“Não
tem corrupção no Ministério Público? tem”, diz procurador do caso Banestado.
Responsável
por trazer à tona o escândalo do Banestado, um bilionário esquema de evasão de
divisas, o procurador da República Celso Antônio Três diz não ter "sido
convidado para (fazer parte da força-tarefa da Operação Lava Jato) e por isso
continuo por aqui", em alusão ao fato de continuar trabalhando no
Ministério Público Federal (MPF) de Novo Hamburgo, a 48 quilômetros de Porto
Alegre;
Celso
Três, que se tornou um crítico dos excessos cometidos pela Lava Jato, diz que
"a título de punir ato de corrupção de políticos, o nosso chefe,
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está criminalizando a política;
"Não tem corrupção no Ministério Público? Tem. Menor, mas tem. O que nós
vamos fazer? Entrar com uma ação para acabar com o Ministério Público? Não.
Ora, o partido é essencial num estado democrático. Quem tem de responder são as
pessoas físicas", ressaltou.
Três,
que no caso Banestado atuou ao lado dos procuradores Carlos Fernando dos Santos
Lima e Januário Paludo – que atualmente atuam na Lava Jato -, se tornou um
crítico dos excessos cometidos pelo MPF.
"A
título de punir ato de corrupção de políticos, o nosso chefe, procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, está criminalizando a política. E política
continua sendo a alma do estado democrático de direito", disse Três ao
jornal o Estado de São Paulo. "Essa generalização dissemina a desconfiança
no exercício da política.
Não
tem corrupção no Ministério Público? Tem. Menor, mas tem. O que nós vamos
fazer? Entrar com uma ação para acabar com o Ministério Público? Não. Ora, o
partido é essencial num estado democrático. Quem tem de responder são as
pessoas físicas", ressaltou.
Para
o procurador, um dos erros cometidos por Janot se diz respeito à criminalização
da política. "Antes de mandar para o Supremo o Janot deveria depurar
unicamente atos criminosos, e não ampliar para a criminalização da própria
política. Está errado mandar para o Supremo fatos que nem sequer são descritos
como crimes na lei, que estão inelutavelmente prescritos", destacou.
Ele
criticou, ainda, o fato do Supremo Tribunal Federal (STF) não fazer uma
"depuração" das delações premiadas, aceitando os depoimentos sem que
sejam apresentadas provas referentes ao atos delatados. "O Brasil é um
país movido a tsunamis. E o Supremo surfa na onda. O (ministro Edson) Fachin é
uma pessoa corretíssima? Sem dúvida, todos são.
O
Janot também é. Mas acontece que a onda leva. Se você desmoraliza o político,
quem vai aparecer é o vácuo. O MPF deveria fazer a depuração das delações: tem
de ser fato criminoso corroborado com prova ou possibilidade efetiva de ser
corroborado com prova", afirmou.
Do 247