quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

BOLSONARO ATACA LULA E ACERTA EM MORO. POR FERNANDO BRITO

Jair Bolsonaro partiu para ataques violentos a Lula, e tem uma razão para isso.

Como se afirmou antes aqui, trata-se de apelar, já agora, para o antilulismo crônico e, com isso, “antecipar” para o primeiro turno o confronto direto com o ex-presidente.

Com isso, “matar” Moro no seu frágil nascedouro, pois o ex-juiz tem no ódio a Lula a sua única bandeira eleitoral.

Jair Bolsonaro não está dando a mínima para o que seria sua obrigação como governante, diante da explosiva onda da Covid no país, que chegou, mesmo sem considerar os dados dos testes feitos fora da rede pública – a 87,5 mil, número só abaixo dos registrados em junho de 2021, no pior momento da pandemia.

Não será com o governo que não fez em três anos e que não fará no último que conquistará votos.

Ao contrário, teremos um ano de improvisos, absurdos, desídia e crise.

Mas a culpa, além do “fique em casa, a economia a gente vê depois” agora será da “ameaça comunista” nas eleições.

E, claro, da “conspiração globalista” que usa o “vírus chinês” para colocar o mundo de joelhos perante vacinas experimentais, que nos farao virar uma mutação reptiliana como os jacarés.

Desculpe, Moro, mas nem você com os powerpoints de Deltan Dalagnoll, consegue chegar aos pés de Bolsonaro.

Aos militares, à mídia e às elites econômicas do país, resta escolher seguirem embarcados na mesma canoa furada.

Não conseguiram conjurar o monstro que criaram.

Tijolaço.

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

A COVID E A EPIDEMIA DE MENTIRAS. POR FERNANDO BRITO

Os fatos vão evidenciando o que há tempos aqui: os números oficiais dos casos de Covid 19 em todo o país são, numa palavra definidora, falsos.

Escandalosamente falsos.

Este blog, por experiência própria. já havia apontado provas disso no Rio de Janeiro.

Hoje, o G1 mostra o mesmo em São Paulo, onde o número oficial de casos (10.163) na capital é maior que os registrados para o estado inteiro (8.374), com 4 vezes mais habitante, considerado o mesmo período de 1 a 6 de janeiro.

Ambos são irreais, como qualquer pessoa que acompanhe a pandemia sabe e está provado por um crescimento de perto de 50% na ocupação de leitos hospitalares.

É óbvio que o Brasil não tem 70 mil casos novos por dia. A imprensa, porém, finge que acredita e não vai atrás da contabilidade. No máximo recolhe os dados das secretarias estaduais, que não é primário, porque são obtidos da extração de dados injetados diretamente na plataforma do Ministério da Saúde.

Outra mentira, nascida lá nos Estados Unidos e rapidamente copiada aqui é a redução do isolamento das pessoas contagiadas para cinco dias.

Não há nenhum estudo serio a validar esta conclusão e há muito a contestá-la.

É mais que evidente é que é “epidemiologia econômica”, destinada a reintegrar à economia produtiva os milhões de infectados pelo coronavírus.

Nem uma mentira ou outra mentira funcionarão, porque são apenas tentativas de maquiar a realidade e a realidade tem consigo a força da verdade.

O negacionismo oficial não vai conseguir evitar a percepção da realidade, ainda que isso esteja servindo para empurrar pessoas para o brete da doença e, pior, para o matadouro, se já não de milhares por dia, para o das centenas diárias.

Tijolaço.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

O GURU ECONÔMICO DE LULA É…LULA. POR FERNANDO BRITO

A Folha resolveu seguir os passos do Estadão e levar lenha à fogueira de palha da “revogação” da reforma trabalhista de Michel Temer em 2017 – um fracasso de público e de crítica – e sacou uma manchete sem fatos para seu site: “Alckmin indica preocupação com discurso de Lula sobre reforma trabalhista“.

Um encontro entre o ex-governador e o líder da Força Sindical, onde Alckmin teria dito que a ideia de anular partes dos pontos daquela “reforma” estaria incomodando “o mercado” (o que é verdade) e um pedido de informações para o assunto viram uma “divergência”, palavra que fica implícita do “indica preocupação”. Não há nada além disso e, talvez, nem isso, pois nada indica que, tendo qualquer objeção a este debate, Alckmin não fosse pegar um telefone e falar em privado com Lula, em lugar de ir sentar em uma mesa com Paulinho da Força.

