domingo, 8 de maio de 2011

DILMA: AFINANDO O DISCURSO DA INFLAÇÃO

Ainda se recuperando da pneumonia, a presidente Dilma Rousseff começou a trabalhar cedo na sexta-feira (06). Do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, ela convocou alguns assessores logo cedo para afinar o discurso sobre um número nada agradável que seria divulgado praticamente no mesmo momento no Rio de Janeiro: o IPCA de abril, de 6,51%, que bateu o teto da meta de inflação.

A ordem da presidente Dilma era tentar evitar visões "pessimistas" e "alarmistas" sobre a notícia ruim a ser divulgada pelo IBGE. Afinal, a inflação acumulada nos últimos doze meses superou o teto da meta antes do que o governo gostaria. Tecnicamente, diz o governo, ainda não superou. Bateu no teto, mas não o teto. Um detalhe, porque em maio, com certeza, vai superar o teto de 6,5%, dois pontos acima do centro da meta, de 4,5%.

Dilma está convencida de que precisa ganhar a batalha das expectativas, que seu governo vinha perdendo desde o início do ano. Daí sua decisão de reunir sua equipe logo cedo para ensaiar o discurso a ser divulgado para imprensa, mercado e empresários nos próximos dias.

O momento, apesar do dado ruim divulgado, é mais favorável ao governo na sua busca de convencer os agentes econômicos de que a inflação tende a cair nos próximos meses. Resultado das últimas decisões da equipe da presidente Dilma: juros em alta por tempo "suficientemente prolongado", decisão real de fazer um ajuste fiscal e nada de pauladas no câmbio que poderiam colocar mais fogo na inflação.

Durante a reunião que realizou com assessores no Alvorada, Dilma ensaiou com sua equipe o discurso de que a inflação divulgada ontem era um "olhar no retrovisor", que o "pior momento já passou" e que é preciso olhar para a frente. Mais precisamente os dados mensais dos índices de preços, e não o percentual acumulado nos últimos doze meses.

Esse último dado vai continuar subindo nos próximos meses. Começa a declinar apenas a partir de outubro. Os índices mensais, contudo, já vão começar a declinar a partir de maio. Projeção tanto do governo como do mercado. Enquanto a inflação mensal de abril ficou em 0,77%, o governo já fala em número abaixo de 0,50%. O mercado, na média, projeta 0,43%.

A certeza advém, em boa parte, de uma informação que o próprio governo não gosta de comemorar. A economia está desacelerando. E vai desacelerar mais no segundo semestre, quando as medidas já adotadas pelo governo começarão a surtir mais efeito na contenção do crédito, na busca de esfriar o apetite de consumo dos brasileiros.

Por enquanto, a equipe do Ministério da Fazenda insiste que o crescimento da economia em 2011 deve ficar em 4,5%. O Banco Central fala, oficialmente, em 4%. Reservadamente, porém, há quem diga no governo que o número pode ficar um pouco abaixo de 4%. Tudo bem, seria o preço a ser pago para garantir uma inflação declinante neste ano, para convergir ao centro da meta em 2012.

Em outras palavras, o governo Dilma deve ser forçado a aceitar algo que não queria. Em nome de segurar a inflação, a presidente deve concordar que o crescimento não seja exatamente o que ela desejava. Esse discurso, contudo, o governo não vai assumir publicamente.
 
Fonte: O Imparcial

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O AVESSO DO AVESSO

Está bombando no YouTube e provocando acessos de gargalhadas e deboches um filme de sete minutos em preto e branco com o prosaico título Maranhão 66. Aparentemente é um documentário sobre a posse de José Sarney no governo do Estado, feito por encomenda do eleito. Mas é assinado por Glauber Rocha.

Com 35 anos, cabelos e bigode pretos, Sarney discursa para o povo na praça, num estilo de oratória que evoca Odorico Paraguaçu, mas sem humor, à sério, que o faz ainda mais caricato e engraçado. Sobre seu palavrório demagógico, Glauber insere imagens da realidade miserável do Maranhão, cadeias cheias de presos, doentes morrendo em hospitais imundos, mendigos maltrapilhos pelas ruas, crianças esquálidas e famintas, enquanto Sarney fala do potencial do babaçu.

Só alguém muito ingênuo, ou mal-intencionado, poderia imaginar que Glauber Rocha fizesse um filme chapa branca. Em 1964, com 25 anos, ele tinha se consagrado internacionalmente com Deus e o diabo na terra do sol e vivia um momento de grande prestígio, alta criatividade e absoluto domínio da técnica e da narrativa cinematográfica. E odiava a ditadura que Sarney apoiava.

Em Maranhão 66, a narrativa se estrutura na dialética entre as imagens da realidade dramática e a demagogia caricata do jovem político provinciano que está tirando do poder um velho coronel - para se tornar ele mesmo o novo coronel.

O filme dentro do filme é imaginar o susto de Sarney quando o viu. Em vez de filmar uma celebração vitoriosa, Glauber usou e abusou da vaidade e do patrocínio de Sarney para fazer um devastador documentário sobre um arquetípico político brasileiro. E uma pesquisa para Terra em transe, que filmou em seguida e hoje é considerado a sua obra-prima. Sarney foi a base para o líder populista interpretado por José Lewgoy, famoso como vilão de chanchadas.

Glauber dizia que o artista também tem de ser um profeta; mas a sua obrigação é de profetizar, não de que as suas profecias se realizem. O discurso de Sarney e as imagens de Maranhão 66 são os mesmos do Maranhão 2011, num filme trágico, cômico, e, 46 anos depois, profético.

Nelson Motta - O Estado de S.Paulo

A DEMOCRACIA DO TERROR

A história dos Estados Unidos da América nos últimos séculos é a história da farsa. A maior democracia do mundo faz fora o que não é capaz de fazer dentro, em seu território, contra seu povo. Inventam inimigos para ganhar eleições. Financiam e empossam ditadores para escravizar povos e confiscar suas riquezas naturais. Assim é, assim foi, em anos e anos de domínio e desprezo por povos menos desenvolvidos.

