Sobre
náuseas e ânsia de vômito
Em
entrevista ao jornalista Roberto D’Avila, da Globonews (quem mais poderia
ser?), o PGR contou que sentiu náuseas e ânsia de vômito ao ouvir a agora
célebre gravação da conversa noturna entre Joesley e Temer.
Não consegui
ter pena da indisposição digestiva de Sua Excelência.
Gostaria que
fosse capaz de um mínimo de empatia e talvez imaginasse o tamanho das náuseas e
das ânsias de vômito de muitas brasileiras e brasileiros que, desde 2014,
assistem à crise política causada por aqueles que só agora despertaram sua
curiosidade.
A ânsia,
quando às escâncaras, Temer trabalhou para fazer de Eduardo Cunha o presidente
da Câmara, conhecedor de seus métodos suínos de lidar com o interesse público;
quando Eduardo Cunha inviabilizava o governo da Presidenta eleita porque não o
deixava roubar; quando apanhado com a mão na cumbuca, Eduardo Cunha chantageava
o PT para inviabilizar sua cassação na comissão de ética; quando, por não
aceitar a chantagem, o PT e a Presidenta foram alvos de covarde ataque de um
centrão de deputadinhos de baixo clero e, com reforço dos perdedores das
eleições de 2014 e assessoramento de ministro do STF, abriram fogo contra o
mandato da candidata eleita, para impedi-la; quando, em 17 de abril de 2016,
uma cambada de interesseiros acolheu na Câmara dos Deputados o impedimento por
trinta moedas de prata; quando, a despeito da completa ausência de prova do
cometimento de crime de responsabilidade, destituíram Dilma Rousseff e
colocaram no poder uma turba de rapina; e, quando no poder, essa malta se
apressou em destruir as conquistas da grande maioria das brasileiras e dos
brasileiros vulneráveis.
Nenhum
Sonrisal, nem Graviscom, o Senhor PGR nos ofereceu.
Pelo
contrário, foi nos socando goela abaixo acusações torpes e inconsistentes
contra Dilma Rousseff, dando uma forcinha àqueles que lhe causam náuseas hoje.
Agora,
Senhor PGR? Só agora sua ficha caiu?
Muito tarde,
pois as flechas que lhe sobraram são de bambu verde e maleável. As mais duras e
pontudas foram gastas com o PT e a Presidenta Dilma Rousseff.
Oxalá
consiga consertar um pouquinho do enorme estrago que o senhor e sua turma
causaram ao País.
Só um
pouquinho, pois a reconstrução da economia, da institucionalidade e das
políticas sociais são muita areia para sua caçamba de fim de mandato.
Vamos
precisar de brasileiras e brasileiros que merecem essa qualificação pelo amor
ao país vilipendiado pela irresponsabilidade de tantos que foram atirando bambu
a esmo sem se importar de atingir inocentes.
Só posso lhe
recomendar que use umas boas doses de Plasil e, para dormir com o barulho que
causou, uns comprimidos de Frontal funcionam bem.
Procure um
médico! Para mim, tem funcionado a ponto de não perder o sentido do que é ético
é antiético na política.
Eugênio
Aragão aposentou-se do Ministério Público Federal (MPF), onde era
sub-procurador-geral da República e foi ministro no governo de Dilma antes do
golpe.
Viomundo