terça-feira, 31 de outubro de 2017

Após 2 anos procurando crime em palestras de Lula, Lava Jato apela para delação, por Cíntia Alves do Jornal GGN

Após quase dois anos procurando crimes nas palestras que Lula fez com patrocínio de empresas investigadas na Lava Jato, a força-tarefa de Curitiba decidiu apelar para a delação da Odebrecht. 
 Na segunda (30), o juiz Sergio Moro atendeu a um pedido da Polícia Federal e liberou o uso das delações premiadas para que o inquérito que passou a tramitar na 13ª Vara de Curitiba em novembro de 2015 seja, enfim, concluído.
 A LILS - empresa de palestras de Lula - virou alvo da Lava Jato desde que a operação quebrou o sigilo das empreiteiras e descobriu o valor exato dos pagamentos feitos pelos serviços do ex-presidente.
 Os procuradores acreditam que Lula só foi contratado para as palestras em diversos países como forma velada de pagamento de vantagem indevida. Contrariando este pensamento existe uma delação de um executivo da própria Odebrecht, Alexandrino de Alencar, que disse expressamente que a relação com a LILS não tinha nenhum tipo de envolvimento da Petrobras ou outros negócios do governo.
 A Polícia Federal já produziu um relatório sobre o caso e concluiu que nenhuma irregularidade foi encontrada. Mais do que isso: ao abandonar o inquérito, em março deste ano, o delegado Marcio Adriano Anselmo escreveu que a investigação só poderia continuar com a ajuda de uma delação premiada.
 Ele deixou ao sucesso a "sugestão de aguardo das informações prestadas pelos colaboradores [da Odebrecht] relacionados aos fatos sob investição", ou que fosse solicitado ao Supremo Tribunal Federal o compartilhamento das informações.
 Moro decidiu compartilhar todos os dados colhidos em colaboração com a Odebrecht e que estão em um processo sob sigilo. Essas informações vão ajudar no inquérito policial "5054533-93.2015.4.04.7000, instaurado para investigar pagamentos indevidos e lavagem de dinheiro relacionados à LILS Palestras e ao ex-Presidente da República e eventuais desdobramentos."A decisão foi vazada para o Estadão ainda no dia 30. No mesmo dia, a defesa de Lula contrariou uma decisão de Moro com um recurso no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, na tentativa de impedir que o juiz uso ligações feitas a partir de um grampo irregular no escritório dos advogados.
O GGN já abordou como nasceu e as dificuldades que o inquérito sobre a LILS encontra aqui.
Arquivo
GGN

Por que a Venezuela provoca tanta ira em Donald Trump?

Por que um país de apenas 30 milhões de habitantes, localizado à beira do Caribe, provoca tanta ira na principal potência do mundo? É a pergunta que muitos fazem quando escutam o mandatário estadunidense, Donald Trump, dizer que os Estados Unidos "sofrem a opressão do socialismo do regime de Nicolás Maduro", presidente do país sul-americano.
A declaração foi feita por Trump após a vitória do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), de Nicolás Maduro, nas eleições regionais no último dia 15 de outubro. Quando muitos achavam que o chavismo havia chegado ao seu limite histórico, eis que surge um novo triunfo eleitoral que surpreendeu a Venezuela e ao mundo.
Para debater a relação com os Estados Unidos e os desafios do chavismo – campo surgido a partir da Presidência e do pensamento de Hugo Chávez – frente ao atual cenário, o Brasil de Fato realizou uma entrevista exclusiva com o ministro do Poder Popular para a Comunicação e a Informação da Venezuela, Ernesto Villegas.
"Como alguém pode imaginar que o governo venezuelano ou o país inteiro pudesse, hoje, oprimir os Estados Unidos? Pelo amor de Deus, a Venezuela não tem disposição, nem a capacidade de oprimir os Estados Unidos, em nada. O que temos, sim, é a autoridade moral, o exemplo de dignidade", afirmou o ministro.
Confira a entrevista.
Brasil de Fato: O governo de Maduro manteve algum tipo de diálogo com a oposição sobre a questão dos resultados eleitorais?
Ernesto Villegas: José Martí, um apóstolo da Revolução Cuba, tem uma frase que diz: "Na política, a única coisa verdadeira é aquilo que não se vê". O jornalismo, claro, tem o trabalho de buscar e trazer à luz essas questões. O presidente Maduro tem afirmado publicamente que mantém contato com a oposição venezuelana. O diálogo é inevitável. A negativa ao diálogo também faz parte do diálogo, é uma postura que gera uma resposta e logo conduz a uma série de reações. É uma forma de expressar uma postura.

