Em
São Paulo, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima discorre sobre história
do Brasil. Fala dos degredados que incutiram nos brasileiros a malandragem
atávica, poupando apenas os procuradores.
Em
algum lugar do Brasil, o Ministro Luís Roberto Barroso cita Faoro e Buarque e o
grande pensador Flávio Rocha, dono das Lojas Riachuelo, para discorrer sobre
reforma trabalhista.
No
Twitter, o procurador Hélio Telho rebate o economista Paulo Rabello de Castro e
diz que ele (Telho) precisa ensinar capitalismo de verdade a esses capitalistas
de compadrio.
Seu
colega goiano, Ailton Benedito, da Procuradoria dos Direitos do Cidadão,
afirma, no Twitter, que os nazistas eram socialistas, porque seu partido se
chamava Nacional Socialismo e em que breve os socialistas-nazistas brasileiros
matarão os cidadãos nacionais.
Não
bastassem os atentados ao estado de direito, a invasão da política, esses
gênios do data vênia resolvem agora enveredar por todos os campos do
conhecimento, com mesma desenvoltura de um Romário, de Neimar falando
platitudes. Tornaram-se celebridades e se sentiram no direito de falar bobagens
e não serem cobrados, como fazem as celebridades, que são inimputáveis.
Onde
se vai parar esse exibicionismo maluco? Daqui a pouco estarão discorrendo sobre
a Teoria da Relatividade, como Ayres Britto. Quando a imprensa terá coragem de
dizer para esses gênios que o espaço dado a eles é apenas utilitarista, porque
ajudam no seu jogo político e que sua militância intelectual é ridícula e expõe
o próprio poder ao qual pertencem?
Esse
mundo de faz-de-conta da mídia criou egos tão monumentais, que, além de
discorrer sobre os degredados portugueses, Carlos Fernando se viu com o poder
de puxar a orelha da futura Procuradora Geral da República! E tudo isso do alto
da autoridade conferida por uma cobertura displicente, que não consegue
diferenciar o canto da cotovia do zurrar de um jumento.
Dia
desses, um desses procuradores estava indignado porque a Polícia Federal tomou
medidas internas sem pedir sua opinião.
Ontem
anunciou-se que o bravo Ministério Público Federal está proporcionando cursos
de Twitter para o procurador que quiser se aventurar. Para quê? Para que
exercitem uma militância nociva, politizando as discussões, agindo como partido
político com militantes de egos exacerbados?
Para
prestar apenas contas de seus atos, não será, porque senão não se permitiria a
Dallagnol e outros militantes o uso do Twitter para ataques ao Congresso, por
pior que seja, aos advogados e aos críticos da Lava Jato.
É
um pesadelo sem fim. Quando se envereda pelo caminho do ridículo, com a
sem-cerimônia dos néscios, é porque se chegou ao fim da linha.
GGN