segunda-feira, 26 de setembro de 2022

LULA, 48%; BOLSONARO, 31%. O 1° TURNO ESTÁ A 6 DIAS. POR FERNANDO BRITO

A nova pesquisa Ipec, ainda que no topo da margem de erro, dá a vitória a Lula no primeiro turno.

Os 48% que ele alcança na pesquisa, em votos válidos, são 52,2% dos votos válidos.

Mauro Paulino – ex-diretor do Datafolha e, agora, comentarista da Globonews – diz que o resultado só estimula o comparecimento do eleitor lulista.

E, é claro, o voto útil, porque a rejeição de Bolsonaro não cai, ao contrário.

Lula, como sempre se disse aqui, joga “com o regulamento debaixo do braço” e o relógio corre inexoravelmente a seu favor.

Ciro começou a acentuar sua queda e não duvido que fique para trás de Simone Tebet.

Estamos a um passo de uma definição de 1° turno.

Tudo indica que o “prego no caixão” será o debate da Globo, para o qual Lula, aqui de longe, considero estar muito bem preparado e tranquilo.

Mas com uma diferença de 17 pontos no 1° turno, se houver o segundo turno, a possibilidade de uma reversão é quase impossível.

A rigor, este é o maior indicador de que a votação de Lula deve atingir no 1° turno algo perto dos 54% que indica a pesquisa para o 2° turno.

Lula terá perto de 25 milhões de votos sobre Bolsonaro.

Tijolaço.

A ESTÉTICA DO “TADINHO” DISSIMULADO, POR FERNANDO BRITO

 

Jair Bolsonaro, o homem que dispõe de uma rede de mansões em Brasília e que comia, orgulhosamente, churrasco de picanha de gado japonês de R$ 1,8 mil o quilo, estava ontem comendo frango assado de barraquinha e fazendo live num cenário tosco (e propositadamente tosco, como se vê pela caixa encostada na parede de fundo, que não custaria um centavo sequer ser retirada.

É o recurso desesperado de parecer “um homem do povo”, depois de anos de exibição como “o cara da moto e do jet sky”, símbolos do sucesso para a classe média.

Nada raro em candidatos – vide o pastel de feira de Rosângela Moro – a simulação de simplicidade é usada com evidente propósito eleitoral e, no caso do imóvel não identificado onde fez a live, a ideia de se colocar como um “perseguido” pela Justiça, apenas porque esta lhe proibiu o óbvio: realizar um comício eletrônico usando as facilidades palacianas.

Ninguém pode acreditar que a campanha de Bolsonaro não disponha de salas em Brasília ou até mesmo dos estúdios onde faz suas gravações eleitorais.

Tanto é assim que sua fala dedicou-se, essencialmente, a duas coisas. A primeira, como sempre, xingar Lula; a segunda, como quase sempre, mostrar-se vítima de uma “perseguição de Justiça Eleitoral:

— Será que o TSE sabe onde estou fazendo essa live? Ah, escondido, como se eu fosse um cara das trevas. Será que ele está no Alvorada, descumprindo ordem do TSE? Meu Deus, que preocupação do TSE!

Melodrama ridículo, que não resiste a um piparote, destinado a trocar de posição: do valentão bravateiro para o “tadinho”.

Tijolaço.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

BOLSONARO À BEIRA DO PRECIPÍCIO, POR FERNANDO BRITO

A pesquisa Datafolha, divulgada agora à noite, é menos importante pelo fato de ter se ampliado em um ponto a vantagem de Lula sobre Jair Bolsonaro do que pelo que ela coloca como o clima da reta final da campanha: o ex-presidente chega à reta final impávido em seu índice de intenção de votos e o atual, de língua de fora, sem conseguir avançar para um patamar competitivo: está 12 pontos à frente (45% a 33%) e, principalmente, assiste à incapacidade de reação do candidato da direita.

O mesmo registro que o Ipec, o ex-Ibope, havia sugerido na segunda-feira, com um decréscimo das intenções de voto bolsonaristas, é a confirmação de que os trunfos governistas se extinguiram e que, apesar deles, no Datafolha, sua rejeição não apenas não cai como volta a subir (de 51% para 53%, contra 38% de Lula) e o resultado em um possível 2° turno, se houver, abrir-se para 54% a 38%, o que representa perto de 20 milhões de votos.

Domingo, faltarão duas semanas para a eleição, sem que se modifique o quadro que, desde o final do ano passado, dá vantagem a Lula e a possibilidade que , na margem de erro, liquide a eleição na primeira votação.

Lula tem um apoio sólido para uma ofensiva final em busca de uma vitória em primeiro turno que é seu próprio desempenho. E um argumento irretorquível de que sua vitória nele acabaria com os riscos de continuidade de um governo que tem 44% de “ruim ou péssimo” de avaliação, variando 2 pontos desde a pesquisa da semana anterior.

O Sete de Setembro, que era sua grande aposta, dissolveu-se.