Paulinho, é claro, que subir no bagageiro de uma eventual geringonça entre Lula e Alckmin e sentiu a chance, depois do editorial do Estadão, de pôr-se como “embaixador” da aliança.

Lula não precisa de Ipirangas ou Pastores para dizer ao “mercado” que, cego, terá um bom guia para caminhar em assuntos econômicos. Tem, para isso, mais que programas ricamente encadernados ou um Chicago Boy a conter-lhe rompantes na economia: tem oito anos de sucessos na condução do país.

Sobre isso, a jornalista Helena Chagas publica hoje um excelente artigo para ser lido por todos, mas em especial pelos “ouvidores de economistas” da imprensa, que ficam todo o tempo preocupados em que Lula faça juras de amor ao mundo das finanças, o que não fará e não precisa fazer.

Lula tem luz própria, como dizia a velho Leonel Brizola.

Lula não é médico nem monstro – e nem precisa de guru

Helena Chagas, n’Os Divergentes

Por que raios um sujeito que já governou o Brasil por dois mandatos, e saiu do segundo com mais de 80% de aprovação, elegendo a sucessora, precisa de um “guru” na economia? A lógica indica que essa pessoa – que, além disso tudo, emergiu de 580 dias de cadeia para a liderança nas pesquisas – não precisa de gurus. Ou melhor, quem está mais para guru é ele mesmo, ao menos mais do que para seguidor.

A pressão de alguns setores, sobretudo da mídia, para que Lula revele logo o nome de seu futuro superministro da Economia – mais provavelmente, da Fazenda – só mostra que estão usando as ferramentas erradas para analisar as eleições de 2022, em tudo diferentes das de 2018, 2024, 2010, 2006 e, sobretudo, 2002, quando Lula se elegeu pela primeira vez.

Não temos mais no cenário, liderando as pesquisas, um desconhecido que precisa se explicar, ou apresentar cartas para acalmar o mercado e as elites, garantindo que não vai chutar o pau da barraca fiscal e nem dar calote na dívida. Isso ele já mostrou, na prática, que não faz – como não o fez em oito anos de governo, durante os quais o empresariado e o mercado passaram muito bem, obrigado.

Por razões políticas, não interessa a Lula, a nove meses da eleição, dar detalhes – que, ao que parece ainda nem tem – de seu programa de governo. Tem deixado claro que a embocadura será o social, que aposta no papel do investimento público para gerar emprego e crescimento, que vai revogar medidas liberais que, claramente, foram tomadas na hora errada – como o teto de gastos e a reforma trabalhista.

Tem, a seu favor, mudanças de foco que se verificam em outros países, como a Espanha, com sua iniciativa de mudar as regras trabalhistas, e até os Estados Unidos de Joe Biden, com seu inédito investimento de recursos públicos no bem estar da população. Mas daí a achar que Lula vai enveredar pela irresponsabilidade fiscal vai um longo caminho.

Não existem dois Lulas nesta eleição – um Dr. Jeckill obediente às regras fiscais e um Mr. Hide radical de esquerda que vai tocar fogo no circo. Trata-se do mesmo sujeito que governou o país de 2003 a 2010, e distribuiu renda e melhorou a vida de milhões de brasileiros ao mesmo tempo em que obtinha superávits e acumulava alto nível de reservas. É só ouvir o que tem dito o próprio em todas as ocasiões em lembra os ensinamentos da mãe, D. Lindu, que todo mês controlava o orçamento familiar para não deixar ninguém gastar mais do que podia. Lula no governo foi assim e assim será, porque o pragmatismo está em sua essência.

A narrativa montada por setores do mercado e da mídia de que é preciso cautela com o petista e ver, antes de tudo, “qual Lula” assumirá em 2023 se vencer a eleição, é uma grossa mistificação. Uma tentativa de resgatar fantasmas e medos do passado para tentar tumultuar um novo cenário, quem sabe com o objetivo de ajudar personagens que, esses sim, representam a incerteza total, e não apenas em questões relacionadas à economia, mas à própria democracia.

Quem tem que se explicar, e botar de pé um programa de governo, é, por exemplo, Sergio Moro – que, até agora, muito acenou para as elites conservadoras repetindo clichês como “reformas”e etc, mas que não apresentou uma só proposta coerente com começo, meio e fim.

