Em
meio à crise instaurada no parlamento, Henrique Meirelles/PSD, atual ministro
da Fazenda [Finanças], foi cogitado pelo monopólio de imprensa, por
representantes do capitalismo burocrático e siglas do Partido Único [1] como
possível nome para ocupar o gerenciamento federal numa eventual saída de
Temer/PMDB.
Meirelles,
sem nem mesmo ter ocupado o cargo de gerente principal do velho Estado, já
acumula uma longa lista de abusos e crimes contra o povo e a Nação.
Enquanto
esteve na presidência do Banco Central durante o gerenciamento Lula, contou com
o apoio político irrestrito de seu amigo Antonio Palocci/PT, então ministro da
Fazenda – hoje preso preventivamente por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, sob acusação de favorecer a Odebrecht em troca de propina.
VINCULADO
AO IMPERIALISMO IANQUE
Seu
histórico como presidente internacional do Bank of Boston (Banco de Boston) e
FleetBoston Global Bank, de 1996 a 1999, mostra com quais interesses Meirelles
está comprometido. O FleetBoston Global Bank, instituição que incorporou por
meio de fusões uma série de bancos menores da área de Boston, foi, por sua vez,
comprado em 2003 pelo Bank of America por 47 mil milhões de dólares, segundo
informações da CNN.
Luis
Nassíf, em artigo sobre a biografia de Meirelles publicado na Folha de S.
Paulo em 2002, afirma que "Ele foi nomeado presidente e COO (Chief
Operating Officer) [Diretor de Operações, em inglês] do BankBoston em 1996.
Reportavam-se a ele todas as áreas de negócios, mercado de capitais,
tesouraria, mesa, marketing, operações e sistemas"..
Denúncias
do empresário Luiz Barros de Ulhôa Cintra Filho à Folha de S. Paulo, em
2006, evidenciam a ligação de Meirelles com transferências ilegais de dólares
de Miami para o Brasil. O jornalista da Folha afirma que "Luiz
Cintra Filho, 64, fez inúmeras transferências ilegais de dólares de Miami (EUA)
para o Brasil com a ajuda do BankBoston International e de uma rede
internacional de doleiros [2] entre
1991 e 1997". "O MTB Bank foi identificado em 2003 pela Polícia
Federal como sendo um núcleo de operações de doleiros. Segundo a PF, a Horten
Financial era uma offshore administrada por doleiros", ressalta a
matéria.
Afora
os indícios de corrupção em seus tempos de BankBoston, as relações de Meirelles
com os EUA também ficam evidentes em dados da matéria da jornalista Daniela
Mendes publicados pela [revista] IstoÉ. O referido texto exalta a
figura de Meirelles como um "vencedor" e menciona o fato de que ele
"recebeu o prêmio de Personalidade do Ano da Câmara de Comércio
Brasil-Estados Unidos da Flórida". E prossegue com a ficha de Henrique
Meirelles, revelando que é membro de diversas "organizações mundo
afora", dentre elas o New York City Investment Fund e que "lá, ele
dividiu assento com o magnata David Rockefeller".
A
menção a Meirelles para assumir o gerenciamento federal, em substituição a
Temer, também se dá por seu posicionamento em defesa das reacionárias
contra-reformas previdenciária e trabalhista. Posição esta que fez questão de
ladrar aos quatro ventos em entrevista recente: "Com a saída ou não de
Temer, as reformas vão ocorrer".
MEIRELLES
E A JBS
Antes
de aceitar o convite de Temer para assumir o Ministério da Fazenda, Meirelles
ocupou, entre os anos de 2012 e 2016, cargos importantes no Grupo J&F,
controlador da JBS, principal empresa envolvida com a Operação "carne
fraca" – acusada de montar um esquema de corrupção entre frigoríficos e
fiscais para acelerar a liberação de produtos. Além da "Carne Fraca",
o grupo JBS também está sendo investigado nas Operações "Bullish",
"Greenfield" e "Cui Bono" que apuram desvios, pagamentos de
propina [suborno] e fraudes na liberação de recursos públicos envolvendo ações
da holding.
Além
da JBS, a holding J&F também controla as empresas Alpargatas, Vigor,
Eldorado Brasil, Banco Original, Oklahoma e Canal Rural. Juntas, todas as
companhias somam receitas de R$ 175 mil milhões [€47,2 mil milhões
Meirelles
ocupava cargos importantes no Grupo J&F durante os anos em que a empresa
repassou cerca de 500 milhões de reais às principais siglas do Partido Único
(PT, PMDB e PSDB). Quer dizer, então, que os R$ 500 milhões sumiram dos cofres
da empresa durante esse período e Meirelles não viu absolutamente nada? No
âmbito da empresa, ele ficava responsável justamente pelo contato com o
"mundo político". Joesley Batista era seu patrão, portanto. Apesar
das classes dominantes brasileiras terem feito todo um trabalho no sentido de
colocar Meirelles acima de qualquer suspeita, ele é tão sujo quanto
Temer.
1ª
quinzena/Junho/2017
[1]
O autor refere-se aos três partidos – PT, PMDB e PSDB – que têm governado o
Brasil.
[2]
Doleiro: traficante de dólares.
O
original encontra-se em anovademocracia.com.br/no-189/7013-meirelles-tao-sujo-quanto-temer
Este
artigo encontra-se em http://resistir.info/.
GGN