O juiz Sergio Moro abriu mão de um processo que atinge
agentes do governo Beto Richa (PSDB) alegando falta de tempo, mas esqueceu de
contar que sua esposa, a advogado Rosangela Wolff Moro, tem relação de parentesco
com um dos dirigentes do Grupo Triunfo, investigado por suspeita de fraude em
contratos dos pedágios no Paraná e pagamento de propina, tudo sob o nariz de
Richa.
Quem revelou o parentesco da mulher de Moro com o empresário
Luiz Fernando Wolff de Carvalho, presidente do conselho administrativo do grupo
Triunfo, foi reportagem de Amanda Audi no Congresso em Foco, nesta sexta (15).
Segundo a matéria, Fernando é primo em segundo grau da esposa
do juiz mais estrelado da Lava Jato. Eles têm em comum os mesmos bisavôs:
Bernardo Wolff e Silvina do Amaral Wolff. O levantamento do parentesco foi
feito pelo professor e pesquisador Ricardo Oliveira, da Universidade do Paraná,
que estuda a genealogia da elite paranaense.
Não bastasse esse elo com o presidente do conselho do grupo
Triunfo, a esposa de Moro também é prima distante de Beto Richa e Rafael Greca,
prefeito de Curitiba. “Todos descendem de Manoel Ribeiro de Macedo, um
potentado do início do século 19″, informou o professor da UFPR ao Congresso em
Foco.
O portal ainda ouviu especialistas que avaliaram que Moro
deveria ter se declarado suspeito. "O CPC (Código de Processo Penal) diz
que há suspeição quando o juiz tem algum tipo de proximidade com alguma das
partes do processo."
O advogado Alvaro Quintão, presidente do Sindicato dos
Advogados do Rio de Janeiro, disse que Moro não declarou suspeição para
"evitar questionamentos sobre o parentesco".
Procurado pela reportagem, Moro declarou, por meio de nota,
que "Parentescos remotos e pessoas que o juiz não conhece não têm qualquer
relevância."
POLÊMICA ATRÁS DE
POLÊMICA
Nesta sexta (15), o Paraná Portal também fez outra revelação:
3 dias antes de abrir mão do processo alegando falta de tempo, Moro decidiu
anular um dos depoimentos que arrastava Beto Richa para o olho do furacão.
O juiz derrubou o testemunho de Carlos Nesser, ex-assessor da
Casa Civil do governo Beto Richa. Ele havia declarado que os recursos que
recebeu da Trunfo em suas contas eram destinados à campanha eleitoral do
tucano. Agora que o depoimento foi anulado, há indícios, de acordo com o Paraná
Portal, de que a defesa de Nasser vai mudar de versão e alegar que ele prestou
serviços ao grupo que justificam os pagamentos.
De acordo com as investigações, as concessionárias de
pedágios no Paraná "entraram em acordo" com agentes do DER
(Departamento de Estradas de Rodagem) para inflacionar ilicitamente o preço do
pedágio.
Moro, no final de 2017, fazia questão de ser o juiz da ação.
Para isso, ele alegou que os operadores do escândalo sob o governo Richa eram
os mesmos da Lava Jato: Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran.
Contra Tacla Duran, aliás, Moro abriu um processo em
paralelo, antes de declinar a competência da ação para outro juiz de Curitiba.
No despacho em que abre mão da ação penal contra os agentes do governo Richa,
Moro não informa o que fará com as imputações que envolvem Duran.
Duran denunciou à imprensa que o padrinho de casamento de
Moro, Carlos Zucolotto, teria cobrado 5 milhões de dólares para ajudá-lo a
negociar o acordo de delação com os procuradores de Curitiba.
Do GGN