Mostrando postagens com marcador golpistas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador golpistas. Mostrar todas as postagens

sábado, 29 de setembro de 2018

FUX MOSTRA QUE O GOLPISMO ESTÁ NO STF, NÃO NAS FORÇAS ARMADAS, POR LUIS NASSIF

Deve-se ao Ministro Luiz Fux a melhor contribuição até agora ao jogo democrático, ao explicitar de maneira inédita onde se trama o golpe. Agora, rasgaram-se as fantasias e Luis Roberto Barroso não poderá prosseguir mais no seu jogo de negaças, de tomar as decisões de forma partidária e tentar escondê-las em espertezas processuais que já não iludem ninguém.
Agora é Bolsonaro, ame-o ou deixe-o!
Ao derrubar a liminar concedida pelo Ministro Ricardo Lewandowski à Folha e à TV Minas, para poder  entrevistar Lula, Fux cometeu as seguintes irregularidades?
Não existe hierarquia jurisdicional entre os Ministro do STF. Não cabe suspensão de liminar contra decisão de Ministro do STF.
Fux tomou a decisão na qualidade de presidente interino do STF. Ocorre que o presidente do STF, Dias Toffoli, está no Brasil. Jamais poderia ter sido substituído pelo vice.
Logo, Fux fraudou um instrumento processual para modificar uma decisão do STF. Tornou-se passível de impeachment.
Instaurou a censura prévia no país, condenada pelo plenário na ADPf 130. A própria Procuradora Geral da República Raquel Dodge soltou uma nota dizendo que não iria recorrer em nome da liberdade de imprensa.
Aceitou um pedido do partido Novo, que não tem legitimidade para propor. Suspensão de Liminar só pode ser proposta por entidade de direito público. Há uma exceção para entidade privada que estiver realizando serviço público – uma concessionária, por exemplo. O Novo não tem representaçào no Congresso Nacional. Não pode sequer ajuizar ação direta de inconstitucionalidade.
Isso ocorreu no mesmo momento em que o Departamento Jurídico do Exército informa a AGU (Advocacia Geral da União) da tentativa de um juiz seguidor de Bolsonaro de comprometer a próxima eleição.
Com isso, é exorcizado o fantasma que vem sendo permanentemente invocado pelas Cassandras para intimidar os defensores da democracia: as Forças Armadas são legalistas. Há Ministros do STF golpistas. E o álibi tácito de que se valem – o temor da reação das FFAAs – é falso.
Agora chegou a hora da verdade.
Fux já manifestara seu pendor de coronel político quando, na posição de presidente do Tribunal Superior Eleitoral, convocou Polícia Federal, MPF, ABIN para um combate às fakenews. E declarou que haveria busca e apreensão nos locais suspeitos, evitando a publicação – em uma declaração típica de censura prévia.
Clareadas as posições, resta saber como se comportarão Rosa Weber, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, que nos últimos tempos formaram essa frente política com Fux e Barroso. E como fica Dias Toffoli, o novo presidente do STF que, pela primeira vez na vida, é alvo de esperanças de que tenha grandeza, que não se apequene.
Como Fux só mata no peito se houver um becão dando cobertura, quem seria o becão?
Será curioso acompanhar até onde irá a Globo, nesse momento raro da vida nacional, em que todas as hipocrisias são varridas: apoiará Fux e a censura prévia? Ou ficará do lado dos que defendem o sagrado direito da informação e da liberdade de imprensa?
Palpite meu: se a Globo montou a jogada, vai recuar; se não montou, nem ela vai avalizar essa  trapalhada autenticamente fuxiana. Seria endossar a censura prévia e comprometer seu maior trunfo constitucional: a liberdade de informação.
Como diria Millor Fernandes, só dói quando a gente ri.
GGN

sexta-feira, 8 de junho de 2018

OS CRIMES DA SHELL NA NIGÉRIA

As empresas de prospecção, extração e comercialização de petróleo são as mais assassinas. 
Com seu poder decorrente do mais famoso produto nas costas, as grandes potências estrangeiras negociam com os governos dos países de onde retiram a matéria-prima as condições operacionais, políticas e econômicas que envolvem as parcerias, as quais são diferentes de país a país, de acordo com o poder de cada país. Tudo é negociado, exclusivamente, com as autoridades dos governos locais. 
Qualquer resistência que surgir é “dobrada” com generosas propinas ou ricos presentes a políticos, cientistas, empresários e jornalistas e sempre de acordo com o poder de decisão de cada um. Golpes de estado, revoluções, derrubadas de governo, são práticas habituais em países ex e neocolonialistas, quando suas decisões não são obedecidas e cumpridas à risca pelos governos locais.
Problemas são conhecidos, mas ninguém toma providências 
Não são boatos. Tudo tem sido registrado e comprovado. Desde o golpe de estado no Irã, em 19 de agosto de 1953 e a derrubada do governo democraticamente eleito do primeiro-ministro Mohammed Mossadegh, à execução, por enforcamento, do presidente do Iraque, Saddam Hussein, à execução por linchamento do presidente da Líbia, Muammar Kaddafi, na Líbia, e as recentes e incessantes tentativas das multinacionais de petróleo de derrubarem os governos da Venezuela, constituem suas macabras “técnicas” do marketing de energia em uso para conquistarem as ricas reservas de petróleo e gás existentes no mundo.
A atuação da Shell na Nigéria pertence ao cânone aplicado, especialmente, às alterações em cada país e em cada época. Acontecimentos conhecidos e situações também conhecidas que poderão resultar em investigação de tribunal para definição de responsabilidades são extremamente difíceis, lentos e, frequentemente, perigosos. A propósito, a Anistia Internacional precisou envolver-se em investigações que duraram 20 anos para encontrar evidências da presença da Shell nos massacres praticados em Rupanca.
A Anistia Internacional convocou Reino Unido e Holanda para iniciarem investigações sobre o papel do gigante petrolífero anglo-holandês Shell, acusando-o da autoria de inúmeros crimes cometidos durante o período da última ditadura do governo militar da Nigéria, especificamente na região de Ogoniland, durante a década de 1990.
“As provas que analisamos revelam que a Shell (…) encarregava, frequentemente, o exército nigeriano para solucionar as graves manifestações que criavam as comunidades”, denunciou Audrey Gaughran, a diretora de Assuntos Internacionais da Anistia Internacional.
Fim definitivo
E prosseguiu Audrey: “Tudo está descrito detalhadamente. Por intermédio de documentos confidenciais, fax, ofícios e relatórios dos próprios executivos da Shell, revelam-se evidências da ‘contribuição’ da Shell e do pleno conhecimento de sua diretoria dos terríveis crimes cometidos. Apenas em um ataque das Forças Especiais Nigerianas, para que fosse ‘sufocada’ uma pacífica reclamação dos moradores da aldeia Umuechem, foram assassinadas, a sangue frio, 80 pessoas e incendiadas 595 casas. Os cadáveres de moradores estraçalhados pelas explosões de granadas e os disparos de armas automáticas foram lançados em um rio próximo”.
E finalizou: “Tudo isso porque os moradores da aldeia protestavam contra a extração do petróleo que provocava contaminação das fontes de água e do meio ambiente em geral. Os altos executivos da Shell encontravam-se na Nigéria, e nos escritórios centrais da empresa, em Londres, mantinham frequentes reuniões com o alto-comando da junta de ditadura e de governos planejando o fim das manifestações de protesto no país.”
Enquanto mudam os governos na Nigéria, prosseguem as manifestações populares contra a falta de medidas para higienização do ar e da água dos rios e dos lagos, permanentemente contaminados, apesar das reclamações oficiais da Anistia Internacional, tanto nos escritórios da Shell na Nigéria, quanto nos escritórios centrais em Londres. Provavelmente, os altos executivos da multinacional, tanto em Lagos, quanto em Abuja, conhecem os problemas provocados, desrespeitando a população da Nigéria.
Mas e daí? Os problemas de contaminação do meio ambiente deverão ser enfrentados pelas autoridades sanitárias do país, as quais, quando procuradas pelos reclamantes cidadãos, prometem tomar as providências necessárias, mas os problemas continuam provocados pela Royal Shell, pela Chevron e pela Exxon Mobil. 
África News Agency/Sucursal da África Ocidental da Latino-americana de Notícias.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