Tijolaço.

domingo, 9 de janeiro de 2022

BRASIL VIVE EXPLOSÃO DE CASOS DE COVID E DE MENTIRAS “OFICIAIS”, POR FERNANDO BRITO

O número de casos de Covid oficialmente registrado no Brasil não é apenas subestimado, é contraditório até mesmo com a migalha de testes que se consegue fazer.

Dois anos, quase, depois do início da pandemia, estamos vivendo um “apagão” de dados – e mais ainda de confiabilidade.

Sejam os números centralizados – os sistema do Ministério da Saúde completa um mês paralisado – sejam muitos dos dados produzidos por Estados e Municípios, nada é preciso.

Ontem, fui a um posto público de testagem da Covid da Prefeitura do Rio de Janeiro, no centro da cidade. Apesar da espera de mais de 2 horas, tudo estava relativamente bem organizado e os funcionários se desdobravam em atender bem. Num cálculo aproximado, creio que atendiam cerca de 100 pessoas por hora e, de 8 às 17, com o excedente que estava ainda na fila ao fecharem-se os portões, estimo que cerca de mil pessoas foram testadas, recebendo minutos depois seu resultado.

Como aos que testavam negativo era a simples entrega de um papel e aos positivos, a funcionária parava e dava orientações, era possível perceber a parcela que tinha tido (inclusive eu) o teste reagente e era impressionante: praticamente “meio a meio”.

Impressão confirmada pelo índice de “positivo” que a Prefeitura divulga nos testes da primeira semana epidemiológica do mês (2/1 a 8/1): 44% dos 58.585 exames realizados. Ou 25.777 positivos, só nos testes aplicados pela administração municipal ou que ela tenha recebido e contabilizado.

É 32% maior do que o município contabiliza como “casos confirmados” onde se aplica o critério de “data do início dos sintomas”: 17.298, neste mesmo período.

Não há qualquer menção aos casos verificados em testes de farmácia ou de laboratórios particulares.

A impressão que colhi, na prática – e que me levou a compará-la com as informações locais do Rio de Janeiro – é ainda menos assustadora que a de gente imensamente mais capaz que este blogueiro: a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, e o médico e neurocientista Miguel Nicolelis, em entrevista a Luís Nassif e Marcelo Auler, no GGN.

“É alucinante [o crescimento do contágio]” diz Dalcolmo: “A impressão que eu tenho é que nós vamos todos nos contaminar, mais cedo ou mais tarde. O crescimento não é aritmético, é geométrico, é exponencial.” Nicolelis alerta que os dados recentes da Universidade de Washington para o Brasil “não geraram a comoção que deveriam gerar” pelo fato de estimarem que o país possa ter 1,3 milhão de novos casos por dia até o final de março, caso a atual gestão da pandemia não mude de curso.

Reproduzo abaixo a conversa entre eles, para que você tenha ideia da irresponsabilidade com que se está tratando o que está diante dos nossos olhos, qundo o mundo, apenas neste início de janeiro, registrou mais de 16 milhões de novas casos de infecção por Covid, acumulando em oito dias o número de casos que, no início da pandemia, levou sete meses para atingir.

Tijolaço.

sábado, 8 de janeiro de 2022

CHEFE DA ANVISA DESAFIA BOLSONARO A MANDAR PF INVESTIGA-LO. POR FERNANDO BRITO

Numa educada, mas duríssima nota, o diretor-presidente da Anvisa, Almirante Antonio Barra Torres reagiu às insinuações lançadas por Jair Bolsonaro sobre haver interesses na liberação da vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid.

Depois de lembrar suas origens humildes e seus “princípios cristãos”, Torres diz que , se Bolsonaro tem qualquer indício de irregularidade em sua atuação ou na dos diretores da Agência de Vigilância Sanitária, que mande a Polícia Federal abrir uma investigação sobre eles, imediatamente.

Mas, se não tem, que se retrate pelo que disse em sua live de quinta-feira, que se retrate por ter que haveria algo escuso “por trás” do que classificou como “interesse da Anvisa” em liberar a vacinação infantil.

