Reportagens
confirmam o que o GGN vinha alertando desde 2015: a Lava Jato ficou a Petrobras
para atender seus interesses políticos
A
última manipulação da Lava Jato, tirando do fundo do baú uma “delação
espontânea” de Sérgio Cabral incriminando Lulinha, foi tão fora de prumo que
não foi aceita até pelo principal desembargador aliado da operação, João Pedro
Gebran Neto.
Como
sempre acontece quando está sob ameaça, a Lava Jato tira da cartola uma
acusação qualquer contra Lula, esperando recompor a blindagem junto à mídia.
A
ameaça, no caso, veio das duas reportagens de APublica-The Intercept, sobre as
negociações dos procuradores com o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ)
visando se apropriar de parte das multas para a Fundação a ser administrada
pelos próprios procuradores.
Trata-se
da reportagem mais bem estruturada da Vazajato, e prova mais contundente, até
agora, sobre a corrupção da operação. Até então, a palavra corrupção era
empregada para descrever os métodos pouco ortodoxos de atuação da Lava Jato.
Com a constituição da tal Fundação (cuja existência foi denunciada pelo GGN, em
primeira mão), e das informações sobre a tentativa de Deltan Dallagnol, Roberto
Pozzobon e Rosângela Moro, de montar empresas especializadas em palestras,
ficou mais evidente ainda.
Agora,
na melhor reportagem da série sobre a Vazajato, APublica e The Intercept
revelam, com base nas conversas do Telegram, a prova definitiva da corrupção da
Lava Jato: os acordos ocultos com o Departamento de Justiça e procuradores
americanos, com o objetivo de negociar parte das multas, definir sua aplicação
e receber sua parte na forma de palestras pagas.
São
duas reportagens extensas, “Como a Lava
Jato escondeu do governo federal vista do FBI e procuradores americanos” e
“Desde 2015, Lava Jato discutia repartir
multa da Petrobras com americanos”
As
duas reportagens confirmam o que o Jornal GGN vinha alertando desde 2015,
quando o Procurador Geral da República Rodrigo Janot desembarcou nos EUA com
uma tropa de procuradores: a Lava Jato estava rifando a Petrobras para atender
seus interesses políticos. Com a fundação, ficou claro que havia também
interesses financeiros pessoais envolvidos.
Mas
a cobertura transformou jornalistas dos grupos de mídia em meros repassadores
de release da Lava Jato e, assim, as denúncias ficaram no ar, enquanto a Lava
Jato completava os crimes de lesa-pátria.
Houve
a intenção deliberada – da mídia e do STF – em inviabilizar as denúncias que
vinham dos portais, para permitir a continuidade de uma ação claramente anti
interesse nacional.
As revelações das
reportagens
As
duas reportagens do ARepublica-The Intercept, com base nas conversas dos
procuradores, mostram, em resumo, o seguinte.
A
Lava Jato sabia que, na Lei de Cooperação firmada entre governos brasileiro e
americano, havia um capítulo que impedia um dos países processar empresas do
outro país consideradas estratégicas.
Mas
decide que a melhor maneira de aproveitar o acordo seria submeter a Petrobras à
multa do Departamento de Justiça, negociando com ele a partilha para o Brasil,
a ser administrada pelos próprios procuradores da Lava Jato.
Em
outros trechos, já divulgados, Deltan Dallagnol e Roberto Pozzobon planejam
criar uma ONG para palestras bancada por esse fundo. Segundo seu planejamento,
a ONG receberia valores simbólicos, para não dar na vista. E o pagamento maior
seria o cachê das palestras.
A
denúncia do DoJ, que custou US$ 800 milhões à Petrobras (R$ 3,6 bilhões), mais
as ações coletivas, que custaram mais US$ 3,8 bilhões (ou R$ 17 bi com o dólar
a R$ 4,50) foram inteiramente montadas em cima das investigações da Lava Jato.
Ao permitir o acesso do DoJ às provas, a Lava Jato foi diretamente responsável
por multas que ascenderam a R$ 20,6 bilhões, contra R$ 4 bilhões que a operação
trouxe de volta para a Petrobras.
Nos
diálogos fica claro que os procuradores foram consultados sobre a possibilidade
da Petrobras não ser processada pelo DoJ, mas concordaram com o processo devido
à possibilidade de controlar as multas que seriam repassadas.
Pontos centrais das
reportagens
A
seguir, trechos das reportagens com informações relevantes. As citações estão
em itálico.
