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quarta-feira, 17 de maio de 2017

Há provas científicas da existência dos Espíritos?

No texto passado, iniciamos uma busca por provas científicas da existência dos Espíritos e começamos utilizando uma obra de Carl Gustav Jung, um dos principais estudiosos da Psicologia em toda a história humana, e outra de Camille Flammarion, um dos principais estudiosos da Astronomia em toda a história humana. Em comum, suas obras tinham o estudo científico dos Espíritos e a conclusão de que eles existem.

A seriedade com que esses dois e outros estudiosos empreenderam seus estudos afasta a acusação de que a Ciência Espírita seria misticismo, uso de pseudociência para justificar uma religião. Jung e Flammarion se questionaram, ao longo de toda a vida, sobre a realidade dos fenômenos que enfrentavam e observavam.

Flammarion, por exemplo, criticava aberta e diretamente parte dos espíritas por sua falta de método científico e muitos médiuns que eram embusteiros:

“A respeito desses fenômenos, tem-se falado muito em espiritismo. Alguns dos seus defensores acreditam tê-lo consolidado, apoiando-o em uma base também frágil. Os opositores acreditam tê-lo excluído definitivamente e o enterrado sob o desmoronamento de um armário. Ora, os primeiros mais o comprometeram do que o serviram; os segundos, não conseguiram derrubá-lo, apesar de tudo. Mesmo que seja demonstrado que no espiritismo não exista senão truques de prestidigitação, a crença na existência de almas separadas do corpo não será absolutamente atingida. Além disso, as trapaças dos médiuns não provam que eles trapaceiam sempre. Elas apenas nos põem de sobreaviso e nos convidam a ser muito severos em nossas observações. Quanto à questão psicológica da alma e à análise das forças espirituais, estamos ainda hoje no ponto em que a química encontrava-se no tempo de Alberto, o Grande, ignoramos! Portanto, não podemos ficar num justo meio-termo, entre a negação que recusa tudo e a credulidade que aceita tudo? É razoável negarmos tudo o que não compreendemos, ou acreditarmos em todas as loucuras que imaginações doentias dão à luz umas após as outras? Não podemos possuir ao mesmo tempo a humildade que convém aos fracos e a dignidade que convém aos fortes?” (As forças naturais desconhecidas, p. 20).

Nas páginas seguintes do seu livro, Flammarion conta sobre experimentos que realizou com a médium Eusapia Palladino, de Nápoles, que foi a Paris a convite do Instituto Geral de Psicologia (IGP). Entre os diversos cientistas que a estudaram, ele destaca Pierre Curie, vencedor do Prêmio Nobel juntamente com sua esposa Marie Curie, que foi a primeira mulher a ganhar tal prêmio duas vezes e também adepta da teoria da existência dos Espíritos:

“Entre esses cientistas, citarei Pierre Curie, eminente químico, com o qual conversei alguns dias antes de sua morte tão infeliz e tão horrível. Essas experiências eram para ele um novo capítulo do grande livro da natureza, e também ele estava convencido que existem nelas forças ocultas, a cuja investigação não é anticientífico se consagrar” (As forças naturais desconhecidas, p. 22).

Outro que estudou a mesma médium citada, além de muitos outros paranormais, foi Charles Richet, também vencedor do Prêmio Nobel, comprovando-se que houve repetidos experimentos científicos, realizados pela mentes mais brilhantes do mundo, que chegaram a conclusões semelhantes. Isso não faria prova científica? Então, o que faria? Fotografias? Os incrédulos dirão que foram alteradas ou que não mostram exatamente aquilo que está lá registrado.

Flammarion e o IGP tiravam fotografias de alguns de seus experimentos, como, por exemplo, o realizado com a médium Eusapia Palladino de levantamento de uma mesa por ter as mãos espalmadas nela e até mesmo sem sequer tocá-la:

