Em dia em
que Lava Jato e imprensa dizem que Lula estava em reunião privada com
executivos da Petrobras, o então presidente e comitiva eram recebidos em Riad,
na Arábia Saudita.
(Foto:
Ricardo Stuckert)
Órgãos de
mídia deram destaque sem qualquer checagem a informação falsa da equipe do
procurador Deltan Dallagnol sobre reuniões de que participou Lula quando era
presidente da República.
Em dia em
que Lava Jato e imprensa dizem que Lula estava em reunião privada com
executivos da Petrobras, o então presidente e comitiva eram recebidos em Riad,
na Arábia Saudita (Foto: Ricardo Stuckert).
Em conluio
com procuradores da Lava Jato em Curitiba, a Rede Globo, a Folha de S. Paulo e
O Estado de S. Paulo produziram semana passada mais uma farsa contra o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agendas de ex-diretores da Petrobras,
anexadas pelos procuradores à ação sobre o tríplex do Guarujá, foram
manipuladas pela imprensa de forma a apontar uma falsa contradição no depoimento
de Lula ao juiz Sérgio Moro.
A juntada de
“documentos” sobre supostas “reuniões” de Lula com a diretoria da Petrobras não
foi fruto da descoberta de algum segredo em um trabalho de investigação sério,
mas uma tentativa tosca de reescrever a história e criminalizar atos como
viagens oficiais ao exterior, reuniões interministeriais e cerimônias da
Presidência acompanhadas pela imprensa.
Uma
irresponsabilidade que atenta contra o papel institucional do Ministério
Público em uma democracia. Parece que para a equipe de Deltan Dallagnol, o
crime de Lula foi ter sido presidente da República. E a mesma imprensa que
acompanhou e divulgou essas agendas durante os dois mandatos de Lula, agora dá
manchetes sem checar nem mesmo seus próprios arquivos.
A fraude começou
a ser montada em 15 de maio, cinco dias depois do depoimento de Lula. Naquela
data, os procuradores anexaram 78 documentos aos autos, sem explicitar o
propósito. Destes, 27 são cópias de agendas de ex-diretores, registrando
“reuniões”, “almoços” e “jantares” com Lula. As cópias das agendas foram
entregues pela Petrobrás aos acusadores de Lula, mas não à sua defesa.
Na manchete
de 17 de maio, a Folha afirmou: “Lava Jato contraria com documentos fala de
Lula a Moro”. Segundo o jornal, as agendas mostrariam que Lula não teve apenas
duas reuniões com a diretoria da Petrobrás em seu governo, como ele havia
declarado a Moro, mas, pelo menos, 23. O Estadão destacou “reuniões de Lula”
com três ex-diretores condenados na Lava Jato. O Jornal Nacional juntou as duas
coisas, elevou para 28 as supostas “reuniões” e citou o Ministério Público como
fonte de suas ilações, numa reportagem de três minutos.
A farsa
desmorona quando se compara o que está escrito nas agendas da Petrobras e o que
Lula realmente fez nas datas indicadas. Por exemplo: das 27 agendas, três se
referem a recepções oferecidas por chefes de Estado a Lula e sua comitiva, em
viagens internacionais: uma pelo presidente da China Hu Jintao, outra pelo rei
da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdul Aziz, e outra pela presidenta do Chile,
Michelle Bachelet.
Pelo menos
14 agendas referem-se à participação de ex-diretores em cerimônias públicas nas
quais Lula estava presente, em inaugurações, visitas a instalações da Petrobras
ou em reuniões interministeriais, como as do Conselho Nacional de Política
Energética. Não se tratam, portanto, de reuniões com a diretoria da Petrobras,
muito menos de agendas com diretores específicos. E tudo realizado com
cobertura da mídia.
Para
verificar a veracidade das agendas (o que no jornalismo se chama checagem),
basta conferir as datas mencionadas com a agenda de viagens nacionais e
internacionais do ex-presidente Lula, que está disponível no site da
Presidência da República.
As agendas
da Petrobras mencionam duas supostas reuniões do delator Paulo Roberto Costa em
Brasília, que não podem ser confirmadas porque o atual governo retirou do site
da Presidência as agendas diárias de Lula. Mas o próprio delator afirmou, em
dois depoimentos ao juiz Sergio Moro, um deles feito ontem (24), que nunca teve
reuniões individuais com o ex-presidente Lula. Confira:
Paulo
Roberto da Costa fez essa declaração como testemunha, ou seja, com a obrigação
de falar a verdade. Ele já havia dito o mesmo em depoimento anterior, mas a
imprensa ignorou este fato para sustentar a farsa das agendas.
Não há
dúvida de que as agendas foram plantadas no processo para desqualificar o
depoimento de Lula em 10 de maio, o que nem mesmo seus maiores adversários
conseguiram fazer. Uma imprensa imparcial ao menos teria checado os fatos antes
de publicá-los sob o viés dos detratores de Lula. E não precisaria se esforçar
tanto, pois muitos desses eventos foram noticiados pelos próprios jornais,
como está registrado neste documento.
Lula foi o
presidente brasileiro que mais visitou as diversas instalações da Petrobras em
todo o País, em eventos públicos relacionados à empresa, que viveu forte
valorização durante o seu mandato. Mais de 60 dessas visitas foram registradas
pela imprensa. Quanto às reuniões com a diretoria, conforme declarou no
depoimento, foram mesmo raríssimas. E Lula citou duas: uma para discutir o
plano estratégico da empresa e outra para decidir o cancelamento de leilões
para exploração de petróleo em áreas do pré-sal, quando ele foi descoberto, em
2008.
Os dados no
link abaixo mostram a verdade sobre as agendas da Petrobras, revelam o golpe
baixo dos procuradores de Curitiba e denunciam a indigência e parcialidade de
um jornalismo que se comporta como papagaio da Lava Jato para difamar
Lula.
GGN