No dia da eleição foi surpreendente como países como Espanha mantiveram uma postura ainda mais radical que a da oposição venezuelana. No final da tarde, enquanto um porta-voz da opositora Mesa da Unidade Democrática, Jesus Chúo Torrealba, dava uma entrevista coletiva dizendo que a oposição estava satisfeita com o processo, o governo espanhol divulgava suas primeiras declarações com críticas às eleições.
Alguns países assumem a pose que está estabelecida no roteiro. É um roteiro destinado a criar as condições para a desestabilização e a derrubada da Revolução Bolivariana. Tem uma antiga série de televisão dos Estados Unidos que se chama Perdidos no Espaço. Nessa série, tinha um personagem que era um robô. Quando escutava alguma frase que não podia processar em sua memória começava a dizer: "não é computável, não é computável". Bom, esses resultados eleitorais, democráticos estavam fora do roteiro dos países que querem por fim à Revolução, portanto não aceitam a realidade, "não é computável".
A administração de Donald Trump surpreendeu o governo venezuelano? Por que em sua campanha política ele não mencionou à Venezuela e agora tem dado muitas declarações sobre o governo Maduro?
Penso que ele nos ignorou, porque ele estava fazendo uma campanha da "porta para dentro". Inclusive questionou ao [ex-presidente Barack] Obama por ocupar-se de conflitos fora de suas fronteiras. Dizer que nos surpreendeu seria passarmos por ingênuos. Havia duas possibilidades, uma delas é que Trump se dedicara a governar da "porta para dentro" e a outra que pudesse impulsionar uma política intervencionista nos cinco continentes, que é o que estamos vendo.
Trump é praticamente um prisioneiro de um discurso e de uma história de ingerência. Trump nem conhece direito a Venezuela. Tem alguém o instruindo sobre as coisas que ele anda falando publicamente. Como alguém pode imaginar que o governo venezuelano ou o país inteiro pudesse, hoje, oprimir os Estados Unidos? Pelo amor de Deus, a Venezuela não tem disposição, nem a capacidade de oprimir os Estados Unidos, em nada. O que temos, sim, é a autoridade moral, o exemplo de dignidade. Isso, sim, poderia ser o que Trump descreve como uma suposta opressão. Com que capacidade nós oprimimos a principal potência econômica e militar do planeta Terra? 
Quem pode estar orientando o presidente Trump nessas questões?
O presidente Nicolás Maduro tem sinalizado que o senador Marcos Rubio (do Partido Republicano dos Estados Unidos) como o chefe, de fato, da política exterior estadunidense em relação à América Latina e, em particular, à Venezuela. Por isso o presidente Maduro o convidou publicamente para vir à Venezuela.
Marcos Rubio é filho de cubanos, certo?
Ele pertence à ala mais extremista das famílias integrantes da comunidade anticastrista e contrarrevolucionária nos Estados Unidos. E o discurso de Trump está associado ao setor mais extremista do lobby político, a direita mais obstinada. Talvez Trump calcule que isso vai gerar algum tipo de benefício interno, mas a verdade é que isso não tem nenhuma justificativa e nem necessidade de uma potência como os Estados Unidos, adotar esse tipo de política em relação à Venezuela. Sobretudo, porque mantivemos uma relação histórica de respeito bilateral, que vai mais além da política. No período do comandante Chávez, tivemos momentos de muita tensão, inclusive de retirada de embaixadores, mas nunca chegou aos níveis de perseguição aberta, do ponto de vista econômico e financeiro, à República Bolivariana da Venezuela e à nossa empresa de petróleo, a PDVSA.
Entre as quatro maiores empresas de petróleo dos Estados Unidos apenas a Exxon não atua na Venezuela. 
Exxon Mobil não está, mas temos grande empresas multinacionais que operam na Faixa Petrolífera do Orinoco [localizada no noroeste da Venezuela, onde se encontra a maior reserva certificada de petróleo do mundo]. Além disso, temos contratos no setor de gás que estamos desenvolvendo com empresas como a Shell. Mantemos uma relação comercial que vai além da questão da política. Mas essas empresas terminam sendo vítimas também desses planos que tentam impor a partir dos Estados Unidos.
Confio que eles vão fazer uma reflexão, inclusive, que poderia ser estritamente numérica. Que façam as contas. Será que realmente interessa aos Estados Unidos assumir os custos dessa política hostil em relação a um país como o nosso, que tem uma influência importante no continente? Não somos um país grande, temos uma população de 30 milhões de habitantes, nada mais. Porém, há setores sociais em toda a América Latina que têm a Venezuela como referência.
Qual é o desafio do chavismo de agora em diante?
Toda a conjuntura pela qual tem passado a Venezuela tem sido muito dura. No entanto, é um muito interessante analisar o que dizem alguns dirigentes da oposição a partir do resultado eleitoral do dia 15 de outubro. Alguns deles, lucidamente, começam a reconhecer o chavismo como uma realidade política, que tem sido subestimada historicamente por seus adversários locais e internacionais. É bom e saudável que se reconheça as características profundas e arraigadas desse fenômeno político. Que não tratem como se fosse um acidente na história, um fenômeno passageiro.
Chávez despertou algo impressionante. Somos um país que tem raízes nacionalistas, patrióticas, independentistas e rebeldes muito profundas, que teve um grande impacto na nossa história. Aqui, surgiu a faísca que incendiaria a parreira da independência no resto do continente. Essa é a carga histórica que nós carregamos. Temos como histórico um Exército que saiu de suas fronteiras para levar liberdade a outros países. Chávez despertou essa raiz, resgatou o projeto bolivariano [em referência a Simón Bolívar, quem conduziu a independência da Venezuela e outros países da região, e que propôs um projeto de unidade e soberania para a América Latina]. A conduta de nossos adversários mostra que Chávez tinha razão e não nos resta outra alternativa além de resistir e vencer.
O presidente Nicolás Maduro declarou que o triunfo eleitoral do chavismo abre um novo ciclo de vitória progressista no continente. O que o senhor pensa sobre esse tema?
O processo constituinte da Venezuela em 1999 conduziu a um novo ciclo de vitória para os povos da América Latina. O processo constituinte de 2017 também deve ter como consequência um número maior de vitórias para os povos. Tivemos formas de participação popular que pode servir de inspiração.
O fato de que na Venezuela estamos elegendo representantes dos aposentados, estudantes, trabalhadores, camponeses em um órgão como a Assembleia Nacional Constituinte pode servir para corrigir algumas distorções que a política tradicional cometeu. Essas distorções acontecem no domínio do capital sobre as campanhas políticas. 
O Poder Legislativo, representado pela Assembleia Nacional da Venezuela, e o Poder Executivo, tendo como representante o presidente da República, partiram para o enfrentamento político com os setores opositores, e avaliasse que a oposição, que controla a Assembleia Legislativa, perdeu o embate. Hoje, esses dois poderes são incompatíveis na Venezuela?
Acontece que a Assembleia Nacional há muito tempo nem se quer realiza sessão. Eles [parlamentares] abandonaram o cargo, assim como, em algum momento, acusaram o presidente. Faz muito tempo eles não se reúnem, não discutem leis. Permanecem em desacato. Temos que recordar que eles aprovaram o abandono do cargo do presidente da República [tentativa de retirar o presidente ocorrida em janeiro de 2017]. Isso é uma declaração de guerra política. O presidente da Assembleia Nacional à época, Henry Ramos Allup, quando assumiu, estabeleceu o prazo de seis meses para derrubar o presidente. 
E Maduro aceitou a declaração de guerra?
As declarações de guerra não se aceita ou não, se responde em defesa própria. 
A resposta foi a Constituinte?
Sim, em defesa própria do povo venezuelano. Porque estávamos à beira de um conflito político de maiores proporções. Foi em defesa própria da vida.
Escutei de colegas jornalistas que fizeram a cobertura da Constituinte que muitos opositores também saíram para votar na Constituinte. O que motivou esse setor a também votar?
Candidataram-se muitos candidatos de muitos setores em cada município do país, e cada um desses tem uma esfera de influência. Tem candidatos à Constituinte que eram da oposição, como é o caso de Marco Torres, que aparece em imagens de 2002 aplaudindo os golpista no Palácio Miraflores [sede presidencial]; um opositor que respaldou o golpe de Estado contra Chávez. Ele seguramente tem seus seguidores e sua família que deve ter votado por ele. Assim como ele, há infinitos casos.
A outra razão é a chantagem da direita. O fato de terem ameaçado os cidadãos para que não votassem, por terem queimado vivas as pessoas, por terem criado e lançado algo chamado 'puputov' [coquetel molotov de fezes], por terem usado nos protestos artefatos explosivos que causaram mortes, tudo isso tem um custo político. Ninguém deve recorrer a esses métodos macabros impunemente. O custo [disso] estão pagando agora. Tem muita gente que está consternada com essas práticas.
Quando Henrique Capriles perdeu as eleições para Hugo Chávez, em 2012, houve "guarimbas" [trancaços de ruas e protestos violentos]. Quando ele perdeu as eleições para Maduro, em 2013, novamente houve "guarimbas". E, este ano, a oposição manteve quatro meses de protestos violentos. Por que não teve nenhum tipo de protesto depois da derrota da oposição nas eleições regionais?
É um fenômeno muito interessante. Creio que a violência chegou a um clímax tão alto que isso gerou um nível de frustração digno de estudo. Existe uma grande decepção dos jovens que foram utilizados pelo políticos opositores. Muitos deles tiveram um encontro ingrato com a política. Acreditaram em um conto épico que não tinha fundamento. Acreditaram que eram libertadores, os fizeram acreditar nisso. Se Trump se sente oprimido segue a mesma lógica do conto épico dos libertadores, que em nome da liberdade retiram a liberdade de todos de sair e caminhar nas ruas. 
Por que as pessoas continuam votando no chavismo?
Porque há vários fatores que confluem. Um deles é que o chavismo é uma identidade sóciopolítica. Chávez construiu uma comunidade política. Não é um fenômeno artificial e passageiro. Existe uma identidade em torno dos valores, das propostas, dos símbolos do chavismo.
Outro fator que influencia é a direita que temos. Por mais desencanto que haja em um chavista, quando olha para calçada de frente e vê uma direita fascista, "guarimbeira", neoliberal, ultracatólica, demagógica, frívola; então essa pessoa que está desencantada tem grandes possibilidades de votar no chavismo, ainda que esteja descontente, ainda que esteja esperando que se cumpram muitas das metas que não foram cumpridas. Mesmo assim esse chavista sente que é parte de algo. Como na família, quando estamos chateados com o irmão, com o pai, um primo, mas mesmo assim se apoiam quando se sentem em perigo…
E se reúnem no Natal…
Como a família que se reúne no Natal, nós nos encontramos na festa eleitoral. Mas, esse chavismo está votando também com esperança de derrotar a guerra econômica, o cerco imperialista, e alcançar as metas sociais e políticas. O chavismo tem uma tradição que é o exercício democrático. Aqui, estamos acostumados a votar. Chávez nos acostumou a votar. As pessoas sentem que isso é um direito. Passamos por momentos muito duros, como em 2015, quando perdemos a maioria da Assembleia Nacional, a abstenção do chavismo foi determinante nesse caso, mas não deixaram de ser chavistas por isso.
Essas pessoas que haviam deixado votar voltaram ao chavismo?
Sim, os chavistas voltaram.

GGN/Brasil de Fato

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A capivara do corregedor da UFSC e o estado de exceção

O dossiê dos Jornalistas Livres sobre Rodolfo Hickel do Prado, o corregedor que levou o reitor Luiz Carlos Cancellier ao suicídio, é o mais contundente libelo contra o estado de exceção em vigor no país.
A reportagem mostra o corregedor como uma pessoa totalmente desequilibrada, com uma extensa capivara de abusos, contra condôminos do seu prédio, contra ex-esposas, contra funcionários e alunos da UFSC, um doente social que se valia do fato de ser filho de um oficial da Polícia Militar para toda sorte de abusos.
 Não se trata apenas de um sujeito truculento, mas de um desequilibrado perigoso, que arruinou gratuitamente a vida de inúmeras pessoas. Com diferentes graus de desequilíbrio, não foge muito do arquétipo do moralista revestido de poder de Estado.
No entanto, essa tendência animalesca à destruição de pessoas foi valorizada pela Controladoria Geral da União, e apoiada por uma juíza e uma delegada inebriadas pelo orgasmo da violência de Estado.
Todos aqueles que defendem a universalização da condução coercitiva, que admitem a publicidade de qualquer ato policial, aqueles que, como Luís Roberto Barroso, aderem ao assassinato de reputações para preservar a sua própria reputação, que meditem sobre o Estado que estão criando.
Hickel do Prado seria apenas um truculento a mais, não fosse o poder de Estado do qual foi revestido pelos defensores da exceção.
Confira a matéria completa em  Jornalistas Livres
GGN

Lula já tem quase 60% dos votos do nordeste, diz Ibope

A pesquisa Ibope para 2018, cuja íntegra foi divulgada agora há pouco no site do instituto, revela que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou força em todos os segmentos sociais: em todas regiões, faixas de renda, níveis de escolaridade e idade; no Nordeste, que tem 26% do eleitorado brasileiro, Lula tem 57% das intenções de voto, contra 8% de Bolsonaro e apenas 1% de Alckmin; entre os brasileiros que ganham até um salário, Lula lidera com 49%, contra 5% de Bolsonaro e 5% de Alckmin; esta faixa da população representa 26% do eleitorado; já entre os brasileiros que se declaram negros ou pardos, que representa 60% dos eleitores brasileiros segundo o Ibope, Lula tem 41% das intenções de vota, contra 13% de Bolsonaro e 3% de Geraldo Alckmin; população brasileira responde ao golpe colocando Lula cada vez mais isolado na liderança
O Ibope divulgou nesta segunda-feira, 30, a íntegra da pesquisa contratada pelo jornal O Globo, que mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na liderança isolada para a campanha presidencial de 2018, com 35% de intenções de voto.
Alguns detalhes interessantes revelados pela íntegra da pesquisa mostram que Lula ganhou força em todos os segmentos sociais: em todas regiões, faixas de renda, níveis de escolaridade e idade.
Na região Nordeste, onde Lula realizou uma caravana entre os dias 17 de agosto e 5 de setembro, o líder petista detém na menos que 57% das intenções de voto, contra 8% do deputado Jair Bolsonaro e apenas 1% do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A região Nordeste concentra 26% do total de eleitores do País.
Como lembrou o jornalista Miguel do Rosário, do Cafezinho, entre os brasileiros que ganham até um salário, Lula lidera com 49%, contra 5% de Bolsonaro e 5% de Alckmin. Esta faixa da população representa 26% do eleitorado.
Já entre os brasileiros que se declaram negros ou pardos, que representa 60% dos eleitores brasileiros segundo o Ibope, Lula tem 41% das intenções de vota, contra 13% de Bolsonaro e 3% de Geraldo Alckmin.
No geral, Lula tem 35% das intenções de voto. Nos resultados da espontânea, Lula tem 26% das intenções.
Confira a pesquisa Ibope na íntegra: Clique AQUI. 