“Eis o caso de uma mesinha redonda. Eu vi, muitas vezes, uma mesa bastante pesada elevar-se a quatro, vinte, trinta e quarenta centímetros de altura, e dela tirei fotografias bem incontestáveis. Constatei, por tantas vezes, que a suspensão desse móvel com as mãos de quatro ou cinco pessoas colocadas sobre dele, produzia o efeito de flutuação de uma tina cheia de água ou de um fluido de plástico, que, para mim, a levitação dos objetos não é mais duvidosa do que a de um par de tesouras levantado com a ajuda de um imã. Mas, desejo de examinar sem pressa como a coisa se operava, uma tarde em que me encontrava quase sozinho com Eusápia (29 de março de 1906, nós éramos, nos total, quatro), pedi que ela pusesse, juntamente comigo, as mãos sobre a mesinha redonda, sendo que as duas outras pessoas mantiveram-se à distância. O móvel foi, bem-depressa, suspenso a trinta ou quarenta metros do assoalho, enquanto nós dois estávamos de pé. No momento da produção do fenômeno, a médium, colocando uma de suas mãos sobre uma das minhas, apertou-a energicamente, e a outra mão de cada um de nós ficou próxima uma da outra. Houve, aliás, tanto de sua parte, como da minha, um ato de vontade expresso por palavras, por comandos ao ‘espírito’: Vamos! Levante a mesa! Ânimo! Vejamos! Faça um esforço! etc. Constatamos imediatamente que havia dois elementos presentes. De um lado, os experimentadores dirigindo-se a uma entidade invisível. De outro, a médium sofre uma fadiga nervosa e muscular, e seu peso aumenta em proporção ao do objeto levantado (mas não em proporção exata). Devemos agir como se lá houvesse, realmente, um ser que estivesse ouvindo. [...] Não seria possível que ao nos esforçarmos, originássemos uma liberação de forças que agiriam exteriormente aos nossos corpos? Mas não há, nestas primeiras páginas, lugar para começarmos a imaginar hipóteses. Naquele dia, a experiência que acabo de citar foi repetida três vezes consecutivas, em plena luz de um lustre a gás, e nas mesmas condições de evidência absoluta. Uma mesinha redonda, pesando cerca de seis quilos, foi suspensa por essa força desconhecida. [...] Devo acrescentar que, muito amiúde, a levitação do móvel prossegue, mesmo que os experimentadores param de tocar a mesa. Há aí um movimento sem contato”.  

Vide foto de experimentos realizados em 6 de julho de 1905, dos quais participaram Camile Flammarion, Pierre Curie, Eusapia Palladino e outros. Há outras fotos na Internet que retratam experimentos de levitação de mesas com ajuda espiritual, fenômeno amplamente conhecido do final do século XIX para o início do século XX, documentado de diferentes formas, inclusive em inúmeros jornais, e abertamente discutido pelas pessoas.

Para constituir prova científica robusta, precisaríamos de outros estudiosos, como Jung, Flammarion e o casal Curie, com vasto conhecimento, enorme inteligência e respeitabilidade bem acima da média, que comprovassem experimentos de cunho espiritual e fossem capazes de explicá-los. Também seria prudente considerar o “uso” de outros médiuns, partindo do pressuposto, pouquíssimo crível por conta das características descritas, de que qualquer um poderia ter fraudado os experimentos.

Voltemos, então, ao vencedor do Nobel de Medicina Charles Richet, que também realizou experimentos com Eusapia Palladino e outros diferentes médiuns, sofrendo diversas críticas dos incrédulos, o que lhe levou a afirmar o seguinte:

“Pois quê! Tudo o que até aqui temos visto não passa de fraude! Essa fraude começou com as meninas Fox, que extravagantemente imaginaram ser divertido produzirem pancadas. Daí pra cá milhares de indivíduos, muito crédulos, não há que ver, porém a maioria imbuída de fé sincera, obtém, nas suas sessões particulares, tão só para se acomodarem aos caprichos das meninas Fox, fenômenos de pancadas. Um dia Home teve o desplante de produzir uma mão fantasmática. Por causa disso, Slade, Stainton Moses, produziram também mãos fantasmáticas. Um dia Eva teve vontade de velhaquear e fez cair ectoplasmas de sua boca. Por causa disso, Stanislawa, Willy, a Srta. Goligher, resolveram também velhaquear como Eva. Esse amontoado de embustes, tendo desafiado todos os controles, é de uma inverossimilhança igual pelo menos àquela da ectoplasmia. O futuro – um futuro mesmo muito próximo – julgará o litígio”.

Para negar a existência de prova científica após tantos experimentos documentados, seria necessário que outros muitíssimos experimentos fossem realizados hoje com médiuns e que se encontrasse outras razões, que não as espirituais, para as dezenas de tipos de diferentes fenômenos gerados por eles com ajuda de inteligências espirituais. Ficar apenas acusando todos de embusteiros ou de delirantes revela baixeza.