Até bem pouco tempo, fez da América Latina sua latrina, legando a nós a submissão e as atrocidades de sanguinárias ditaduras que vitimaram, sobretudo, o desenvolvimento de um sentimento de nação, de povo, de Estado.

Depois de engordarem e adestrarem Saddan Hussein, em sua eterna luta pelo domínio do Oriente Médio e de seu petróleo, elegeram-no inimigo, viabilizando mais uma eleição para o presidente de olhos miúdos George W. Bush. Tudo, com uma farsa inventada pelos EUA e aprovada pelo servilismo do mundo inteiro, das maiores potências mundiais. Era o início do martírio e do inferno para o pobre povo do Iraque, que com a ajuda das maiores democracia do planeta, viu seus dias de paz mutilados, contando com uma cumplicidade e complacência planetária. 

Uma escandalosa vergonha mundial! Depois desse episódio, que decepou o sentido de liberdade no Planeta, instaurou-se um lamentável sentimento de constrangimento no mundo. Ainda assim, alguns anos depois, o presidente dos EUA, um negro com nome árabe, viaja o mundo falando em liberdade, em democracia, na autodeterminação dos povos. 

No Brasil, com desenvoltura de um esgrimista, defendeu isso em todos os canais de comunicação, quando, no outro dia, invadia e matava líbios, tendo a participação de aviões não tripulados. Os EUA são isso, um país que faz guerras enviando aviões não tripulados. Onde tem gente, lançam bombas, sem considerar os que estão ao redor de seus alvos.

O êxito das ações de Osama Bin Laden e sua rede de terror só foi possível pelo seu treinamento especial recebido nas trincheiras nebulosas da CIA. Os EUA investiram no dedicado discípulo para bombardear, instabilizar e dominar o mundo árabe. Suas fotos ao lado do líder mundial Bush pai estão aí, publicadas mundo afora. E os EUA mentindo e matando, matando e mentindo. 

Um, faz o terrorismo de Estado, aprovado e aplaudido por aqueles que defendem a liberdade e a democracia. Um terrorismo oficializado, sem rosto, eufemizado. Outro, faz o terrorismo escancarado, das ruas, do rosto exposto e divulgado mundo afora. 

A grande diferença entre eles é que são iguais, que matam e mutilam povos, que escravizam corações e mentes, aterrorizam a Humanidade. Se buscarmos nas páginas da memória, encontramos as mais belas lições da História escritas pela luta da independência dos EUA, coisa que orgulha a Humanidade até os dias de hoje. 

No entanto, o país que ousou lutar e conquistar a liberdade, com seu exército de homens e ideais, hoje é apenas um fantasma, uma sombra, um vulto, que assombra e atormenta o mundo inteiro.

Petrônio Souza Gonçalves petroniosouzagoncalves@gmail.com 

São Paulo

quinta-feira, 5 de maio de 2011

COM CHUVAS, RODOVIA DO MA É DESTRUÍDA POR RIO

Foto: Jarivânio Alencar/blog "jarivanio.com"
Temporais que castigam o Estado romperam três trechos da rodovia, a principal ligação entre o Maranhão e o Pará

As chuvas que castigam o Maranhão desde o início do ano estão deixando milhares de desabrigados e comprometendo a infraestrutura do Estado.

Desde a semana passada, a BR-316 vem sofrendo com as chuvas. Três trechos da rodovia foram destruídos entre as cidades de Governador Nunes Freire e Maracaçumé (respectivamente a 459 e 470 quilômetros de São Luís).

Estrada é destruída pelo rio, no interior do Maranhão
Um deles, o km 58 da rodovia, rompeu-se no último domingo e interrompeu o tráfego de veículos durante 48 horas. Nos km 62 e km 65, a rodovia foi parcialmente destruída, mas a circulação de automóveis ainda ocorre em meia pista. As enxurradas foram provocadas pela inundação do Rio Rurupi, que corta a rodovia.

O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) está no local realizando reparos emergenciais e, na noite de terça-feira, liberou parcialmente o tráfego de veículos no km 58. Apesar disso, no trecho ainda existe um congestionamento de aproximadamente 10 quilômetros, conforme informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Outro trecho destruído
Alguns caminhoneiros ainda não conseguiram transpor o trecho desde domingo. A rodovia BR-316, neste trecho interrompido, é a principal ligação do Maranhão com o Pará e também liga o extremo norte do Estado com a capital, São Luís.

Chuvas no Nordeste:
Em função da inundação do Rio Gurupi, 1.018 moradores de Governador Nunes Freire foram obrigados a deixar as suas casas, conforme dados da Defesa Civil Estadual.

A cidade hoje, sozinha, já responde por aproximadamente 10% dos desabrigados em todo o Maranhão. Dez mil pessoas ainda estão alojadas em abrigos públicos (desabrigados) ou em casas de parentes (desalojados) no Estado em função das chuvas.

Wilson Lima, iG Maranhão

quarta-feira, 4 de maio de 2011

IGOR LAGO DIZ QUE ASSUMIRÁ O LEGADO DO PAI NO PDT/MA

Tendo vindo a Timon para prestigiar a missa de trigésimo dia e um ato público em homenagem ao pai, nesta quarta-feira(04) à noite, o médico Igor Matos Lago se comprometeu – durante entrevista à rádio Timon-FM – a assumir o legado do ex-governador Jackson Lago junto ao PDT-Partido Democrático Trabalhista; e na continuidade da luta em defesa dos menos favorecidos no Estado do Maranhão.

Sempre acompanhado do ex-prefeito e ex-deputado Chico Leitoa, que foi fundador do PDT maranhense junto com Jackson Lago, Igor Lago contou na entrevista ao programa “Jornal dos Cocais”, da rádio PortalTimonFm e que é apresentado por Leal Filho e Márcio Beckmann, que resolveu assumir a direção da comissão provisório do PDT maranhense depois de conversar bastante com a mãe e outros familiares.

