Após a celeuma gerada pelo show de ódio
e preconceito de Jair Bolsonaro durante evento no Clube Hebraica do
Rio de Janeiro, muitos podem pensar que sabem tudo de ruim que há para ser dito
sobre esse indivíduo. Todavia, fatos ocorridos nos últimos dias mostram que
esse homem é um problema ainda maior do que parece.
Como todos sabem, Bolsonaro pretende armar
a população brasileira até os dentes. Está atuando no Congresso para reduzir de
25 para 21 anos a idade mínima para o cidadão poder adquirir uma arma.
A venda de armas no Brasil ainda é
permitida, após a derrota do desarmamento em 2005.
O referendo sobre a proibição da
comercialização de armas de fogo e munições, ocorrido no Brasil a 23 de outubro
de 2005, porém, não permitiu que o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento (Lei
10826 de 22 de dezembro de 2003) entrasse em vigor.
Apesar de a maioria decidir pelo “não”,
sendo a favor da comercialização das armas e munições, a restrição continuou
como estava desde o fim de 2003. É bom lembrar, porém, que, ainda assim, de
acordo com a lei, o porte de arma continua ilegal, salvo algumas
raras exceções.
O cidadão comum que deseja ter uma arma (a
comercialização e a posse de arma estando permitidas) deverá mantê-la
em seu domicílio, além de ter que registrá-la no momento da compra e passar por
um processo burocrático que só aprovará o registro caso o cidadão não esteja no
grupo considerado “de risco”.
Bolsonaro promete revogar qualquer
dificuldade para o cidadão se armar, caso seja eleito presidente da República
no ano que vem.
Tudo bem, é uma visão de mundo e se a
sociedade brasileira cair na conversa desse homem, que arque com as
consequências. Assim como o aumento da velocidade média dos veículos
automotores em São Paulo, determinada pelo prefeito tucano João Doria, está
fazendo explodir o número de mortes e mutilações em acidentes de trânsito, a
distribuição indiscriminada de armas que Bolsonaro quer fazer acarretaria uma
grande chacina nacional, uma tragédia histórica sem precedentes.
Mas
cada povo colhe o que planta, como se sabe…
Porém, o discurso de Bolsonaro parece ter
menos a ver com ideologia e mais com ambição monetária. Ele e seus filhos
parecem ter montado um esquema de vender dificuldades a fabricantes de armas
para depois vender facilidades.
Nos últimos anos, a família Bolsonaro
desencadeou uma verdadeira guerra contra a empresa gaúcha de armas chamada Forjas Taurus. Sob ação do braço parlamentar da família
bolsonariana, o Exército acabou proibindo a empresa de produzir.
Em seguida, parlamentares de
extrema-direita como a família Bolsonaro e o Major Olímpio trataram de propor
uma CPI contra a Taurus, afirmando que suas armas tinham
defeitos, disparavam sozinhas etc.
Contudo, nos últimos dias parece que a
guerra chegou ao fim. Após Bolsonaro vender a ideia de que será bom armar o
Brasil, ele aparece como garoto-propaganda da mesma Taurus que ele e seus
filhos acusavam.
Assista ao vídeo. Clique aqui
Isso se chama criar dificuldades para
vender facilidades. É uma prática antiga usada por jornalistas, parlamentares,
funcionários públicos, policiais etc. Funciona assim: essas pessoas atacam uma
empresa ou pessoa física e os alvos acabam pagando a elas para não serem mais
atacados.
Os filhos de Bolsonaro são meros
teleguiados pelo pai. Fazem o que ele manda. Em agosto do ano passado, o filho
Eduardo – aquele que o pai disse que terminaria “na Papuda” – pediu uma CPI
contra a Taurus. Cerca de seis meses depois, o pai, Jair Bolsonaro, aparece
como garoto propaganda da empresa.
Isso não é o pior sobre o Bolsonaro. Pior
que oportunismo é difundir ódio. O oportunismo causa danos restritos, a difusão
do ódio pode gerar tragédias imprevisíveis para uma nação. Mas vale refletir
que Bolsonaro não é só um imbecil ou um demente. De louco ele não tem nada.
Louco é quem acredita nele ou o subestima.
Do Blog da Cidadania