FHC se
casa com o golpe e rompe com povo brasileiro
Organizador do pensamento da
plutocracia nacional, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso perdeu a
oportunidade de se reconciliar com o povo brasileiro que rejeita de forma quase
unânime Michel Temer (92%) e exige diretas-já como saída para a crise (85%); ao
contrário disso, FHC pediu apoio para as reformas trabalhista e previdenciária,
que também são amplamente rechaçadas, e
mentiu, em seu artigo, ao atribuir 14 milhões de desempregados aos governos
Lula e Dilma – a realidade, que está nas estatísticas oficiais, é que o Brasil conheceu o pleno emprego nos
governos petistas e saltou para o
maior desemprego da história depois que Aécio Neves e Eduardo Cunha se uniram
para sabotar o País, preparando o terreno para o golpe, que aprofundou a
recessão; em seu texto, FHC também critica o projeto que propõe a volta da
escravidão no campo, sem lembrar que ele foi apresentado por um deputado tucano.
Não há mistério
algum na derrocada do PSDB. O principal
intelectual tucano, que organiza o pensamento da plutocracia brasileira,
decidiu deliberadamente propor que seus seguidores se abracem a um golpe que
arruinou a economia brasileira e a imagem do Brasil no mundo.
É o que faz
Fernando Henrique Cardoso, em seu artigo mensal, publicado neste domingo.
Nele, em vez de se
reconciliar com o povo brasileiro, que rejeita de forma quase unânime Michel
Temer (92%, segundo o Vox Populi) e exige diretas-já como saída para a crise
(85%, segundo o Datafolha), FHC dobra a aposta no golpe.
No texto, FHC pediu
apoio para as reformas trabalhista e previdenciária, que também são amplamente
rechaçadas e também mentiu ao atribuir 14 milhões de desempregados aos governos
Lula e Dilma – a realidade, que está nas estatísticas oficiais, é que o Brasil
conheceu o pleno emprego nos governos petistas e saltou para o maior desemprego
da história depois que Aécio Neves e Eduardo Cunha se uniram para sabotar o
País, com a política do "quanto pior, melhor".
FHC também critica
o projeto que propõe a volta da escravidão no campo, sem lembrar que ele foi
apresentado por um deputado tucano, o ruralista Nilson Leitão (PSDB-MT).
Fernando Henrique
Cardoso. Dizer que jamais se viu crise tão grande como a
atual é lugar-comum. Mas é verdade, pelo menos quanto à crise política. Ela
advém de muitos fatores, e todos deságuam na falta de confiança que alcançou
boa parte da chamada “classe política”, parte do empresariado e da
administração pública.
A Operação
Lava-Jato apenas mostrou um conjunto impressionante de ilicitudes, não foi
causadora delas. Mas a percepção de que há muita coisa podre na vida
político-governamental aumentou o desânimo e a desconfiança das pessoas.
Os desatinos dos
governos lulo-petistas nos últimos anos provocaram a crise econômica e
desorganizaram as finanças públicas. Resultado: cerca de 14 milhões de
desempregados. É com vistas a estes e aos muitos milhões mais de brasileiros
incertos quanto a seu futuro que o país precisa retomar o crescimento
econômico. Para isso, entretanto, é necessário buscar saídas para os impasses
políticos, senão eles atrapalharão as saídas econômicas e podem impedi-las.
O Congresso pode
melhorar o sistema partidário. Basta aprovar, aperfeiçoando-os na Câmara,os
projetos de lei que já transitaram pelo Senado. Um deles institui a “cláusula
de barreira”, ou seja, um percentual mínimo de votos em todo o país em
determinado número de estados, para que um partido tenha acesso aos recursosdo
Fundo Partidário, ao horário “gratuito” de TV etc. Outro proíbe as coligações
de partidos nas eleições para os legislativos, medida que reduzirá o número de
legendas.
O percentual mínimo
aprovado no Senado seria de 2% do total de votos para deputado federal em pelo
menos 14 estados, nas eleições de 2018, e de 3% a partir das eleições de 2022.
É uma cláusula branda, tanto mais porque o projeto prevê a possibilidade de que
partidos que não ultrapassem a barreira possam manter as prerrogativas dos
demais se aceitarem formar um só bloco por toda a legislatura.