Bolsonaro precisa agarrar-se na esperança de que os eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet permaneçam insensíveis à atração da possibilidade de despachar Bolsonaro no dia 2 de outubro.

E Lula precisa levar à rua o seu favoritismo, para que a força desta vantagem seja capaz de imantar votos.

Tijolaço.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

NO DIA DO CERRADO SOB GESTÃO DE BOLSONARO, A CONTA DO DESMATAMENTO NO BIOMA AVANÇA

Só em 2021, Cerrado perdeu 8,5 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa, segundo Inep.

Agropecuária foi responsável por 98,8% do desmatamento no Cerrado em 2021 - Toninho Tavares/Agência Brasília.

Ontem (12) foi o Dia Nacional do Cerrado, bioma que abriga nascentes de oito das 12 bacias hidrográficas do país e é considerado a savana mais biodiversa do mundo. Ainda assim, há poucos motivos para comemorar: ele tem sido foco constante de queimadas, derrubadas de árvores e do avanço da fronteira agrícola.

De acordo com estudos do Mapbiomas, as atividades do setor agropecuário foram responsáveis por 98,8% do desmatamento no Cerrado entre 1995 e 2020. O bioma concentra 30% de toda área desmatada no Brasil.

Um levantamento de pesquisadores brasileiros publicado na revista Global Change Biology concluiu que esta perda da vegetação nativa resultou em um aquecimento médio da temperatura de até 3,5ºC em algumas partes do Cerrado, nos últimos 15 anos.

"A destruição da fauna e da flora do Cerrado também significa a destruição das pessoas. O Dia do Nacional do Cerrado é um dia de conscientização, luta e esperança", diz Pedro Ivo da Associação Alternativa Terrazul.

A falta de políticas públicas que preservam o bioma tem ameaçado não só a fauna e flora como também os povos tradicionais, que dependem do ecossistema para manterem seu modo de vida. Na última sexta-feira (9) , o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou o projeto de lei  que reduz em cerca de 40% o tamanho da Floresta Nacional de Brasília, criada em 1999 para proteger uma extensão importante da savana, além das nascentes que fluem para o principal manancial de abastecimento de água da capital brasileira, a represa do Descoberto.

Bolsonaro coleciona diversos outros ataques ao bioma, incluindo flexibilizações de normas ambientais, incentivo ao avanço da agropecuária e ataques a populações tradicionais. Aliado ao agronegócio, o atual presidente não colocou em prática o Código Florestal brasileiro e cortou R$ 35 milhões do orçamento do Ministério do Meio Ambiente para 2022. 

O resultado das ações pode ser traduzido em números: entre 2021 e 2021, 8,5 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa do Cerrado foram devastados, o equivalente a seis vezes a cidade de São Paulo. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

"Com esse governo não teremos solução para o Cerrado. Quero, no futuro próximo, comemorar o Cerrado preservado e vivo", conclui Ivo.

BdeF.

sábado, 3 de setembro de 2022

REAÇÃO DOS ARGENTINOS ESFRIA ATÉ A EXTREMA-DIREITA DO BRASIL. POR FERNANDO BRITO

 

A imensa multidão que se reúne na Plaza de Mayo e em frente à Casa Rosada, o palácio presidencial argentino têm tanto significado que seus ecos estão chegando até as grandes cidades brasileiras.

Não porque Bolsonaro tenha relação com o chocante atentado contra a vice-presidenta Cristina Kirchner, é claro – embora a sua atrasada e debochada reação (“mandei uma notinha, lamento”) seja uma mal disfarçada satisfação com o ato abjeto – mas porque a cena exibida ao mundo é o retrato do grau de violência que a doentia militância de extrema-direita está chegando por toda a parte.

Não há quem deixe de ver que também aqui (e até ainda mais) formou-se também o caldo de insânia de onde brotam personagens como o brasileiro-argentino que pretendia explodir a cabeça de uma mulher “inimiga”.

Está se tornando agudo um sentimento de repugnância à crosta de desqualificados que vai sobrenadando por este caldo e que transborda,a toda hora em palavras e atos violentos e, até mesmo, num atentado em que se ia balear a cabeça de uma mulher à queima-roupa.

A frase de Bolsonaro de que “já estão tentando colocar na minha conta” lembra a brincadeira infantil do “foi quem estiver com a mão amarela” que os meninos diziam quando havia algum odor desagradável e o mais idiota mostra a mão para dizer “não fui eu”.

Não foi, mas foi o ódio que gente assim, aqui e lá entre os hermanos, semearam no convívio.

A diferença é que os argentinos estão demonstrando nas ruas que isso desperta o repúdio da sociedade, que não quer viver num clima em que as diferenças políticas sejam resolvidas a bala (“vamos fuzilar a petralhada”).

Um clima que ameaça, aqui, transformar o Dia da Pátria, semana que vem, no Dia do Medo.

Tijolaço.