Mas Igor Lago frisou que esta era uma vontade de seu próprio pai, para que ele pudesse manter a unidade do PDT maranhense e, em seguida, conseguir sensibilizar os demais partidos e políticos que fazem oposição no Maranhão, por entender que esta é a única forma de tomar o poder da família Sarney, mais uma vez, através de eleições diretas e legítimas, onde prevalece a vontade do povo e não do judiciário.

Chico: convite suprapartidário
Ao se pronunciar na rádio o ex-prefeito Chico Leitoa convidou os timonenses para prestarem mais esta homenagem ao Doutor Jackson Lago, que começa com uma missa, às 18 horas, na quadra de esportes do Centro da Juventude de Timon, localizado na Fundação Cidadania, no bairro Parque União (veja convite ao lado). Em seguida será apresentado um vídeo/documentário de 12 minutos, contando a vida do Doutor Jackson, elaborado por técnicos de Timon.

Chico Leitoa disse que todos os timonenses serão bem-vindos à homenagem ao ex-governador, independente de cor partidária. “Graças ao trabalho que fez em sua breve passagem pelo Governo, o doutor Jakcson passou a ser suprapartidário em Timon. É tanto que ganhou a eleição em nossa cidade”, arrematou Chico.

Os bons não morrem, adormecem!
Jackson adormeceu nos braços do Pai Eterno para descansar do trabalho, das lutas por um Maranhão mais justo e desenvolvido, para aliviar o cansaço das dores e injustiças.

Deixa uma lacuna e uma saudade imensa!
Enquanto dorme, fica um legado de familiares, amigos, companheiros de lutas, e pessoas que passaram a admirá-lo, pela dignidade, caráter e destemor.

Um LAGO silencia, mas ficam muitos outros que continuarão honrando a luta iniciada pelo nosso bisavô Coronel do Exército Imperial, e depois deputado Luis Pereira do Lago Júnior.

O sobrenome não nos veio à toa, pois a Pereira é uma das árvores mais resistentes e de frutos saborosos, logo, quanto mais podados for, brotarão novos galhos que sustentarão novos frutos. E, quanto ao “LAGO”, nunca secará.

*Gracinha Lago (prima de Jackson Lago)

terça-feira, 3 de maio de 2011

ASSALTO EM LUZILÂNDIA(PI) DEIXA 2 PESSOAS MORTAS

Um bando de seis homens armados com metralhadoras e fuzis assaltou hoje uma agência do Banco do Brasil na cidade de Luzilândia, no Piauí. Na fuga, o grupo trocou tiros com a Polícia Militar e matou Humberto Rodrigues Veloso, gerente do banco, que havia sido levado como refém. Um dos bandidos também foi morto e um policial ficou ferido. O valor levado não foi informado.

Os seis homens chegaram ao banco na hora abertura da agência. Havia cerca de cem pessoas no local, por ser o segundo dia útil do mês. Os clientes foram rendidos e o gerente foi tomado como refém. O bando mandou os clientes deitarem no chão e depois saírem da agência apenas com a roupa de baixo.

A polícia foi acionada e tinha três homens para fazer a segurança do município, de 24.257 habitantes. Os policiais estavam armados com revólver 38 e, mesmo assim, enfrentaram os bandidos. No tiroteio, que durou cerca de 40 minutos, um dos assaltantes, conhecido como Magnus, foi atingido. Ele chegou a ser levado para o Hospital Regional Gerson Castelo Branco, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Testemunhas informaram que ele não era da cidade, mas estava lá há alguns meses. A polícia suspeita que ele era o informante do grupo, que levantou as informações para o planejamento do assalto.

A Secretaria Estadual de Segurança Pública mandou reforço policial, viaturas e um helicóptero para auxiliar no combate aos assaltantes. Na fuga, em uma Toyota Hillux, a quadrilha levou o gerente do banco e mais sete pessoas como reféns. Os pneus do carro dos bandidos foram alvejados pela polícia e eles executaram um dos reféns.

Segundo informações da Secretaria de Segurança, duas metralhadoras foram apreendidas pela polícia. O restante do bando está foragido e a polícia continuava procurando os bandidos nesta tarde, fazendo um cerco entre os estados do Piauí e do Maranhão. A polícia do Maranhão também foi acionada. Dois helicópteros sobrevoavam a região para tentar encontrar o bando.

O secretário Estadual de Segurança, Robert Rios Magalhães, disse que os bandidos estão cercados entre o município de Joca Marques e a divisa com o Maranhão. Segundo o secretário, pela ousadia do crime, a quadrilha não é amadora. "São profissionais. Não será inútil a morte desse gerente. Ser bancário, de repente, se tornou profissão de alto risco e isso não vai ficar assim. Todos os esforços serão desenvolvidos e depois vamos repensar a segurança de Luzilândia", afirmou.

Greve
A Polícia Civil está em greve no Estado do Piauí há 18 dias, reivindicando um reajuste de 24% e melhores condições de trabalho. Mas o secretário de Segurança afirmou que a greve não prejudica as investigações ao assalto em Luzilândia, porque não há nenhum policial civil da cidade em greve.

LUCIANO COELHO - Agência Estado

segunda-feira, 2 de maio de 2011

MA É O ESTADO MAIS RURAL DO BRASIL

Ao todo, 36,9% dos 6,5 milhões de maranhenses vivem longe das zonas urbanas. Cidade mais rural do Estado está praticamente isolada.

Os dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o Maranhão é o Estado que detém o maior percentual da população vivendo em áreas rurais. Pelos dados do IBGE, 36,9% dos 6,5 milhões de maranhenses não moram em zonas urbanas. Isso representa um universo de 2.427.640 pessoas em todo o Estado.

Marajá do Sena, a cidade mais rural do Estado mais rural do Brasil, fica a 400 quilômetros de São Luís, capital do Maranhão.

Normalmente, essas pessoas que vivem na zona rural do Maranhão são pessoas que dependem da agricultura de subsistência e vivem praticamente no isolamento. Pelos dados do IBGE, o Maranhão apenas confirmou uma tendência vista desde a década de 1960. Segundo o Censo demográfico de 1960, o Maranhão já registrava o maior percentual de habitantes da zona rural em todo o Brasil. Mas, naquela época, 82% dos maranhenses não viviam nas zonas urbanas.

