Mostrando postagens com marcador negros. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador negros. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 23 de outubro de 2018

PESQUISADORES APONTAM PROFISSIONALIZAÇÃO DA REDE DE FAKES PRÓ-BOLSONARO NO WHATSAPP

Pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) que acompanharam 90 grupos de WhatsApp ao longo das eleições afirmam que os núcleos que apoiam Jair Bolsonaro atuam de maneira "orquestrada" na difusão de fake news. As notícias falsas, ainda por cima, seriam produzidas por profissionais e direcionadas a vários setores do eleitorado.
Segundo a reportagem da Agência Pública, grupos de apoio a Ciro Gomes, Marinas Silva, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad também foram monitorados, mas em menor quantidade. Foi nos grupos em favor de Bolsonaro, contudo, que os pesquisadores detectaram profissionalismo e técnicas para engajar o discurso em favor do capitão da reserva. 
O estudo mostra, ainda, que de 30 mensagens disparadas em favor do Bolsonaro, 1 veio de exterior. As fake news são produzidas e jogadas em grupos que possuem até 250 pessoas como membros. Uma parte dessas pessoas, voluntariamente, leva a notícia falsa de um grupo para outro. Com o prefixo do número de celular, é possível criar grupos que atinjam todas as regiões do País. 
As mensagens são personalizadas para cair mais fácil no gosto dos internautadas. Os principais temas abordados colocam o PT como um risco para a família tradicional, como uma ameaça comunista, e exploram também a questão da segurança, garimpando apoiadores à bandeira de Bolsonaro: o armamento da população.
Segundo a Pública, a informação é que a ideia do Brasil virar uma Venezuela caso o PT volte ao poder está sendo trabalhada por esses grupos ao menos há 2 anos. 
Há também casos em que os bolsonaristas se infiltram em grupos de adversários, fingindo que são simpatizantes, e depois de ascenderem à posição de administrador, deletam o grupo. Aconteceu com Marina Silva, por exemplo. 
Além disso, a pesquisa da UERJ mostra que há internautas coordenando a mensagem que deve ser espalhada. Isso ficou claro após o primeiro turno, quando discursos atacando o Nordeste pipocaram. Esses direcionadores chegaram a deletar quem fazia ataques aos nordestinos, alegando que Bolsonaro precisa de votos na região para vencer. 
Leia a matéria completa aqui.
GGN

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Analfabetismo e falta de escolaridade no Brasil têm cor e lugar

Os dados da educação divulgados hoje pelo IBGE não são dos melhores: o Brasil tem quase 12 milhões de analfabetos e quase 25 milhões de pessoas entre 14 e 29 anos fora da escola. Ainda, 51% da população adulta no país concluiu apenas o ensino fundamental contra 15,3% que detém ensino superior.  
Mas os dados revelam que os baixos níveis de educação têm cor e localização geográfica: enquanto mais de 22% dos brancos tem nível superior, a porcentagem reduz para 8,8% na população preta ou parda. E as menores médias de anos de estudo estão no Norte (7,4 anos) e no Nordeste (6,7) do país. 
É no Nordeste também onde há a maior taxa de analfabetismo do Brasil, com a estimativa de 14,8% para pessoas de 15 anos ou mais, quase quatro vezes mais do que no Sudeste (3,8%) e no Sul (3,6%). Em todo o país, a porcentagem é de 7,2%, que em números reais são 11,8 milhões de analfabetos. Enquanto para pretos ou pardos a taxa foi de 9,9%, branco representam menos da metade, com 4,2%. 
Taxa de escolarização das pessoas de 18 a 24 anos de idade, por cor ou raça, segundo as Grandes Regiões - 2016 
Os valores proporcionais são superiores no caso de idosos, com 20,4% de analfabetismo no Brasil. A desigualdade em relação à cor também ocorre com o analfabetismo: enquanto 11,7% dos idosos brancos são analfabetos, idosos pretos ou pardos são 30,7%.
Distribuição das pessoas de 25 anos ou mais de idade, por cor ou raça, segundo o nível de instrução - Brasil – 2016.
Já nos números de frequência escolar, são alarmantes para principalmente duas faixa-etárias: Quase 70% das crianças até 3 anos de idade não frenquentavam a creche e a mesma porcentagem para jovens de 18 a 24 anos, que estão fora da escola.  
Em números gerais, de 14 a 29 anos, são quase 25 milhões de brasileiros que não foram à escola ou não concluíram o ensino. A justificativa é que mais da metade deles afirmaram estar trabalhando, outros 24,1% não tinham interesse em seguir nos estudos.  
Leia a íntegra do relatório abaixo:
Arquivo
GGN

domingo, 14 de maio de 2017

Com o fim da CLT esqueceu-se de comemorar a Lei Áurea

Imagem: Arquivo
Esquecemos de comemorar a criação da Lei Áurea

O linchamento de Lula e Dilma por crimes de corrupção ainda não julgados ocupa espaço demais na opinião pública. Um país criado, durante mais de três séculos, a partir do suor e do sangue negro e indígena deveria destacar os 129 anos da extinção oficial da escravidão, em respeito à própria História.

Lembrar que a escravidão foi abolida através da Lei Nº 3.353, de 13 de maio de 1888, pode despertar a consciência popular a respeito da formação do Brasil. Continuamos tão preconceituosos e violentos quanto no passado escravocrata, principalmente com as reformas do governo Temer que destruiu os direitos trabalhistas garantidos na CLT, retornando-se a uma nova forma de escravidão, afetando sensivelmente os mais pobres.

O negro ganha destaque nos sites de grandes jornais brasileiros quando supera a pobreza e se torna juiz (Globo, Estadão e Folha até o meio da tarde do dia 13/05/17 não citavam o aniversário da Lei Áurea). Vira notícia porque geralmente está associado às profissões subalternas como faxineiro e lixeiro. Negros ocupam apenas 18% dos cargos de destaque no Brasil, embora pretos e pardos sejam a maioria da população, segundo o IBGE.

Mais de 60% da população carcerária nacional é composta por negros (Carta). Não sendo novidade, não rende notícia. Os números indicam que a possibilidade de ser preso é maior do que a dos brancos, diferentemente do direito à ascensão social.

Se na data de hoje lembrássemos que milhões de índios foram “gastos” (conforme expressão da época) no Brasil escravocrata, saberíamos que o massacre contra o povo Gamela, no Maranhão, onde indígenas tiveram as mãos decepadas e os joelhos cortados não foi caso fortuito, mas prática secular de setores da sociedade com a conivência ou apoio direto de parlamentares e ministros de Estado (inclusive do governo Temer). Os vândalos sanguinários não são os índios que se manifestam por sua sobrevivência segurando arco e flecha. O aspecto cultural dos utensílios que carregam é desprezado desde 1500.

Através do resgate da Lei Áurea poderíamos explicar aos jovens quais relações sociais permitiram que se tornassem corriqueiras expressões como “Isso é coisa de preto” ou “Negro quando não caga na entrada, caga na saída”. Por que a maioria das empregadas domésticas que vemos nas novelas da TV são negras. O que levou o Brasil a ser um país que lincha publicamente uma pessoa por dia e por que 77% dos jovens assassinados têm a pele negra.

A Lei Áurea encerrou definitivamente a vergonhosa exploração, submissão e destruição legal de outros seres humanos em território brasileiro. Ela não impede, entretanto, que trabalhadores rurais em fazendas do país inteiro ainda sofram de servidão por dívida, jornada exaustiva e trabalho forçado sob a mira de uma arma. Mudar esse quadro e evitar que o Congresso Nacional aprove projetos (como o PL 6442/2016) que eliminam direitos trabalhistas exige mobilização popular.

As prisões de políticos e empresários corruptos efetuadas ao longo da Lava Jato são motivo de orgulho. O show midiático baseado em vazamentos suspeitos e delações frágeis, por outro lado, deliberadamente atrapalha a compreensão do momento atual (que ultrapassa a Lava Jato) condenando precocemente investigados. Os eventos relevantes da História, entre eles a Lei Áurea, nos surpreendem com seus esclarecimentos sobre o presente quando objetos de reflexão.

Do GGN