A viagem de
Janot e procuradores para os EUA
O
marco no relacionamento entre a Lava Jato e o DoJ foi a visita do Procurador
Geral Rodrigo Janot aos EUA, em 9 e 10 de fevereiro de 2015, acompanhado dos
procuradores Vladimir Aras, Carlos Fernando dos Santos Lima, Marcelo Miller e
Deltan Dallagnol.
Eles
se reuniram com o DOJ, representantes da Comissão de Valores Mobiliários (SEC,
na sigla em inglês), da Receita Federal americana (IRS, na sigla em inglês), do
FBI e do Departamento de Segurança Interna (DHS). Foi a partir dessa visita que
os procuradores passaram a discutir a vinda da comitiva a Curitiba.
O papel de
Janot e Cardozo
Depois
da visita de Janot, procuradores e delegados americanos vieram especificamente
para acertar a delação premiada de brasileiros nos EUA. Rodrigo Janot sabia
disso, mas escondeu a informação. O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso,
disse que foi surpreendido pela informação e procurou mais detalhes sobre a
história, mas “eu nunca tive uma resposta conclusiva sobre isso”. Ou seja,
pediu informações sobre uma suposta ilegalidade, a Lava Jato não deu e ficou
por isso mesmo.
Os americanos e
a indústria do compliance
A
delegação foi liderada por Patrick Stokes, chefe da divisão que cuidava de
corrupção internacional no DOJ. Pouco depois, Stokes deixou a FCPA e se tornou
sócio do escritório Gibson, Dunn & Crutcher’s – que atende a Petrobras nos
Estados Unidos – uma posição cujo salário chegou a R$ 3,2 milhões em 2017.
Na
série Lava Jato Lado B, GGN dedicou
um capítulo à indústria do compliance, como o pedaço de queijo que unia os
interesses dos procuradores de vários países, que passaram a oferecer seus
serviços para empresas por eles mesmo investigadas.
Ao
longo de todo esse período, fizemos
uma cobertura intensiva sobre as jogadas entre procuradores e
autoridades e os grandes escritórios de advocacia norte-americanos ligados ao
DoJ.
Dallagnol
burlando a lei
Há
inúmeras passagens em que Deltan Dallagnol omite dados das autoridades
brasileiras e da imprensa, para burlar a lei. Apesar dos alertas sobre as
ilegalidades, especialmente por Vladimir Aras – que aparentava ser o mais
centrado dos procuradores da Lava Jato – em nenhum momento se vê um recuo de
Dallagnol.
DRCI
(departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional) é o órgão do
Ministério da Justiça incumbido da formalização dos acordos de cooperação.
Quando o diretor fica sabendo da visita dos americanos e solicita informações,
o que faz a Lava Jato?
“No
mesmo email, enviado para o então chefe do DRCI, eles decidem amenizar o conteúdo
da visita e dizer que ela se limita a “reuniões de trabalho”, como
“apresentação de linhas investigativas adotadas pelo MPF e pela PF e pelos
norte-americanos no caso Lava Jato”, e não “diligências de investigação no
Brasil, o que seria irregular”.
Documentos
oficiais do Itamaraty obtidos pelo The Intercept contradizem a versão defendida
por Dallagnol na resposta ao Ministério da Justiça. Segundo esses documentos o
DOJ pediu vistos para pelo menos dois de seus procuradores – Derek Ettinger e
Lorinda Laryea – detalhando que eles planejavam viajar a Curitiba “para
reuniões com autoridades brasileiras a respeito da investigação da Petrobras” e
com advogados dos delatores da Lava Jato. “O objetivo das reuniões é levantar
evidências adicionais sobre o caso e conversar com os advogados sobre a
cooperação de seus clientes com a investigação em curso nos EUA”.
Ou
seja, o Ministério da Justiça queria informações sobre a vista dos americanos.
O Ministério das Relações Exteriores tinha em detalhes. E Cardozo se contentou
com as não-explicações dadas pela Lava Jato. E não era pouca coisa. O DoJ
mandou o estado maior das investigações ao Brasil, além do chefe Patrick
Stones.
Além
dele, estavam presentes dois procuradores-chave nos casos da Petrobras e
Odebrecht, Christopher Cestaro e Lorinda Laryea. Ambos continuam atuando na
divisão de FCPA do DOJ. Em 2017, Cestaro foi nomeado chefe-assistente da
divisão e, em julho do ano passado, tornou-se o chefe de FCPA, comandando todas
as investigações de corrupção internacional contra empresas americanas e
estrangeiras.