Entre os 217 municípios maranhenses, aquele que pode ser considerado o “mais rural” é Marajá do Sena, cidade na região do Mearim, distante cerca de 400 quilômetros de São Luís. Marajá do Sena tem 8.051 moradores e 85,6% deles moram na zona rural. Mas a cidade está isolada há aproximadamente dois meses. As chuvas destruíram as principais estradas de acesso ao município.

Para chegar à cidade mais rural do Estado menos urbano do País,  a pessoa precisa chegar à cidade mais próxima, Lago da Pedra, a aproximadamente 70 quilômetros de Marajá do Sena, e enfrentar uma viagem de duas horas de moto ou de “pau de arara” e lancha. “Carro não entra mais. A situação aqui é muito difícil mesmo. Muitos lavradores vivem na região, mas eles estão em povoados. Normalmente, tem apenas uma plantação de milho, uma de arroz ou farinha e plantam o que comem”, disse Lauricéia Sousa, moradora de Marajá do Sena.

Wilson Lima, iG Maranhão

domingo, 1 de maio de 2011

AVENTURAS ATRÁS DA CÂMERA DE CINEMA

Em primeira pessoa, Zelito Viana revê a própria trajetória em novo volume da Coleção Aplauso - contando, com humor, por exemplo, passagens da acidentada produção de Terra em Transe e um inusitado 'intercâmbio' com os xavantes

 

Irmão de Chico Anysio, José Viana de Oliveira Paiva começou a vida como engenheiro, virou produtor de cinema por acaso e tornou-se diretor. A vida múltipla de Zelito Viana é captada com muito bom humor neste Histórias e Causos do Cinema Brasileiro, escrito por sua filha, a também cineasta Betse de Paula. Família de artistas, já que Zelito, além de irmão de Chico, também é pai do ator Marcos Palmeira. O livro sai pela Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial, e segue o molde do selo: depoimento em primeira pessoa, perfil autorizado de si mesmo.

Betse, como autora, teve acesso privilegiado ao personagem. Em geral, esses livros são produzidos a partir de uma sequência de entrevistas com o biografado. Sendo filha do personagem, Betse teve a vida toda para conhecê-lo e ir recolhendo seus casos divertidos. Mas não são apenas histórias engraçadas; muito se aprende sobre os bastidores do cinema brasileiro lendo os "causos" aqui transcritos. Mesmo porque Zelito foi um privilegiado companheiro de estrada dos principais cineastas do Cinema Novo, tido até hoje como o mais importante momento vivido pelo cinema de autor no País.

A aproximação com os jovens fundadores do Cinema Novo se deu graças ao estudo de engenharia, pois Zelito foi colega de um deles, Leon Hirszman. Na escola, um veterano o advertiu: "Toma cuidado com aquele ali porque, além de judeu, é comunista". Foi o bastante para aproximá-los. Ficaram amigos e fizeram política estudantil. Zelito se formou e foi ser engenheiro metalúrgico. Quando o colocaram no setor de vendas, ficou insatisfeito. Um dia, passou pela rua seu antigo colega Leon, que ele nunca mais vira. Zelito estava a pé, pois havia estacionado o carro em lugar proibido e tivera os quatro pneus furados segundo determinação de um truculento diretor de trânsito daquela época. Pegou carona e contou suas desditas na empresa metalúrgica. Leon perguntou: "Por que você não entra para o cinema?" Foi a senha. Como só sabia fazer contas, Zelito entrou no cinema pela porta da produção. Tinha 26 anos. 

Com sócios como Glauber Rocha, Walter Lima Jr. e Paulo César Saraceni, fundou a Mapa Filmes, empresa que tirou o nome de uma revista na qual Glauber, ainda crítico de cinema, escrevia na Bahia. A Mapa produzia cinema numa época em que não havia leis de incentivo como as de hoje, nem a Embrafilme tinha sido fundada. Era na base do empréstimo bancário e auxílio da Caic (Comissão de Auxílio à Indústria Cinematográfica), do antigo Estado da Guanabara. Para completar o quadro, Zelito fundou, junto com dez colegas, entre eles Luiz Carlos Barreto, Cacá Diegues e Joaquim Pedro de Andrade, a distribuidora e coprodutora Difilm. Com o esquema montado, tocava-se o negócio do cinema. Com alguns percalços, como o hábito de Ruy Guerra fumar charutos enquanto montava os filmes na moviola, o que provocava eventuais furos no negativo. Glauber gostava de trabalhar nu. Mas, como era sócio da empresa, ninguém o impedia. 

O primeiro filme que a Mapa produziu para valer foi A Grande Cidade, de Cacá Diegues. Zelito lembra de incidentes. Othon Bastos, numa crise de estrelismo, resolveu não participar, na véspera do início das filmagens. Foi substituído por um profissionalíssimo Leonardo Vilar, que dirigiu ao produtor uma única frase durante toda a filmagem: "Hoje é meu último dia. Gostaria de receber meu dinheiro no final da tarde." Zelito virou-se como pôde e pagou. Filme lançado, foram observar a reação da plateia. Chegaram a um cinema enorme, de 4 mil lugares, em Bonsucesso. Na penumbra, um casal namorando e mais umas três pessoas espalhadas pela sala imensa. "O público sempre foi complicado", comenta Zelito. 

Agruras do cinema nacional, que Zelito acompanhou de perto. Mas também viveu de perto sua aventura e glória. Por exemplo, esteve com Glauber na filmagem de Maranhão 66, institucional encomendado pelo governador do Estado da época. Adivinhe quem. José Sarney, claro. Com o roteiro de Terra em Transe já escrito, Glauber achou que o trabalho, além de grana, lhe renderia bom material para o longa de ficção. E foi em frente. Tinha razão: as cenas de multidão de Terra em Transe saíram diretamente das filmagens de Maranhão 66. Mas Sarney, quando viu o copião do institucional, chegou à conclusão de que havia escalado o time errado: "Vocês são muito bons para fazer filme contra. A favor não dá." Foram demitidos no ato. 