FILME O PROCESSO. O PESADELO DO BRASIL EM REGISTRO, por Urariano Mota

Assistimos ontem no Recife à pré-estreia de O Processo. O cinema São Luiz estava lotado, como em suas melhores noites, com todas idades e classes sociais. Estávamos  jovens e muito jovens, maduros e muito maduros, a cantar e gritar várias bandeiras, das quais a mais unitária foi #LulaLivre. A agitação no público era tamanha, que gritos se ouviam até mesmo quando as luzes no cinema se apagaram. Quanta rebeldia reprimida. As vozes somente pararam quando alguém gritou: “quem fizer barulho é golpista!”. Silêncio na plateia. Então o documentário começou.
Agora, enquanto escrevo, pesquiso e leio uma sinopse onde se fala: “O documentário acompanha a crise política que afeta o Brasil desde 2013 sem nenhum tipo de abordagem direta, como entrevistas ou intervenções nos acontecimentos. A diretora Maria Augusta Ramos passou meses no Planalto e no Congresso Nacional captando imagens sobre votações e discussões que culminaram com a destituição da presidenta Dilma Rousseff do cargo”. E mais descubro. Na estreia mundial de O Processo, no Festival de Berlim, o filme foi aplaudido sob gritos de “bravos”, o que nunca havia acontecido com um filme antes em terra alemãs. Em Portugal, quando recebeu o prêmio de melhor longa-metragem no festival de cinema IndieLisboa, o júri assim falou sobre as razões da escolha: "Pela sua montagem aberta, que é fluente e elegante. Trata-se de um drama político contado através da narrativa clássica sem cair no classicismo gramatical e formal."
Mas nós, que assistimos à pré-estreia no Recife, bem podemos acrescentar outras razões de público e amantes do cinema. Tanto na abertura, quando um voo de helicóptero sobre Brasília nos mostra os lados de amarelos e vermelhos em confronto sobre a terra, até atingir as cenas finais, atravessa a gente um sentimento de indignação e afeto profundo pela memória da militância contra o impeachment. Então sabemos que O Processo é um dos melhores documentários do Brasil até hoje. E se me fazem um desconto do entusiasmo, pois o filme continua dentro da cabeça até agora, ouso  escrever mais claro: O Processo é um dos melhores documentários do mundo. Entendam as razões.
Quando o debate se abriu para o público, pude falar no microfone em meu natural pouco eloquente. Na medida do que lembro de ontem à noite, consegui falar: “Ao ver os últimos 10 minutos, quando se completa o golpe, e a digna representação dos parlamentares do PCdoB e do PT que discursaram contra o impeachment, senti que O Processo devia se chamar O Pesadelo. E pude perceber que o documentário no Brasil, que já havia  atingido um ponto culminante com Eduardo Coutinho, e passa pelos belos filmes de Vladimir Carvalho, ganhou um novo caminho com esse documentário. De todas as maneiras se faz arte. Neste, o que parecia ser uma grande reportagem se fez arte. Acredito que este é um filme que sobreviverá a estes malditos anos. Se me permite uma sugestão, só lhe peço que não siga o roteiro de alguns estetas da reportagem da imprensa, que lhe pedem o relato do  método ou técnicas do filme. Para mim, seria como transformar o quadro Lição de Anatomia, para pegar a experiência holandesa da diretora, e limitá-lo à descrição do desenho, tons, sombra e tintas. Transformar a arte em um verdadeiro cadáver da composição. Creio que de modo mais simples você poderá dizer que fez esse filme com intensa paixão. E com imenso talento, como acabamos de ver”.
O que disse no microfone ontem,  bem ou mal, bem e mal no calor da emoção, continuo aqui: os discursos da bancada de bravos que resiste, no dia da conclusão do impeachment, o discurso de Dilma ao se despedir, o rosto de Lula no plenário,  nessas imagens pudemos ver o Brasil de hoje,  com o pior parlamento da nossa história, com o presidente mais entreguista que tivemos, e a desgraça anunciada nos discursos que se cumpre com a perda de direitos inalienáveis do povo,  como saúde e trabalho.  
Já antes, a militante e professora Isa Ferreira me perguntou o que fazer diante dessas agressões contra os brasileiros, e se eu achava que sairíamos desta e como sair. Quem sou eu para achar, se me encontro tão perdido? Mas na hora lhe respondi que não sei como, mas que se houver uma saída popular, talvez não alcance os nosso dias. Enquanto isso, não poderemos submergir à depressão e desespero desta má hora. Cada um que lute à sua maneira, da melhor forma possível.
Ao voltar para casa, o motorista do Uber, que é músico e trabalho pela madrugada a dirigir um carro, me falou que vivemos hoje uma distopia. É isso, sim, é isso, eu me falei para mim, surpreso da qualificação que o jovem trabalhador dá para o que vivemos. Então me veio à lembrança de novo de O Processo como O pesadelo. O nome de uma obra sempre vem  depois. Nunca antes, como o batismo que damos a um filho.
Em uma ocasião, a diretora falou em entrevista: “Nós não sabemos para onde isso vai, e isso é angustiante e doloroso... Essa é a minha contribuição para esse momento que estamos vivendo”. Sem dúvida. O documentário de Maria Augusta Ramos realiza o seu presente deste infeliz momento. E mal pude dormir até a hora de escrever estas linhas.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

A Globo perdeu espaço político, social e de mídia com o Golpe que ela engendrou, por Alexandre Tambelli para o Jornal GGN

A Sociedade que nasceu do estilo processual Lava-Jato na dobradinha com velha mídia capitaneada pela Rede Globo fez o feitiço virar contra o feiticeiro para os golpistas e sobrou a tentativa Alckmin para a família marinho.
Tentando entender o Brasil em 11 de outubro de 2017, uma visão pessoal. 
Pesquisas levam aos factoides diários contra Lula e Dilma, bem sabemos.
Lula vence todos os candidatos em segundo turno e até Moro pode perder dele. Lava-Jato tem seu menor índice de aprovação neste mês.
72% de nordestinos querem Dilma de volta.
59% dos brasileiros querem Dilma de volta.
Dilma lidera a corrida para o Senado em Minas Gerais. 
O que acontece no mesmo instante destes resultados de pesquisas, que certamente são realizadas para dar um resultado menor que o esperado em favor dos golpeados?
Um factoide, uma condenação, uma acusação nova (requentada) contra Dilma, idêntico como acontece com Lula.
Invadem a casa do filho do Lula a procura de drogas, o factoide de ontem, TCU e Pasadena o de hoje. 
É a tentativa de respiro do Golpe, do paciente em coma e dando seus últimos suspiros.
Vivemos um impasse no Golpe, ele não tem mais condições de realizar uma arbitrariedade maior contra Lula, Dilma e PT por não ter apoio popular para tal intento e nem condições morais desta ação.
É imprevisível o que adviria na sociedade da tentativa de barrar eleições e/ou tirando Lula e Dilma delas. E, ainda, mantendo diversos candidatos ficha suja elegíveis.
Hoje, vivenciamos uma realidade de estagnação das ações com resultados práticos que visem impedir Lula e Dilma de serem candidatos em 2018 e de se adiar a Eleição, senão já teriam parado com os factoides diários disfarçando um pouco a seletividade da Justiça.
Então, utilizam das tentativas de desmoralizar Lula e Dilma para, na ilusão dos golpistas, tirarem votos deles e do PT em  quantidade em 2018, o que parece ser impossível juntado da Reforma Política que quer facilitar a campanha dos candidatos endinheirados ou defensores das elites que patrocinaram o Golpe de 2016.
Uma campanha eleitoral inteligente e a gente retoma o Poder em breve com Lula em 2018. Até podemos ver o retrocesso do Golpe, pode até existir a possibilidade da volta da Presidenta Dilma do jeito que as coisas vão, é pouco provável, mas possível. 
Aconteceu um fenômeno impensado neste período, o Golpe e suas formas de produção e solidificação (modelo Lava-Jato de Justiça em dobradinha com a velha mídia) foram feitos de maneira equivocada, dando espaço para uma extrema-direita se solidificar no país, marcadamente fascista e ligada a um moralismo castiço e um fundamentalismo religioso, misturado com uma linha de atuação anti LGBT, anti programas sociais e pró armamento desenfreado da população. 
Esta linhagem de eleitores fabricada pela velha mídia capitaneada pela Rede Globo juntado de Veja, JP, Estadão, Folha e assemelhadas + Justiça modelo Lava-Jato para o Golpe se solidificar provocou o fenômeno da anti política (com a imagem de que a Política é sinônimo de corrupção) e o fenômeno do ódio ao que não é exatamente igual ao que a pessoa que foi levada a ter um pensamento de extrema-direita acredita e quer para a nossa vida e nosso país. 
O Golpe precisou de extremistas de direita nas ruas para dar um ar de legitimidade, para fazer número, dar tamanho as manifestações pró-impeachment, não nos esqueçamos disto.  
Como foi desmascarada a direita tradicional via corrupção, mentiras + incompetência em governar juntado ao ódio ao PT solidificado em partes do eleitorado, se formatou uma parcela significativa dos que antes acreditaram na Globo e foram tucanas e pró-Golpe, e que hoje enveredam para o radicalismo de Bolsonaro e assemelhados: 
A parcela do eleitorado anti-petista de antes misturada de uma parcela que enxerga os políticos tradicionais do PT (desejado pelo Golpe) do PSDB e do PMDB (indesejados pelo Golpe), os maiores partidos brasileiros, todos, sem exceção, como corruptos. 
E OS GOLPISTAS FICARAM DIMINUÍDOS 
A extrema-direita foi se consolidando e se distanciando dos apoiadores do Golpe e a velha mídia, em especial a Globo, se perdeu no meio de um tiroteio que é favorável ao crescimento do fundamentalismo religioso, que no fundo vai debandar dela público, em boa parte, migrando sua audiência para a TV Record da Igreja neopentecostal Universal. 
Dois jornalistas de esquerda foram desligados da Record News estes dias. Sintomático. Há espaço para se desenhar um conservadorismo de costumes e de Fé na sociedade brasileira, a Record e as TVS de pastores neopentecostais e carismáticas católicas (conservadores) podem assumir este público para si. 
Então, se vê que a Globo foi tentar reparar a situação Bolsonaro abrindo espaço para o Fantástico discutir a questão do Gênero, para o Bem-Estar mostrar e discutir o tema a partir de transexuais, até mostrando com cuidado e respeito um casal formado por um travesti e uma mulher que fez operação para ser homem, pontuando com clareza que homossexualismo não é doença. Imaginemos no auge do Golpe se a Globo arriscaria esta discussão temática.
É a tentativa de freio de arrumação tardio para uma situação que saiu do controle. A Globo ficou sem candidato viável. Dória e o Bolsonaro foram para um caminho que só a Record e emissoras religiosas, talvez, possa abraçar.
Globo e velha mídia que com o Golpe perderam a audiência cega de um eleitorado que não vai mais dar tanta atenção ao que diz a Globo e a velha mídia na hora de votar, porque foram enganados com a mentira de que o Golpe traria um mundo maravilhoso para ele. E já sem todo o eleitorado fiel pró Lula e Dilma perdidos, aos poucos, nos anos anteriores ao Golpe. 
Os golpistas alinhados com a velha mídia perderam espaço para a extrema-direita e para os que ainda estão lúcidos e para os lulistas, dilmistas e esquerdas em geral.
FICARAM NUS 
Alckmin pode ser a candidatura de inflexão do caminho Lava-Jato de sociedade? Parece ser a solução única que sobrou no meio político, entre os que participaram do Golpe, nem Marina caberia por seu silêncio diante do Governo Temer e por ter sido do PT e ter mudado de lado nem Joaquim Barbosa, o imprevisível nem o descontrolado Dória. O problema é. 
Como voltar para a garrafa essa Justiça modelo Lava-Jato para não escancarar mais a seletividade e perseguição da Justiça ao Lula, à Dilma e ao PT no Brasil, onde a maioria do MPF, da PF, dos magistrados viraram anti petistas de carteirinha? Evitando crescer mais e mais a intenção de votos em Lula?
Com o Golpe destruindo toda a economia nacional e sem condições de impedir eleições em 2018 há poucas chances de prosperar a candidatura da velha mídia capitaneada pela Globo.
No fim de tudo nasceu uma nova polaridade: Lula X Bolsonaro. 
A Globo com Bolsonaro para vencer Lula pode dar de bandeja à Record um protagonismo em um Governo de extrema-direita ou no crescimento dela assumindo este público para si. Se der Lula não tem diálogo possível, ele já afirmou que vai propor a Democratização da Mídia. Alckmin foi o que sobrou e seu catolicismo Opus Dei mais civilizado, o bom moço de Pindamonhangaba. 
A Globo perdeu espaço político, social e de mídia com o Golpe.