Leia o texto:

Em relação ao recente questionamento do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, quanto à vacinação de crianças de 05 a 11 anos, no qual pergunta “Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí?”, o Diretor Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, responde:

Senhor Presidente, como Oficial General da Marinha do Brasil, servi ao meu país por 32 anos. Pautei minha vida pessoal em austeridade e honra. Honra à minha família que, com dificuldades de todo o tipo, permitiram que eu tivesse acesso à melhor educação possível, para o único filho de uma auxiliar de enfermagem e um ferroviário.

Como médico, Senhor Presidente, procurei manter a razão à frente do sentimento. Mas sofri a cada perda, lamentei cada fracasso, e fiz questão de ser eu mesmo, o portador das piores notícias, quando a morte tomou de mim um paciente.

Como cristão, Senhor Presidente, busquei cumprir os mandamentos, mesmo tendo eu abraçado a carreira das armas. Nunca levantei falso testemunho.

Vou morrer sem conhecer riqueza Senhor Presidente. Mas vou morrer digno. Nunca me apropriei do que não fosse meu e nem pretendo fazer isso, à frente da Anvisa. Prezo muito os valores morais que meus pais praticaram e que pelo exemplo deles eu pude somar ao meu caráter.

Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar.

Agora, se o Senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate.

Estamos combatendo o mesmo inimigo e ainda há muita guerra pela frente. Rever uma fala ou um ato errado não diminuirá o senhor em nada. Muito pelo contrário.

Tijolaço.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

BOLSONARO QUER HUMILHAR “EXÉRCITO SEMM VACINA”. POR FERNANDO BRITO

A notícia de que Jair Bolsonaro mandou o Ministro da Defesa, Walter Braga Netto, “encostar na parede” o comandante Paulo Sérgio Oliveira e fazer com que ele publique uma “nota de esclarecimento” voltando atrás na determinação emitida terça-feira de que oficiais, praças e servidores civis do Exército só voltem ao trabalho presencial devidamente vacinados contra a Covid não é só mais uma humilhação que o ex-tenente indisciplinado faz os militares passarem.

É um crime contra a tropa e uma sabotagem às condições que a Arma deve ter para realizar as missões que lhe sejam confiadas. A vacinação dos militares é obrigat´ria desde os anos 70 e, na lista das imunizações atuais estão difteria, tétano, febre amarela, sarampo, caxumba, rubéola, hepatite B, HPV e coqueluche.

A Covid não entrou ano passado porque Bolsonaro não quis, porque não dá a mínima para a saúde dos soldados brasileiros nem para a vida dos que com eles interagem – e são muitos, no interior remoto, populações ribeirinhas e povos indígenas.

Um militar no serviço ativo não tem a possibilidade de isolamento para se proteger, nem pode declinar de uma ordem porque está preocupado em contrair Covid e transmiti-la para sua companheira ou companheiro, ou ainda para seus filhos.

O fanatismo negacionista de Bolsonaro, que parece que vai ser enfiado goela abaixo do comando, é uma vergonha para os oficiais do do Exército Brasileiro. Cuidados de saúde com seu pessoal e providências sanitárias capazes de deixar seus efetivos em condições de serem plenamente empregados são questão absolutamente internas, sobre as quais não cabem ingerências políticas, menos ainda estas sem pé nem cabeça.

Tijolaço.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

DADOS DAS FARMÁCIAS MOSTRAM SUBNOTIFICÃO MONSTRO DA COVID. FERNANDO BRITO

 

A incapacidade do Ministério da Saúde em contabilizar os casos de Covid tem, agora, uma prova material de que é monstruosa a diferença entre os dados oficiais e os reais sobre o número de pessoas infectadas pela Covid 19.

Esqueçam o painel oficial do Ministério da Saúde – “congelado” desde o dia 12 de dezembro -, alegadamente inutilizado por um suposto ataque hacker ao ConecteSUS.

Os dados que deveriam estar ali, entretanto, estão no Conselho Nacional de Secretarias de Saúde – Conass – e contabilizam casos e morte diárias.

Só que não.

Os dados do Conass, do dia 27 de dezembro a 2 de janeiro registram um total de 53.972 novos casos de Covid no período.

Mas aí saem os números da Abifarma, divulgados hoje pelo G1:

“O volume de resultados positivos para a Covid-19 em testes de farmácia triplicou na última semana do ano em comparação aos sete dias anteriores, aponta um levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) divulgado nesta quinta-feira (6). Entre 27 de dezembro e 2 de janeiro, foram mais de 95 mil infectados – o equivalente a 33,3% dos testes realizados no período.”