Conforme afirma também Richet:

“Não posso, num prefácio, entrar numa discussão que mais para adiante será exposta com brevidade. Contentar-me-ei em dizer que as experiências negativas, a não ser que o sejam em número enorme – e ainda bem! – nada provam contra uma experiência positiva.

Uma única experiência positiva – com a condição, claro está, de ser feita corretamente – tudo leva de vencida. Por exemplo, tenho entre as minhas mãos as de Eusápia, levanto-as para cima, separando-as, e nesse meio tempo outra mão me acaricia. Eis aí uma experiência positiva: não sei como podem infirmá-la, alegando: ‘Cem vezes separei as mãos de Eusápia e jamais percebi uma terceira mão’. Esta negação nada prova e fica um terceiro obrigado a demonstrar como pude, assim como Fred. Myers e Olivier Lodge, ser enganado desta maneira.

Na verdade, novas experiências com pessoas assim tão caprichosas, tão desconfiadas, serão sempre necessárias, porque indiscutivelmente a metapsíquica objetiva não está ainda construída em bases fortes como metapsíquica subjetiva, o que se deve à extrema raridade de médiuns de efeitos físicos e à facilidade (relativa) de fraude”.

Tenha-se em mente que o IGP realizou dezenas de pesquisas com diferentes médiuns, não apenas com Eusapia Palladino. O foco de vários cientistas sobre ela, por longo período, se devia ao fato de que conseguia produzir de modo claro as bem menos comuns manifestações físicas.

Em carta datada de 17 de setembro de 1894, Pierre Curie diz o seguinte a sua esposa Marie:

“Devo confessar que esses fenômenos me intrigam muito. Acredito que haja temas intimamente relacionados com a física. [...] Há algum agente desconhecido responsável por estes fenômenos? Seria apenas puro magnetismo?”.

O IGP havia criado uma sala no número 14 da Rua Condé, em Paris, com o aparato tecnológico mais avançado da época para registrar em fotos os experimentos e controlar os efeitos provocados e sentidos por Eusapia durante eles. Segundo Pierre Curie, os controles eram “de excelente qualidade durante toda a sessão”.

Havia uma vela para clarear Eusapia e não permitir que realizasse qualquer ação mecânica sobre a mesa. Pierre chegou a controlar seus joelhos e diferentes controles eram exercidos ao longo dos experimentos. Na sessão seguinte, ele levou sua esposa Marie para que pudesse tornar as experimentações ainda menos dependentes da subjetividade dele. Seguiam-se controles, como amarrar a médium, segurar membros do seu corpo, fazer com suas mãos ou uma delas não tocasse a mesa etc.

Todos esses experimentos estão fartamente documentados, como no relatório de Jules Courtier intitulado “Rapport sur les seances d’Eusapia Palladino” (Relatório sobre as reuniões de Eusapia Palladino).

Parece que há sobras de provas científicas acerca da existência de “forças naturais desconhecidas”. Se unirmos as pesquisas de Allan Kardec, às de Camile Flammarion, Pierre Curie, Marie Curie, Charles Richet, Carl Jung e muitos outros, não ficam dúvidas para um sujeito racional e aberto ao novo acerca da existência de Espíritos, médiuns e suas manifestações, todas muito bem explicadas – apesar de ser possível desenvolvê-las, aprofundá-las – por Allan Kardec no Livro dos Médiuns.

Apesar disso, a pouca divulgação que se deu a esses estudos e a sua pouca repetição nas últimas décadas culminou numa baixa disseminação da fundamental e, no nosso modo de ver, comprovada hipótese da natureza de que Espíritos existem e se comunicam com os humanos encarnados a todo momento, informações suficientes para dar uma completa guinada em nossas vidas.

Aos que aceitam essas provas científicas, cabe, dentro de suas possibilidades, continuar os estudos, as experimentações daqueles grandes cientistas e difundir ao máximo esse conhecimento, para que, aceitando a existência dos Espíritos, os humanos possam estudar seus ensinamentos morais, sobretudo, e intelectuais, de modo a construir uma nova humanidade no Planeta Terra.

No texto seguinte, veremos mais detalhes sobre os experimentos aqui comentados a partir das obras dos estudiosos referidos e de outros, colaborando para que cada um possa tirar suas próprias conclusões acerca da existência ou não de Espíritos, mas de modo bem fundamentado, olhando para diversos experimentos, teorias e acontecimentos singulares que ajudam na racionalização do problema.

Do GGN, por Marcos Villas-Bôas