Após quase dois anos procurando crimes nas palestras que Lula
fez com patrocínio de empresas investigadas na Lava Jato, a força-tarefa de
Curitiba decidiu apelar para a delação da Odebrecht.
Na segunda (30), o juiz Sergio Moro atendeu a um pedido
da Polícia Federal e liberou o uso das delações premiadas para que o inquérito
que passou a tramitar na 13ª Vara de Curitiba em novembro de 2015 seja, enfim,
concluído.
A LILS - empresa de palestras de Lula - virou alvo da
Lava Jato desde que a operação quebrou o sigilo das empreiteiras e descobriu o
valor exato dos pagamentos feitos pelos serviços do ex-presidente.
Os procuradores acreditam que Lula só foi contratado
para as palestras em diversos países como forma velada de pagamento de vantagem
indevida. Contrariando este pensamento existe uma delação de um executivo da
própria Odebrecht, Alexandrino de Alencar, que disse expressamente que a
relação com a LILS não tinha nenhum tipo de envolvimento da Petrobras ou outros
negócios do governo.
A Polícia Federal já produziu um relatório sobre o caso
e concluiu que nenhuma irregularidade foi encontrada. Mais do que isso: ao
abandonar o inquérito, em março deste ano, o delegado Marcio Adriano Anselmo
escreveu que a investigação só poderia continuar com a ajuda de uma delação
premiada.
Ele deixou ao sucesso a "sugestão de aguardo das
informações prestadas pelos colaboradores [da Odebrecht] relacionados aos fatos
sob investição", ou que fosse solicitado ao Supremo Tribunal Federal o
compartilhamento das informações.
Moro decidiu compartilhar todos os dados colhidos em
colaboração com a Odebrecht e que estão em um processo sob sigilo. Essas
informações vão ajudar no inquérito policial "5054533-93.2015.4.04.7000,
instaurado para investigar pagamentos indevidos e lavagem de dinheiro
relacionados à LILS Palestras e ao ex-Presidente da República e eventuais
desdobramentos."A decisão foi vazada para o Estadão ainda no dia 30. No
mesmo dia, a defesa de Lula contrariou uma decisão de Moro com um recurso no
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, na tentativa de impedir que o juiz uso
ligações feitas a partir de um grampo irregular no escritório dos advogados.
O GGN já abordou como nasceu e as dificuldades que
o inquérito sobre a LILS encontra aqui.
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