Estes dados, pelo fato de serem de notificação obrigatória ao Ministério da Saúde deveriam estar contidos nos números oficiais e não estão, como se constata pelo fato de serem quase o dobro dos números que o governo diz terem sido detectados.

Some a isso, ainda, os testes positivos registrados nos postos de saúde, hospitais públicos e privados e outras instituições de Saúde, como laboratórios privados, que estão testando pacientes às dezenas de milhares.

E certamente são mais que os das farmácias, porque a imensa maioria das pessoas não tem entre R$ 100 e R$ 300 para pagar pela por um teste privado.

É certo que o número real está certamente acima de 150 mil naquela semana, na qual a média móvel oficial ficava em modestos 7,6 mil casos novos por dia, quando a contagem correta indicaria, numa estimativa modesta, mais de 20 mil casos diários.

Como dos dados da Abrafarma não são desagregados por dia em seu site, não posso fazer as comparações diárias, mas é possível que algum jornal perceba o incrível descompasso entre os números e consiga fazer as farmacêuticas liberarem a contagem diária, para confronto com os números oficiais.

Isto é, no caso de quererem dizer a verdade à população e não ficarem nesta história de que há “um consórcio de imprensa” para dizer a verdade, quando se limita a coletar dados das Secretarias de Saúde e deixa de lado o fato de que, com os testes em farmácias, os dados são muito mais assustadores.

Tijolaço.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

NO DESESPERO, MORISTAS E BOLSONARISTA PARTEM PARA O ‘VALE TUDO’, POR FERNANDO BRITO

Os leitores deste blog sabem da minha aversão por “tretas” de internet.

Mas não é possível ignorá-las quando revelam o estado de desespero de forças importantes do jogo político.

A troca de ofensas entre Carluxo e o ex-coordenador da campanha bolsonarista de 2018 no Nordeste (e agora da de Sergio Moro), Julien Lemos, travada na base onde “corno” e “falta de testosterona” são “argumentos” da discussão político-eleitoral são evidência do estado deplorável das candidaturas que defendem.

Diante do fiasco do seu desempenho, bolsonaristas e moristas só sabe m reagir com mais fanatismo, como dois Jim Jones fundamentalistas e negacionistas da politica.

Atacam-se com facadas verbais que não repercutem mais porque a mídia, ciosa em defender a direita de sua derrocada, finge não se escandalizar com isso, embora ache um “absurdo” que a esquerda queira revogar a tal “reforma trabalhista de Temer que retirou direitos e não criou empregos.

Duas figuras centrais das campanhas de candidatos importantes discutirem a colocação mútua de “chifres” não é escândalo, deve ser parte do “debate democrático”.

A mídia prefere falar em “polarização” de Lula, aquele selvagem, arcaico e sem erudição.

E estamos pouco menos de nove meses das eleições, imaginem o nível do “diálogo” desta gente até lá.

Tijolaço.

QUEM QUER DINHEIRO? VEJA. POR FERNANDO BRITO

 

Josimar de Maranhãozinho, candidato do PL de Jair Bolsonaro ao governo do Maranhão, parece ter mesmo as costas quentes.

Mesmo depois de ser filmado carregando uma caixa de dinheiro, fez uma live na internet, ao lado da mulher, a deputada Maria Deusdete, a Detinha, sorteando dinheiro, próprio e de candidatos a deputado.

E, aliás, praticando uma “distribuição de renda” ao dividir prêmios de R$ 3 mil em três de R$ 1 mil. Foram R$ 50 mil em “prêmios” e, claro, em votos.

Diz o Ministério Público que vai abrir investigação mas, a esta altura, poucos acreditam que isso vá barrar sua candidatura.

Até porque isso foi feito o vivo, em praça pública, e era só prender a turma em flagrante, já que o sorteio foi previamente anunciado e recebeu “inscrição” pelas redes sociais, com as quais, supostamente, foram feitos os “papeizinhos” com o nome dos concorrentes.

Ao contrário do que se diz, sorteio de prêmios em dinheiro, sem a autorização do Ministério da Economia, é proibido por lei. Assista:

Tijolaço.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

MORRO ABAIXO, MORO VIRA UMA ‘FÁBRICA DE DESMENTIDOS’. FERNANDO BRITO

Vazia de compromissos, a agenda de Sergio Moro, que pretendia para o novo ano o desfile triunfal de um candidato que estaria crescendo e ameaçando os favoritos da eleição, parece reservar agora uma única tarefa diária: a de desmentir as histórias que circulam sobre ele, agora que deixou de ser o “todo-poderoso”.

