Em curto período conseguiu destruir parte
considerável da Amazônia, armar ainda mais os ruralistas e milicianos, ampliar
de forma considerável a violência nas suas diversas formas.
Foto: AFP
Ou disputamos os espaços de reflexão e
opinião pública ou os idiotas dominam de vez o país.
Nelson Rodrigues certa feita disse que “os
idiotas iriam tomar conta do mundo”, pela quantidade ao observar que eram
muitos.
Infelizmente esse tempo chegou. Somos
governados em todas as esferas por eles.
Em São Bernardo do Campo, por exemplo
temos um prefeito idiota, que impõe forte pauta de retrocessos na cidade que
vai da retirada de direitos dos servidores públicos municipais, como no caso da
nefasta reforma da previdência aprovada à derrubada de casas de famílias, que
residem em determinadas regiões da cidade há décadas, como é o caso dos
moradores do Novo Parque e região.
A situação se repete no Estado de São
Paulo, onde o também governo tucano liderado pelo governador, não menos idiota,
João Dória impõe intenso sofrimento aos servidores públicos estadual, com a
mesma fórmula da reforma da previdência, acompanhada de um alto índice de
desemprego, desindustrialização, desaquecimento da economia e, por
consequência, aprofunda à forte recessão econômica.
Em Brasília está o idiota mor. Não
consegue passar um único dia, sem falar ou fazer algo que prejudique o nosso
país.
Em curto período conseguiu destruir parte
considerável da Amazônia, armar ainda mais os ruralistas e milicianos, ampliar
de forma considerável a violência nas suas diversas formas, como: à violência
doméstica, que já conta com o registro histórico de alta do feminicídio,
passando pela homofobia e toda forma de crimes violentos, além de suprimir
direitos trabalhistas que haviam sidos consagrados à preço de sangue e com
muita luta, impondo nesse contexto uma forte depressão social no país.
Não bastasse tudo isso, ainda sanciona o
famigerado pacote anticrime que tende a aumentar de forma considerável a
população carcerária, na contramão de qualquer proposta que observe a causa do
aumento da criminalidade que indiscutivelmente tem suas raízes na profunda e
secular desigualdade social.
Diante do quadro que vivemos cabe a
reflexão: como essas pessoas chegaram a esses postos de comando do país e como
praticam tantas atrocidades sem que o povo passe a se indignar ao ponto de
reagir e fazer cessar tamanho absurdo?
A resposta não exige grande esforço
intelectual ou mesmo uma análise sociológica profunda sendo tão óbvia que custa
até acreditar.
Culpar a população por ter votado nesses
idiotas não basta. O povo vota na sua maioria, a partir da referência de alguma
pessoa que o tem por “liderança”.
Essas pseudolideranças estão em várias
partes: nos bares, salão de cabeleireiro do bairro, nos campos de futebol, nas
igrejas, pontos de ônibus, festinhas de aniversários, churrascos…
Basta juntar duas ou três pessoas que elas
já entram em ação. Parecem “isentos” à política e com isso penetram mais fácil
nos espaços e a partir daí o estrago é enorme.
Com uma superficialidade incrível induzem
um diálogo desprovido de dados, estatísticas ou qualquer base sólida de
informação e sem qualquer aprofundamento começam a “formar opinião” na cabeça
das pessoas em um processo degradante de despolitização social, situação que
serve as redes sociais e WhatsApp também.
Gostam da abordagem genérica e já de cara
fazem questão de dizer que todo o político é ladrão. A frase é irresistível de
ter aceitação, o que se dá de forma quase unânime em qualuqer lugar, ainda mais
considerado que os meios de comunicação já fizeram e seguem fazendo parte do
trabalho de desinformar e deformar nesse sentido.
Contudo, na sequência induzem a conversa
de forma direcionada, para atingir políticos e verdadeiras lideranças
políticas, que de fato atuam ou podem atuar em prol da comunidade e do conjunto
da sociedade.
A conversa então passa a ser direcionada e
seletiva, com ataques a temas globais, porém, sempre sugerindo determinada
figura ou partido que geralmente estão no campo da esquerda.
Então você deve estar se perguntando: por
qual razão a esquerda não faz o mesmo?
Não faz e não fará! A esquerda sempre foi
vocacionada a formar o cidadão crítico. Não aceita essa fórmula de ganhar
eleições a todo custo, ainda mais apostando em despolitizar as pessoas.
A esquerda quer que essas pessoas entendam
de economia, saúde, segurança e aprofunde nos temas participando de forma ativa
da construção de uma sociedade justa, plural, fraterna e democrática.
Assim, parece óbvio que a mudança na
estrutura política combalida de nosso país, impactando diretamente nos governos
que iremos eleger nos próximos anos e o que farão ou não pelo nosso país, passa
diretamente pela capacidade que teremos de conscientizar politicamente as
pessoas.
Que a educação é importante isso é
indubitável. Mas, o avanço ba politização da população nesse sentido, não passa
necessariamente pelo grau de escolaridade e a formação acadêmica das mesmas, ao
que esse padrão de formação produzida pelo Estado, não representa a libertação
do nosso povo da alienação política. Contudo, não sejamos pretenciosos de
afastar com isso à importância da formação em todos os graus, o que seria
evidente equívoco.
Basta observar as pesquisas de opinião,
onde as pessoas que atingiram maior grau de escolaridade, na sua grande maioria
acabam por apoiar e votar nos piores governos e são avessos aos programas de
governos mais avançados e de concepação política no mesmo sentido, ao mesmo
tempo que acabam desconsiderando as liderancas produzidas e forjadas nas lutas
populares ou nas camadas mais abastadas da nossa sociedade.
Precisamos politizar as pessoas, para que
tenham compreensão da política de forma macro e deixem de serem alienados.
Isso não é possível em um papo de meia
hora no bar, salão de cabeleireiro, igreja…, mas é possível em vários papos
repetidos, por médio e longo períodos, nesses espaços.
Desta forma devemos disputar a narrativa
dos temas que importam e impactam o conjunto da sociedade e só conseguiremos
fazer isso estando efetivamente junto ao povo, pois é nessa ausência do diálogo
direto com as pessoas que está o vácuo dos idiotas e eles estão prevalecendo.
Tal fato, todavia, não deve ser restrito a população de baixa renda ou menos
favorecida do nosso país, já que a consciência política deve atingir à todas as
pessoas, momento em que nossa nação poderá ser realmente liberta dos idiotas.
Cleiton Leite Coutinho. Advogado.
Presidente do Partido dos Trabalhadores de São Bernardo do Campo, Dirigente do
SASP (Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo) e membro da ABJD
(Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia).