O inquérito da Polícia Civil que apura as circunstâncias da morte de Marcelo Dino, filho do presidente da Embratur, Flávio Dino, no hospital Santa Lúcia, de Brasília, caminha para a conclusão de que houve negligência da casa de saúde.
Marcelo, que hoje faria aniversário de 14 anos, morreu há um mês na UTI do hospital, onde fora internado com uma crise de asma.
Os depoimentos prestados à polícia pelos profissionais envolvidos no atendimento ao adolescente já permitem, segundo advogados da família, concluir pelo descumprimento de regras básicas de atendimento, uma delas, inclusive, explicitada no artigo 15, da Resolução 7, da Anvisa:
“Médicos plantonistas, enfermeiros assistenciais, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem devem estar disponíveis em tempo integral para assistência aos pacientes internados na UTI, durante o horário em que estão escalados para atuação na UTI.”
Pelo já apurado, a médica responsável pelo atendimento ao jovem declarou que estava trabalhando há 23 horas quando ele morreu na UTI do hospital. Ela vinha de um plantão iniciado às 7 horas e encerrado às 19hs, em um hospital de Taguatinga e entrou no Santa Lúcia às 19h30m.
No plantão do Santa Lúcia, era responsável pelo atendimento simultâneo em duas UTIs (neonatal e pediátrica) e também no centro obstétrico. Na hora em que Marcelo começou a passar mal, a médica estava concluindo um parto.
Indícios de erros na prescrição de medicamentos e alimentos também apontam para a responsabilização do Santa Lúcia, onde em janeiro o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, infartado, deixou de ser atendido por estar sem cheque para dar em caução e acabou morrendo em outro hospital, onde já chegou sem chance de ser salvo.
João Bosco Rabello do Estadão On Line