Falta de
visão estratégica dos agentes da força tarefa de Curitiba faz renascer o herói
nacional.
Estão
conseguindo criar um herói, é impressionante a falta de visão estratégica dos
coordenadores da Lava Jato, incluindo juízes e procuradores. O dia 10 de maio
poderá ser marcado pelo renascimento do mito Lula.
Opinião de Nassif do encontro de Lula com Moro
O
ex-presidente chegou em Curitiba, recebido por uma multidão de pessoas,
apaixonadas, montando uma cena consagradora nas ruas da cidade.
Em contraposição,
no depoimento, o que se viu foi a verdadeira dimensão dos juízes e
procuradores. De um lado, uma pessoa que se tornou, durante um certo período de
tempo, o estatista mais festejado do mundo, por incluir milhões de pessoas na
linha do consumo, sendo comparado a vários heróis pacifistas. E, de repente,
por conta da perseguição política, perde a mulher, Marisa Letícia, por
complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral, visivelmente abatida
pelas pressões que vinha sofrendo nos últimos anos.
O quadro é
de uma pessoa - Lula - que saiu consagrada do governo, sendo criminalizada
durante os últimos dois anos e meio, sem uma única prova das acusações as quais
foi submetida.
A Lava Jato
entra, portanto, na mesma armadilha do PSDB: a mídia dá o endosso a uma
denúncia, conferindo um poder muito grande de início, mas a falta de
inteligência estratégica, tanto dos partidos que fizeram oposição aos governos
petistas, quanto da Lava Jato, os levaram a seguir na onda da mídia, e a única
coisa que a imprensa sabe fazer é destruir adversários.
Em nenhum
momento da história a mídia foi capaz de construir a reputação de pessoas de
peso. O papel da mídia é, meramente, destrutivo. Exemplo é o PSDB, que até anos
1990, tinha formuladores, pessoas que tentaram pensar linhas
desenvolvimentistas para o país, que ficou à reboque por se aliar as
estratégias da imprensa.
A Lava Jato
segue o mesmo caminho, tendo em vista a imaturidade, já apresentada por
representantes da operação, achando que tinham ganhado uma dimensão pública
como salvadores da pátria. Na verdade, viraram somente mais personagens da
mídia.
Essa é a
elite do Ministério Público? Obviamente que não. O depoimento de Lula mostra
que são personagens de dimensão menor, que jogaram perguntas genéricas, como
pegadinhas, sem trazer nenhuma comprovação de que, como agentes da Lava Jato,
tivessem material tangível para encurralar o ex-presidente.
Lula saí do
depoimento desse dia 10 de maio como herói nacional, o primeiro operário que
chega ao poder, que fez um conjunto de inclusões sociais inéditas na história,
e em termos globais, mas que se meteu no jogo político para garantir a
governabilidade com as mesmas armas dos adversários e, por isso, acabou se
enrolando e, fora do poder, é vitimizado.
Em meio a
essa pressão, não submetida sobre nenhum outro ex-presidente, Lula perde sua
esposa, tem a sua casa e a dos filhos invadida de forma violenta pela Polícia
Federal, no âmbito da Lava Jato. Toda essa estratégia irresponsável deverá
comprometer por décadas todo o Judiciário, onde muitos setores que representam
a categoria, incluindo a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), só
se manifestaram quando os vazamentos ilegais de áudios da operação atingiram
desembargadores.
Um ato mais
eficiente contra corrupção seria o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) obrigar
os juízes, desembargadores e ministros e revelar quanto cobram por cachês das
palestras, especialmente de um juiz, diretor de um instituto de ensino em
Brasília, que inventou uma denúncia para fechar o Instituto Lula.
Do GGN