Do
lado do FBI, George “Ren” McEachern liderou até dezembro de 2017 a Unidade de
Corrupção Internacional do FBI em Washington, com mais de 40 agentes,
supervisionando todas as investigações de corrupção ligadas à Lava Jato. A
agente Leslie Backschies, que também esteve na comitiva, era supervisora da
Divisão de Operações Internacionais do FBI no continente e acompanhou de perto
todas as investigações no Brasil. Ela atualmente ocupa o antigo cargo de “Ren”
e supervisiona os três esquadrões do FBI dedicados a investigar corrupção pelo
mundo afora.
O roteiro
completo para os norte-americanos
Os
procuradores da Lava Jato trataram, então, de fornecer todas as informações
necessárias para a equipe norte-americana. Explicaram o papel de cada delator.
Falou-se de Alberto Youssef, de Paulo Roberto Costa, de Augusto Mendonça Neto,
dono da empresa de construção Toyo Setal, de Pedro Barusco, ex-gerente de
serviços na Petrobras, de Hamylton Padilha, lobista da Petrobras que atuava na
área de aluguel de sondas para perfuração de poços; Ricardo Pessoa,
ex-presidente da Construtora ETC Engenharia; e Dalton Avancini, ex-presidente
da Camargo Corrêa.
Depois
de ser “brifada” sobre vários alvos da Lava Jato, a delegação americana passou
dois dias negociando com advogados de delatores-chave. Cada um deles teve meia
hora para apresentar seus casos e conversar sobre os termos da colaboração com
as autoridades americanas.
No
dia 9 de outubro, de férias na Alemanha, Aras alerta Deltan que os americanos
poderiam usar as informações em processos no seu país contra cidadãos e
empresas brasileiras.
A
preocupação demonstra como o chefe da Lava Jato em Curitiba explorou uma zona
cinzenta, fazendo soar alarmes na própria PGR.
De
nada adiantaram os alertas. Os próprios procuradores se incumbiram de
pressionar brasileiros a delatar para o DoJ. Como se depreende da mensagem do
procurador Orlando Martello:
“Foi
muito interessante e útil para nós trabalhar com vocês e sua equipe na semana
passada. Pudemos entender melhor os procedimentos nos EUA, assim como aprender
sobre sua expertise em acordos. Com esse conhecimento, agora nós temos mais uma
maneira de convencer empresas e indivíduos a revelar fatos: ameaçar informar
‘as autoridades Americanas’ sobre corrupção e delitos internacionais… (risos)”,
escreveu Martello, em inglês.
Em
seguida, informa os americanos sobre como passar por cima das restrições
legais, que obrigam que interrogatórios de brasileiros sejam feitos por
autoridades brasileiras.
Primeiro,
eles poderiam ouvir os colaboradores da Lava Jato nos Estados Unidos – o que é,
para ele (e para Stokes), a melhor ideia, embora parte deles pudesse não
aceitar ir voluntariamente para os EUA. E então sugere: “Nós podemos
pressioná-los um pouco para ir para os EUA, em especial aqueles que não têm
problemas financeiros, dizendo que essa é uma boa oportunidade, porque, embora
seja provável que autoridades dos EUA venham para o Brasil para conduzir as
entrevistas, as coisas podem mudar no futuro”. Assim seria possível evitar as
limitações impostas pela decisão do STF e novas decisões que poderiam se
seguir.
A entrega das
provas obtidas no Brasil
Em
30 de novembro de 2015, às 21:09:52, Dallagnol avisa a Aras que os americanos
já “estão ouvindo colaboradores”. Aras reage com surpresa e Deltan responde:
“Não temos controle sobre as oitivas porque são uns 10 colaboradores que já
estão em tratativas de acordos, ou acordos feitos. EUA estão com faca e queijo
na mão para ouvirem”.
Aras
pergunta se os colaboradores estão sendo ouvidos nos Estados Unidos. “Onde
estão ouvindo? Informaram ao DRCI?” Dallagnol responde que, por serem nos EUA,
as oitivas ocorreriam “à revelia do DRCI”. E prossegue, referindo-se à visita
dos americanos no mês anterior: “Nós estamos com pressa, porque o DOJ já veio e
teve encontro formal com os advogados dos colaboradores, e a partir daí os
advogados vão resolver a situação dos clientes lá… Isso atende o que os
americanos precisam e não dependerão mais de nós. A partir daí, perderemos
força para negociar divisão do dinheiro que recuperarem. Daí nossa pressa”.
“Mas
eles só conseguirão isso se colaborarmos, não? Eles não têm provas. Ou têm?”,
retruca Vladimir.
(…)
“Eles podem pegar e usar tudo que está na web”, argumenta Dallagnol. Aras
pergunta: “Quando eles farão pedido formal de oitivas?”.
“Não
precisam fazer. Ouvirão nos EUA os que estão soltos e podem viajar.”
A
resposta surpreende Aras: “Os advogados concordaram? Eles vão viajar sem
salvo-conduto????? Loucura”.
(…)
Dallagnol admite, então, que a força-tarefa pode ter errado ao não avaliar as
consequências da parceria com os americanos durante a visita secreta a
Curitiba. “Quando estavam aqui, e não tínhamos ainda restrições, mas estávamos
operando no automático, sem conhecimento da dimensão das consequências e
pensando em aplicar o tratado diretamente (o que ainda não está fora de
cogitação, estamos todos refletindo, creio), dissemos que não haveria problema
em os colaboradores, que pudessem, ir aos EUA para prestar as declarações.”
A divisão do
dinheiro
Em
agosto de 2015, o valor da possível multa foi vazado para a Agência Reuters por
uma fonte interna da Petrobras, gerando intensa especulação.
A
ideia do compartilhamento das multas partiu do procurador Januário Paludo.
Inicialmente, os americanos ofereceram 25% do total das multas. A Lava Jato
percebe a possibilidade e inicia um processo de negociação. Em determinado
momento, para pressionar os americanos, decidem atrasar a entrega de provas.
No
final de 2015, por exemplo, após o rápido avanço das negociações diretas entre
o DOJ e os delatores, Dallagnol explica a Aras que pretendia atrasar
interrogatórios diretos de delatores pelos americanos para ter melhores
condições de negociar a partilha dos valores. “A razão pela qual seguramos até
agora é porque estamos em dúvida ainda se vamos facilitar as coisas para eles e
porque queríamos negociar a questão de assets sharing”, afirmou Dallagnol em 17
de dezembro.
“Vlad,
entendemos a necessidade de gerar pressão nos americanos e que alguém tem que
pagar o pato. Poderíamos colocar a ‘culpa’ em BSB. Contudo, tem algumas coisas
que me preocupam muito nesse contexto específico da Petrobras, especialmente a
divisão de valores do caso Petrobras. Em razão delas, acredito que seria um
risco muito alto suspender nesse caso específico, neste momento”, afirma ele no
chat.
Um
ano depois, os procuradores de Curitiba foram informados que o DoJ repassaria
80% do total da multa ao Brasil.
Todas as
informações do DoJ eram da Lava Jato
Dois
meses depois, Dallagnol deixa claro que, na sua visão, toda a acusação do DOJ
se baseava apenas na investigação brasileira – e os americanos não tinham
sequer um “caso” contra a petroleira. Ele chega a questionar a cooperação de
maneira eloquente aos seus colegas do chat “Filhos de Januario”.
“A
multa imposta nos EUA a partir do trabalho brasileiro é injusta. Lugar dos
crimes, lugar dos danos, lugar do trabalho, o que as evidências mostram, a
estrita aplicação da lei, dano à imagem da investigação brasileira etc…”,
afirma ele, explicando que naquela época falava-se de uma multa de US$ 3
bilhões.
Por R$ 2,5 bi,
entregaram a Petrobras
No
dia 15 de outubro de 2017, segundo a reportagem, o procurador Paulo Galvão
informou que Cris Cestaro, do DoJ, indagou se deveriam ou não desistir do caso
criminal contra a Petrobras. O motivo foi carta do embaixador brasileiro nos
EUA, invocando a cláusula do acordo que permitia a um país impedir que outro
investigasse empresas de interesse estratégico.
Segundo
ele, embora não devesse opinar “a favor ou contra a Petrobras”, o maior
problema, na visão dos procuradores, seria a opinião pública brasileira, “o que
estaria mitigado pelos 80% ficando no Brasil”.
Segundo
o contrato, caberia ao MPF no Paraná “buscar meios para a constituição da
entidade privada, com sede em Curitiba”, assim como constituir um Comitê de
Curadoria Social para supervisionar a constituição da fundação, pedindo
indicação a organizações da sociedade civil. Além disso, tanto o MPF no Paraná
quanto o MP estadual poderiam pedir um assento no órgão de deliberação superior
da fundação.
Diálogos
vazados mostram que Dallagnol agiu para fundar uma empresa ou um instituto com
perfil semelhante às atividades descritas no contrato com a Petrobras – dois
meses depois da assinatura do acordo da Petrobras com a Justiça americana e um
mês antes da assinatura do acordo da empresa com a Lava Jato, no Brasil.
Deltan e
Pozzobon se prepararam para colher os frutos
Em
dezembro de 2018, Deltan e Pozzobon decidiram montar uma ONG para organizar
palestras contra a corrupção.
Os
dois criaram um grupo no Telegram naquele mês com suas esposas para cogitar a
abertura de uma empresa de eventos, congressos e palestras. “Vamos organizar
congressos e eventos e lucrar, ok?”, escreveu Dallagnol em um bate-papo com a
esposa. Para evitar questionamentos legais e críticas, os dois procuradores
decidiram não aparecer como sócios, mas abrir a empresa no nome das esposas.
“Só vamos ter que separar as tratativas de coordenação pedagógica do curso que
podem ser minhas e do Robito e as tratativas gerenciais que precisam ser de Vcs
duas, por questão legal”, afirmou Dallagnol no grupo de Telegram em 14 de
fevereiro de 2019. Administrar empresas é ilegal para procuradores.
Em
duas ocasiões, Dallagnol sugeriu que criassem um instituto em vez de uma
empresa. Em 3 de março, ao comentar um evento organizado por um instituto, ele
escreveu: “Deu o nome de instituto, que dá uma ideia de conhecimento… não me
surpreenderia se não tiver fins lucrativos e pagar seu administrador via valor
da palestra. Se fizéssemos algo sem fins lucrativos e pagássemos valores altos
de palestras pra nós, escaparíamos das críticas, mas teria que ver o quanto
perderíamos em termos monetários”, escreveu no chat.
A
reportagem do GGN, denunciando a Fundação, acabou com a festa,
A cobertura do GGN
Aqui,
os alertas do GGN, sobre os acordos dos procuradores com o DoJ e, depois, sobre
a criação da fundação que lhes conferiria o direito de administrar o dinheiro
das multas.
08/02/2015 –
O que vai fazer nos EUA a Procuradoria-Geral do Brasil? Acusar a Petrobras? (https://tinyurl.com/qnmluu6)
09/02/2015 –
PGR explica ida de equipe de procuradores aos Estados Unidos (https://tinyurl.com/ueqdtth)
01/08/2015 –
PGR encontrou-se nos EUA com ex-sócia de concorrentes da Eletronuclear (https://tinyurl.com/rgxxxh2),
05/10/2015 –
Procuradores preparam-se para entregar a Petrobras aos EUA, por André Araújo (https://tinyurl.com/wb6ukgb)
05/03/2019
– Com 2,5 bi em caixa, a Lava Jato se prepara para substituir o
bolsonarismo (https://tinyurl.com/yyv2qsn2)
08/03/2019 –
Fundação Lava Jato: Confira a íntegra dos acordos entre Petrobras, EUA e MPF (https://tinyurl.com/y5hu4ezd).
10/03/2019
– Confira o que o GGN publicou sobre o fundo bilionário da Lava Jato na
última semana (https://tinyurl.com/rdq79ft)
12/05/2019 –
Xadrez do pacto que garantiu R$ 2,5 bi para a fundação da Lava Jato (https://tinyurl.com/s2v95f4)
Restou, parado
no ar, o desabafo de André Araujo:
Pergunta-se:
O que vai fazer nos EUA a Procuradoria-Geral da República do Brasil? Vai ajudar
os americanos na acusação contra a Petrobras? Mas a Petrobras é parte do Estado
que lhes paga os salários, está sendo atacada no estrangeiro, eles vão lá
ajudar os autores das ações?
Quem
deveria ir para os EUA é a Advocacia-Geral da União, orgão que funciona como
defensora dos interesses do Estado brasileiro. A AGU poderia ir aos EUA para
ser auxiliar da defesa dos advogados da Petrobras porque, salvo melhor juizo,
um Estado não vai ao estrangeiro acusar a si mesmo ou ajudar outro Estado a lhe
fazer acusações. Quem processa a Petrobras indiretamente está processando o
Estado brasileiro.
Do
GGN