Prof. Benedito Ferreira Marques
Jusambientalista
A
sonoridade das vozes que já bradaram em pedidos de salvação possível não produziu
eco para ouvidos moucos, porque a situação piora, inexoravelmente, aos olhos de
quem não quer ver. Eu mesmo, daqui de
longe, já dei a lume um texto de exortação, sugerindo ações participativas da
sociedade. Ao que parece, não produziu os resultados
almejados. Foi apenas um discurso a mais que se perdeu nos ventos. Mas nunca é
tarde nem é demais manter acesa a chama da esperança.
Ao
que se informa, algumas ideias estão sendo divulgadas em mídia no período
pré-eleitoral. Todas, porém, a dependerem do Poder Público, como se somente a
este coubesse a responsabilidade pela preservação
do meio ambiente. Fala-se até em canalização do leito e em aproveitamento
do seu nascedouro para a instalação de um parque zoológico. Também se comenta a
ideia da construção de um grande açude, na foz do riacho em agonia, ao redor do
qual seriam instalados quiosques de lazer. É uma ideia e, por ser ideia,
precisa ser discutida e avaliada pela sociedade, com responsabilidade de todos
os segmentos, organizados ou não, sobretudo pelos impactos previsíveis que
possam causar, positivos ou negativos. Oxalá não se deixe a concretude da ideia
divulgada ao livre arbítrio da discricionariedade instituída! Oxalá!
É
com essa responsabilidade de cidadão buritiense que venho opinar.
Penso que a restauração do velho Tubi poderá ser
concretizada sem maiores custos operacionais, e sem obras com pedra, cimento e
ferragens. Poderá ser uma recuperação sob a óptica mais humanista e menos
urbanística. Na minha concepção, a própria natureza poderá ser
chamada ao protagonismo desse processo restaurador, com intervenção mínima da
ação humana. Pássaros e outros espécies de animais silvestres ainda existentes naquelas
bandas poderão ser atraídos por alimentos produzidos em seu próprio habitat, com o plantio de mudas de árvores frutíferas da região:
goiabas, azeitonas (jamelões), mamão, mangas e tantas outras são frutos que
atraem, e são de oferta fácil e produção não demorada. A gestão pública apenas se encarregaria da
manutenção e da fiscalização contra predadores humanos ou vândalos
irresponsáveis, infelizmente factíveis. Para o início da execução do projeto,
poderão ser utilizados comedouros instalados e abastecidos em pontos
estratégicos, até que as espécies se habituem
aos atrativos de alimentos disponibilizados e sintam segurança de que
não serão afugentados. Essa experiência já foi testada em chácaras de recreio
com muito sucesso. Seria melhor e menos
dispendioso do que um parque zoológico que, além de os animais serem alimentados
e assistidos por veterinários à custa do erário, seriam mantidos em cativeiro,
sob vigilância permanente. De mais a mais, o aprisionamento de animais
silvestres – nativos ou exóticos -, não reúne consistência pedagógica
saudável! !
A desobstrução do leito do riacho - de ponta a ponta e em operação contínua -, poderá
ser feita por trabalhadores de limpeza, devidamente protegidos com
indumentárias e equipamentos de segurança, sem receio de resmungos dos proprietários
dos quintais ribeirinhos, por se tratar de serviços de saúde pública. Após a
limpeza, a operação prosseguiria com o plantio de vegetação ciliar, se possível
com a participação de estudantes e professores como atividades
extracurriculares de importância significativa para o processo de educação
ambiental. Essas atividades seriam realizadas em sistema de mutirões
programados e bem divulgados, de modo a envolver a sociedade. E as águas limpas
voltariam a correr livres de entulhos e despejos degradantes. Também os peixes
regionais voltariam a povoar o córrego resgatado da poluição fétida, em
cardumes buliçosos, mediante reposição com lançamentos de alevinos adquiridos
em criatórios da região ou de outras paragens.
Um
sonho? Uma utopia? Não, uma alternativa; uma ideia; uma proposta exequível e
sensata, baseada no humanismo e na consciência ambientalista e ecológica sedimentada, desgarrada de
qualquer proselitismo.
Conterrâneos
buritienses, Avante!
PARQUE
ECOLÓGICO NATURAL DO TUBI–PEN-TUBI.
0 comments:
Postar um comentário