O
diretor-geral do DPF, Leandro Daiello, que ganhou o manto protetor costurado
pela Força Tarefa da Lava Jato, agora faz o desmonte da mesma até para evitar
punições.
Só os mais
ingênuos é que estranharam o anúncio feito pelo Departamento de Polícia Federal
(DPF) do desmonte do que restou da Força tarefa da Lava Jato na
Superintendência Regional do DPF no Paraná (SR/DPF/PR). O desmonte, por um
governo golpista repleto de investigados não só da Lava Jato, mas de outras
operações policiais, era mais do que esperado. Lembremos que todos os que
defenderam e lutaram pelo golpe que derrubou a presidente legitimamente eleita,
Dilma Rousseff, entre outras causas para retirá-la alegavam que ela faria isso.
Em 30 de maio de 2016, quando Eugenio Aragão assumiu o ministério da Justiça,
na postagem Fantástico: Michel Temer coloca a raposa para cuidar do galinheiro,
chegamos a republicar um trecho do artigo de Miriam Leitão com este tipo de
acusação, oportunidade que a rebatemos:
“Minha
colega e ex-chefe, Miriam Leitão, por exemplo, escreveu a coluna “O homem
amigo“, em O Globo, acusando o então novo ministro de “buscar um pretexto para
intervir na equipe da Lava-Jato. Mesmo sem ter tido sequer cheiro de vazamento,
ele continuou. Circulam rumores de que ele tem uma lista das cabeças que
cortará. O “Valor” ontem falou de duas dessas cabeças: Rosalvo Ferreira,
superintendente da Polícia Federal no Paraná, e Igor Romário de Paula, diretor
de combate ao crime organizado no Paraná. Além, claro, do diretor-geral da
Polícia Federal, Leandro Daiello”.
O que as
pessoas não percebem, mas é comentário solto no DPF em Brasília, é que o
desmonte da Força Tarefa tem outros objetivos além de arrefecer as
investigações no momento em que elas resvalam e tendem a descambar em “não
Petistas”, o alvo maior da chamada República de Curitiba. Em sua coluna neste
sábado (07/07) na Folha de S. Paulo, André Singer toca nesse ponto:
“E o que
desejam os parlamentares, entre eles o próprio Maia, um investigado? Que a Lava
Jato pare. Desde esse ponto de vista, não poderia ser mais conveniente a
informação, também em todos os jornais, de que a Polícia Federal encerrou as
atividades do grupo dedicado à operação em Curitiba. Convém lembrar,
igualmente, que diversos processos foram tirados do juiz Sergio Moro nas
últimas semanas.
Em outras
palavras, pela primeira vez há sinais de arrefecimento do núcleo paranaense que
lidera as investigações desde 2014, o que deve soar como música aos ouvidos dos
congressistas”.
Leandro
Daiello, o diretor-geral cujo futuro é desconhecido, ao desmantelar o grupo, na
verdade tem um segundo – principal??? – objetivo: protegê-lo e proteger a si
mesmo. Quer dificultar ao máximo que alguém – a nova Procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, por exemplo, que seria adepta de o MPF exercer mais
fortemente o controle externo das atividades policiais – caia na tentação
de apurar as muitas irregularidades cometidas em nome do combate à corrupção.
Tais
ilegalidades, na verdade, aconteceram com o objetivo maior de caça aos
petistas, com a tentativa de acobertamento dos erros e crimes de tucanos,
peemedebistas e de políticos de outros partidos, como o possível presidente
interino, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Tanto o
desmonte, como a não apuração – para evitar punição e, quem sabe,
questionamentos e anulações em tribunais superiores de muito do que se fez – já
ocorrem há algum tempo. A equipe da Força Tarefa começou a ser desfeita com a
transferência de duas cabeças do grupo dentro da SR/DPF/PR: a delegada Érika
Mialik, que em dezembro foi “promovida” e transferida para Santa Catarina; e
Marcio Adriano Ancelmo, em fevereiro empossado como Corregedor do DPF do
Espírito Santo, apesar das muitas suspeitas de, no mínimo, irregularidades que
cometeu.
A “proteção”
vem sendo armada na medida do possível. Um exemplo é o caso da delegada
Daniele Gossenheimer Rodrigues, chefe do Núcleo de Inteligência Policial (NIP),
que respondeu a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) após uma
sindicância refeita confirmar que ela ordenou a instalação de um grampo no
fumódromo da Superintendência, sem autorização judicial. Queria
bisbilhotar quem criticava o trabalho da Força Tarefa, comandada por seu
marido Igor de Paulo Romário, coordenador da Delegacia Regional do Combate ao
Crime Organizado (DRCOR).
Porém, mesmo
sendo considerada culpada de um suposto crime, sua punição limitou-se a uma
“suspensão” que não gerou nem mesmo a perda do cargo de chefia, tal como
narramos em: Para o DPF, grampo ilegal na Superintendência do PR é transgressão
disciplinar.
GGN