A
população confia mais em Lula do que numa justiça plutocrática, com seus
membros furando teto, ganhando R$ 500 mil por mês, condenando sem prova,
fazendo o jogo do governo entreguista e da mídia corrupta.
***
A gravidade de Lula
Alimentado
por sua mais recente pesquisa, modelo estatístico desenvolvido pelo Datafolha
classificou 38% dos eleitores como próLula. Um mês antes, ranking do Ideia Big
Data ouviu de 34% do eleitorado que Lula foi o melhor presidente que o Brasil
já teve. Em outubro, o Ibope encontrou, em média, 35% de intenções de voto para
o petista nas simulações do 1º turno presidencial. Os três fizeram perguntas
distintas e acharam a mesma resposta.
Nenhum
desses institutos têm conexões preferenciais com o PT, com Lula ou com forças
interessadas no retorno do ex-presidente ao Planalto. Ao contrário. Logo, quem
acha que todos esses resultados são forjados poupará tempo se parar de ler
agora. Ganhará mais se voltar à mídia social de onde escapuliu.
Se
chegou a este terceiro parágrafo, persistente leitor, é porque considera
verossímil ao menos um dos conjuntos de dados citados acima. Como esboçam
fundamentalmente o mesmo fenômeno, importa pouco em quais deles se acredita
mais ou se crê menos.
Todas
essas pesquisas mostram que um terço ou mais do eleitorado brasileiro permanece
lulista – a despeito de condenações e acusações que pesam sobre o
ex-presidente. Nenhum outro ator político exerce a metade de sua atração. Por
isso, acerta o Datafolha ao dividir o eleitorado em três, todos com a mesma
referência: próLula (38%), antiLula (31%) e pendulares (31%).
Goste-se
ou odeie-se, é em torno de Lula que orbita a atual corrida presidencial. Nisso,
ela pouco difere das quatro ou seis últimas disputas eleitorais pela
Presidência da República. Lula ainda é o candidato a ser batido (1994, 1998,
2002, 2006), o cabo eleitoral a ser usado ou neutralizado (2010 e 2014).
As
questões colocadas neste fim de 2017 nada têm de ímpar, salvo no calendário. Ecoam
as mesmas perguntas ouvidas nos anos imediatamente anteriores aos pleitos
presidenciais das últimas décadas: Lula vai conseguir sustentar sua força
eleitoral quando a campanha começar para valer? Ou: Lula é capaz de transferir
seu prestígio para quem ele vier a apoiar? Se o crescimento da economia
acelerar, quanto poder ele perderá na urna?
Agora,
como no passado, especulações em torno de tais dúvidas são incursões a remo em
um mar de incertezas. Mar cada vez mais agitado. O desencanto com a política e
a insegurança jurídica disseminados a partir de junho de 2013 avolumaram os
vagalhões e acresceram riscos aos que navegam à procura de respostas. Qual será
o tamanho da abstenção? Haverá mais votos brancos e nulos?
São
fatores que tendem a ganhar peso quanto mais apertada for a disputa por uma
vaga no 2º turno. O engajamento do eleitor será mais importante do que nunca. O
mesmo tipo de disposição para votar que fez a diferença a favor de Trump em
2016 provocou a derrota de seu candidato ao Senado no Alabama um ano depois.
Tão
importante quanto o desejo de eleger quem se admira é a gana de impedir a
vitória de quem se odeia. Segundo o Datafolha, Bolsonaro lidera com folga no
terço antiLula do eleitorado. O Facebook confirma: a maioria das publicações
que viralizam nas redes de movimentos como MCC e Avança Brasil são contra o
petista. Ambos apoiam o militar reformado porque é o candidato a presidente que
mais bem personifica esse papel. Tomou-o do PSDB.
Eis
o desafio de Alckmin. Ser do contra já não lhe garante passagem ao 2º turno.
Como outros que tentam ocupar o vácuo no centro do espectro político, o tucano
precisará ser a favor de algo forte o suficiente para atrair o terço restante,
o dos eleitores pendulares, volúveis. São os que decidem a eleição, ao gravitarem
rumo ou contra Lula – seja ele candidato ou não.
Do
Cafezinho