A função do promotor não é a de condenar: é a de procurar a
verdade. Esses tempos sombrios de lava jato consolidaram a imagem deturpada do
procurador vingador, que define uma narrativa inicial e, depois, enfia provas a
marretada, na maioria das vezes contra o réu, para satisfazer a sede de
vingança de uma sociedade doente. Como o nome define, é um promotor da justiça,
o que procura fazer justiça, e não sair condenando a torto e a direito,
A promotora Sandra Reimberg deu um exemplo relevante da
verdadeira função do Ministério Público, à altura do seu colega Eduardo Araújo
da Silva, que enfrentou uma imprensa sedenta de sangue e libertou rapazes
inocentes, detidos e torturados em função do episódio conhecido como Bar
Bodega.
No acidente que vitimou o filho do governador Geraldo
Alckmin, houve uma investigação conduzida pela Cenipa (Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes) da Força Aérea e convalidada pelo perito Hélio
Rodrigues Ramacciotti, do Instituto de Criminalística.
Com base nele, a Polícia Civil concluiu um relatório
indiciando cinco pessoas por negligência e imperícia, que iam o homicídio
culposo qualificado, homicídio culposo em coautoria, falso testenho e aí por
diante.
A promotora Reimberg não aceitou o laudo e não se acomodou. O
Ministério Público Estadual continuou investigando por conta própria. Chegou-se
à conclusão o helicóptero havia retornado da Helibras na véspera do acidente, e
não se respeitou o prazo de secagem das pás. Com base na sua investigação,
cinco inocentes não foram denunciadas.
A promotora denunciou o perito Hélio Ramacciotti, que admitiu
ter copiado trechos do relatório da Cenipa, sem ter vistoriado o helicóptero,
devido a pressões da Polícia Civil para acelerar a investigação.
Do GGN