A
advogada Valeska Martins, defensora do ex-presidente Lula na Lava Jato, disse
em entrevista transmitida pela página do PT no Facebook, nesta quinta (4), que
"as pessoas não lembram mais do que Lula foi acusado." Segundo ela,
"são tantas as denúncias pela imprensa que fica difícil para o cidadão
normal individualizar (a conduta imputada ao petista)." E isso decorre da
estratégia adotada pela força-tarefa da Lava Jato, de "demonizar"
Lula e sua família, alimentando a mídia diariamente com acusações infundadas e,
consequentemente, violando seu direito à presunção de inocência.
Valeska
explicou que a parceria entre Judiciário e mídia não só é um dos pilares do
chamado lawfare (uso de meios jurídicos para fazer perseguição política), como
foi praticamente lecionada por Sergio Moro em um artigo de 2004, no qual ele
analisa a operação Mãos Limpas.
"Ninguém
tem a presunção de inocência intacta num sistema como esse, [onde mídia e
Judiciário] se retroalimentam. Na verdade, eles [Lava Jato e imprensa
tradicional] não vivem mais um sem o outro", disse.
Na
entrevista (veja o vídeo abaixo), Valeska e o advogado Cristiano Zanin Martins
elencaram os motivos pelos quais Lula deve ser absolvido em segunda instância,
no próximo dia 24, quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região deve
analisar os recursos contra a senteça de Sergio Moro no caso triplex.
Moro
condenou Lula a 9 anos e meio de prisão, mais pagamento de multa e
ressarcimentos que somam aproximadamente R$ 13 milhões. O ex-presidente já teve
cerca de R$ 10 milhões em bens bloqueados a mando do juiz de Curitiba.
Segundo
Zanin, os procuradores de Curitiba "escolheram o juiz, embora não pudesse
fazê-lo. Eles afirmaram na denúncia que haveria relação [entre as reformas no
triplex] com a Petrobras. Mas no final do processo, o próprio juiz reconheceu
que não tinha relação com a Petrobras." Logo, a ação penal jamais deveria
ter tramitado na 13ª Vara Federal.
Além
disso, os advogados reiteraram que fizeram provas de que o apartamento é um
ativo que a OAS pode utilizar para pagamento de seus credores, ou seja, jamais
esteve disponível para uso por Lula e sua família. Valeska lembrou que a
"OAS não poderia transferir esse imóvel para ninguém sem que houvesse um
depósito numa conta da Caixa Econômica Federal."
Lula
foi condenado principalmente com base na palavra de Léo Pinheiro, ex-sócio da
OAS, como co-réu na mesma ação. Para os advogados, a imprensa deu pouca atenção
ao fato de que, um mês após a sentença, o próprio Ministério Público disse
que a delação de Pinheiro "não tinha nada de incriminador contra
Lula".
GGN