Nesses tempos de big data, de abundância de estatísticas, é chocante a
pobreza da discussão econômica do país, especialmente em relação aos gastos
públicos, despesas correntes, investimentos e financiamentos.
O jogo ideológico consagrou alguns economistas que se especializaram em
contas públicas, Previdência, cálculos de subsídios. Todos eles,
invariavelmente, analisam os dados a seco, sem nenhuma preocupação em estender
as analises para as chamadas externalidades positivas ou negativas.
Vamos a alguns exemplos.
Subsídios ao BNDES
O cálculo é feito sobre os aportes do Tesouro comparando os custos da
dívida pública (medido pela Selic) em comparação com o custo dos financiamentos
(em TJLP).
Desconsideram os seguintes pontos.
O financiamento vai gerar um novo empreendimento, que ampliará a
capacidade instalada do país. Especificamente no plano fiscal, o novo
empreendimento gerará os seguintes tipos de receita:
·
Imposto de Renda da empresa, quando
em operação.
·
ISS (Imposto sobre Serviços) e IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados) pagos pela empresa
·
Contribuição previdenciárias sobre a
folha de salários.
·
Nos casos de obras de
infra-estrutura, aumento da eficiência econômica no entorno.
·
Com a venda dos produtos, pagamento
de ICMS que será transferido para o consumidor, na ponta.
·
Do ponto de vista social, aumento da
oferta de emprego.
Nenhum desses dados é considerado, apesar de o BNDES fazer esses
levantamentos de impacto em cada grande financiamento concedido.
Salário mínimo
No caso do salário mínimo na aposentadoria, estudos do IBGE
identificaram que em 55% das residências com um aposentado ou pensionista ele
se torna o arrimo de família, as crianças estudam mais e entram no mercado de
trabalho mais tarde.
Significa:
·
Economia nos gastos com saúde
·
Economia nos gastos com segurança
pública
·
Melhoria da eficiência da
mão-de-obra, porque crianças com mais condições de estudo.
Anos atrás, o IBGE soltou essa pesquisa. A reação do mercado foi
contratar um economista da Tendências Consultoria para tentar comprovar a tese
de que, em casas com aposentado ou pensionista, aumenta a propensão à
vagabundagem por parte das crianças.
A pesquisa foi feita com essa intenção e não comprovou a tese. Mas seus
resultados jamais foram incorporados ao debate econômico.
Custo dos juros
O diferencial de juros a mais, no Brasil, impacta os seguintes setoresÇ
·
Encarece o custo do investimento, já
que o cálculo é feito em cima da Taxa Interna de Retorno, que é influenciada
pela Selic.
·
Desvia recursos do orçamento,
impactando diretamente os investimentos públicos em infraestrutura.
·
Encarece toda a produção, já que a
empresa irá procurar uma TIR compatível com o custo do dinheiro. Isso a faz
restringir os financiamentos e aumentar o preço dos produtos gerados, como
maneira de alcançar os níveis de rendimento da SELIC.
Não basta ter a planilha. É preciso imaginação criadora e espírito
isento para bem utilizá-la
Do GGN