Do GGN

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Lula e o pânico dos analistas dissimulados, por Aldo Fornazieri

O golpe que derrubou Dilma trouxe consigo muitas mazelas: erosão da democracia, crise institucional, decomposição política e moral do país, um governo criminoso rejeitado por quase a unanimidade nacional, revogação de direitos e cancelamento de políticas públicas sociais, destruição da pesquisa científica e da cultura. Mas as mazelas não param ali. Já no processo do impeachment se multiplicou o número de analistas na mídia e de mercado, explícita ou envergonhadamente neogolpistas, que passaram a falar em nome de uma certa neutralidade científica, de uma equidistância do objeto analisado - a crise. Essa suposta neutralidade só tem duas explicações: ou se trata de gente que não entende a natureza das teorias sociais e políticas ou de gente que usa um ardil para dissimular as suas posições, despossuídos da coragem de assumi-las.

Muitos deles defenderam o impeachment de Dilma, argumentado que ela não tinha capacidade de governar porque tinha perdido o apoio popular. Covardemente, agora se calam diante de rejeição nacional a Temer. Sugeriam, de forma explícita ou nas entrelinhas, que Temer era um político habilidoso e que a crise desapareceria com a simples mudança do governo. Deu tudo errado. E a autocrítica que cobram dos outros, se mostram incapazes de fazê-la.

Recentemente, viram no depoimento de Palocci uma "bomba de nêutrons", um "efeito radioativo", que teria implodido Lula e o PT. Mesmo depois dessa bomba, as intenções de voto em Lula continuam subindo e a rejeição caindo. Aqui começa o pânico analítico. Duas novas explicações surgem a partir dele: "Lula chegou ao teto" e o seu desempenho se explicaria por "um efeito emocional", pela sua vitimização, pelo caráter de seita dos eleitores de Lula.

Em primeiro lugar, não há política sem emoção, mesmo nos povos mais racionais do mundo. Em segundo lugar, a política está imersa em um complexo de variáveis, envolvendo emoção, razão, interesse, engano, ardil, astúcia, persuasão, retórica, convencimento, ódio, amor, circunstâncias econômicas, políticas e sociais, fé, carisma etc. Somente os idiotas da objetividade pensam que a política implica apenas em escolhas racionais, seja dos líderes ou dos eleitores.

Se a intenção de voto em Lula aumenta e a rejeição cai, há nisso uma tendência, com a perspectiva da curva do crescimento e a curva da queda se aproximarem. Lula está ganhando votos no chamado centro político, nos eleitores "neutros", e cada vez mais se reconhece, mesmo em setores que não votam nele, que há uma ação persecutória por parte do juiz Moro. Este, que era quase uma unanimidade nacional, vê as curvas da aprovação e da rejeição se movimentarem no sentido inverso do movimento que elas fazem no gráfico de Lula.