Hoje, partiu de quatro pedras na mão contra a jornalista Carolina Brígido, do UOL, por ela ter publicado que alguns de seus aliados, diante do modesto desempenho de sua candidatura estariam cogitando que ele disputasse o Senado diante dos riscos que passou a ter com a investigação do Tribunal de Contas da União sobre eus pagamentos na consultoria Álvarez & Marsal.

“Com 9% das intenções de voto nas pesquisas de intenção de votos para presidente da República, o ex-juiz Sergio Moro ainda não decidiu se vai concorrer ao Palácio do Planalto, ou se lança mão do plano B: disputar uma cadeira no Senado. Interlocutores próximos de Moro afirmam que, se ele não chegar a 15% nas enquetes até fevereiro, vai abandonar a intenção de assumir o lugar de Jair Bolsonaro e abraçará a meta de ser senador em 2023. No entorno de Moro, a avaliação é de que o ex-magistrado precisará ter um mandato no próximo ano, seja ele qual for. A ideia teria se cristalizado depois que o ministro Bruno Dantas, do TCU (Tribunal de Contas da União), mandou a consultoria americana Alvarez & Marsal revelar os serviços prestados e os valores pagos a Moro.”

Mera especulação de “assessores”, matéria farta na política. Seria apenas mais uma notinha sem maiores consequências, destas em que as coisas são ditas em “off” e parte do velho dogma que acompanha quem, como eu, é jornalista: “o jornal de hoje embrulha o peixe de amanhã. Possibilidades são mil; fato, um só.

Mas Moro saltou em copas, no Twitter, dizendo que “é pré-candidato a Presidente, não ao Senado” – mesmo, doutor? – e que não precisa de foro privilegiado.

É como aquela brincadeira de garotos: “foi quem estiver com a mão amarela…”. E Moro já anuncia que colocará um cão de guarda para processar qualquer um que fale o que ele não gostar. Pena, doutor, que não tem mais a Lei de Segurança Nacional, como tinhaquando era ministro de Bolsonaro.

De sapatênis Ermenegildo Zegna a bolsa Louis Vuitton, passando por casa de luxo em Washington, quase todas as manifestações públicas de Moro são para dizer que não tem, não fez, não foi…

Assim, prezado, prepare-se para amargar mais índices mixurucas nas pesquisas.

Tijolaço.

domingo, 2 de janeiro de 2022

BOLSONARO NÃO TEM LUTO: AMA A MORTE E DESPREZA A VIDA ALHEIA, POR FERNANDO BRITO

Se existe alguma “vantagem” para quem queira analisar o doentio padrão mental do sr. Jair Bolsonaro é o fato de que ele sequer pratica a hipocrisia, aquele tributo que o vício presta à virtude, na expressão conhecida de François La Rochefoucauld.

Dimitrius Dantas, em O Globo, escancara um dos traços da sociopatia presidencial: ele não dá à menor importância – se é que o tem – ao sentimento da perda, o luto que, a todos, é um traço comum diante da morte alheia.

Traço comum em outros governos – Temer (5); Dilma (10); Lula (22) – o decreto de luto oficial só foi usado por Bolsonaro uma vez, apenas porque o objeto do luto havia sido o duas vezes vice-presidente da República Marco Maciel.

E não foi, como a Odorico Paraguaçu, por falta te mortes: tivemos as 620 mil da Covid, as 300 de Brumadinho, as de músicos, poetas, cantores, atores, personagens de grandes carinhos populares.

Foi porque Jair Bolsonaro não chegou ao estado civilizatório em que a humanidade passou a venerar a vida e, portanto, ver na morte uma perda individual e coletiva, há coisa aí de dezenas de milhares de anos.

“Todo mundo um dia morre”, “E daí?”, “Não está havendo morte [de crianças] que justifique [a vacinação infantil]”, “a covid apenas areviou em alguns dias ou semanas a vida destas pessoas [com comorbidades] que já iam morrer mesmo” e outras peças da coleção de declarações bestiais que deu são o retrato – reconheça-se, sincero – deste déficit de humanidade bolsonariano.

Daí que não consegue alcançar o simbólico do luto nacional. “Eu não sou coveiro”.

