O
jornalista Igor Gielow, repórter especial da Folha, publicou artigo nesta
quinta (31) criticando a reação de Sergio Moro à denúncia de Rodrigo Tacla
Duran contra o amigo pessoal do juiz, o advogado Carlos Zucolotto. "Para
todos os efeitos, Moro piscou", disparou.
No
último final de semana, Folha divulgou que Tacla Duran acusa Zucolotto de
intermediar um acordo de delação premiada com os procuradores de Curitiba, que
acabou fracassado. Duran é réu por lavagem de dinheiro e formação de
organização criminosa e afirma que o amigo de Moro cobrou um terço dos
honorários "por fora", para repassar o dinheiro às pessoas que
ajudaram nos bastidores da negociação.
Contrariado,
Moro entrou em contato com Zucolotto e respondeu à Folha que a notícia era
falsa. Ele também usou um despacho em um dos processos de Lula para se
defender, alegando que não era contra a eventual apuração da denúncia de Duran.
"Sua
reação à acusação de que um advogado amigo negociava acordos por fora na Lava
Jato chamou mais atenção do que a insinuação em si. Moro tratou de
desqualificar o acusador, chamando-o de 'delator foragido'. Há nuances óbvias,
até porque o delator em questão não chegou a ter a delação aceita, mas é
impossível ignorar a ironia de ver o juiz que tanto valorizou o instituto da
delação partir para essa linha", escreveu Gielow.
O
jornalista também não poupou Moro por seu exibicionismo na pré-estreia do filme
da Lava Jato. Lauro Jardim, em O Globo, escreveu que o juiz fez questão de
furar um esquema de segurança para chegar ao cinema em meio ao público do
shopping, causando alvoroço.
"Nada
contra vida pessoal de magistrados, mas um pouco de recato seria desejável.
Moro pisou na bola algumas vezes no curso da Lava Jato, mas seu trabalho é de
importância ímpar na história recente do país", disse Gielow. "Cabe
aos juízes moderação", acrescentou.
Por
fim, o jornalista ainda projetou que Moro pode ter a intenção de se tornar
político com o fim da Lava Jato, assim como procuradores de Curitiba. A
operação Mãos Limpas, da Itália, pode ser uma inspiração para além do Direito.
"A
Lava Jato já é marcada por estrelismo e voluntarismo de caráter messiânico por
parte de alguns de seus integrantes da ponta, voltando ao questionamento do
início desse texto. Na Itália da sua inspiração, a Operação Mãos Limpas,
investigadores e magistrados entraram na política após disputas semelhantes e a
efetiva reação congressual para esvaziá-la. Como lamentou em entrevista o
historiador Giovanni Orsina, os protagonistas viraram agentes políticos, a
começar pelo magistrado-símbolo da operação, Antonio di Pietro."
Do
GGN