Tirso
Meirelles. Foto: Sebrare/SP
Ainda
em dezembro, antes de assumir a pasta na Economia, Paulo Guedes declarou em
discurso na Federação das Indústria do Rio de Janeiro (Firjan) que irá reduzir
o orçamento do Sistema S.
"Como
é que você pode cortar isso, cortar aquilo e não cortar o Sistema S? Tem que
meter a faca no sistema S também", disse na ocasião. O Sistema S é como
ficou conhecido o conjunto de nove entidades focadas no treinamento de
microempreendedores e empresários de médios, pequenos negócios. O grupo inclui,
por exemplo, o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), SESI
(Serviço Social da Indústria) e Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas).
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente do Sebrae-SP,
Tirso Meirelles prevê que o corte indicado pelo ministro causará "impacto
direto na sobrevivência dos pequenos negócios". A redução prevista pelo
governo para o Sistema S está entre 30% e 50%.
"Com
um corte de 30%, 300 mil clientes deixariam de ser atendidos, quase 60 mil
alunos do ensino fundamental deixariam de ter acesso a lições de cultura
empreendedora e cerca de 65 postos municipais seriam fechados", completou
Meirelles.
O
porta-voz do Sebrae-SP defendeu que a contribuição do Sistema S ajudam na
produtividade e competitividade dos pequenos negócios, resultando na
"geração de empregos e de empreendimentos mais saudáveis, em todos os elos
das cadeias produtivas".
"Existem
hoje 13,8 milhões de microempreendedores individuais (MEIs), micro e pequenas
empresas, responsáveis por ocupação de 43,6 milhões de brasileiros e pela
geração de 27% do PIB [Produto Interno Bruto]", pontuou o gestor,
sinalizando que o público atendido pelo Sebrae "é um dos pilares
estratégicos de desenvolvimento socioeconômico" do país pela geração de
empregos e distribuição de renda.
Só
no estado de São Paulo, em 2018, o Sebrae realizou 2,5 milhões de atendimentos
a 1 milhão de microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas e
empreendedores potenciais. O Estado todo concentra 4 milhões de pequenos
negócios. "Além disso, mais de 2 milhões de empreendedores receberam
consultoria e capacitação em gestão de negócios", disse Meirelles.
"Como
empresário, acredito que a criação de empregos ocorre à medida que se encontre
um ambiente mais propício à sua atividade, simplificando, por exemplo,
processos burocráticos que consomem muito tempo do empresário", destacou
Meirelles.
Segundo
ele, o tratamento diferenciado é que garante a sobrevivência dos pequenos
negócios, lembrando que no Simples Nacional, regime de tributação simplificado
para facilitar o processo de arrecadação dessas empresas, a taxa de mortalidade
nos dois primeiros anos de atividade alcança 17% dos empreendedores. "Para
os não optantes, a taxa sobe para 62%", observou.
GGN