 Do 247

Capitão Nascimento, Sergio Moro, Bretas e o sargento da Paraíba, por Armando Coelho Neto

 “Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”, disse certa feita Luís Fernando Veríssimo. Se pudesse tentar ir além, eu diria que às vezes, o nome do jornalista que comete o crime de imprensa também. Do mesmo modo, o fato pode ser verdadeiro, embora descontextualizado ou a serviço de golpes de estado. Exemplo: Farsa Jato. Digo isso a propósito de me isentar de alguma responsabilidade sobre o que escrevo. Incrédulo, se eu fosse mais honesto começaria todas as falas com expressões do tipo reza a lenda que...
Fui, com prejuízo, avalista de um aluguel para uma pessoa conhecida, proprietária de uma “lan house” e sorveteria no centro de São Paulo. Eu, que não sou capaz de gerenciar um carrinho de pipoca, seria o proprietário oculto, o que levou a Polícia Federal a bisbilhotar minha riqueza. Tempos depois, eu lá estava, quando baixou a tropa de choque da assassina PM paulista, liderada por um truculento graduado militar, visivelmente inspirado no capitão Nascimento, que parecia fazer sucesso naquela época. Decepcionados com sorvetes, colheres de plástico e casquinhas de waffles, resolveram revistar bolsas e bolsos...
Claro que a truculência foi parar na “serena e imparcial” corregedoria da PM para não dar em nada e ainda ter que ouvir um “aonde o senhor quer chegar com isso?”. A tropa recebeu uma denúncia, deveria fazer o quê? Pergunta que muito a gosto deve ter inspirado um representante da Guarda Metropolitana paulista, que em vídeo declarou que a abordagem de pobre não pode ser igual a de rico e essa é a orientação que dá a seus subordinados. Pode ter inspirado o delegado da Civil que foi procurar droga na casa do filho do ex-presidente Lula e acabou levando computadores e documentos. Portanto, Sérgio Moro já pode até ter mais um papel sem assinatura contra o seu desafeto figadal.
Eis um conjunto inspirador que pode ter servido de mote para o ridículo filme (não vi e não gostei) a “Lei é para todos”, menos para Aécio Neves - bandido de estimação da maioria absoluta da Polícia Federal. Foi nessa onda de inspiração, que durante uma audiência, em Curitiba, os oficiantes da Farsa Jato interpretaram como possível ameaça algumas falas do ex-presidente Lula. O que o senhor quis dizer quando disse isso e aquilo no discurso no lugar tal e tal, perguntou Moro. Em clima de interpretações legais rasteiras, o Ministério Público Federal, para construir a imagem de bandido na figura de Lula, interpretou ações penais legítimas (jus sperniandi) como atos intimidatórios e ameaça.
Voltemos aos jornais e suas datas. Durante uma audiência com o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o juiz Marcelo Bretas sentiu cheiro de ameaça numa fala do réu, que falou de uma suposta loja de bijuterias da mulher do juiz, num contexto em que se falava de joias.  “É no mínimo suspeito e inusitado o acusado, que não só responde a este processo como a outros, venha aqui trazer em juízo informações sobre a rotina da família do magistrado”. Por que jornais? Porque se é verdade o que veicularam, não houve ameaça e mais uma vez impetrou a hermenêutica subjetiva e não me venham dizer que estou defendendo bandido.
Eis que o corporativismo entrou em cena, a associação dos magistrados emitiu nota contra qualquer ameaça a juízes (quem é a favor?). Os mais rígidos observadores do Direito Penal são categóricos no sentido de que, sequer veladamente, o fato configuraria ameaça. Se Cabral precisa ser transferido por razões outras, o juiz da causa escolheu mal o momento. Se o juiz tinha alguma informação de ameaça pessoal, lógico que pegou na palavra no primeiro indício, glamourizando assim, via Rede Globo de Televisão, a audiência com o inimigo público do Rio de Janeiro. 
Esse surto inspirador do subjetivismo do Poder Judiciário causou perplexidade até ao golpismo dos Mesquitas. Em editorial, o jornal O Estado de S. Paulo tratou a postura de Bretas como um exagero - “entrevero menor... inspirado por suscetibilidades pessoais”. Diz ainda que “mesmo excluindo a hipótese mais extrema”, o regime rigoroso da penitenciária de segurança máxima de Campo Grande (MS), “onde se encontram grandes traficantes e líderes de organizações criminosas, prisão federal não se coaduna com o comportamento de Cabral”. Em síntese, alguns olhos parecem se abrir para os descaminhos do judiciário. Inspirado em quem?
Pois bem. Li recentemente que uma estudante do Curso de Letras da Universidade Estadual da Paraíba (Guarabira) escreveu no mural daquela instituição de ensino a seguinte frase: “Seja marginal, seja herói”. A frase é de Hélio Oiticica, fruto de uma série de trabalhos da década de 60/70, que ficaram conhecidos como marginalia. O autor morou na Mangueira, onde viviam também marginais. Ele descobriu um olhar artístico fora do conceito elitizado de cultura. Do plástico ao escrito, havia marcas da violência, crítica e contraponto aos conceitos de então. Chegou-se a falar em arte e cultura na idade da pedrada...
Um policial militar do 4° Batalhão local não gostou da frase e apagou. Ao se deparar com a estudante tentando reescrever, deu voz de prisão por apologia ao crime e dano ao patrimônio público. Ao interceder em favor da jovem, o diretor do Centro de Humanidades também foi enquadrado. A reportagem de 27/10 não fala a patente do policial, mas pela pujança judicante é de se concluir ter sido um sargento...
Ironias à parte, a onda de autoritarismo e de militância subjetivista vem se intensificando. Faz parte da síndrome de ativismo político-judicial, de forma que cada um, em sua esfera de “poder”, quer mostrar seu engajamento com a gelatinosa síndrome “sejumoriana”. O mais grave é que a ela está se somando a cada dia à burrice, à mesma ignorância que imperou entre os adoradores de pato, das panelas silenciosas e que hoje protestam contra museus...
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo



Armando Coelho Neto - Jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

GGN

Porque será que a Globo escondeu o Ibope? Seria para esconder também o resultado ruim de seu pupilo Luciano Huck

