Peça 1 – a desconstrução dos heróis
midiáticos
Não há
armadilha maior do que a ilusória sensação de poder que a mídia proporciona.
Como dona do
palco, ela define o roteiro. Quando calha do personagem estar adequado ao
roteiro, ela o alça ao Olimpo das celebridades. O que o sujeito fala,
repercute. Em um primeiro momento, passa uma sensação única de onipotência. Os
mais espertos, entendem o jogo. Os neófitos não se dão conta de que o espaço
tem data de validade, não é coisa líquida e certa como um concurso público.
Essa falsa
percepção liquidou com o PSDB. Desde a ascensão de Lula, o partido limitou-se a
ser caudatário da mídia brasileira. E a mídia brasileira só consegue destruir.
De repente, um partido que se orgulhava de seus intelectuais, passou a ter a
cara raivosa de um José Serra, Aécio Neves, Aloysio Nunes, José Aníbal, todos
vociferantes, raivosos, salivando como cães hidrófobos. E liquidando com a
imagem do partido.
Quando a
muleta foi recolhida, o partido acabou. Suas esperanças repousam, agora, nos
inacreditáveis João Dória Jr e Huck.
Esse mesmo
castelo de cartas foi erigido com a Lava Jato. Hoje houve a hora da verdade. E
o castelo desmontou.
Cara a cara
com Lula, não havia mais a blindagem das edições seletivas. Não havia mais a
liberdade para construir teses abstratas, suposições alinhavadas com ilações,
sendo oferecidas para um cardápio viciado dos órgãos de imprensa.
Agora, seria
ferro contra ferro.
E o que se
viu foi um espetáculo constrangedor.
Do lado do
juiz Sérgio Moro, pegadinhas, levantamento do que Lula disse em 2005, em 2007,
meramente para fornecer leads para o Jornal Nacional – já que não havia nenhuma
relação com as denúncias formuladas. Da parte dos procuradores, um apego a
detalhes irrelevantes, próprio de quem não tem elementos consistentes.
O mais
relevante: durante anos, a opinião pública se viu ante duas posições taxativas.
De um lado, a Lava Jato garantindo ter todos os elementos para incriminar Lula.
De outro, Lula sustentando que não havia um só elemento sólido.
Fizeram um
pacto com o demônio. Clique aqui.
Mefistófeles
levou os procuradores e o juiz para o alto da montanha e ofereceu a eles a
celebridade. Em troca, teriam que entregar a condenação de Lula. Saíram como
vendedores de Bíblias do velho oeste, garantindo a condenação sem ter os elementos.
E ambos ficaram presos à armadilha: a mídia perante seus espectadores; a Lava
Jato perante a mídia.
O
deslumbramento de Moro e dos procuradores fê-los apostar tudo em uma partida de
poker. Quando abriram as cartas, não dispunham sequer de um par de 4.
E Lula
dominou a cena no discurso final, no qual deu dados precisos da campanha
intransigente da mídia, controlou as tentativas do juiz de cortar sua palavra e
produziu uma denúncia que, nas redes sociais, espalhar-se-á pelo mundo.
Peça 2 – o segundo nascimento de Lula
Moro montou
o cenário, mas o espetáculo foi de Lula.
Primeiro,
pela impressionante corrente de pessoas que foram a Curitiba apoiá-lo. Depois,
pelo depoimento em si. O entusiasmo, a maneira como mobilizou pessoas de todo o
país, através das redes sociais, o acompanhamento de perto da mídia
internacional e, ao final, um comício consagrador, tudo isso torna Lula mais
que nunca o candidato para 2018.
No
julgamento, a pessoa que saiu do governo consagrada internacionalmente, por seu
trabalho de inclusão social e pela dimensão assumida pelo país no seu governo
se apresentava, não como líder popular, nem como o estadista consagrado, mas
como uma pessoa que perdeu a esposa, vítima dessa campanha implacável, que teve
a casa invadida, sua intimidade estuprada por Sérgio Moro, as casas de seus
filhos arrombadas e os netos sendo alvos de bulling na escola.
Nenhum de
seus acusadores resistiria a dois dias de campanha de mídia. E, agora, frente a
frente com eles, cobrando provas que não apareceram, documentos que nunca
existiram.
Depois, no
comício, apresentou-se como a pessoa que poderia salvar o país, entregue pela
Lava Jato e pela mídia às mãos de um presidente corrupto e medíocre e de uma
grupo de poder que jamais conseguiu chegar perto de um desenho minimamente
viável de país.
Um otimista
diria que o evento de hoje, somado ao fastio de parte da mídia com as
arbitrariedades da Lava Jato, poderia ser o início de uma tentativa de busca de
consensos mínimos, visando impedir que o país caia na barbárie completa.
Um
pessimista olharia para a Globo, para a maneira como radicalizou e avançou no
mar revolto da subversão institucional, e ponderaria que ainda há uma longa
luta pela frente, até que o bom senso se espraia pela nação. Confira algumas das famigeradas capas das revias que compõe a mídia terrorista: