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domingo, 25 de fevereiro de 2018

O coronel e a “investigação seletiva” PF/MPF, por Mello Franco


Imperdível o artigo de Bernardo de Mello Franco, hoje, em O Globo. Imperdível e irrespondível, demonstrando que, na Polícia Federal e na Procuradoria Geral da República, pau que dá em Chico não dá em coronel.
Ninguém escreve ao coronel, Bernardo de Mello Franco, em O Globo.
O novo depoimento de Ricardo Saud jogou mais luz sobre um personagem que o governo se esforça para manter nas sombras. Trata-se do coronel João Baptista Lima, homem de confiança de Michel Temer.
Ex-oficial da PM, Lima costuma ser citado como “amigo” do presidente. Puro eufemismo. Investigações da Polícia Federal indicam que ele atuava desde os anos 80 como faz-tudo do chefe. Arrecadava dinheiro, negociava com empresários e fazia pagamentos.
O coronel despontou no noticiário em abril de 2016, quando um empreiteiro o acusou de intermediar o repasse de propina nas obras de Angra 3. Temer ainda era vice-presidente, e a Lava Jato parecia mais interessada em outros alvos.
Em maio passado, Lima reapareceu na delação da JBS. Foi acusado de receber R$ 1 milhão por “indicação direta” do presidente. No seu escritório, a PF apreendeu recibos de despesas da família Temer. Em áudio entregue à polícia, Rodrigo Rocha Loures, o deputado da mala, informava: “O coronel não pode mais”.
Uma semana antes da delação-bomba, o MST ocupou uma fazenda em nome de Lima em Duartina (SP). O movimento justificou a ação como um protesto para “denunciar as conspirações golpistas de Temer”.
Discurso político à parte, os sem-terra levantaram uma lebre valiosa. No novo depoimento à PF, Saud afirmou que a propriedade é de Temer, que usaria o coronel como laranja. O Planalto nega todas as acusações.
Há oito meses, os investigadores tentam ouvir Lima em inquéritos que envolvem o presidente. Ele apresenta atestados de médicos particulares e não aparece para depor.
A blindagem do coronel também parece contar com o aval de autoridades nomeadas por Temer. O diretor-geral da PF, Fernando Segovia, já ameaçou punir o delegado que citou Lima em perguntas enviadas ao presidente.
Agora sabe-se que a procuradora Raquel Dodge tem evitado opinar sobre medidas pedidas no mesmo inquérito. Ela recebeu o ofício antes do Natal. O carnaval acabou e a doutora ainda não enviou os papéis ao Supremo. O relator do caso é o ministro Luís Roberto Barroso, que já denunciou a existência de uma “Operação Abafa” para sepultar a Lava Jato.
 Tijolaço/Globo

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Patmos da Lava Jato encontrou indícios importantes de destruição de provas por suposto laranja de Temer

Foto: Lula Marques/PT

No dia 18 de maio, quando deflagrou a operação Patmos, na Lava Jato, a Polícia Federal vasculhou endereços do coronel da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, mais conhecido como Coronel Lima, e encontrou indícios de obstrução de provas que interessam à operação.

Segundo reportagem da Folha, isso bastaria para a força-tarefa fundamentar um pedido de prisão contra o amigo de décadas de Michel Temer. Porém, por "questão de estratégia", a Lava Jato decidiu não ir para cima do Coronel.

Lima é amigo de Temer desde os anos 1980, quando o hoje presidente era secretário de segurança em São Paulo. Na Lava Jato, ele é suspeito de ser o laranja do peemedebista, tendo sido acusado pela JBS de operar o recebimento de R$ 1 milhão em propina que a empresa de Joesley Batista teria destinado à campanha de Temer, em 2014. O total em caixa 2 era de R$ 15 milhões.

De acordo com a Folha, a PF encontrou no apartamento do Coronel "documentos rasgados, com informações sobre a reforma da casa de uma filha do presidente Michel Temer".

"Os rasgos nos papéis, feitos nos sentidos horizontal e vertical da folha, aparentemente com uma régua, sugerem que alguém queria destruir a documentação, na interpretação dos investigadores que participaram da operação de busca."

Lima estava na sala quando as folhas foram encontradas pela PF e teria dado sinais de "irritação e contrariedade" com a descoberta.

"Destruição de provas é considerada um crime grave pela Justiça. É uma das justificativas previstas para a decretação de prisão. A Procuradoria-Geral da República, segundo a Folha apurou, não pediu a prisão de Lima Filho neste primeiro momento por razões estratégicas", ressaltou o jornal.

Além de papéis relacionados à reforma do apartamento da filha de Temer, em São Paulo, a Lava Jato também encontrou, entre outros documentos sob sigilo, alguns que indicam que o presidente teve despesas pagas pelo Coronel.

Quando a imprensa divulgou, na semana passada, que a Argeplan teria participado da reforma da residência da filha de Temer, o Planalto negou a informação mas, depois, voltou atrás e reconheceu que Coronel Lima até fiscalizou a obra entre 2014 e 2015.

Folha lembrou que o amigo de Temer é dono da Argeplan, empresa que, ao lado do grupo finlandês AF Consult e outras empresas brasileiras, contruiu a usina de Angra 3. O valor do negócio é de R$ 162,2 milhões.

No ano passado, a Engevix relatou à Lava Jato ter repassado R$ 1 milhão para a campanha de 2014 de Temer como "retribuição pelo contrato com o grupo finlandês". Mas a força-tarefa rejeitou o pedido de delação "por motivos não declarados".

Temer e Coronel não quiseram comentar a reportagem sobre a obra no imóvel da filha e a eventual destruição de provas, respectivamente.

Do GGN