Se adiantasse alguma coisa para quem parece disposto a urrar,
não a pensar, seria boa a leitura da Folha de hoje aos defensores de uma
intervenção militar como forma de “restaurar a moralidade” em nosso país.
Afinal, podem não acreditar nos que viveram aqueles tempos
mas, canino que é seu comportamento, hão de dar crédito a documentos
estrangeiros.
Não abriram o bico com os papéis do Departamento de Estado
norte-americano que revelavam os assassinatos políticos e não vão abrir com a
descoberta de papéis mantidos até agora em segredo pelo Reino Unido
falando em corrupção justamente numa atividade militar: a contratação da construção de fragatas para a Marinha
brasileira.
Coisa tão “cabeluda” que o governo militar brasileiro não
quis receber 500 mil libras ( R$ 15 milhões, em dinheiro de hoje) oferecidos
espontaneamente pelo governo de Londres como ressarcimento ao sobrepreço
verificado na aquisição dos navios.
Não importa que todo mundo saiba que fortunas – e mais civis,
até, que militares – se fizeram sob a ditadura, nem que tenha sido sob ela que
se deteroraram as condições de segurança pública. É preciso “lembrar
de um passado que não existe[1]”
para tornar atraente o caminho da insensatez.
Do Tijolaço
[1] Memórias do que não houve e as do que é real. A direita brasileira – inclusive aquela que
negará seguidamente que o é, nas colunas dos jornais deste país – insiste que o
impasse que vivemos agora é fruto da “herança maldita” do Governo petista.