Existe uma combinação de fatores que explica o desempenho de Lula: nos governos Lula, a vida era melhor do que no atual momento; quase 60% da população avalia o governo Temer pior do que o governo Dilma; para um número cada vez maior de pessoas houve uma "armação" (golpe) para afastar Dilma; o governo Temer é fortemente identificado como uma organização criminosa; percebe-se cada vez mais que o maior protagonista da corrupção na Petrobrás foi o PMDB; o PSDB e Aécio Neves têm a imagem de hipócritas, cínicos e falsos moralistas; contra os 51 milhões de Geddel, a mala de dinheiro de Temer e Rocha Loures, as jóias e dinheiro de Cabral e várias contas no exterior de vários políticos, as provas contra Lula são imateriais; na visão majoritária das pessoas, Lula foi o presidente que mais fez pelos pobres, para a maioria da população; Lula incrementou o desenvolvimento do Nordeste; Lula promoveu a recuperação do salário mínimo, do emprego e da renda; no governo Lula foram implementadas várias políticas sociais, desde habitação, Prouni, Luz Para Todos, Bolsa Família etc.; parte dos eleitores têm fé no poder carismático de Lula, ausente em outros políticos; Lula tem uma imensa capacidade persuasiva.

A aposta do eleitorado em Lula é racional
A maior parte dos fatores que explicam o crescimento de Lula, numa situação completamente adversa e persecutória, são de ordem racional, por interesses, por comparações e por resultados. A tese de que Lula se mantém principalmente porque tem seguidores devotos e porque ele é chefe de uma seita é absolutamente falsa, como são falsas as supostas neutralidade e a cientificidade de quem a sustenta. O desespero analítico dos dissimulados volta todas as suas esperanças para que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região declare Lula impedido de concorrer para que as fraudes das parcialidades analíticas salvem as aparências.

Vejam o que escreveu Murillo de Aragão em abril deste ano: "Para piorar, caso Lula consiga chegar a 2018 elegível, sofrerá um bombardeio midiático intenso, já que passou a personalizar tudo de ruim que aconteceu no Brasil nos últimos anos. Poderá até chegar ao segundo turno, mas ganhar é outra história". Este tipo de torcida pode ser boa para ganhar dinheiro no mercado, mas não é uma análise neutra, menos científica. Neste momento, Lula, dentre os políticos, é o que mais personaliza o que o país teve de bom, pois a ética resiste exatamente na promoção do bem comum.

Veja-se esta afirmação em outro texto: "Pois nem PT nem Lula têm inspirado as pessoas. A não ser lavar propina a jato nos cofres da Petrobras". E ainda tem muita gente levando a sério este tipo de análise. Lula e o PT certamente cometeram muitos erros. Mas daí a lavrar esse tipo de sentença é um despropósito analítico. Lula, hoje, lidera em todos os cenários para 2018 e uma pesquisa do Datafolha publicada em junho mostra que o PT é o partido de maior preferência dos brasileiros, com 18% das preferências, distante dos 29% já alcançados em outro momento, mas igualmente distante dos 5% do PSDB e do PMDB.

A superação da crise passa por uma eleição democrática e legítima. A eleição não será nem democrática e nem legítima se Lula for excluído dela. Este é o memento em que os conflitos, as diferenças programáticas e estratégicas têm que se explicitar. Os campos eleitorais devem se definir em torno desses conflitos e diferenças, pois a democracia é dissenso e conflito. O único acordo possível é em torno da eleição democrática e legítima, até porque, se há que existir um consenso este deve ser em torno das regras e dos valores básicos da democracia. Esse consenso básico foi rompido pelo golpe e foi rompido pela quadrilha que está no poder, com seus aliados, incluindo o PSDB, ao violentarem a vontade popular com a imposição de uma agenda de contra-reformas que não foi nem discutida e nem referendada pelo voto popular.

Somente um governo emergido da eleição democrática e legítima poderá restabelecer as condições do diálogo democrático e de serenar a exaltação dos ânimos, sem que isto signifique uma conciliação fadada a sacrificar as classes populares. A democracia pressupõe negociação. Mas a negociação pressupõe a legitimidade do governo, algo que Temer não tem e algo que um futuro governo saído de uma eleição ilegítima não terá.

ALDO FORNAZIERI, Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política (FESPSP).

Do 247

terça-feira, 11 de julho de 2017

Senadores aprovam reforma trabalhista e destroem a CLT

Após longas horas de protesto e resistência de senadoras da oposição, que ocuparam a mesa da presidência do Senado para impedir a votação da reforma trabalhista de Michel Temer, os senadores aprovaram o texto-base da proposta por 50 votos a 26.

A proposta do governo Temer restringe direitos históricos dos trabalhadores. Entre as medidas de maior destaques estão o acordado entre empregados e empresários sobre o legislado, o que deixa em segundo plano os direitos previstos na legislação.

Após a aprovação do texto-base, os senadores passam a analisar destaques que podem alterar o conteúdo final do texto, o que obrigaria que a matéria voltasse para a Câmara dos Deputados.

A votação da proposta foi adiada por quase sete horas devido ao protesto das senadoras pedindo alterações no texto. O governo de Michel Temer não quer que a matéria seja alterada para evitar que retorne à Câmara, que atualmente está às voltas com a análise da denúncia de corrupção passiva contra o peemedebista.

Ex-líder do PMDB, agora integrante da oposição, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) lembrou que o governo não tem legitimidade para aprovar a reforma. "Muitas vezes a virtude está na minoria. Foi o que aconteceu nesta noite", disse.

247

Eduardo Guimarães: o Golpe de 2016 ocorreu porque o de 1964 os culpados ficaram impunes

Chegou a hora de começar a colocar os pingos nos I’s. O povo está acordando. Na verdade, na avaliação desta página os crimes e a impunidade de Aécio Neves foram mortais para a direita.

À exceção dos fascistas de sempre, a grande maioria dos brasileiros já se deu conta de que Dilma Rousseff foi derrubada para que os grandes empresários pudessem arrancar do povo o que o PT lhe deu.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Eduardo Guimarães: Michel Temer vivencia que não há honra entre golpistas

O presidente golpista, Michel Temer, mal deve estar acreditando na vingança da história contra si. Há pouco mais de um ano ele começou a trair Dilma Rousseff. Chegou ao poder todo pimpão, exibindo sua boneca inflável, seus ternos caríssimos, seu português cafona e sua completa falta de noção.

E agora…

Bem, o noticiário fala por si mesmo. Vejamos as manchetes:


Ora, ora. Que injustiça Temer praticaria contra o presidente da Câmara, o demo Rodrigo Maia, simplesmente aquele nas mãos de quem repousa o destino do presidente da República?

