
Para
Elio Gaspari, o semipresidencialismo tão defendido
por Michel Temer, nada mais é do que um golpe. O jornalista explicou os
motivos em
sua coluna na Folha.
O
tucanato, responsável pelo envenenamento do regime presidencialista brasileiro
ao patrocinar o instituto da reeleição, voltou a namorar com o parlamentarismo.
Chamam-no de semipresidencialismo por uma questão de pudor.
Uma
experiência fracassada no século passado e rejeitada em dois plebiscitos não
bastou para que um pedaço do andar de cima nacional desistisse da ideia.
Nesse
namoro juntam-se dois blocos. Num, estão os parlamentaristas sinceros, no
outro, aqueles que temem uma vitória eleitoral de Lula. Em 1994, quando ele
parecia ser uma ameaça, a revisão constitucional encurtou o mandato do
presidente de cinco para quatro anos.
(…)
A
maior demonstração de que a proposta é apenas um truque está no fato de o
ex-presidente Michel Temer defendê-la, argumentando que praticou-a enquanto
esteve no cargo. Ele governou olhando para o Congresso, respeitando os
adversários e amortecendo crises.
Se
Jair Bolsonaro faz o contrário, o problema não está no regime, mas nele. Quem
não quer vê-lo na cadeira poderá votar em outro candidato no ano que vem. Quem
não quer ver Bolsonaro nem Lula terá tempo para achar um terceiro nome. Ciro
Gomes e João Doria estão na pista.
(…)
A
máquina da política brasileira não rateia por causa do presidencialismo, mas
pela possibilidade da reeleição. Ela transforma presidentes, governadores e
prefeitos em mandatários que assumem as funções obcecados pela recondução.
Fernando
Henrique Cardoso já reconheceu que, historicamente, cometeu um erro. Ele dizia
não querê-la e, querendo-a, criou-a. Tanto Lula como Bolsonaro combateram a
ideia da reeleição. Sentindo o quentinho da faixa, mudaram de ideia.
DCM.
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