Há
um ano o Senado Federal feria de morte a democracia brasileira ao
consolidar o golpe dado contra uma presidenta eleita legitimamente com 54,5
milhões de votos.
Desde
que Michel Temer assumiu a presidência, colocou em execução um projeto de país
que não foi escolhido nas urnas. De lá pra cá, o Brasil passou a ser
governado por um grupo de corruptos que pratica um verdadeiro desmonte
das políticas sociais, prejudica a economia e ameaça a soberania nacional.
No
pronunciamento que fez após a votação do Senado, Dilma Rousseff alertou: “Vão
capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical
liberalismo econômico e do retrocesso social”. Um ano depois, é exatamente este
o cenário do Brasil pós-golpe.
Começando
pela Emenda Constitucional nº 95, que congelou por 20 anos os investimentos em
saúde e educação, e passando pelas reformas trabalhista e da previdência, a
retirada de direitos e a precarização das garantias sociais são uma constante
desde que Temer assumiu a presidência.
O
governo paralisou os investimentos e, como resultado, a economia só piora e
arrasta de volta à vulnerabilidade as camadas da população que melhoram de vida
durantes os governos Lula e Dilma.
Em
pouco mais de um ano, Temer cortou 71% da verba destinada ao Minha Casa, Minha
Vida e reduziu em 36% os investimentos do PAC. O programa Farmácia Popular, que
garantia medicamentos gratuitos ou a preços de custo, foi encerrado e as
Universidades Federais sofrem para fechar as contas com o orçamento reduzido em
11,4% em relação ao último ano e com parte das verbas contingenciadas.
O
mantra do ajuste fiscal entoado por este governo se tornou uma política de
desmonte do Estado e mesmo assim o déficit fiscal do primeiro semestre deste
ano é o maior da história, um rombo de R$ 56 bilhões – R$ 20 bilhões a mais do
que no mesmo período do ano passado, quando Dilma era presidenta.
A
taxa de desemprego, que caiu ao longo dos governos Lula e Dilma, aumentou e
atingiu no último semestre 13%, afetando mais de 13 milhões de brasileiros.
A
sensação é de que o povo leva um golpe por dia, desferidos por um grupo
corrupto que tomou de assalto a presidência do país. Um a um os homens fortes
de Michel Temer vão caindo, acusados e investigados por corrupção. O próprio
Temer é o primeiro presidente a ser denunciado pelo crime em exercício do
poder.
A
conduta deste governo afeta inclusive a imagem do Brasil no exterior. Seja pela
instabilidade institucional ou pela política externa subserviente, existe hoje
um grande contraste em relação à política externa dos governos do PT.
Nos
últimos anos, o Brasil se consolidava como liderança regional e contribuía para
a construção de uma nova ordem global, baseada no multilaterismo, sem se
submeter aos interesses das grandes potências.
Hoje,
sem prestígio no cenário mundial, o golpe coloca em xeque também a
soberania nacional, ao colocar à venda, à disposição dos interesses financeiro
e internacional, patrimônios estratégicos como o pré-sal, a Eletrobras e terras
amazônicas de interesse da mineração.
O
golpe não foi contra uma presidenta ou um partido, foi contra a democracia e o
povo brasileiro.
Paulo
Teixeira é deputador federal pelo PT.
GGN