Acusações na
base do “ele me disse”, “ela sabia”, “nós conversamos” são, claro, apenas
versões que carecem de provas para que gerem efeitos judiciais.
São versões,
não são, obviamente, provas.
Não sendo
provas, mas declarações, têm de passar em dois testes: o da verosimilhança e o
da lógica.
Este é o
ponto comum de incongruência dos depoimentos de Léo Pinheiro, sobre Lula, e do
casal de marqueteiros João Santana e Monica Moura, sobre Dilma.
Vamos pular
o primeiro teste, o da verossimilhança, porque é subjetivo, embora eu não veja
Lula, muito menos Dilma, travando diálogos desta natureza: o primeiro por
“macacovelhice” e a segunda por talhe pessoal.
Passemos ao
segundo, o da lógica.
Ambos tratam
de supostos diálogos travados ao final de 2014, após as eleições.
Após,
também, a publicação do panfleto eleitoral da Veja, com o título que
resume o que hoje é o núcleo da acusação contra ambos: “Eles sabiam“.
Ora, se
nenhum dos depoimentos se referem a tratativas expressas de destruição de
provas de propinas ou de ciência de recebimento via “caixa 2”, antes –
e os três foram claros sobre isso – porque depois de uma capaz de
revista, obviamente plantada pela Lava Jato, Lula e Dilma iriam procurar
empreiteiro e marqueteiros para dizer, expressamente, que sabiam, mesmo?
E mais: se
tudo aquilo de que os acusam foi tratado por outros, por intermediários, porque
não mandar os intermediários dizerem ou perguntarem e, ao contrário, expor-se
pessoalmente?
A versão que
Léo Pinheiro e o casal marqueteiro apresentam padece desta fragilidade lógica,
que supera mesmo o sopesamento prudente que deveria ter um juiz sobre o fato de
estarem dizendo isso “de olho” numa redução de pena.
O que eles
procuram apresentar como um “testemunho” está, todo o tempo, marcado pelo fato
de que não são testemunhas, mas réus. Se dizem a verdade, são cúmplices que
denunciam para “aliviar” suas situações, o que é próprio da fraqueza de caráter
humano.
A empresa do
Sr. Pinheiro e a do casal – eles, portanto – ganharam fortunas, muito mais que
qualquer coisa que possam acusar Lula e Dilma de terem recebido, porque ambos,
embora hoje sem funções públicas, têm suas vidas devassadas, seus bens
expostos, seus hábitos acompanhados pela mídia.
E certamente
vivem com muitíssimos mais modéstia que o empreiteiro e os marqueteiros.
Por isso, o
que dizem, além de não ter lógica, também não tem ética.
É apenas
mais um negócio, do tipo que o casal marqueteiro conhece bem: diz-se o que as
pessoas querem ouvir.
Mesmo que
não faça sentido, é música para os chacais.
Do Tijolaço