É o mínimo
necessário para pôr fim a legendas de aluguel que corrompem a vida pública
brasileira.
Mudanças no
financiamento de campanha devem também ser aprovadas. Proibidas as doações de
empresas, recursos públicos serão necessários para financiar as campanhas em
2018. Para evitar que mais dinheiro público seja gasto com legendas de aluguel,
impõe-se barreiras para o acesso a esse fundo.
Cláusula de
barreira e fim das coligações proporcionais não esgotam os reclamos de melhoria
do sistema eleitoral e partidário. Há a discussão sobre o voto distrital, puro
ou misto, e até sobre o parlamentarismo. Porém, não dá para discutir tudo ao
mesmo tempo. Medidas deste tipo requerem maior grau de consenso. E a lei é
clara: qualquer alteração, para valer nas eleições de 2018, terá de ser
aprovada até o fim de setembro próximo, um ano antes das próximas eleições.
O Congresso tem a
responsabilidade de decidir logo o que está ao seu alcance para evitar que o
futuro reproduza o panorama atual: um Legislativo fragmentado que para
sustentar o governo cobra o tributo infame do dá cá, toma lá.
O atual Congresso
ainda pode e deve mais.
A Câmara avançou na
reforma trabalhista. Ela ainda depende, porém, do voto do Senado. Este, para
evitar delongas, não deverá mexer no que a Câmara já dispôs. Deixará ao
presidente a tarefa de vetar dispositivos considerados drásticos pelos
trabalhadores e poderá apresentar em projetos diferentes com modificações à lei
aprovada, em benefício dos trabalhadores.
Resta a reforma da
Previdência, que há de calcar seus argumentos na redução de privilégios mais do
que no ajuste fiscal, embora este seja necessário.
Não dá para tratar
de modo igual quem é desigual: pedir que um trabalhador rural prolongue o tempo
de trabalho para a aposentadoria tanto quanto se pede a um funcionário público
não é justo.
Da mesma maneira,
as relações de trabalho no campo podem ser revistas, mas nunca para facilitar a
exploração do empregado rural ou do pequeno agricultor como disposto em projeto
de lei aprovado recentemente.
O país clama por
solidariedade, por ordem nas finanças públicas e por maior produtividade.
Falta o principal:
sem líderes críveis, que desenhem o futuro do país no mundo e lutem por uma
sociedade mais solidária, não há como recuperar a confiança nos políticos e nas
instituições.
Sem políticos não
há como integrar a nação no Estado nem fazer com que este funcione para atender
às necessidades do povo.
Nas condições
atuais em que todos se informam e comunicam, é preciso que os líderes aprendam
a escutar o que o povo diz sem cair em demagogia.
As circunstâncias
criam líderes. Tomara não os criem nas vestes do demagogo, de direita ou de
esquerda, e que, ao se mudar a geração no mando, se mude mais do que
simplesmente a capacidade de iludir, não raro dizendo uma coisa e fazendo
outra.
Não me assusto com
pesquisas eleitorais fora de hora. Nem com manchetes atemorizadoras. O povo não
tem o governo no coração, como as pesquisas de opinião demonstram, mas teme que
o bolso piore se medidas não forem tomadas.
Por isso mesmo não
temo o resultado eleitoral em função do que o governo realizar em matéria de
reformas. Temo antes outra coisa: que a cultura de permissividade termine por
exigir dos líderes menos do que o momento necessita. Temo que nas futuras
eleições, em vez de renovação, venhamos a dar de cara com a repetição. Com as
mesmas ou com novas caras.
Há espaço, contudo,
para evitar que isso aconteça. Dá para ter esperança, sempre com o pé no chão e
o olhar no horizonte.
No limite quem
resolve é o eleitor e este, embora reagindo “contra tudo o que aí está”,
repudiando uma cultura política que foi corrompida pelos maus usos, tem o bolso
apertado e os ouvidos abertos.
Os
partidos e líderes que não quiserem apenas assistir ao desmoronamento da ordem
pública devem esclarecer o eleitorado sobre o que está em jogo e mostrar
grandeza para apontar caminhos e, assim, oferecer um futuro melhor para o povo
e o país.
Do
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