A morte não importa a que só pensa em si e se acha, mesmo, “imorrível”.

Tijolaço.

sábado, 1 de janeiro de 2022

A ESCOLHA AINDA É DIFÍCIL PARA A DIREITA? POR FERNANDO BRITO

A direita brasileira é, antes de tudo, burra.

Erra e repete erros, até o ponto que que se expõe a ser atropelada e esmagada pelos fatos.

Estadão, aquele que achava “uma escolha muito difícil” da decisão sobre escolher a mediocridade fascistoide de Bolsonaro e alguém que não tinha (e não tem) o menor sinal de radicalismo esquerdista como Fernando Haddad, agora vem, nos seus editoriais, alertar que “eleitor será instado a escolher os rumos do País” numa opção entre “o bolsonarismo [que] não foi solução para o lulopetismo” e o “lulopetismo [que] não é solução para o bolsonarismo”.

Será que, a esta altura, os ilustrados representantes da direita paulistana ainda não aprenderam que seu “murismo” – ou “morismo”? – é a raiz mais profunda de sua perda de credibilidade?

Não tem a coragem de dizer que, proclamando-se antibolsonaro, se tiverem de optar , o preferem?

Acham que tentar igualar figuras tão distintas quando o ex e o atual presidente – “um dos aspectos mais perversos da similaridade entre Lula e Bolsonaro é o modo como tratam as classes mais pobres” – convence alguém que está vendo, todos os dias, que sai de casa, desfilar uma multidão de miseráveis e abandonado? Alguém que lê, em suas próprias páginas, que se formam filas por restos e ossos, retrato explícito de nossa volta ao árido mapa da fome?

Pensam que o povo é burro feito eles, a ponto de não saber o que é realidade e o que é propaganda?

Não conseguem entender que pessoas lúcidas, mesmo conservadoras, já fizeram a “escolha difícil” e preferem Lula, apesar das críticas que lhe possam ter, com oo personagem que pode dar fim, ou quase isso, à barbárie bolsonarista?

Não é pouco Geraldo Alckmin admitir-se candidato a vice-presidente em nome disso, mas a eles a conta é assim: o ex-governador “vai perder votos”.

Será? Votos não se perdem ou ganham em contas de papel de pão, mas com coerência.

Mas o Estadão, que publicou receitas de bolo para protestar contra a censura, já não tem a coragem de dizer que, numa eleição onde sete em cada dez brasileiros estão fazendo a decisão que importa de verdade, prefere ficar no Moro, digo, no muro, como se a eleição fosse uma brincadeira de uni-duni-trê e não uma escolha muito fácil entre democracia e barbárie.

Tijolaço.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

DERRETIMENTO DE BOLSONARO NÃO ENGORDA A ‘3ªVIA’, POR FERNANDO BRITO

É visível a olho nu que Jair Bolsonaro definha politicamente, e basta observar as suas perdas ali onde era um território inexpugnável dos seus fanáticos: as redes sociais.

Nem mesmo com a ação de robôs seus seguidores conseguem levantar qualquer ostagem a seu favor, nestes dias. A avalanche causada pelo seu dolce far niente praiano em maio às maiores chuvas já registrada na Bahia soterrou-os no Twitter.

Mas porque os esquálidos aspirantes a “Terceira Via” não crescem, alimentados com os fragmentos em que vai se desmanchando o bolsonarismo?

As duas pesquisas mais amplas divulgadas em dezembro, a do Ipec (ex-Ibope) e o Datafolha indicam que, dos que votaram em Bolsonaro no segundo turno de 2018 e não vão repetir o voto, 22% e 26%, respectivamente, escolhem votar em Lula, enquanto Moro fica com meros 10% dos arrependidos.

Um arrependido notório – e morista pessimista – dá uma pista em sua coluna de hoje, em O Globo. Merval Pereira admite que não haverá “voto útil antipetista”, a grande esperança dos nanicos ex-bolsonaristas para crescerem eleitoralmente.

Bolsonaro une a maior parte dos que votaram nele para se livrar do PT na direção contrária, transformando o antipetismo que o levou ao poder numa reação que poderá levar Lula à Presidência logo no primeiro turno, pois se mostrou durante seu desgoverno uma solução pior que aquela que ele representava quando foi eleito. A anticorrupção, grande motor para levá-lo à eleição, já não se mostra suficiente para evitar o PT, pois o bolsonarismo transformou-se num nicho radicalizado que não justifica um voto útil contra Lula ou a esquerda.