Temer não fez nem nunca faria nada para desagradar seu provável sucessor. Ele está inventando uma desculpa para romper com o ex-comparsa.

E tome banho de realidade para Temer.







Pois é, até a Marcela. Tão “apaixonada”…

Uma pergunta: se Temer for derrubado e, quem sabe, até preso em seguida, quanto tempo a sua neta… digo, a sua esposa vai demorar para picar  a mula, por assim dizer?

O abandono de Temer pelos aliados de ontem, pelos seus comparsas no golpe infame que tirou a verdadeira governante do Brasil (até 1º de janeiro de 2019) do cargo sob uma farsa asquerosa, nada mais é do que a prova de que o crime não compensa.

Muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte. O Brasil precisa punir duramente os golpistas para que esse tipo de ataque ao povo brasileiro pare de ocorrer toda vez que algum governo decide governar para o povo. Chegou a vez de Temer. Chegará a vez dos outros golpistas.

Blog da Cidadania 

domingo, 9 de julho de 2017

Golpistas tiraram o país do caminho da inclusão social, diz Lula

"O Brasil estava no caminho da inclusão social e da redução da fome e da miséria, com programas sociais que são referência em todo mundo. Com a sabotagem promovida pelos golpistas e o golpe, o Brasil saiu desse caminho", escreveu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar a notícia do Globo de que o Brasil poderá voltar ao Mapa da Fome da ONU, com Michel Temer (saiba mais aqui).

O Brasil havia saído desse mapa em 2014, no último ano do governo da presidente legítima Dilma Rousseff.

Confira, abaixo, a postagem do ex-presidente em seu Facebook:

O Brasil estava no caminho da inclusão social e da redução da fome e da miséria, com programas sociais que são referência em todo mundo. Com a sabotagem promovida pelos golpistas e o golpe, o Brasil saiu desse caminho. #equipeLula.

"Quando o país atingiu um índice de pleno emprego, na primeira metade desta década, mesmo os que estavam em situação de pobreza passaram a dispor de empregos formais ou informais, o que melhorou a capacidade de acesso aos alimentos. A exclusão de famílias do Bolsa Família, iniciada ano passado, e a redução do valor investido no Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), que compra do pequeno agricultor e distribui a hospitais, escolas públicas e presídios, são uma vergonha para um país que trilhava avanços que o colocava como referência em todo o mundo — afirma Francisco Menezes, coordenador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e consultor da ActionAid, que participaram da elaboração do relatório."

247

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Guimarães: Golpistas devem responder por crime de lesa-pátria

Passei a vida pregando no deserto ao repetir, sempre que a ocasião exigia, que “A verdade é uma força da natureza como o vento ou a chuva e, assim, não pode ser contida”, e que tentar contê-la equivale a “Tentar reter água entre as mãos em concha, que escapa por entre os dedos”.

Mesmo as pessoas que se norteiam pela verdade sempre parecem algo descrentes de que a verdade vença sempre, mas é porque confundem verdade com justiça, que deveriam ser a mesma coisa, mas, na prática, raramente caminham juntas.

Mas a verdade sempre tem potencial para aumentar a chance de que seja feita justiça.

Essa reflexão faz sentido em um momento em que o país começa a enxergar a verdade. Qual verdade? São várias. Vamos a elas.

1ª – O impeachment de Dilma Rousseff foi golpe porque não havia motivo válido para derrubá-la, tanto que vemos crimes de verdade comprovadamente cometidos por Michel Temer e o Congresso, os batedores de panela e os pretensos “guardiões da moral” não dizem A.

2ª – Ao contrário do que prometiam os autores do golpe contra Dilma Rousseff, a derrubada de seu governo não pôs fim à crise econômica e, muito menos, à crise política. Pelo contrário, aumentou essas crises.

3ª – A Lava Jato foi uma farsa engendrada para abalar a economia e prender e desmoralizar petistas sem provas, à exceção de um ou outro que delinquiu mesmo porque delinquentes há em qualquer grupo político, social, econômico, acadêmico, religioso etc., etc.

4ª – As reformas trabalhista, da Previdência, a terceirização e todas as demais medidas econômicas do governo que tomou o lugar do governo Dilma são a causa do golpe: tirar do pobre pra dar ao rico – segundo pesquisas de opinião, a esmagadora maioria do país passou a pensar assim.

5ª – Os acusadores mais veementes do PT são autores de crimes tão ou mais graves que os que denunciam contra os petistas – crimes que, em grande parte, ainda não foram provados.

6ª – A Justiça brasileira condena e absolve políticos acusados de corrupção valendo-se de critérios político-partidários e ideológicos e não de provas e ritos consagrados. Por isso, absolve sempre bandidos filiados ao PSDB.

7ª – Os governos do PT fortaleceram as instituições que podem combater a corrupção e os governos que antecederam e sucedeu os do PT trataram e tratam de enfraquecer essas instituições com vistas a fortalecer a corrupção – o coordenador da Lava Jato no MPF, Carlos Fernando dos Santos Lima, declarou isso ao jornal O Estado de São Paulo.

Há muitas verdades mais, mas essas são as mais evidentes. Brilham como o sol, impedindo que seus formuladores e a massa manipulada deixem de enxerga-las.

Mas quem foi que cometeu esse crime de lesa-pátria de sabotar um país inteiro só para tirar do poder um grupo político que implantou justiça social, redução extrema da pobreza e da desigualdade e que fortaleceu as instituições que combatem a corrupção?

Também são muitos. Cada um que bateu ontem uma panela na sua varanda-gourmet ou que vestiu camisa da Seleção ou com os dizeres “Eu não tenho culpa, eu votei no Aécio”, colaborou com a sabotagem do país. Mas alguns não agiram por meramente apoiar o golpe, praticaram atos para sabotar o país sob motivação político–econômica.

Os autores do golpe são, em primeiro lugar, os 367 deputados federais e os 61 senadores que retiraram o mandato de Dilma Rousseff sem o apoio de provas cabais de crime de responsabilidade ou comum (como o de Michel Temer).

