Folha – na coluna de Maria Cristina Frias – e Estadão trazem matéria sobre algo que não impressiona
os doutos de nossa imprensa: o brutal prejuízo que resultou da forma ao mesmo
tempo carnavalesca e apocalíptica como foi conduzida a Lava Jato.
A Petrobras,
informa Maria Cristina, reduziu em um terço o número de seus fornecedores
– de 18 mil para 12 mil. A este número de milhares, não se diga que foram as
grandes empreiteiras. Foram pequenas e médias empresas, vitais para
nossa economia, que investiram muito em qualidade para conseguirem alcançar os
padrões que a estatal exige de seus parceiros.
Já o Estadão
publica um levantamento com dez das maiores empresas citadas na
Lava Jato que estima que 600 mil funcionários diretos e terceirizados dessas
companhias perderam o emprego entre o início da Lava Jato, em março
de 2014 e dezembro de 2016. Analistas apontam que o efeito foi ainda maior,
quando se consideram as vagas indiretas. Segundo Luís Nassif esse numero deve ser multiplicado por baixo, ou seja, no mínimo por 5 x 600.000, alcançando o total de 3 milhões.
Claro que no
setor de petróleo a queda do preço ajudou e a crise fiscal também reduziu o
ritmo das obras públicas. Mas o fundamental foi o ambiente de insegurança em
que o país passou a viver.
Os textos,
curtos, nos quais os jornais não quiseram investir no aprofundamento – e no
ambiente humano que este festival de demissões causou – é parte do paradoxo da
“moralização” do Brasil.
Quer-se
combater a corrupção para permitir que haja mais recursos para investimentos e
serviços público e, ao fazê-lo, destroem-se os investimentos e serviços
públicos.
E, com os
setores que o próprio Estadão diz não ter mensurado, eleva-se acima do milhão –
ou milhões, com suas famílias – o drama dos que passam a viver na miséria e no
desespero.
Ou o
objetivo – que nós, na nossa simplicidade, não conseguimos alcançar – é
exatamente este?