Em condições normais, o jornal O Globo teria feito estardalhaço com a sua primeira pesquisa Ibope sobre sucessão presidencial, em que o ex-presidente Lula aparece com chances de vencer a fatura já em primeiro turno; no entanto, como a Globo promove há mais de três anos uma guerra contra Lula que conseguiu arrasar a economia brasileira, a pesquisa foi escondida numa nota lateral na capa do jornal; outro motivo para noticiá-la de forma discreta é o baixo desempenho de Luciano Huck, o candidato de laboratório que a emissora dos Marinho tenta fabricar para governar o Brasil sem intermediários; como dizem os jovens, deu ruim para a Globo
Deu ruim para a Globo, que encomendou sua primeira pesquisa Ibope sobre sucessão presidencial.
Nela, o ex-presidente Lula aparece com chances de vencer a fatura já em primeiro turno (leia aqui). 
Além disso, o apresentador Luciano Huck, candidato de laboratório que a emissora dos Marinho tenta fabricar para governar o Brasil sem intermediários, teve fraco desempenho e apareceu com apenas 5%.
Sobre o projeto da Globo para viabilizar um presidenciável, vale a pena conferir o que disse Lula em sua caravana, na etapa mineira. "Eu vou estampar na testa dele o logotipo da Globo e vou ganhar dele", afirmou (leia aqui).
Como a Globo promove há mais de três anos uma guerra contra Lula que conseguiu arrasar a economia brasileira, mas não destruiu seu adversário político, a pesquisa foi escondida numa nota lateral na capa do jornal.
Um vexame editorial. Mais um.

 247

Desordem Constitucional, Constituinte Exclusiva e Lula, por Aldo Fornazieri

O golpe político que derrubou a presidente Dilma, a sucessão de omissões do STF e a sua desastrada decisão de abrir mão de ser a última palavra no controle da Constituição e em matéria penal levaram o Brasil à mais grave desorganização constitucional desde a redemocratização. Políticos golpistas e ministros do STF, alguns igualmente golpistas e outros covardes e medíocres, produziram esse destroçamento da Constituição.
​As recentes salvações de Aécio Neves e de Michel Temer expressam o absurdo a que se chegou na destruição moral e constitucional do país. A rigor, o STF, o Senado e a Câmara dos Deputados decidiram que é legal que o Brasil seja governado por criminosos e que criminosos podem permanecer em seus cargos até o final de seus mandatos. E, se forem reeleitos ou eleitos para outros cargos, podem continuar isentos do alcance da mão da Justiça. A mesma mão da Justiça que pude os pequenos, os ladrões de galinha, e que tem um viés vingativo contra negros e pobres e outras minorias, e que acaricia os criminosos de colarinho branco e os políticos corruptos e quadrilheiros, acumpliciados com juízes e ministros do STF.
A desordem constitucional chegou a tal ponto que um dos princípios fundantes das repúblicas modernas foi destruído: a Corte Constitucional já não é mais a última palavra e o poder político é um poder supremo, com prerrogativa pronunciar a última sentença quando se trata de crimes de seus membros. Com as recentes decisões do STF, do Senado e da Câmara, deu-se validez à seguinte possibilidade anti-republicana: um presidente honesto e correto, que não tenha maioria parlamentar e que não cometeu nenhum crime pode ser derrubado pelo desastroso mecanismo do impeachment e, um presidente criminoso, denunciado inúmeras vezes, pode continuar como presidente, desde que compre seu mandato obtendo maioria parlamentar. Esta situação é vergonhosa e indigna de uma democracia e de uma república. É esta situação que o Brasil está vivenciando hoje.
O STF tornou-se a casa do arbítrio jurídico, da anarquia constitucional e da indecência moral de alguns de seus ministros. Por meio de sofismas baratos e sem rubor e nem vergonha, os ministros desdizem hoje o que disseram ontem. Aplicam decisões diversas para casos da mesma natureza e julgam aqueles que assessoram e servem, como é o caso notório de Gilmar Mendes, conhecido como conselheiro noturno de Temer e estafeta de Aécio Neves.
O STF é a casa da mãe joana, hoje presidido por uma carmen vai com os outros. Cada um decide ao sabor de seu arbítrio, de suas cumplicidades e de seus interesses, e menos ao sabor da Constituição. Decide por liminares, não decidindo em última instância. É a casa das protelações, da impunidade, do albergue de bandidos de alto coturno. É o antro da permissividade que abriu mão da prerrogativa de proteger a Constituição, deixando-a desprotegida e desguarnecida, o que leva o próprio país à deriva.
Por uma Constituinte Exclusiva e Soberana
O Brasil precisa de uma Constituinte Exclusiva com urgência para restabelecer ou estabelecer uma nova ordem democrática e republicana. A relação de equilíbrios, pesos e contrapesos precisa ser redefinida de acordo com os princípios do Estado Democrático de Direito, da Constituição limitada e do controle constitucional sobre o poder político. A excrescência anti-republicana do Foro Privilegiado precisa ser eliminada. Os fundamentos do sistema judicial e processual precisam ser revistos para impedir que um juiz, a exemplo de Sérgio Moro, tenha o poder absoluto de investigar e julgar, de ser o acusador e o emissor de sentenças.
A Constituição reformada, além de expressar uma nova ordem republicana, precisa abrigar uma concepção de democracia como justiça e igualdade, precisa remover os entraves que consagram a ignominiosa desigualdade de fato e perante a lei, consagrando comandos que permitam levar o Brasil e um desenvolvimento conjugado com a dignidade humana e um efetivo equilíbrio socioambiental. A Constituição que emergir da Constituinte exclusiva precisa ser levada ao referendo popular, pois isto nunca aconteceu no Brasil. Sem o referendo popular da Constituição o povo não será soberano e o poder carecerá de legitimidade.
A candidatura Lula
As pesquisas do Ibope e do instituto Ipsos, divulgada no final de semana, confirmam a liderança de Lula na corrida eleitoral e ascensão de sua respeitabilidade e credibilidade. As lembranças de seu governo em contraste com o desastroso e anticivilizatório do governo que está aí, a autenticidade popular de sua liderança, a falta de provas das acusações lançadas contra ele, a ação persecutória da Lava Jato e a saciedade que as acusações provocaram na opinião pública são fatores que fazem a sociedade rever o seu juízo acerca do ex-presidente.
Mas a possibilidade da candidatura Lula ser barrada pela Justiça não está produzindo as consequências necessárias nos setores democráticos e progressistas, nos movimentos sociais, nos partidos de esquerda e, principalmente, no PT. Independentemente de que se venha votar ou não em Lula, o fato é que o direito à sua candidatura é uma questão democrática crucial para o futuro da democracia. Este entendimento parece fraco na sociedade e mesmo no PT. Pensa-se que se Lula não for candidato, surgirá um plano B qualquer.
A única ação efetiva que está ocorrendo, são as caravanas de Lula. Mas isto é insuficiente. O PT, os partidos progressistas e de esquerda e os movimentos sociais deveriam desencadear uma mobilização nacional pelo direito à candidatura de Lula, criando uma base organizada  para dar-lhe sustentação. Caso contrário, se a Justiça decretar o impedimento da candidatura, o que se verá será a mesma passividade que se viu o processo do impeachment, que se viu na votação da reforma trabalhista e que se viu nas decisões acerca das denúncias contra Temer. Será uma nova derrota histórica das esquerdas e da democracia.
Os progressistas e as esquerdas deveriam se organizar para levar o país a um impasse político caso a candidatura seja barrada. Mas para isto é preciso coragem, liderança, clareza estratégica e organização. Argumentos não faltam: ilegalidades de Sérgio Moro e da Lava Jato, condenação sem provas, perseguição política, desordem constitucional do país, omissão e conivência do STF e de outros tribunais superiores com as arbitrariedades de Moro e da Lava Jato etc.
Diante das arbitrariedades e dos desmandos legais e constitucionais, não se pode aceitar o impedimento da candidatura Lula. Ela se entrelaça com a necessidade da reorganização constitucional do Brasil por meio de uma Constituinte Exclusiva. O direito à candidatura precisa ser sustentado e garantido pelas mobilizações da sociedade e pelos protestos de rua. Se os progressistas, as esquerdas e o PT forem consequentes e corajosos ou arrancarão uma vitória sobre este último ato do golpe ou levarão o país para um impasse a para a desobediência civil. Neste ponto não há meio termo, nem tergiversações e nem protelações. Nele se decidirá não só o futuro dessas forças, mas também o futuro da democracia e do Brasil.

