de potencializar,
precisamos ajudar o Brasil a sair da crise", disse o deputado na rede
social.
Maia
acrescentou que tem de ser estabelecida "o mais rápido possível" a
agenda da Câmara. "Não podemos estar satisfeitos apenas com a reforma
trabalhista. Temos Previdência, Tributária e mudanças na legislação de
segurança pública", afirmou.
Embora
venha evitando falar publicamente da denúncia que tramita na Câmara contra
Temer, o presidente da Casa tem se movimentado sutilmente nos bastidores como
fiador da agenda reformista.
Temer
será afastado do cargo se a Câmara autorizar que o Supremo Tribunal Federal
(STF) julgue a acusação criminal contra ele pelo crime de corrupção passiva e a
maioria dos ministros da Corte aceitar a denúncia.
Maia,
que cumpre agenda oficial na Argentina desde quinta até sábado, recebeu esta
semana um importante apoio público. O presidente interino do PSDB, senador
Tasso Jereissati (CE), disse que o deputado tem todas as condições para levar o
país a uma mínima estabilidade até 2018 e afirmou --sem citar o governo Temer--
que o Brasil está chegando a uma ingovernabilidade.
No
caso de afastamento de Temer, o presidente da Câmara assumiria o comando do
país por até 180 dias, prazo para o Supremo julgar o peemedebista. Temer
retornaria ao comando do país se o STF não o concluísse o julgamento até lá.
Se
Temer for condenado e afastado em definitivo, Maia teria 30 dias para conduzir
o processo de uma eleição indireta -- na qual ele próprio poderia ser candidato
para o mandato-tampão até o final de 2018.
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