Talvez sua grande aventura como produtor tenha sido em Terra em Transe, a obra-prima absoluta do cinema nacional e de percurso acidentado. Como Paulo Autran dava muito palpite, Glauber queria demiti-lo. José Lewgoy não se conformava com as ordens do diretor e vociferava: "Pensa que é Carl Dreyer, que é um Robert Bresson! É um idiota de um baiano, um babaca que fica me dando ordem! Não aguento mais!" E as confusões não pararam por aí. Numa época de censura às artes, Glauber teve de forjar a anuência do Itamaraty para que o filme fosse enviado a Cannes. Concorreu. Perdeu para Blow Up, de Antonioni, o que não é vergonha para ninguém.

Entre as aventuras de Zelito Viana, estão também as que viveu ao dirigir seus próprios filmes. Em Terra dos Índios, queria aprender o que era a realidade indígena. Falou com Darcy Ribeiro, que lhe disse uma frase: "Ninguém visita uma aldeia de índios impunemente". Sábias palavras, admite Zelito. A armadura que você veste para viver em sociedade pode, de uma hora para outra, ser destruída no contato com a civilização indígena. Os índios passaram a fazer parte da vida de Zelito, a tal ponto que alguns deles foram morar em sua casa, no Rio, e lá ficaram vários meses. Seu filho, Marcos Palmeira, foi mandado para uma aldeia, lá foi adotado e ganhou nome índio. O famoso intercâmbio, que os brasileiros realizam com famílias dos Estados Unidos ou da Europa, Zelito fazia com os xavantes. Aniceto, o pai adotivo de Marcos Palmeira quando este tinha 16 anos, revelava suas inquietações a Zelito: "Estou preocupado com o Marquinhos. Ele é grande e não sabe nada... Não sabe andar no mato, não sabe atirar uma flecha... Como é que eu vou ensinar tudo pra ele?"

A temática indígena voltaria depois em Avaeté - Semente da Vingança. E com mais aventuras. Algumas indesejadas. A equipe construiu uma aldeia cenográfica para ser incendiada durante a filmagem. E assim foi feito, para fúria dos índios, que exigiram da equipe dois brancos para matar em represália. Tiveram de pedir a intervenção de dom Thomas Balduíno, o sacerdote benfeitor das aldeias, para que a ameaça não fosse cumprida. E assim a equipe, composta por atores como Renata Sorrah e Hugo Carvana, além dos dois filhos do cineasta, pôde salvar a pele. As aventuras de Zelito prosseguiram com filmes focando vidas ilustres como as de Villa-Lobos e Juscelino Kubitschek. Mas nenhuma delas foi tão intensa quanto a do convívio com os índios.

Luiz Zanin Oricchio - O Estado de S.Paulo

CONCEITO DE ÉTICA

Seria impreciso dizer que o Senado chegou ao fundo do poço quando decidiu constituir um Conselho de Ética ao arrepio do decoro indispensável à atividade parlamentar. Isso porque o poço em que o Poder Legislativo resolveu já há algum tempo jogar sua credibilidade parece não ter fundo.

Entra ano, sai ano, entra escândalo, sai escândalo, os acontecimentos bizarros não têm fim, medida nem limites.

A presença de oito processados na Justiça entre os 15 titulares do conselho soa como uma contradição em termos. Agride à lógica da vida normal, mas está absolutamente de acordo com as regras do Congresso.

Mais: compõe perfeitamente o cenário da degradação. Todos os integrantes do conselho destinado a zelar pela ética na Casa são tão senadores quanto qualquer outro. A partir do momento em que seus pares não impuseram reparos a condutas julgadas no passado e os eleitores lhes confiaram delegação, podem participar de todas as atividades sem restrição.

A questão não é o que Renan Calheiros, que trocou a renúncia à presidência do Senado pela absolvição em processos por quebra de decoro, ou Gim Argello, investigado pela Polícia Federal e obrigado recentemente a renunciar à relatoria do Orçamento da União por suspeita de desvios na distribuição de emendas, estão fazendo no Conselho de Ética.

A pergunta correta é o que esses e outros estão fazendo no Senado e o que o Senado faz consigo ao, entre outras façanhas, reconduzir à presidência da Casa José Sarney e seu manancial de escândalos, cuja mais recente leva data de dois anos atrás.

Esse episódio do conselho ganhou repercussão, é tratado como um grande problema, mas é apenas parte do infortúnio que assola o Parlamento e, em boa medida, a sociedade que não exerce ela mesma o voto limpo enquanto não se institui de vez a obrigatoriedade legal da ficha limpa: a indiferença à ética, ao conjunto de valores que disciplinam o comportamento humano como atributo essencial à vida civilizada. Pública ou privada.

Embora a completa ausência de pudor, ainda que em grau apenas suficiente para a manutenção das aparências em colegiado presumidamente ético, fira os espíritos mais sensíveis, não se configura uma novidade em face da revogação geral de quaisquer valores balizadores de condutas.

Em ambiente onde um senador pode roubar um gravador - como fez Roberto Requião ao surrupiar o equipamento pertencente à rádio Bandeirantes e apagar do cartão de memória uma entrevista que não lhe interessava ver divulgada - e ainda assim ser defendido pelo presidente da Casa, não há poço que seja fundo o bastante para delimitar a fronteira entre a civilidade de fachada e a selvageria total.

Terra arrasada. Aos arquitetos do PSD não falta ousadia para cogitar da possibilidade de atrair políticos aparentemente inamovíveis do DEM.

O senador Demóstenes Torres já recebeu convite e, segundo consta, ficou de pensar. Ninguém menos que o presidente do DEM, senador Agripino Maia, integra a lista das próximas investidas.

Não se pode dizer que o plano do PSD seja deixar que os últimos dos moicanos apaguem a luz, porque a ideia é que não reste luz para ser apagada.

Precedente. A decisão do Supremo Tribunal Federal em favor da posse de suplentes de deputados levando-se em conta o cálculo da coligação e não do partido, foi ao encontro do entendimento da Mesa da Câmara, que resolveu adotar esse critério mesmo antes da sentença do colegiado.

