(Defensor
dos pobres e excluídos, Jesus certamente seria taxado de comunista se
resolvesse voltar).
“Amai ao próximo como a si mesmo”.
Você
pode ser ateu, umbandista, agnóstico, católico ou professar qualquer outra
religião. Mas se você sonha com um mundo diferente, mais justo, onde todas as
pessoas tenham o direito de viver com dignidade, você também é um adepto do
grande ensinamento de Jesus.
Afinal,
é o amor pelo próximo que nos motiva a lutar contra a tirania, a injustiça e a
desigualdade.
Para
muitos historiadores, entretanto, o personagem histórico Jesus Cristo não foi
somente um cara paz e amor que pregava o oferecimento da outra face
como resposta à agressão, mas sim um militante revolucionário.
É
o que defende o escritor norte-americano de origem iraniana Reza Aslan. Aslan
fez mestrado em teologia na Universidade de Harvard e doutorado em história das
religiões na Universidade da Califórnia.
Em
seu livro “Zelota: a Vida e a Época de Jesus de Nazaré”, de 2013, o autor
defende que o principal objetivo de Jesus era político e revolucionário:
libertar a Palestina da dominação de Roma.
Alguns
trechos desta
entrevista de Aslan:
(Jesus)
formou um movimento forte pelos pobres, doentes e marginalizados. Um movimento
tão ameaçador aos religiosos e políticos do período que fez com que ele fosse
procurado, preso, torturado e executado por crimes de sedição (organização de
rebeliões, incitamento das massas), o único crime pelo qual alguém poderia ser
crucificado sob a lei romana.
(…)
o fato é que o Jesus da história não era um simples pacifista que pregava a palavra de Deus, mas um líder revolucionário que desafiou o estado, não apenas ‘pregou’ para ele – e é por isso que o estado quis a sua morte.
(…)
o fato é que o Jesus da história não era um simples pacifista que pregava a palavra de Deus, mas um líder revolucionário que desafiou o estado, não apenas ‘pregou’ para ele – e é por isso que o estado quis a sua morte.
O
próprio Jesus não deixa muita margem para dúvida a respeito do caráter
revolucionário de sua pregação, segundo o Evangelho de Mateus: “Não penseis que
vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas a espada.”
Nos
tempos sombrios em que nos encontramos, de golpes, injustiças, aumento da
intolerância e explosão da desigualdade, é importante termos dentro de nós os
dois lados, por assim dizer, de Jesus: amar ao próximo como a nós mesmos mas
ter a consciência de que o amor não basta: não há libertação possível sem luta.
Do
Cafezinho, por Pedro Breier