Também são autores do golpe as autoridades por trás da Lava Jato que desmontaram a economia fazendo estardalhaço de investigações policiais sobre grandes grupos econômicos e sobre a administração do país. O show paralisou a economia e provocou dramas terríveis para milhões de brasileiros.

Os meios de comunicação que organizaram campanhas para desestruturar a economia fazendo terrorismo e vendendo que a solução para os problemas causados pelos golpistas era consumar o golpe, também têm que responder por esse crime.

O Brasil não pode seguir adiante e se tornar uma nação séria, em que a Justiça funciona de verdade, sem que os autores da desgraça política, econômica e social em curso sejam punidos.

O golpe de 2016 só aconteceu porque o golpe de 1964 ficou impune. Como o golpe atual está sendo desmascarado mais rapidamente e como esse golpe requer aparência de legalidade, será mais fácil punir seus autores quando a normalidade democrática for restaurada.

Os golpistas vão rir do risco de pagarem por seus crimes, mas não percebem como o jogo está mudando e quão rápido está mudando. Até as eleições do ano que vem, o Brasil todo já saberá de tudo isso que foi dito a cima. E vai eleger um governo com mandato para punir os sabotadores do Brasil

O que esses aqui mencionados fizeram com o Brasil foi um crime de lesa-pátria, mas, também, um crime de lesa-humanidade por conta da dor, do sofrimento, das mortes, das tragédias que esse golpe parlamentar infame produziu. Eles não perdem por esperar.


Se você concorda que urge que seja aberta uma investigação de alto nível – com supervisão internacional – sobre o processo no Congresso que cassou Dilma e sobre a paralisação da economia por força de uma mísera operação policial partidarizada, divulgue a ideia e manifeste seu apoio.

Blog da Cidadania

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Ion de Andrade: A esquerda e a questão republicana

Raramente um fato aparentemente tão desimportante quanto o episódio que envolveu Miriam Leitão num vôo foi alvo de tanto interesse público. Por que? O que houve por trás disto que justificou tamanha atenção. Sabe-se que o que atrai a atenção dos passantes num acidente de trânsito é que ele encerra uma verdade que deve ser entendida por razões de sobrevivência. Se um fato, aparentemente menor, atraiu tanta atenção é porque algo tem a ensinar.

Habituada a agredir petistas e pessoas ligadas ao campo progressista em enterros, internamentos hospitalares, restaurantes e nas ruas, a turba fascista em que se converteu a direita tradicional no Brasil, nunca recebeu reprimenda de nenhuma das suas organizações políticas de referência e, como quem cala consente, essa expressão de ódio tornou-se o comportamento normal, o modus operandi daqueles que aspiram a governar e estão governando o Brasil. Como já disse alguém, no Brasil não temos esquerda e direita, mas Casa Grande e Senzala, o que insere esses ódios novos a uma velha tradição nacional que relega aos de debaixo, o pó.

O que ocorreu no episódio Miriam Leitão/Gleisi Hoffmann foi o magnífico ensaio do que deve ser clara e ostensivamente a nossa conduta. Militantes petistas, e depois ficou provado que não se excederam, foram acusados, pela suposta vítima, Miriam Leitão, de agressão pessoal e política num vôo comercial. Não sei se alguma vez a colunista sentiu-se incomodada com agressões sofridas por gente de esquerda em, limitemo-nos a essa circunstância, enterros de seus mortos. Não vem ao caso, independente disto, baseado numa exigível presunção de inocência, a presidente nacional do PT pediu-lhe desculpas e sinalizou, como lhe pareceu o seu dever, aos que teriam participado da suposta agressão como também ao conjunto da militância e ao país, que esses não eram nossos métodos, e que não podíamos nos igualar à Globo.

Depois disto, inúmeros testemunhos demonstraram que os fatos não haviam sido como narrados por Leitão e eram outros, que as agressões em nenhum momento foram a ela, mas à Globo que ela de direito ou de fato representa, e que tratou-se de um mal decorrente da sua notoriedade e da sua assumida parcialidade, a que, aliás, tem direito, respeitada a integridade moral dos seus alvos... poderiam ter sido aplausos se mais distinta fosse a clientela do voo. Reconheça-se também que, provado não ter havido agressão à pessoa da colunista, e por vivermos, ainda, num país que garante a liberdade de expressão, nada há contra os militantes que gritaram palavras de ordem. Há, portanto, espaço para que a própria Gleisi enquanto presidente do PT possa analisar se vai ou não processar a dita colunista por calúnia e difamação.

Feita essa consideração voltemo-nos a Gleisi. Legítima representante de uma das maiores forças políticas do Brasil, força esta não somente portadora de valores, de uma tradição de lutas e de respeito à democracia, mas que governou e pretende novamente governar o Brasil, Gleisi se limitou a exprimir no episódio o ideário que a sua força política abraça. E, sim, admoestou os seus. Magnífico exemplo. A possível mentira da colunista enobrece ainda mais a sua atitude desprendida e corajosa. E os militantes repreendidos, embora tenham o direito de mostrar quem é Miriam Leitão, têm o dever moral de entender o que a presidente do partido quis dizer. Não é uma questão doméstica, como querem os que acham que ela deveria ter perguntado aos militantes antes de agir. É uma questão pública, um ótimo momento de dizer a que viemos. E, naturalmente, os militantes devem ser ouvidos .

A questão republicana não pode ser confundida com ingenuidade, ela opera no interesse das maiorias e é uma ferramenta muito poderosa de organização das expectativas políticas, conformando, portanto, a cultura a nosso favor.

Há pesada crítica aos governos petistas por ter assegurado sempre a escolha do primeiro da lista do Ministério Público para uma definição, privativa do Executivo, dos Procuradores Gerais da República. E de fato houve aí erro e ingenuidade. Por que? Porque a escolha do primeiro da lista nem sempre atendeu ao respeito à República. Foi o primeiro da lista Janot? Foi republicano? A escolha do primeiro da lista é demagógica e não republicana. A escolha republicana deveria, sempre, ter sido a escolha do mais fiel à isenção e à honra das instituições acima dos interesses específicos, o que, óbvio ululante, não ocorreu. Deveriam ter sido escolhidos promotores reconhecidos por sua grandeza e apego à justiça, e não por sua vaidade, partidarismo, corporativismo ou por sua canalhice, pessoas que fossem reconhecidamente capazes de processar o (a) presidente por causas reais e não casuísiticas.  Não se pode escolher a primeira raposa da lista para tomar conta do galinheiro esperando, em nome dessa estupidez que, por reconhecimento, não devore galinhas. Da mesma forma que seria perverso escolher alguém alinhado ao PT para a PGR.