Descumprindo, portanto, a decisão liminar que estava em vigor até então instruindo exatamente o oposto: que a posse dos suplentes deveria levar em conta o partido e não a coligação.

A Câmara venceu no final, mas durante três meses ignorou o imperativo da obediência a determinações judiciais. Um desapreço mediante o qual o Poder Legislativo subtrai de si e das demais instituições relevância na sustentação do Estado de Direito.

 Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

sábado, 30 de abril de 2011

LULA DIZ TER FEITO ACORDO COM DILMA PARA NÃO INTERVIR NO GOVERNO

Em meio a frases de efeito habituais durante congresso da CUT, ex-presidente afirmou ainda não ter 'desencarnado' do mandato e definiu medo da inflação como 'pseudo-crise'.

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse na noite dessa quarta-feira, 27, em Guarulhos, na Grande São Paulo, que tem evitado comentar os temas nacionais porque fez um acordo com a presidente Dilma Rousseff de não intervir nos assuntos do governo. Além disso, ele argumentou que a decisão tem por objetivo dar uma lição aos antecessores. "Queria ensinar a alguns ex-presidentes como é importante ser um ex-presidente sem dar palpites", afirmou, em uma referência implícita ao ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, com quem tem trocado farpas nas últimas semanas.

Lula, que participou no fim da noite do Congresso Nacional de Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em Guarulhos, disse que ainda não conseguiu "desencarnar" da Presidência. "Eu ainda não desencarnei totalmente do meu mandato de presidente. Não é uma tarefa fácil." Durante os 55 minutos de discurso, ele disse que está com "uma comichão", uma vontade forte, de voltar a viajar e fazer caravanas pelo País. "Eu estou com vontade de tudo, mas tenho de me controlar. Só com autocontrole vou conseguir desencarnar", brincou. 

Ao descrever a sua gestão como a que "mais" interagiu com os movimentos sociais, Lula afirmou que em nenhum outro País um presidente esteve tão disponível para ouvir a sociedade. "Duvido que, na história da humanidade - eu costumo dizer nunca antes na história do Brasil -, tenha havido um governo que tenha exercitado a democracia com tanta plenitude como exercemos. Nenhum segmento da sociedade deixou de ser ouvido." 

O ex-presidente admitiu também que o termo "nunca antes" era usado para afrontar a oposição. "Era para provocá-los, para dizer que ''nunca antes'' eles não fizeram nada." No primeiro encontro com líderes sindicais desde que deixou a Presidência, Lula declarou que se sentia, junto com os antigos companheiros, como se vivesse o "primeiro dia de militância". "Nem todo mundo pode retornar para casa de cabeça erguida", disse. 

Como se estivesse em um palanque de campanha, o ex-presidente fez um balanço do mandato e ressaltou que fez em oito anos o que parecia ser impossível, "para a desgraça de seus adversários". "Eu tentei provar para eles que eu era o governante mais competente deste País", provocou. Entre as realizações, Lula citou a criação de 15 milhões de empregos, o surgimento da nova classe média, a superação da crise financeira internacional de 2008 e a posição de destaque do Brasil na política internacional, o qual, segundo ele, "deixou de ser um País de banana para ser um País chique". 

Entre risos e aplausos da plateia, Lula afirmou que se sentia orgulhoso por fazer uma política que não era subserviente. "Ninguém deles (presidentes de outros países) trabalhou como eu trabalhei. Eu conheço a língua de quem produz o mundo", disse, ao comentar o sentimento diante de líderes mundiais que dominavam a língua inglesa, ao contrário dele. O ex-presidente acentuou que a administração de Dilma é a continuidade do governo de inclusão social dele e reclamou do "namorico" da imprensa com a presidente.

Para Lula, os constantes elogios a ela são tentativas de provocar divergências entre ele e Dilma. "O dia que tiver divergência, ela está certa", acrescentou. Além do ex-presidente, participaram do evento da CUT os ex-ministros da Secretaria-Geral da Presidência Luiz Dulci e dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi. Lula, que é presidente de honra da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, ganhou dos líderes sindicais um tablet e uma foto emoldurada em que aparece carregado pelos trabalhadores na década de 80. 

Fonte: O Estadão

sexta-feira, 29 de abril de 2011

JOÃO ALBERTO ASSINOU ATOS SECRETOS

Quando era membro da Mesa Diretora da Casa, senador chancelou boletins sigilosos de criação de novos cargos

O novo presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), assinou atos secretos quando era membro da Mesa Diretora da Casa, entre 2003 e 2007. O nome do senador aparece chancelando boletins sigilosos de criação de novos cargos, aumento de salários e concessão de benefícios para servidores e senadores.
 Foto: AE
O novo presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA)
A reportagem fez um pente-fino nos atos reconhecidos pelo próprio Senado como não publicados e encontrou o aval oficial do novo presidente do Conselho de Ética para a aprovação dessas medidas quando ele era primeiro-suplente da Mesa Diretora, entre 2003 e 2005, e segundo-secretário, de 2005 a 2007.

O nome do senador está registrado, por exemplo, no ato secreto de 20 de dezembro de 2006 que transformou 14 cargos de confiança de R$ 1,6 mil mensais (valores atualizados) em vagas de R$ 12,2 mil. Naquele mesmo dia, uma outra medida, também não publicada na época, concedeu gratificação nos salários dos chefes de gabinetes - benefício cancelado só três anos depois.

Além do nome registrado nos boletins como membro da Mesa, a ata desta reunião confirma a presença do novo presidente do Conselho de Ética no dia em que foi tomada essa decisão. Na época, o presidente do Senado era Renan Calheiros (PMDB-AL), agora recém-indicado por seu partido para compor o conselho.

João Alberto foi procurado ontem pela reportagem, mas a assessoria informou que ele havia viajado para o Maranhão. Seu telefone celular estava desligado. O chefe de gabinete do senador foi informado sobre o teor da reportagem, mas nenhuma resposta foi dada até a publicação desta reportagem.

