Um documento divulgado pelo Estadão em reportagem divulgada
nesta sexta (27) mostra que a defesa de Lula terá muita dificuldade em mostrar
que ele não consta entre os beneficiários de propina da Odebrecht.
A reportagem "Criador
do ‘Drousys’ entrega a Lava Jato lista com 73 usuários do sistema" aborda
uma resposta à Polícia Federal dada pela empresa que criou o software usado
pela Odebrecht no exterior. O jornal destacou a lista com os apelidos das
pessoas que tinham acesso ao sistema e alguns ditos "beneficiários"
de pagamentos no exterior. Lulka não figura na lista, mas o Almirante Othon e
Rodrigo Tacla Duran, sim.
Nesta mesma resposta, contudo, a empresa que criou o
Drousys conta que a Lava Jato de Curitiba exigiu da Odebrecht a contratação de
uma empresa estrangeira para ter acesso exclusivo ao sistema, após o acordo de
delação premiada. A fundadora do sistema perdeu o controle pouco depois de dar
detalhes operacionais aos membros da força-tarefa.
Algo semelhante foi feito à Procuradoria-Geral da
República, de modo que apenas os procuradores envolvidos com a Lava Jato têm
poder total sobre o Drousys. Eles agora utilizam de executivos (e delatores) da
Odebrecht para "traduzir" os dados que ali estão.
Isso significa que o que os procuradores da Lava Jato
disserem, com apoio dos delatores da Odebrecht, dificilmente será contestado,
já que há inúmeros obstáculos impostos às defesas que querem acessar o sistema.
Evidência nesse sentido é que a banca que defende Lula
já demandou isso ao juiz Sergio Moro, e encontrou resistência dos procuradores
de Curitiba, que agora alegam que não possuem acesso "integral" aos
sistemas, somente a PGR.
No documento à PF assinado por um dos criadores da empresa
Draftsystems, que vendeu o Drousys para a Odebrecht, há a informação de que a
parceria entre ambas começaram em 2007 e 2008.
Em 2014, com a Lava Jato já em evidência,
Odebrecht pediu que a estrutura migrasse da Suíça para a Suécia. Segundo Paulo
Sérgio da Rocha Soares, da Draftsystemns, isso feito feito com a alteração do
apelido (nickname) de todos os usuários, "porém com total preservação dos
dados existentes no antigo Drousys dos servidores instalados na Suíça".
Em tese, só não são mais acessíveis as informações de
pessoas que deixaram de ser usuários, por uma questão muito simples: foram
deletadas para não ocupar espaço nos servidores.
Paulo ainda relatou que precisamente em 23 de junho de
2016, ele e um sócio acompanharam a Odebrecht em visita à força-tarefa de
Curitiba, "objetivando prestar esclarecimentos relativos ao envolvimento e
responsabilidade técnica com o ambiente Drousys. Nesta reunião foi detalahado o
histórico de criação do Drousys, assim como informados sua exata localização na
Suíça, declarada sua movimentação e exata localização na Suécia. Toda rotina de
utilizaçã por parte dos usuários e as rotinas de backup foram detalhadamente
explicadas."
No mês seguinte, em 12 de julho de 2016, a Draftsystemns
acompanhu a Odebrecht ao Datacenter na Suécia, para entrega técnica formal dos
servidores para a empresa FRA (Forensic Risc Alliance Groups), "escolhida
pela Odebrecht de acordo com o disposto pelo Ministério Público Federal
brasileiro."
"Nesta oportunidade", continou Paulo em mensagem à
PF, "toda estrutura do ambiente foi explicada para as empresas Quinn
Emanuel e Norton Rose, que ficariam responsáveis pela extração segura das
informações do mabiente. A partir desta data, a Draftsystems nunca mais
tece vondições de acesso aos servidores entregues, não dispondo de cópia dos
mesmos.
Ao final, o empresário apresenta uma lista de "usuários
com beneficiários e empresas pagantes".
O documento está em anexo. Arquivo:
GGN