Aldo Fornazieri - Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).

GGN

A máfia das falências do Paraná, por Luis Nassif

No segundo artigo da série sobre a Indústria da Delação Premiada, foram citados dados sobre uma máfia das falências que atuou por anos no Paraná.
Depois disso, recebemos informações sobre a amplitude do esquema. Segundo a reportagem “PF investiga a máfia das falências no PR”,
​Segundo a reportagem: “O teor das conversas entre advogados e magistrados chamou a atenção da PF, da Corregedoria e do Ministério Público. O tom de amizade entre advogados e desembargadores sugere a existência de um conluio. E o receio de magistrados de conversar por telefone, sugerindo encontros reservados, reforçou a suspeita”.
A matéria é de 2013. De lá para cá, pouco se soube. 
Segundo informações que chegaram, os maiores escândalos envolveram as seguintes massas falidas:
Consórcio Garibaldi, do notório Toni Garcia.
Dela Química;
Gronal, empresa têxtil;
Moinho Graciosa;
Tip Top Alimentos.
Quem tiver informações sobre o caso, poderá enviá-las pelos comentários ou então pelo e-mail repauta@jornalggn.com.br, devidamente assegurado o sigilo de fonte.
GGN

domingo, 29 de outubro de 2017

Há meio ano, Rodrigo Maia segura pedido de impeachment de Temer que continua sem definição, por Janio de Freitas

Rodrigo Maia sentou em cima de um pedido de impeachment de Michel Temer, com a chancela da OAB, há meio ano. Quando vai apreciar? A cobrança é de Janio de Freitas, na Folha, que aponta o erro de tal decisão estar a cargo de uma única pessoa, o presidente da Câmara. Mesmo erro apontado por ocasião do impeachment de Dilma, em que a decisão estava nas mãos de um único interessado, Eduardo Cunha.
Janio aponta que o desempenho de Maia, desde tornado presidente da Casa, tem sido surpreendente, sem espalhafato midiático, dentro da Constituição e do Regimento da Câmara. Afirma que isso o fez crescer muito como político, mas que a apreciação do pedido de impeachment o coloca em evidência, com dever de desenterrar a ação contra o governante mais rejeitado do mundo e que sem mantém no cargo e no poder ao custo de dezenas de bilhões do dinheiro público.
O que virá agora com este pedido sendo apreciado? O que fará maia com um governante nas condições de Temer? Há mais que um Temer, todo um povo clama por um Fora, Temer!
Leia o artigo a seguir.
na Folha
por Janio de Freitas
Nem Michel Temer ficou livre do risco de destituição, nem esse risco depende da Procuradoria-Geral da República recém-reformada, e ainda cinzenta sobre acusações criminais que ele e seus controlados na Câmara não desmontaram. Há quase meio ano, um pedido de impeachment de Temer, com a chancela da OAB, aguarda a definição do seu destino, entre a apreciação e o arquivamento.
Por um dos muitos erros de procedimentos institucionais, essa definição está a cargo de uma só pessoa, o presidente da Câmara. Para Eduardo Cunha, no caso de Dilma Rousseff, foi fácil a decisão: bastou a recusa da presidente à chantagem de acionar o PT para defendê-lo da destituição, ou daria andamento ao impeachment presidencial. Para Rodrigo Maia, a decisão é um problema funcional e uma encruzilhada política.
O desempenho de Maia tem surpreendido mesmo entre seus colegas. Até agora, manteve-se com rigor, e sem espalhafato midiático, nos limites da Constituição, do Regimento da Câmara e do uso da autoridade. Cresceu muito como político, um salto da zona sombria para o nível pouco habitado das vozes procuradas –nem todas por boas qualidades.
Os meses em que Maia retém a iniciativa da OAB coincidem com a conveniência de não sobrepor, por seu efeito tumultuoso, duas ações contra Temer, sendo a outra a da Procuradoria-Geral da República. Esta, porém, foi vencida. E Rodrigo Maia deve a decisão pendente.
Quem está em jogo nessa decisão é o político agora honrado com a classificação de governante mais rejeitado do mundo. E olha que a consultoria internacional Eurasia deu a Temer 7% de aprovação, explicados como índice obtido na pesquisa CNI/Ibope. Nesta, porém, a aprovação de Temer está em 3%, e no Datafolha em 5%. Mesmo com o índice caridoso, Temer está longe dos 18% de aprovação do segundo pior, Jacob Zuma, da África do Sul. Nicolás Maduro, com 23%, tem mais de três vezes a aprovação de Temer.
Um governante com 3% ou 5% de aceitação tem, na prática, a unanimidade do país contra sua presença no cargo que não usa. Ou só usa em seu proveito, seja para atividades que o põem sob acusações de crimes de corrupção e formação de quadrilha. Seja para a imoralidade criminosa com que usa cargos e verbas públicas na compra de deputados que protelem os processos criminais. Operação em que foi exposta uma falta de escrúpulos como jamais vista em governos deste tão pouco servidos de escrúpulos.
Por duas vezes, ao custo de dezenas de bilhões do dinheiro público, Temer reteve na Câmara a ação que o retiraria da Presidência. O que fará, na terceira ocasião ameaçadora, para que Rodrigo Maia reproduza o que antes coube ao plenário de metade comprada? E o que fará Rodrigo Maia com um governante nas condições policiais, judiciais, imorais e repelido nacionalmente como Temer?
O pretexto das reformas, em favor de Temer, está eliminado pelo próprio Rodrigo Maia e por Eunício Oliveira: os presidentes da Câmara e do Senado reiteraram com ênfase, ao final da semana, não haver condições para que o Congresso venha a aprovar reformas. Além de mais um desmentido ao que estão dizendo Temer e Henrique Meirelles, que anuncia aprovações dentro de uns 30 dias, os dois presidentes declaram a plena inutilidade de Michel Temer mesmo para os que o amparam por esperança em reformas.
No jogo a ser decidido pelo presidente da Câmara há mais do que Michel Temer. Há também a imagem feita por Rodrigo Maia, com o desempenho na crise, e sua relação com o povo que pede "Fora Temer!". 