O Estado de S. Paulo.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

COM QUASE 20 MIL NASCENTES, A DEVASTAÇÃO DAS BACIAS DO CERRADO AFETA A VIDA DE 88,6 MILHÕES DE PESSOAS, VEJA

 Com quase 20 mil nascentes, o Cerrado irriga seis das 12 regiões hidrográficas brasileiras e tem papel decisivo no abastecimento do Pantanal, situado na Bacia do Paraguai, e da Amazônia, na Bacia Amazônica. O bioma funciona como uma caixa d’água para 1,5 mil cidades de 11 estados, do Paraná ao Piauí, incluindo o Distrito Federal. Mas a fonte seca de forma dramática. Há provas suficientes da morte no berço das águas. Reportagem de Vinicius Sassine, no Correio Braziliense.

A maior savana da América do Sul, que ocupa um quarto do território brasileiro, foi o bioma desmatado com mais velocidade nos últimos 30 anos. Reduziu-se à metade para abrigar plantações de soja e, mais recentemente, de cana-de-açúcar. Levantamentos inéditos e com precisão científica nas nascentes comprovam a consequência da devastação: o fornecimento de água dentro e fora dos limites do Cerrado já sofre impactos irreversíveis, num processo de degradação localizado exatamente em pontos estratégicos para a existência e a qualidade dos recursos hídricos.

O retrato da morte do Cerrado é mais dramático quando se sabe que, desse reservatório, dependem regiões ocupadas por 88,6 milhões de brasileiros e lugares com grande quantidade de água, como a região amazônica. Para a Bacia São Francisco, onde está parte do Nordeste brasileiro, o Cerrado contribui com 94% da água que flui na superfície de rios e córregos. A água do Brasil Central chega aos estados que estão no litoral de Norte e Nordeste.

Um estudo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), obtido pelo Correio com exclusividade, faz relação direta entre a devastação do bioma e as áreas de maior drenagem, aquelas com grande concentração de nascentes. Com base no levantamento feito pela Agência Nacional de Águas (ANA), o bioma foi dividido em 679 bacias de drenagem, situadas numa área de 3,5 mil km². Daquelas que drenam o Cerrado e outros biomas, 62,1% têm índice de desmatamento que impacta no abastecimento de água. As nascentes são assoreadas e deixam de aflorar por causa do rebaixamento do lençol freático. Morrem antes de encorpar e abastecer os corpos hídricos das bacias brasileiras.

Minas e São Paulo são os estados com maiores concentrações de nascentes. E são os lugares com os piores índices de desmatamento nas áreas de grande drenagem, assim como Mato Grosso do Sul e Goiás. O levantamento elaborado pelo Departamento de Políticas para o Combate ao Desmatamento do MMA relacionou 60 municípios com “risco muito alto” de impactos hidrológicos, ou seja, regiões de nascentes que perdem a função de abastecedoras por causa da devastação sem freio ou fiscalização. São os casos, por exemplo, das cidades de Pirajuba (MG) e Batatais (SP). Ricos em nascentes, os dois municípios têm um índice de desmatamento superior a 93%. Em Inocência (MS), que também aparece no documento do MMA, o desmatamento chegou a 85%.

“Essas áreas desmatadas são estratégicas para a manutenção do ciclo de unidades hidrológicas maiores”, aponta o engenheiro florestal Ralph Trancoso, responsável por elaborar o documento do MMA. A partir de amplo levantamento, que inclui pesquisas e visitas a áreas impactadas, o Correio reuniu provas sobre mortes de nascentes e de importantes cursos d’água do Cerrado. O resultado é publicado numa série de reportagens, a partir de hoje.

Poucos estudos analisam a relação entre desmatamento e qualidade dos recursos hídricos. Há levantamentos isolados, produzidos para regiões específicas. A ANA, por exemplo, mantém 89 estações sedimentométricas nos rios do Cerrado. Essas estações medem a quantidade de sedimentos nos cursos d’água, provenientes de processos de erosão. Pelas medições das estações, porém, é difícil correlacionar desmatamento e sedimentação.

A pedido do Correio, uma equipe da ANA e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cerrados) analisou os dados de sedimentação nas cidades que mais desmataram o Cerrado nos últimos oito anos. Concluiu que em Formosa do Rio Preto, no Oeste da Bahia, a quantidade de sedimentos no Rio Preto mais do que dobrou a partir de 2002 — chegou a triplicar em algumas medições.

O oeste baiano é o espaço por onde avança a fronteira agrícola em curso no país, principalmente a cultura da soja. Formosa do Rio Preto está sucessivamente no topo da lista de desmatamento do Cerrado nos últimos anos. Foram 2,2 mil km² devastados, somente na cidade, entre 2002 e 2009. As estações detectaram também índice elevado de erosões em rios da Bacia Tocantins-Araguaia. Uma região de chapada em Formosa do Rio Preto concentra nascentes dos Rios do Sono e Preto, que desaguam no Rio Grande, ainda na Bahia. É esse o principal afluente do lado esquerdo do São Francisco. A soja avança pela chapada.

Distrito Federal
A sensação dos trabalhadores mais antigos da Estação Ecológica de Águas Emendadas, no Distrito Federal, é de que a vereda existente no local está se deslocando. Trata-se de um encolhimento. Há dezenas de nascentes na estação. A expansão imobiliária em Planaltina, grudada à reserva, os novos loteamentos e o avanço da soja impactam no tamanho da vereda, de seis quilômetros de extensão. Num determinado ponto, apenas uma estrada separa a estação das plantações de soja e milho.

Um fenômeno raro ocorre em Águas Emendadas: duas grandes bacias nascem ali. Dois córregos afloram da vereda, em direções opostas. O que corre para o norte encontra o Rio Maranhão e abastece o Rio Tocantins, da Bacia Tocantins-Araguaia. O córrego que segue para o sul forma rios que vão desaguar no Rio Paraná, da Bacia do Paraná. A ocorrência desse fenômeno depende da conservação da área de proteção ambiental (APA) da Lagoa Formosa, na parte norte de Águas Emendadas.