Critica-se também o PT por ter convertido a Polícia Federal numa força sem comando e aí se atribui a isso o seu republicanismo. Porém observemos, Cardozo ministro e Dilma presidente, nesse particular foram republicanos ou omissos? E Aragão quando prometeu punição para conduções coercitivas desrespeitosas da lei teria sido antirrepublicano? Não, na verdade, a atitude de Cardozo foi lesa-pátria e a de Aragão republicana.

Não podemos desejar um Estado que em nome de uma parcialidade política enviesada em favor da esquerda deixe de buscar a isenção necessária no tratamento da coisa pública. É óbvio que, como construções sociais em meio a uma sociedade dividida entre explorados e exploradores, garantir o caráter republicanos das decisões será sempre um terreno de lutas e de interpretações bem difíceis. E temos lado. Podemos entender como republicano coisas que a direita considere que não são. Vamos enfrentá-los.

Porém, o que está claro é que as forças conservadoras no Brasil não têm, dados os compromissos que estabeleceram com o mercado, com o proveito próprio, ou com o crime organizado, como está escancarado à luz do dia, a menor condição de gerir o Estado com qualquer espírito republicano, compreensão que é estratégica para o campo progressista que deve afirmar-se aí também. O que se constata ,porém, é que o governo da direita no Brasil é, na verdade, um espetáculo dantesco e que, ainda que com ingenuidade e demagogia, somente a esquerda demonstrou poder ser republicana.

Nunca esqueçamos que o Estado democrático de direito é a casa das maiorias e que ele é também a República. Construir e consolidar esse caráter republicano, estratégico para nós, não será coisa nem para demagogos, nem para frouxos. A República é a ordem da casa. Só empunha essa bandeira a força que aspira e pode ser hegemônica. A esquerda democrática, que se opõe à direita plutocrática deve ser tão republicana quanto a direita é antirrepublicana, oligárquica, coronelista, senhorial ou escravagista...

Na sua aparente fragilidade Gleisi fez a coisa certa. A República é um cavalo bravo que não se deixará domar por demagogos que queiram jogar para a plateia. A sua condução exigirá punhos de aço, desapego e sede de justiça, mas as maiorias não precisam temer a República, os privilegiados sim.

No Tarot a República bem que podia ser representada pela carta da Força, aquela onde uma moça de aparência frágil calmamente domina o Leão.

Possa Gleisi estar à altura.

Do GGN

terça-feira, 6 de junho de 2017

Pobre de direita: ele ganha 2 mil (por fora) e tem pena do patrão, por Eduado Guimarães

A tarde cinzenta e chuvosa chegava a parecer noite, de tão escura. Os outros carros com os faróis e lanternas reluzentemente acesos e o meu com um farol e uma lanterna enguiçados. “Pode confundir outros motoristas”, pensei.

Semanas antes, fora a um eletricista de automóveis que me pediu uma centena e meia de reais para trocar duas lâmpadas do tamanho de bolinhas de gude. De um carro popular. Recusei a extorsão e fui deixando até que, na tarde escura e chuvosa, percebi que por conta de alguns reais estava me arriscando.

A oficina surgiu milagrosamente, como que em resposta aos meus pensamentos e necessidades. Bem montadinha. A limpeza me deixou com boa impressão. Dois homens uniformizados passaram uma sensação de confiança.

É a esse que eu vou…

Dois homens. Um deles, um rapaz de uns 35 anos, branco, olhos claros; o outro, branco, careca, também de olhos claros, porém cinquentão como eu.

Cumprimentaram-me educadamente e o mais jovem se retirou em seguida, saindo em um dos veículos estacionados dentro do estabelecimento.

O careca começou a desmontar minha lanterna traseira. Jogando conversa fora, perguntei como andavam os negócios.

O mecânico diz que, graças àquele filho da puta que falou que era uma “marolinha”, estava tudo uma merda no Brasil.

Meu ímpeto foi lhe dizer que Lula falou que a crise seria uma “marolinha” no já distante 2008 e, depois daquilo, o Brasil se recuperou rapidamente da crise iniciada com a quebra do banco dos irmãos Lehman. E que esta crise nada tinha que ver com aquela.

Porém, preferi descobrir mais sobre quem se confundia daquele jeito. Confesso que o diálogo me deixou perturbado.

— Você é o proprietário da oficina?

— Não, não, sou prestador de serviço. Autônomo.

— Você presta serviço a outras oficinas?

— Não, só a esta.

— Mas tem horário livre, não é?

— Ah, quem me dera… Chego às 7 da manhã e saio às 8 da noite.

— Nossa, trabalha bastante, hein! Pelo menos deve estar tirando uma nota…

— Doce ilusão…

— Como assim, você não ganha uns 5 paus?

— Tá longe disso…

— 4?

— Não.

— 3?

— Não.

— Pô! Mas, perdão, quanto você ganha?

— É comissão de 40% sobre a mão-de-obra…

— Mas quanto dá isso por mês, homem? Desculpe perguntar…

— Sem problemas… Por volta de uns 2 paus.

— Nossa, mas sem registro em carteira?

— Senão o patrão não aguenta, é muito encargo. Ainda bem que a reforma trabalhista vem aí…

— Hein?!

— O problema do Brasil são os encargos comunistas do “nove dedos”…

— Desculpe, mas o autor dos encargos trabalhistas morreu em 1954…

— Que seja, mas o PT ferrou o Brasil.

— Mas, escute, esta bela oficina, cheia de equipamentos caros, toda pintadinha de nova… Esse patrão não poderia pagar uns 800 reais de encargos trabalhistas? Aliás, você mora em que bairro?

— Santo Amaro…

— Mas ele te paga o ônibus?

— Não, eu sou autônomo, microempresário… Liga lá a chave e pisa no freio, por favor.

Do Blog da Cidadania