GGN

Lula vai a 35% e vence todos adversários, diz nova do Ibope

Uma nova pesquisa presidencial feita pelo Ibope confirma: se as eleições fossem hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria novamente eleito presidente da República.
Em qualquer cenário apresentado ao eleitor, Lula fica com o mínimo de 35% e o máximo de 36% das intenções de voto. O o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) aparece em segundo lugar, com 15%, enquanto Marina Silva, da Rede, tem 11%.
Em terceiro lugar; tanto os candidatos tucanos Geraldo Alckmin e João Doria, assim como o apresentador Luciano Huck, nome de laboratório que vem sendo preparado pela Globo, têm percentuais ao redor de 5%. Sem Lula, quem mais se beneficia é Ciro Gomes, que vai a 11%.
Abaixo, mais informações: Explica a coluna de Lauro Jardim no Globo.
Lula e Jair Bolsonaro iriam para o segundo turno se as eleições presidenciais fossem hoje. É o que mostra a primeira pesquisa feita pelo Ibope para medir o pulso da corrida presidencial de 2018.
Em qualquer cenário apresentado ao eleitor, Lula fica com o mínimo de 35% e o máximo de 36% das intenções de voto. Bolsonaro aparece com 15% quando enfrenta Lula. E cresce para 18% se o ex-presidente for substituído por Fernando Haddad (neste caso, está empatado com Marina Silva).
A pesquisa foi feita entre os dias 18 e 22, com 2.002 pessoas em todos os estados brasileiros, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Marina Silva é a terceira colocada em qualquer cenário com Lula, com índices entre 8% e 11%, dependendo dos adversários. Se Lula ficar de fora, Marina lidera, empatada com Bolsonaro.
Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e João Doria surgem embolados num pelotão abaixo, com percentuais entre os 5% e 7%. Ciro sobe até os 11% quando Lula é substituído por Haddad (que tem a preferência de 2%).
Quando o Ibope não apresenta ao entrevistado uma cartela com os nomes, ou seja, a citação sobre o candidato é espontânea, Lula aparece com 26% das intenções de voto (no Nordeste tem 42%) e Bolsonaro com 9%.
O pelotão seguinte fica muito distante entre 2% (Marina) e 1% (Ciro, Alckmin, Dilma, Temer, Doria).
PS: o nome de Luciano Huck foi testado. Ele aparece com 5%, empatado com Doria e Alckmin, na disputa com Lula. Sem Lula, vai a 8%, também junto com os colegas tucanos
Do 247

sábado, 28 de outubro de 2017

A república dos golpitas ou o reino absoluto da esbórnia, por J. Carlos de Assis

Não temos mais crise no país, e sim a  esbórnia, a putaria, o salve-se quem puder. Michel Temer conseguiu misturar seus odores putrefatos de criminoso comum com o fedor condescendente da maioria do Congresso. Mas não é tanto isso que importa. Importam, sim, a exibição  da utilização abusiva da máquina pública para comprar votos com cargos de governo, ministérios, emendas parlamentares, tudo para impedir a investigação criminal, tudo apresentado pela indefectível Rede Globo como atividade política normal.
Afinal, o que é obstrução da Justiça? Não seria obstrução de Justiça a compra de votos na Câmara para impedir a investigação dos crimes de Temer denunciados pela Procuradoria Geral da República? Onde está a corporação de juízes e de promotores, tão prontos a se insurgirem com veemência contra o projeto de lei do abuso de autoridade, quando se revelam cinicamente indiferentes ao crime que se comete contra o povo e contra a Nação nesse espetáculo dantesco de carnificina de todos os valore s da República? Há maior abuso de poder do que o feito por Temer na despudorada compra de votos na Câmara?
A permanência de Temer é um risco para a Nação porque no curto período que lhe resta ele pode vender a mãe para atender os interesses das multinacionais do petróleo e da energia, como está acontecendo neste momento com o pré-sal, ou os interesses do “mercado”, como é o caso da Previdência. Nossa esperança é que a pequena rebeldia observada na Câmara sinalize um limite para as ações da quadrilha do Planalto. Se isso acontecer, a eventual saída, cassação ou impeachment  são indiferentes. Nos encontraremos com a quadrilha em 2018 com boas perspectivas.

A política, arte de organização dos homens e da Nação, é a mais nobre das atividades. Mas quando ela cai nas mãos de quadrilheiros toda a moral pública desaba. Roubar, agredir, matar, mentir, manipular, desconhecer critérios de educação e perder o sentido de solidariedade, tudo passa a ser lugar comum, ou normal. Nesse contexto, floresce o neoliberalismo - ou simplesmente liberalismo (como costuma de corrigir o senador Roberto Requião) -, quando se entende a liberdade como ausência de limites. A isso se contrapõe a democracia, situação em que a sociedade, desde que ausente a manipulação da mídia, estabelece os próprios limites. É essa liberdade democrática que está sendo degradada na era Temer. Estamos no jogo duro em que as classes dominantes e as elites dirigentes não tem qualquer limite na sua atuação, exceto o que se pode esperar da incipiente rebeldia de parte da Câmara e do Senado ou o que vier a ser imposto nas eleições dos próximo ano.
GGN

Gilberto Kassab está destruindo o sistema de inovação e metrologia do país, por Luis Nassif