A lagoa não conta mais com proteção natural: está cercada por plantações de soja, chácaras, clubes e empreendimentos imobiliários. O volume de água diminuiu nos últimos anos. O Correio flagrou uma plantação de eucalipto praticamente às margens da lagoa, bem ao lado de um clube recreativo. Um homem aplicava os defensivos agrícolas na plantação.

Em outra margem, um “empresário do Lago Sul”, em Brasília, constrói um haras a 150m da lagoa. No local é possível ver postes inundados pelo curso d’água. A margem na área do haras foi aterrada e concretada para a instalação de muretas, que servem de suporte para a entrada de jet skis na lagoa. Os próprios funcionários contam que o Ibama já questionou a concretagem da margem. “Meu patrão teve de ir ao Ibama em Brasília para resolver”, diz um dos trabalhadores do local.

Territórios Livres do Baixo Parnaíba

quarta-feira, 27 de abril de 2011

MENINA DE 14 ANOS BATE EM ASSALTANTE NO MA, CONFIRA

Ele disse que a jovem era mais forte do que ele pensava e que não reagiu com medo de ser enquadrado na lei Maria da Penha

Um assaltante de 27 anos foi espancado pela própria vítima, uma adolescente de 14 anos de idade, no bairro Olho D’Água, zona norte de São Luís. O autor tentou justificar sua passividade à surra dizendo ter medo de ser enquadrado na “lei Maria da Penha” - que é usada em casos de violência doméstica, quando mulheres são agredidas pelos namorados ou maridos.

Segundo informações da Polícia Civil do Maranhão, a adolescente ia para casa quando dois homens, com restos de garrafa de vidro, abordaram a jovem e anunciaram o assalto. Eles tomaram dela um aparelho celular com preço em torno de R$ 350.

No momento da fuga, a adolescente correu atrás dos dois, mas conseguiu alcançar apenas Raimundo Nonato Araújo, de 27 anos. Quando avistou o assaltante, a adolescente começou a espancá-lo com pontapés e socos. Araújo não revidou os golpes. Nesse instante, a polícia chegou e efetuou a prisão em flagrante de Raimundo Araújo. O outro assaltante, identificado apenas como Leandro, conseguiu escapar.

Essa é a primeira vez que Raimundo Araújo é preso pela polícia do Maranhão. Na delegacia, Araújo disse também que a adolescente tinha um porte físico avantajado e que não esperava a reação da jovem ao assalto. Os policiais civis também ficaram surpresos com a reação da jovem.

Wilson Lima, iG Maranhão

terça-feira, 26 de abril de 2011

TJMA CHAMA CONCURSADOS APROVADOS EM 2009, VEJA

Foi realizada nesta terça-feira, 26, audiência pública de convocação de candidatos excedentes do último concurso realizado pelo Tribunal de Justiça do Maranhão, em 2009, para a escolha, pelos candidatos, de acordo com ordem de classificação, da comarca de lotação, visando ao preenchimento das vagas disponíveis na Justiça de primeiro grau.

Excedentes aguardam atentos vez para escolher comarcas
Nessa sexta Convocação, o TJMA disponibilizou 36 vagas distribuídas para 23 técnicos judiciários, 27 auxiliares administrativos e 8 oficiais de justiça, nas comarcas de Estreito, Itinga do Maranhão, Araioses, São Francisco do Maranhão, Buriti Bravo, Açailândia, Alto Parnaíba, Cedral, Barra do Corda, Codó, Loreto, Mirador, Morros, São Raimundo das Mangabeiras, São Domingos do Azeitão, Tasso Fragoso, Vargem Grande, Pedreiras, Amarante do Maranhão, Parnarama, Passagem Franca e Penalva.

A primeira a assinar o termo de opção, a auxiliar judiciária Carla Fernandes Rocha Amorim, 23 anos, universitária, escolheu a comarca de Amarante do Maranhão. A nova servidora disse que pretende se empenhar no trabalho no sentido de obter a ascensão profissional dentro da comarca.

Já a auxiliar judiciária Marjoire César de Brito, 25 anos, escolheu a comarca de Penalva e disse estar feliz por ter sido chamada, pela segunda vez, para integrar o quadro de pessoal do Poder Judiciário.

Outra concursada, a universitária do 9º período de Direito, Ariadne Ribeiro Sales, aprovada no cargo de auxiliar judiciário, escolheu a comarca de Amarante do Maranhão e também disse estar satisfeita por ter tido a segunda oportunidade no Poder Judiciário.

Compareceram à audiência pública os juízes e diretores dos fóruns de Estreito e Pedreiras, respectivamente, Gilmar de Jesus Everton Vale (1ª Vara) e Lewman de Moura Silva (2ª Vara).

(Ascom/TJMA)

DEP DO PSDB TENTA SALVAR OBRA DO PAC NO MA

Carlos Brandão vai levar ao local os parlamentares, auditores e representantes do governo para evitar atraso da duplicação

Mesmo sendo de oposição, o deputado tucano Carlos Brandão (MA) resolveu antecipar-se ao Tribunal de Contas da União (TCU) para tentar impedir que a duplicação de 60 quilômetros da BR-135, entre a capital São Luís e Bacabeiras, venha a ser embargada. A obra está prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 

Na sua luta para assegurar a duplicação da rodovia, Carlos Brandão programou levar neste terça, 26, ao local da obra os deputados que integram a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, auditores do TCU, representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Ministério Público Federal, Conselho de Engenharia e Associação Comercial do Maranhão.

"Há um desencontro de cálculos entre o TCU e o Dnit. É preciso que eles cheguem a um acordo para que a obra não sofra atrasos", disse Brandão. "São Luís é uma das únicas capitais do País que não tem uma via duplicada na sua saída. Há mortes constantes na área", afirmou o deputado ao Estado, justificando a luta que tem travado em prol de uma obra do PAC, orçada em R$ 290 milhões. 

O TCU alega que o preço está muito elevado. O Dnit diz que é o justo, porque há muitas dificuldades a serem superadas na obra. Por exemplo: a rodovia está espremida entre uma adutora de água e uma ferrovia. Para a duplicação da rodovia os trilhos terão de ser transferidos de lugar.

João Domingos do Estadão