Aliás, pano rápido, anuncia férias para digerir o bolo amargo que a história serve a gente como ele.

Há parte da razão, não obstante, no que ele diz. Parte, mas não o essencial, e que Merval não pode dizer: todos eles carregam na testa o estigma de terem sido responsáveis pela eleição do atual presidente.

O eleitor, claro, pode arrepender-se do seu voto sem prestar contas, mas não o político, ainda mais o que assume a pretensão de dirigir o país.

Tijolaço.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

A LAVA JATO ‘COMBATEU O PT”, CONFESSA MORO. POR FERNANDO BRITO

A Folha publica trecho de entrevista de Sergio Moro a uma rádio do Mato Grosso onde ele, seja pela certeza de que tem proteção, seja porque tenha cometido um ato falho, admite que a Lava Jato “combateu o PT na história de uma maneira muito mais efetiva, muito mais eficaz”.

Como a Justiça Criminal não se volta contra instituições, mas contra indivíduos que tenham violado leis, confessar que uma operação policial-judicial “combateu” um partido político é, em si, um desvio delituoso da ação do Judiciário.

Não é o primeiro ato falho de Moro e não será o último. Dias atrás, disse que tudo era “combinado” com o TRF-4, a quem competia reexaminar suas decisões.

Desta vez, diz o jornal, tentou remendar o soneto da parcialidade, inutilmente.

Moro foi um juiz e é uma pessoa intrinsecamente autoritária, que acha que a função judicial e a a função executiva são ferramentas de livre uso para que imponha suas predileções e vontades.

Sua visão do que é um juiz se assemelha a de um policial caricato, destes que usa uma estrela de xerife e acha que, quando entra no saloon da política todos devem tirar o chapéu e afastarem-se, com ar de respeito e temor.

Não sabe nem compreende que a democracia é a arte de fazer-se com que pessoas diferentes sejam iguais e que ninguém pode usar de sua posição funcional para “combater” partidos, políticos ou qualquer outra organização da sociedade.

Tijolaço.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

FINAL DE ANO AMARGO PARA BOLSONARO E MORO. POR FERNANDO BRITO

A semana entre Natal e Ano Novo, que deveria ser morta politicamente, não foi para Jair Bolsonaro e para Sergio Moro.

O primeiro passou hoje o dia inteiro nos “Trending Topics” do Twitter com a hashtag #BolsonaroVagabundo, que chegou a ser uma das mais populares do mundo, com o presidente produzindo as imagens que, junto às da tragédia que se passa na Bahia, viraram um retrato – mais um – da falta de um mínimo de sensibilidade e humanidade do ex-capitão.

Andar de jet-sky no sol quando 400 mil pessoas são atingidas por tempestades arrasadoras é, dizia a minha avó, um tremenda “ideia de jerico”.

Um antimarketing que poucos dos seus piores adversários seria capaz de criar. Custou-lhe, em apenas um dia, dezenas ou até centenas de milhares de votos, porque evidencia, como nos seus “e daí?” durante a pandemia, desapreço ao sofrimento humano.

E se, com a continuidade das chuvas, acabar por voltar a Brasília, só estará assinando embaixo de sua própria atitude de desprezo à população flagelada pela chuva.

Moro sofreu menos, mas sofreu, com a divulgação do despacho proferido, dias atrás, pelo ministro Bruno Dantas do Tribunal de Contas da União, mandando que se informe ao TCU quanto ele recebeu da empresa Álvarez e Marsal – que administra a recuperação judicial de Odebrecht e da OAS, em bancarrota depois da Lava Jato – pelo rompimento da posição de “sócio-diretor ” que lá tinha o ex-juiz de Curitiba.

São milhões, sem que se saiba – já que Moro alega não interferir naqueles casos – o que ele fazia ali. E conseguir bloquear na Justiça os valores recebidos é um tiro maior ainda em seu próprio pé, porque joga por terra todo o seu discurso de ética e transparência.

Seus apoiadores ficaram sem resposta:

Os movimentos eleitorais são sempre lentos e freados pela paixão política. Mas dá para esperar que Bolsonaro vá perder um pouco do que tinha e que Moro não está ganhando o que pensava ser fácil conseguir.

Tijolaço.