Duas das mais relevantes instituições brasileiras, na área de tecnologia, estão sendo destruídas pela organização criminosa alçada ao poder: a CEITEC e o Inmetro. E esse crime contra o futuro está sendo aceito passivamente pelas duas organizações que garantiram a ascensão desse grupo ao poder: mídia e Ministério Público.
CEITEC
A CEITEC começou suas operações em 2011, sendo incumbida de fabricar semicondutores brasileiros. A fábrica foi instalada no Rio Grande do Sul e encara como empresa estratégica.
Durante os Governos Dilma Rousseff a empresa foi protegida de nomeações eminentemente políticas, apesar de tentativas de várias correntes partidárias de indicarem correligionários para lá, inclusive do PMDB (leia-se Eliseu Padilha).
Assim que mudou o governo e o Ministério da Ciência e Tecnologia foi assumido por Gilberto Kassab, começou o desmonte. O comando da CEITEC foi entregue ao seu correligionário do PSD gaúcho, Darlei de Deus Hinterholz, ex-goleiro do Grêmio.
Totalmente jejuno em temas tecnológicos, Darlei levou dois meses para encontrar alguém nomeáveis para a presidência da empresa. Apelou então para os profundos conhecimentos de seu chefe de gabinete, o Joca, que tinha socirdade como uma pequena firma de informática de um certo professora da Universidade Federal de Santa Catarina, de nome Paulo de Tarso Mendes Luna.
Em setembro de 2016 Paulo Luna tomou posse da presidência da CEITEC, substituindo uma das maiores autoridades em semicondutores do país, Marcelo Lubaszewski. Mais um mês para tomar pé e começam as mudanças para acomodar a turma do deputado.
O Ministro Eliseu Padilha emplacou o diretor mais poderoso, após o presidente: Luiz Fernando Salvatore Zacchia, que já foi preso devido a irregularidades que cometeu à frente do DETRAN gaúcho no governo Yeda Crusius.
A tal Lei das Estatais, anunciada com alarde pelo governo Temer, assim que assumiu, foi substituída pela lei Eliseu Padilha.
Com os dois cargos principais sob controle, o aparelhamento foi rápido. Paulo Luna já enfiou no CEITEC quase trinta pessoas, de “soldados rasos” (Salários de R$ 8 mil) a alto comando: dois superintendentes técnicos, com salários de R$ 31 mil por mês e outros, na faixa de R$ 15 mil.
Curiosamente, o deputado goleiro votou duas vezes contra o presidente Michel Temer, nas duas denúncias.
Esse quadro dantesco é de responsabilidade do Ministro Kassab, que assumiu um mega ministério, decorrente da fusão de dois Ministérios, com 29 estatais sob sua guarda.
O Inmetro
O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia) é peça chave em todo processo de normatização do país. Cabe a ele aferir de postos de gasolina a balanças industriais, de produtos de exportação a brinquedos.
Nos últimos anos, foi submetido a um esvaziamento. Agora, o novo presidente Carlos Augusto de Azevedo, também indicado por Kassab, envolveu-se em operações suspeitas. Em julho, a Controladoria Geral da União (CGU) identificou irregularidades na contratação de terceirizados. Com uma empresa do setor de limpeza e manutenção, a Cardeal Gestão Empresarial de Serviços, assinou um acordo no valor de R$ 3,3 milhões, sem justificativa.
Internamente, fiscais do Inmetro estão reduzindo a assinar contratações de terceirizados, por suspeitas de irregularidade, segundo o boletim Relatório Reservado.
No próximo ano, grande parte dos 40 laboratórios do Inmetro serão submetidos à avalaição quadrienal do Bureau International de Poids et Mesures (BIPM). Há grande possibilidade de que, nessa fiscallização, seja constatado o colapso do sistema de rastreabilidade dos padrões brasileiros de pesos e medidas.
Se o diagnóstico for de “não conformidade” para o Inmetro, comprometerá todo o sistema de exportaçlões brasileiro, de manufaturados ao agronegócio. O laudo do BIPM é a lei para os 58 países que integram o Bureau.
Segundo fontes ouvidas pelo boletim, "dos mais de 3,5 mil serviços prestados pela Inmetro, aproximadamente dois mil estão suspensos. No Laboratório de Metrologia Óptica, várias atividades foram paralisadas pela proliferação de fungos nas lentes. O Laboratório de Elétrica tem diversos medidores fora de uso. Mais grave ainda é a situação do Laboratório de Massas, que dá rastreabilidade aos padrões de referência nacionais. Vários serviços de medição tiveram de ser suspensos por conta da elevada umidade no local”.
O Inmetro é uma autarquia que cobra por seus serviços. Este ano, deverá faturar R$ 1 bilhão. Mas sua dotação orçamentária não passa de R$ 400 milhões, que estão sendo alvos de ataques por parte dos políticos. 

GGN

Prédios do Instituto Chico Mendes e Ibama são incendiados em Humaitá no Amazonas

   Prédios do Instituto Chico Mendes e Ibama são incendiados no Amazonas 
Os prédios do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidde (ICMBio) e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram incendiados em Humaitá, no Amazonas, nesta sexta-feira, dia 27. Um grupo de garimpeiros é suspeito do ato criminoso.
O crime aconteceu após deflagração da Operação Ouro Fino, uma ação conjunta do Ibama e ICMBio, na quarta-feira, dia 25. A ação fiscaliza a extração ilegal de ouro no Rio Madeira. Até agora, 37 balsas de garimpeiros foram apreendidas. Os garimpeiros protestaram contra a ação e contra o fato de algumas balsas terem pegado fogo, daí invadiram e incendiaram os prédios.
A Força Nacional tentou conter os manifestantes, e houve confronto. Eles estão na cidade para acompanhar a Operação, em apoio ao Ibama.
Os manifestantes também invadiram o prédio do Incra, onde funciona o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), sendo contidos. Como não conseguiram seu intento, atearam fogo em veículos que estavam na área.
Segundo o G1, os garimpeiros culparam o grupo de agentes da Operação Ouro Fino pelo fogo nas balsas. O procurador do Ministério Público Federal (MPF) Aldo de Campos Costa, que acompanha a situação no local, afirmou que os órgãos ambientais atuaram dentro da legalidade.
"No início e durante a operação o Ibama agiu estritamente dentro da legalidade, no exercício do poder de polícia que é atribuído ao órgão ambiental (...). Em momento algum houve incêndio provocado pelos órgãos ambientais. O que ocorreu foi o desmonte e apreensão de balsas que estavam posicionadas irregularmente na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Madeira", declarou ele ao G1.
Em entrevista ao G1, o procurador reforçou que a atividade realizada por garimpeiros no Rio Madeira é ilegal. "Houve uma retaliação a uma operação legítima e legal dos órgãos ambientais. O Rio Madeira está sendo alvo de uma atuação, por parte desses garimpeiros, bastante nociva e há muito tempo, o que tem ocasionado sérios prejuízos ao meio ambiente. Eles têm ciência de que é uma atividade irregular. Mais do que isso, é uma atividade criminosa", afirmou.
O procurador afirmou que os responsáveis pela depredação estão sendo identificados e serão processados, e podem, se condenados, cumprir pena de até três anos de detenção por dano ao patrimônio da autarquia. 
Fotos: Raolin Magalhães/Rede Amazônica

GGN