Para
escritora e colunista do El País, Bolsonaro não governa para a Nação, mas para
o próprio clã, formado por família e seguidores. E é para defender o clã que
quer aumentar o próprio poder.
Deve
ser “muito fundo e muito grave o que os investigadores poderão encontrar, caso
não forem impedidos”, no inquérito contra Flávio Bolsonaro. É possível que a
suposta corrupção do zeroum não tenha ficado restrita ao gabinete,
estendendo-se a outros membros do clã Bolsonaro. É o que explica o
“antipresidente” Jair querer colocar as tropas de “bolsocrentes” nas ruas. A
avaliação é da jornalista e escritora Eliane Brum, em artigo no El País.
“Bolsonaro
não é um presidente, mas sim um chefe de clã na presidência”, afirma a
jornalista. “O que o domingo mostrará é quantos crentes o clã Bolsonaro
conseguirá mover na tentativa de barrar as investigações do filho zeroum.”
Na
visão da escritora, Bolsonaro pode até tentar argumentar que não consegue
governar com instabilidades causadas pelas instituições, incluindo Congresso e
Judiciário. Mas a verdade é que apenas Bolsonaro impede Bolsonaro de governar
para a Nação. Em cinco meses no poder, fez gestos apenas em favor de seu clã,
que envolve familiares e seguidores.
“O
autogolpe está em andamento não porque o projeto de Bolsonaro para o país está
ameaçado. E sim porque o projeto de Bolsonaro para o seu próprio clã está
ameaçado. Primeiro pelas investigações que, se não forem barradas,
possivelmente alcançarão outros membros do clã. Como impedir então que as
investigações continuem? Pelo golpe. Botando os crentes na rua para, como eles
próprios gritam nas redes sociais, fechar o Congresso e fechar o STF, a
instância máxima do judiciário.”
“Não
há ninguém impedindo Bolsonaro de governar para o país, além dele mesmo e de
seu clã. A questão é que eles nunca quiseram governar para o país, porque a
nação não lhes interessa. O que eles sempre quiseram foi governar para o clã e,
assim, transformar o território da nação no território do clã. Agora o clã está
ameaçado porque as instituições democráticas funcionam mal, mas ainda
funcionam. Funcionam o suficiente para investigar se o filho zeroum cometeu os
crimes dos quais é suspeito e apurar quem mais está envolvido”, complementou.
Do
GGN